quinta-feira, 30 de abril de 2015

Dom de Ensinar

Esse texto não é meu.

Dom de Ensinar


Quando se visualiza o poder massacrando aqueles que ensinam, as cenas são chocantes, não só pelas cenas de violência física que se apresenta, mas pela história que se repete da mesma maneira e com intensidade.
O dom de ensinar, dom difícil e peculiar, sempre foi tratado com desinteresse pela sociedade, nunca teve o valor que precisava e precisa, tamanha sua importância dentro da sociedade.
Está no dom daqueles que ensinam toda a transformação de uma dimensão, é graças a eles que a vida foi transformando-se, mesmo com todas as dificuldades que sempre tiveram os "ensinadores" da dimensão.
O poder sempre vai coibir os ensinamentos, porque eles libertam as pessoas, mostram novos caminhos, as deficiências das pessoas e do sistema. Cada um de nós temos nossa importância na manutenção desse dom na dimensão.
As pessoas com o dom de ensinar não serão pessoas de grandes passos, não serão pessoas que terão uma vida tão próspera, mas serão pessoas que por onde passam, ensinam o caminho da transformação.
Por isso, nos dias atuais quando ainda assistimos nos meios de comunicação o poder massacrando os "ensinadores", nos faz refletir que mesmo esses com o poder, passaram um dia nos bancos desses hoje massacrados, e infelizmente não conseguiram absorver o que lhes foi ensinado.
Essas pessoas usaram todo o ensinamento recebido e acabaram se transformando de maneira destrutiva levando por onde passaram, sempre o desequilíbrio e a desordem, que é isso que o poder provoca, a diferença.
O dom de ensinar é o mais antigo do planeta, e é nele que reside todo o futuro da dimensão e a preservação dela, porque se caso não aprendermos que viver é um ato de amar, ser fervorosos e justos, não há dimensão ou civilização que resista a ganância e as fantasias do poder,
O que nos liberta do poder é a sabedoria, o que nos liberta do sofrimento é a igualdade, o que nos liberta da limitação é o aprendizado.
Só conseguiremos aprender graças a entrega que todas as pessoas com esse dom de ensinar faz todos os dias na sua vida. Entrega essa, que ninguém que tenha o poder, consegue ou conseguirá fazer.
De que lado estaremos da história, do poder ou do ensinar?
Estaremos do lado das pessoas com dom de ensinar quando colocarmos em prática o que nos é repassado. Estaremos do lado do poder, quando procuramos condicionar os ensinamentos, as regras e leis, tirando ou dificultando a liberdade daqueles que ensinam.
Uma dimensão se transforma não pelos números de pessoas no poder, mas uma dimensão se transforma pelo número de pessoas livres que podem caminhar pelas ruas levando ensinamento a todos aqueles que precisam.
As pessoas com poder deveriam voltar aos bancos da aprendizagem e dar oportunidade aos "ensinadores" a direcionar, pois a vida não é direcionada por aqueles que mandam, mas sim por aqueles que ensinam.

Ensinamentos do Pai/Facebook

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Carmela Caramelo

Comprei uma revista pois queria uma leitura descontraída, livre de uma sequência, leve, rápida.
Mas fui paralisada ao abrir a revista. Ali, na chamada segunda capa, uma publicidade - toalha antiformiga. Fiquei por ali mesmo.


As formigas da minha infância eram de um marrom bem escuro e subiam apressadas pelo tronco do pessegueiro e creio, nunca lhe fizeram mal. Ele floria bonito e alimentava os passarinhos que eram sempre mais rápidos que meu pai a colher um fruto.
Espantei-me quando numa estradinha de terra me mostraram uma saúva.
Já adulta aprendi a, antes de dormir, pegar um prato fundo, colocar água, um copo no centro e o prato com alguma guloseima por cima do copo. Disseram-me: formiga não sabe nadar, a gostosura fica a salvo.
Nem sempre, pois me lembro de uma vez da gostosura descia um papel seda com franjas e as formigas ficaram na ponta das patas para alcançar com os braços a ponta de franja e fizeram sua festa particular.
Todas esses coisas que eu me lembrando, era apenas para chegar à principal.
À doce Carmela Caramelo.
Uma senhora de corpo franzino que um dia me pediu para ir ao centro comercial da cidade e compra-lhe uma caixa de giz.
Colorido? perguntei.
Não vou brincar de amarelinha, ela respondeu sem doçura.
No caminho, sem saber o porquê eu estava comprando giz branco, desci com meu corpo miúdo até a sala dos professores do colégio onde estudava para obedecer ( feliz ) ao pedido da professora Sônia - vai até lá e enche a caixinha com giz colorido. Segurei com cuidado aquela preciosidade de madeira.
Ao chegar naquele local meio misterioso, meio proibido, alguém perguntou o que eu queria e me indicou um canto da sala. Lá estava! Uma enorme caixa cheia de giz branco e outra igualmente enorme com os coloridos.
Escolhi um a um, devia ser para me demorar bastante diante daquela maravilha. Um verde água, o amarelo, aquele salmão tão lindo, azul, cor de rosa.

Comprei os branquinhas da senhora. E naquela mesma tarde vi Carmela acocorada riscando o chão.
Só então me revelou:

Um homem muito sábio que mora embrenhado lá na mata da praia foi que ensinou. O giz branco atrapalha os olhos da formiga; precisa ser em listras e elas nem entram em casa.

Deve ter funcionado, porque a doce Carmela nunca me pediu para comprar qualquer inseticida e ela fazia feliz doce de goiaba.
A sabedoria do velho da mata da praia deve ter funcionado.

Chovia, Carmela esperava o chão secar e lá ia rabiscar.

Olhei bastante para a foto da revista. Era isso! A tal toalha antiformiga tinha listras feito o giz branco de Carmela no chão. Era isso que confundia os olhos das formigas.

Eu só me arrependo de ter estragado toda essa doçura ao procurar na internet o que era uma toalha antiformiga.
Vou esquecer a pesquisa e guardar comigo o chão riscado de giz branco da doce Carmela!

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Picuí-cabloco


Xadrez verde, marrom, vermelho, laranja.
Espalhadas pela terra, grama
Assim estavam as toalhas para receber as pessoas e a música
Era um picnic sinfônico!





Além do som espalhado com o vento, os sonhos e desejos também eram soprados de uma gentil árvore que cedeu seu corpo para abrigá-los.




O título?
Picuí-cabloco?

Pois, pois. Postei algumas fotos no instagram e quando fui escrever picnic, automaticamente o corretor ortográfico mudava para picuí-caboclo. Foram três tentativas e três picuís-cabloco.
Como eu não fazia a mais vaga ideia do que seria, pesquisei ali mesmo.
Ornitologia - referente às aves.
Picuí-cabloco é uma rolinha-branca.
Que eu no meu desconhecimento chamaria de pombinha branca, menor que as tão urbanas.
E acho que o corretor do celular estava coberto de razão: com este cenário, de terra, toalha xadrez, pessoas sem pressa, música agradável, árvores do desejo combina perfeitamente picuí-caboclo, branca e pequena voando com o som, com os sonhos, fazendo-nos lembrar que a paz tem que ser cuidada, cultivada e espalhada.







domingo, 26 de abril de 2015

Na banca de jornal

Aos sábados me apraz ler jornal.
Jornal de domingo, não gosto. Traduziu bem uma personagem num livro: jornal de domingo não tem nada de útil, ao que o marido retrucou, mas essa é a intenção mesmo, não ter nada de útil.
Muita publicidade de lançamentos de apartamentos para o meu desgosto.
Prefiro sábado.
Costumo ir cedo à banca. Ontem, porém, estava um pouco indisposta, na verdade acho que nem era indisposição, mas aquela sensação de que não se precisa ter pressa.
Fui no meio da manhã.
Há uma espécie de estante gradeada que fica para o lado de fora da banca e em cada divisória, pilhas de um determinado jornal.
Procurei a minha, que geralmente é a maior.
Havia somente um exemplar,  o que me angustiou.
Eu deveria ter ficado feliz, afinal ainda havia um. Ao contrário, fiquei pensando que se eu demorasse mais um pouquinho só que fosse, ficaria sem o jornal.
Peguei-o e me dirigi para o interior da banca. entreguei o jornal ao jovem que me atendia e precisava registrar o jornal em alguma maquininha que emite luz.
Não me contive, precisava me aliviar daquela sensação.

Acabou mesmo o jornal, ou você tem outra pilha aí dentro?

Não, acabou mesmo - respondeu-me com um sorriso na voz.

Nossa, tão cedo né? Costuma ter bastante até na hora do almoço.

Pois é, a senhora não vai acreditar. Um homem levou seis.

Eu espalmei a mão esquerda próximo ao meu rosto e coloquei o dedo indicador em riste para em seguida repetir incrédula:

Seis?

Isso mesmo, seis - agora ele respondeu com um ar de graça na voz.

Meus cotovelos estavam falantes e eu fui logo emendando - poxa, seis... ah e você não morreu de curiosidade para saber o que ele faria com seis jornais? Eu já teria perguntado, não me aguentaria. Sabe, eu costumava encontrar um senhor, na outra cidade, quase todas as vezes que eu ia comprar o jornal de sábado e ele sempre pedia dois. Num sábado chuvoso ele me olhou, devia ser nosso terceiro esbarrão, e disse que sempre levava dois jornais, um para ele e outro para a mulher. Achava muito incômodo estar lendo e ela ali pedindo me passa o caderno internacional, já terminou a política. Eu não gosto de ser importunado enquanto leio, então resolvi esse impasse. Sempre compro dois.

Num outro sábado de verão, após um bom tempo sem reencontrá-lo, lá estava ele. Pediu na minha frente um jornal. Acho que ele deve ter lido meus pensamentos, ou os meus olhos transmitiram a minha indignação.

Abriu um sorriso e disse apenas - minha mulher está na praia!

Então eu realmente teria perguntando a esse sujeito por que levar seis jornais iguais.

A senhora não vai gostar da resposta, agora um sorriso maroto acompanhou a resposta.

Suspendi as sobrancelhas.

Para os cachorros. Ele leva os jornais para os cachorros.

Baixei as sobrancelhas e caímos na risada ao mesmo tempo!

Uau! Jornal fresquinho hein? Que luxo com os cães.

Já sei que em qualquer outro sábado que eu queira comprar jornal, é melhor chegar antes do homem dos cachorros!


sexta-feira, 24 de abril de 2015

O Fazedor de Nuvens


Está vendo? Ali, bem ali ao fundo e no centro da foto?
É lá que mora o Fazedor de Nuvens.
Se ele é um velhinho?
Claro que não! Seria muito clichê um fazedor de nuvens velhinho.
O velhinho, que fazia as nuvens, morreu. Tentou por muito ensinar seu filho; esse não levava o menor jeito e foi se ajeitar numa agência de riscos, tipo bolsa de valores que nem janela tem; ele nem sabe se faz sol ou se a estrela d'alva está bem pertinho da lua. Tem sua utilidade também.
Ah, mas o neto...
O neto nasceu para fazer nuvens.
Mãos habilidosas, pulmões plenos e um olhar longínquo, demorado.
A paixão pelo avô dava para ver nos céus quando ele ainda pequeno moldava nuvens redondinhas para expressar o amor pelo velho.
O velho se foi e ele sentiu que estava pronto.
O fazedor de nuvens é um moço.
E que moço viu?
Vistoso que só. Músculos bem definidos. Fazer nuvens exige força.
E que olhar.
Um olhar sem pressa.
Olha o céu, olha os sonhos das pessoas para moldar uma boa nuvem ao amanhecer.
Faltou só dizer que o moço fazedor de nuvens é moço casadoiro.
Estica os olhos no horizonte para ler o céu e também para encontrar uma boa moça que corresponda ao seu amor.
O que ele não sabe é que seu avô, que durante uma vida inteira foi fazedor de nuvens, agora exerce um outro afazer: ele é o Velho da Lua.
E não me venha com explicações do tipo lá embaixo na foto fica uma refinaria que queima e solta fumaça à noite, porque eu não acredito em nada disso. 
Acredito sim em Fazedor de Nuvens e Velho da Lua.

E se você não sabe o que faz o Velho da Lua, clica aqui para aprender!

Um livro

Minha participação está tardia, mas vamos lá!
A proposta dessa partilha veio lá da Sissi e eu soube através da participação da Chica.
Em comemoração ao dia mundial do livro, a Sissi propôs que escolhêssemos um livro que tenha nos marcado para fazermos a postagem.

Eu escolhi o livro Da minha terra à Terra, do Sebastião Salgado.


Diferente dos seus livros de fotografia, que tem um custo elevado, esse livro traz a história do grande fotógrafo brasileiro ( custo médio de 25 reais ).
A frase inicial já é arrebatadora "Quem não gosta de esperar não pode ser fotógrafo".
A leitura vai nos fazendo compreender como se dá o trabalho dele, projetos que levam cinco, seis anos ou mais. 
Faz-nos confrontar a virtude da paciência nestes tempos tão imediatos.

Eu que conhecia somente umas fotos, não imaginava o homem por trás delas e a mulher também! Sua esposa Lélia tem papel fundamental na sua trajetória.
E acompanhando essa trajetória vamos entendendo a trama pessoal, política, ética, sua generosidade, que o levou a retratar de forma incômoda aos olhos, as mazelas da África, os grandes deslocamentos em Êxodos, as destruições ambientais. Não é apenas um trabalho de fotógrafo. O envolvimento de Sebastião é uma emocionante lição de humanismo.

Vou destacar dois trechos do livro que nos fazem perceber a grandeza e humildade que há nesse homem:

"Como em todos os meus relatos fotográficos, fui apresentado àquelas pessoas e comunidades por instituições e organizações que trabalham com elas. Dediquei meu tempo a conhecê-las, a conversar com elas. Sempre fico de frente para as pessoas que fotografo.

Nenhuma foto, sozinha, pode mudar o que quer que seja na pobreza do mundo. No entanto, somada a textos, filmes e toda a ação das organizações humanitárias e ambientais, minhas imagens fazem parte de um movimento mais amplo de denúncia da violência, da exclusão ou da problemática ecológica. Esses meios de informação contribuem para sensibilizar aqueles que a  contemplam a respeito da capacidade que temos de mudar o destino da humanidade.

A fotografia é uma escrita tão forte porque pode ser lida em todo o mundo sem tradução."

Para participar clique aqui.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

quarta-feira, 22 de abril de 2015

O Pequeno Príncipe

imagem youtube

Foi ainda criança que eu ganhei o livro O Pequeno Príncipe de aniversário e não gostei.
A pessoa que me presenteou, exaltou o livro com entusiasmo e eu me senti triste por não conseguir ultrapassar as primeiras páginas.
Fiz algum esforço, mas não conseguia compreender. Parei.
E foram os anos que se encarregaram de me fazer abrir o mesmo livro, embora com as bordas amareladas e me encantar com ele!
Li, depois de um tempo reli. Li novamente para os meus filhos, um pouquinho a cada noite e depois choramos juntos com o filme numa tarde de férias.
A exposição foi marcante; tão bem feita que nos transportava. Lamento apenas não ter feito fotos de todas as capas mundo afora.




Agora, na nova adaptação para o cinema, que tem estreia prevista por aqui para 08 de outubro, um velhinho com alma de criança conta à sua nova amiga, uma garotinha que sofre as pressões do mundo adulto, a história de quando conheceu o menino vindo de outro planeta. A animação se utiliza de várias técnicas e o trailer já mostra que o resultado é encantador.
Espia aqui e diz se já não dá vontade de assistir?!





Amazônia, o deserto

Hoje é o dia da Terra, data criada em 1970 para conscientizar as pessoas sobre os diversos problemas ambientais.
Ontem foi divulgado uma notícia desanimadora sobre o desmatamento na Amazônia que aumentou 214% de agosto do ano passado até março desse ano.
Um artista americano chamado Prince Ea está fazendo sucesso na internet com um discurso comovente em que pede desculpas às gerações futuras pela destruição da natureza.
Vídeo de cinco minutos.


Espero que possamos um dia comemorar, desejar Feliz Dia da Terra, virar feriado e tradição fazer picnic em amplas áreas verdes com direito a toalha xadrez e convite aleatório - sente conosco, vamos celebrar nosso lindo planeta. Espero.


segunda-feira, 20 de abril de 2015

Maleta literária

Depois de nossa participação 'gente pequena' no BookCrossing Blogueiro, fui fazer a participação gente grande! ( mas eu continuo acreditando que livros infantis são feitos na verdade para gente grande que come algodão doce e lambe a tigela da massa de bolo lambuzando-se! ).
Já tinha me decidido quando encontrei essa estante num parque - fiz a postagem "você sabe doar? " que deixaria os livros do bookcrossing ali.


Cheguei lá com dois exemplares e qual não foi minha surpresa ao constatar que a estante tinha sumido.
O que foi bom; na verdade, ótimo.
Perguntei para um funcionário do parque que confirmou a retirada mas disse que haviam espalhados pelo parque malas literárias.
Eu estava com a Júlia e lá fomos nós em busca de achar as tais malas!


Ficou muito charmoso.
Para quem leu a postagem da estante, concordou que o aspecto de desleixo, de bagunça e de livros "feios" ( na sua maioria didáticos ) não contribui para o incentivo à leitura.
As malas ficaram bem mais bonitas.



Ainda haviam muitos títulos religiosos e livros em péssimo estado de conservação, mas acho que está dando certo. Vi várias pessoas parando para olhar. É muito mais agradável para o olhar do que a antiga estante.
Tomara as pessoas aprendam a doar e nào apenas a se desfazer daquilo que importuna, que incomoda.
Foi aqui nos blogs que eu aprendi a dar asas aos livros; foi aqui que eu aprendi que uma criança de rua merece um pacote de bolacha recheada da mesma que eu como e não aquele pacote murcho esquecido na dispensa.
Está cheio de participações; tudo organizado lá no Luz de Luma! Cheio mesmo e ainda vai ter mais, que coisa boa!


terça-feira, 14 de abril de 2015

Com água na boca

Fui dormir ontem com desejo de comer uma iguaria.
Cheguei até a sonhar.
E a responsável por me deixar com água na boca é esta menininha aí embaixo:


Seu nome é Píppi Meialonga.
Ela é uma garotinha de cabelos cor de cenoura, tem 9 anos e mora sozinha. Sozinha, sozinha, não.
Com um cavalo e com o sr. Nilson, um macaquinho.
Píppi costura seus próprios vestidos e ali na foto ela está fazendo biscoitos de canela. E sim, é isso mesmo, no chão!
Bem já deu para perceber que Píppi mora mesmo é no livro que estou lendo, deliciosamente infantil!
Um trechinho que adoro e depois conto da iguaria:

" - Mas quem avisa você quando está na hora de ir para a cama, e coisas do tipo? - perguntou Aninha.
 - Eu mesma me aviso - disse Píppi. - Primeiro falo calmamente; se não obedeço, falou pouco mais alto; se continuo não obedecendo, aí tenho que me dar umas palmadas, vocês entendem? "

Píppi diz que a melhor coisa que ela conhece é geleia de ruibarbo.
Ruibarbo?
Nunca ouvi e cheguei a duvidar que fosse verdade ou se era uma coisinha inventada pela espevitada garotinha. Interrompi a leitura e fui consultar na internet. E não é que existe mesmo e nos sites onde encontrei receitas todos afirmam ser deliciosa essa geleia?
Agridoce parece ser a definição que melhor cabe.
E cabe a pergunta: quem já se deliciou com compota de ruibarbo?

domingo, 12 de abril de 2015

Uma baleia no aquário

Um dos pés deixei bem firme no chão, o outro estava apoiado no degrau do ônibus.
 - Bom dia, por favor esse ônibus passa na Univap?
A posição de meu corpo impedia o ônibus de seguir; exigia uma resposta. Era o meu pedido de ajuda, de alguém aprendendo na sua nova cidade.

Impossibilitado de seguir, o motorista me devolveu a pergunta:
 - Univap?
Mas ao mesmo tempo, já se virou para o cobrador, que no caso era cobradora e indagou.
Ela também não sabia e aí aconteceu.
Alguém lá do fundo gritou um para onde eu iria.
Firmei o braço na alça de apoio ao lado externo da porta. Fiquei atenta e sem pressa.
Univap, na Rua Baleia.
Foram várias confabulações, de repente o ônibus todo queria me ajudar. Todas aquelas pessoas que eu não conhecia, repetiam a pergunta, repassavam, tentavam encontrar em algum lugar da memória. Não me expulsaram para que seguissem com rapidez.
Estava bonito de se ver e ouvir. Parecia brincadeira de telefone sem fio.
"Rua baleia, rua baleia que ela vai?"
É, eu afirmei.
"Ah, ela vai na Univap da avenida salmão lá no aquarius. Esse mesmo, pode subir."
Compreenderam minha confusão entre baleia e salmão. Coisa de iniciante.
Seguimos todos em águas anônimas e solidárias rumo ao Jardim Aquárius!

Inesperado

quarta-feira 05:46


       Aprecio que o céu me surpreenda.
Não assisti à moça do tempo,
não baixei aplicativo de previsão
Cedo acordei e olhei
olhar demorado
vazio na vastidão do céu
sem esperar
sem imaginar
ser apenas
com os insones
com os que dormem
ao relento
com os protegidos em 
cobertas e sonhos
Surpresas assim são:
inesperadas
mas com a fé
de que a escuridão
não permanece por tempo desnecessário


quarta-feira 06:21

sábado, 11 de abril de 2015

Sábado de manhã

































 - Mãe, será que você tem outra vassoura? É que essa faz barulho e eu não quero incomodar as pessoas que dormem até mais tarde no sábado.

Como não amar?!







sexta-feira, 10 de abril de 2015

O sal da Terra


Eu tenho vários sentimentos sobre esse documentário ao qual assistimos no último final de semana.
Talvez outros aflorem depois. Hoje quero falar das relações pais e filhos.
Esse documentário sobre o conhecido fotógrafo Sebastião Salgado foi dirigido pelo seu filho, Juliano Salgado e foi uma espécie de curativo, de lenitivo para o relacionamento dos dois.
Para nós, público, apreciador do trabalho do renomado fotógrafo, vemos, além da beleza das fotos, uma vida inusitada e permeada pela fama, pelo reconhecimento.
E aqui nesse trabalho eles, pai e filho, se desnudam em seus lados humanos.

Penso na adolescência, passo por ela agora através de meu filho. Nós, pais, somos na adolescência, questionados, perdemos nossa aura mágica, nos tornamos apenas o lado ruim. Às vezes passa, às vezes não. Em outros casos, muito tempo é preciso até que desça a compreensão e poesia para nossas atitudes.
Foi bonito mostrar para meus filhos, fazê-los imaginar como seria ter um pai como Sebastião, que leva anos em um projeto, como João, José, Roberto, caminhoneiro, taxista na noite, plantonista e tantas profissões que exigem ausência. Ou muitas vezes nossa presença não é aquilo que eles idealizam e continuamos ausentes em seus olhos, mesmo ali tão próximos.

Recorte de uma frase de Juliano Salgado sobre seu pai:

"Tinha raiva dentro de mim por conta da ausência dele, não conseguia mais ver nada. Alguma coisa mudou quando assisti aos seus depoimentos para o filme. Antes ele era apenas meu pai e não tinha ideia dele como alguém que pôde compreender tanto o mundo"

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Livros para a Mell

Oficialmente começa amanhã a revoada de livros por aí, o bookcrossing blogueiro.
Há várias maneiras de libertar um livro: esquecendo-o no banco de um ônibus, numa praça, entregando para alguém em mãos, enviando pelo correio e tantas outras que vamos descobrir quando a Luma organizar os participantes ( trarei o link aqui para o blog ).
As crianças aqui em casa separaram dois títulos infantis que eu sugeri deixar com o recadinho: "Este não é um livro perdido, é para você! Leia-o e depois liberte, esqueça-o por aí também!" na brinquedoteca que tem aqui no prédio e que é para criamças até 5 anos.
Minha ideia foi veementemente reprovada.
Meus filhos alegaram que as crianças que moram aqui no prédio têm condições de comprar.
O que é fato. Mas expliquei-lhes que esse movimento não liga para dinheiro, cor da pele, cabelo liso ou encarinholado e que na verdade seria bom para os que podem comprar porque ficaria como um exemplo a ser seguido e quem sabe eles também começassem a libertar livros dessa maneira. Como não arranquei sorrisos com minha explanação, resolvi procurar outro jeito para os livros.
E foi na internet que achei.
Uma garotinha de 7 anos quer montar uma biblioteca no interior de Alagoas, na garagem do sítio do avô.
Bem, ela também não precisa dos nossos livros...
A velocidade e o alcance da internet é tão gigantesco, que ao que me pareceu, ela está arrecadando muitos livros.
Só que eu gostei da ideia; tomara se propague. 
As crianças também gostaram e então eu entrei em contato com o tio dela e os livros já estão seguindo pelos correios.
A história da garota está aqui.
Ela também tem um perfil no instagram @bibliotecadamell e também no facebook com o mesmo nome.
As redes sociais, nunca esqueçam de incluir aí os blogs, podem fazer boas coisas.
Já conhecíamos o exemplo da Carol e a Biblioteca Ler é Bom.
Agora vamos torcer para o sonho da Mell se tornar uma agradável realidade!
Boa viagem livros queridos!



A Paula, do blog Poesia do Bem, hoje fez uma linda postagem falando de sua mãe e o exemplo e determinação dela para disseminar o amor pela leitura nos pequenos. 
Ela também aceita doações de livros infantis. Clica aqui para conhecer!

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Lembranças dos varais

Estou carente de varais.
Desses que deixam a roupa balançar ao vento iluminada pelo sol.
Estou sentindo falta de andar pelas ruas e ver as roupas dependuradas e poder dizer "olha, nessa casa tem bebê pequeno".
Cada vez que eu olho para o meu varal aqui dentro do apartamento, com o qual ainda não fiz as pazes, lembro-me do vendedor de bambus que certa tarde encontrei.
O meu varal me faz doer o pescoço. É preciso "pescar" uma pequena argola com uma vara para abaixá-lo; coloca-se a roupa num grosso tubo de metálico banhado de tinta branca que não permite pregadores. Gostava de correr para tirar a roupa quando o céu anunciava a chuva; gostava de tirá-la ao cair da tarde para que não pegasse sereno.
Mas o meu desgosto me fez encontrar com gosto um belo texto sobre varais.
Convido a conhecer, clicando aqui!


terça-feira, 7 de abril de 2015

Estica encolhe

 - Moça, tem essa havaianas número 32?
 - Não, tem 33. A numeração das havaianas sempre começam por número ímpar e seguem de dois em dois.
 - Ah!
 - Vou pegar.

...

 - Aqui filha, experimenta. Ih, ficou grande.
 - Não tem problema, porque ela encolhe.
 - Encolhe? Como assim, encolhe?
 -É a borracha que perde água e ela encolhe.
 - Mentira. Sério mesmo?
 - Sério! Encolhe.
 - Vou levar.

( Enquanto aguardo os procedimentos de finalização da compra )

 - Sabe moça, você é muito moça e não vai saber, mas quando eu calçava havaianas 32 ( ou seria 31-32? não lembro ) eu torcia para que ficassem pequenas pra mãe ir comigo à feira comprar uma nova. Mas era uma coisa estranha: a danada não encolhia de jeito nenhum, parecia até massa de pizza esticada no rolo, o máximo que acontecia, e que era muito máximo para a gente, era ir à feira comprar uma tira nova, que podia ser verde ou azul. Não tinha essa coisa não da borracha perder água e encolher. A mãe esticava é o orçamento e na feira a gente comprava as verduras e frutas, a tira da havaiana e ainda sobrada uns trocados para um pastel. Tempo bom né moça? Ah, obrigada.


presente de aniversário da Júlia, agora 10 anos!
 

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Reflexões sobre a morte

Ainda era bastante cedo no sábado, quando eu e marido caminhamos até a padaria. No balcão, próximo à saída havia um cartaz convidando para um filme que seria exibido, no mesmo dia à tarde, num auditório e após, haveria uma discussão com profissionais da psicanálise.
"Preciso ver esse filme" - foram as palavras de meu marido.
Não fomos. Lamentei, mas a imagem que estava no cartaz não saía da minha cabeça.


Fui procurar na internet. Não sou muito boa para encontrar filmes; fui no bom e velho youtube e lá estava.
É um filme japonês de 2008 de Yojiro Takita, eu nunca tinha ouvido falar.
A morte é o tema central e há tanto nas entrelinhas.
Neste mesmo dia encontrei um antigo livro, A Arte da Felicidade de Dalai Lama e Howard Cutler com uma história sobre a morte que eu já havia falado aqui no blog, mas não coloquei a história e sim o que eu me lembrava dela.
Antes de falar mais sobre o filme quero costurar aqui a história:

"Na época do Buda, uma mulher chamada Kisagotami sofreu a morte do seu único filho. Sem conseguir aceitar o fato, ela corria de uma a outro, em busca de um remédio que restaurasse a vida da criança. Dizia-se que o Buda teria esse medicamento.
Kisagotami foi ao Buda, fez-lhe reverência e apresentou seu pedido.
 - O Buda pode fazer um remédio que recupere meu filho?
 - Sei da existência desse remédio - respondeu o Buda. - Mas para fazê-lo, preciso ter certos ingredientes.
 - Quais são os ingredientes necessários? - perguntou a mulher aliviada.
 - Traga-me um punhado de sementes de mostarda - disse o Buda. A mulher prometeu obter o ingrediente para ele; mas, quando ela estava saindo, o Buda acrescentou um detalhe. - Exijo que a semente de mostarda seja retirada de uma casa na qual não tenha havido morte de criança, cônjuge, genitor ou criado.
A mulher concordou e começou a ir de casa em casa à procura da semente de mostarda. Em cada casa, as pessoas concordavam em lhe dar as sementes; mas, quando ela lhes perguntava se havia ocorrido alguma morte naquela residência, não conseguiu encontrar uma casa que não tivesse sido visitada pela morte. Uma filha nessa aqui, um criado na outra, em outras um marido ou pai haviam morrido. Kisagotami não conseguiu encontrar um lar que fosse imune ao sofrimento da morte. Vendo que não estava só na sua dor, a mãe desapegou-se do corpo inerte do filho e voltou ao Buda, que disse com enorme compaixão:
 - Você achava que só você tinha perdido um filho. A lei da morte consiste em não haver permanência entre todas as criaturas vivas. Ninguém vive sem estar exposto ao sofrimento e à perda."

No filme, a morte é retratada em seu momento final: a preparação do corpo. Tudo com absurda poesia.

"Fazer reviver um corpo frio e dar a ele beleza eterna. Isso tudo feito com muita tranquilidade, precisão e sobretudo com infinito afeto. Participar do último adeus e acompanhar o morto em sua viagem. Nisso eu percebia uma sensação de paz e extraordinária beleza"- do filme A Partida.

Um filme de 2h e 10min. Um filme soberbo.


Uma Feliz Páscoa a todos!