Sem amor é o título de um filme que concorre ao Oscar 2018 na categoria de filme estrangeiro.
Não sei absolutamente nada sobre a premiação desse ano. Não assisti a nenhum dos filmes indicados, apenas um comentário num programa de tv falando e mostrando algumas cenas do "sem amor". Pais sem conexão alguma com o filho, sem o mínimo de afeto. Não senti vontade de assistir ao filme, embora deva ser interessante. Infelizmente não se trata de uma história inédita. Há mais crianças, filhos sem amor do que a gente queira saber...
Mas eu quero mesmo falar é da cena de filme que vi há pouco na rua, enquanto passeava com o cachorro.
Fosse um filme, o melhor título seria : Com amor e com torcicolo.
Enquanto eu esperava o cachorro terminar a sua "cheiração"num pedaço de grama, avistei ainda distante uma bicicleta que vinha titubeando, tipo eu, depois de trinta anos sem pedalar!
À medida que a bicicleta se aproximava, recolhi-me mais ao canto para dar passagem, num misto de receio e curiosidade.
O homem estava bem equipado "de ciclista". Capacete, roupas. Pareceu-me mesmo alguém experiente nos pedais. Mas por que o ziguezague?
Bem mais próximo, notei e exclamei!
Havia uma cadeirinha própria de levar crianças acoplada logo atrás do homem.
Ali sentada estava sua filhinha. Também devidamente equipada: capacete de ciclista-mirim, cinto de segurança.
Mas...
A pequena adormecera. Talvez o embalo, talvez o cansaço das brincadeiras, enfim, ali no banco de trás da bicicleta, uma menininha dormia.
O pai, segurava com o braço direito o guidão. O esquerdo, se contorcia para trás segurando a cabecinha da criança.
Passou meio vagaroso e cambaleante por mim e ao ouvir minha exclamação sobre o adormecer da garotinha, ele disse, entre o desconforto da situação e um certo orgulho do heroísmo: "Minha filhinha dormiu!"
Amanhã certamente ele acordará com torcicolo!
Com amor, que assim sejam os pais!