terça-feira, 16 de dezembro de 2014

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Estamos de mudança. Novo cep, novos ares, novos desafios.
Tudo temporariamente uma bagunça...
Está difícil aparecer por aqui e logo ficarei sem internet até que instale no novo endereço. Peço desculpas pela ausência nos cantinhos amigos :(
Mas eu volto, volto sim!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Canudinhos

"... Um mundo em que até os canudos eram envoltos em plástico e em que as pessoas das academias borrifavam desinfetante nos assentos dos aparelhos de musculação, toda vez que se levantavam, como se o suor humano fosse mais perigoso do que as substâncias químicas de seus aerossóis."*

Fechei o livro de súbito, num baque seco assim que terminei de ler esta frase. 
De forma alguma era raiva; era mesmo urgência em me encontrar com a memória da menina que ia aos sábados com a mãe no comércio do bairro mais próximo e escolhia a cor de seus canudinhos ( sim, eram dois ) na pastelaria dos chineses.
Calma lá! Não era assim tão rápido...
Tínhamos que tomar um ônibus para chegar ao bairro vizinho ao nosso, o bairro da Penha, onde havia o comércio. Às vezes era por causa de um sapato que ficara pequeno, ou o casamento de um primo; inverno se aproximando, foto três por quatro para a matrícula do colégio.
A mãe gostava de "bater perna": andava, andava, entrava por todas as lojas, subia ladeiras, ruas estreitas, conhecia até alguma loja na viela com a placa amarela - sem saída.
Apesar do cansaço, da rabugice de criança, eu sabia que ao final, antes de voltar para casa, seria recompensada sentada no banco fixo com os braços apoiados no balcão da pastelaria do chinês, que eu nem me importava que falassem que era uma sujeira só.
E era mesmo. Aqueles papéis pardos que saíam do porta-guardanapos e serviam de suporte para segurar o pastel quente e depois para limpar as mãos engorduradas ficavam espalhados por todo o estabelecimento, o que me faz pensar hoje que o problema não eram os chineses e sim os que estavam sentados ao balcão...
A mãe pedia sempre um caldo de cana e dispensava o canudo; eu ia de guaraná caçulinha, com a recomendação de cuidado com a garrafa de vidro e dois canudinhos.
O líquido chegava primeiro que o pastel. Eu escolhia cuidadosamente a cor dos meus canudinhos. Os olhos se demoravam naquele utensílio prateado feito talvez de um alumínio barato com uma abertura para que ficassem expostos e prontos para serem dali retirados, a esmo ou em demorada escolha. Eles eram fininhos e mesmo sendo dois fazia com que a pequena quantidade do guaraná durasse um longo tempo.

Mas, a escritora tem razão.
Volto daquele passeio e me dou conta que já é hora boa de ir à feira (tradução: preços melhores, hora da xepa) saio apressada em companhia da filha que ao final pede um caldo de cana sem pastel.
Diferente da avó, ela quer um canudinho em seu copo plástico.
A frase do livro está ali, mais presente, com mais força ainda. O utensílio que porta os canudos é um material mais lustroso. Os canudos são monocromáticos e isso faz com que o gesto de pegar um deles e rasgar-lhe o plástico seja instintivo.
Meus olhos se demoram na publicidade grudada no porta-canudos: a grande marca de cartões de crédito que tem deixado mais da metade da população doente economicamente.
Minha filha termina rápido, tão rápido que me assusto. É que os canudos embalados são bem grandes; devem equivaler a uns quatro coloridos da pastelaria do chinês e isso faz com que o gostoso líquido acabe mais rápido.
Tudo bem. O moço aceita dinheiro plastificado também.

* do livro "A doçura do mundo de Thrity Umrigar".

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

50/52

show do Paul McCartney em São Paulo

Quando celulares significam estrelas e vibram paz, é tão lindo...