domingo, 30 de junho de 2019

Licença para sonhos

     Meus queridos amigos, estou saindo para uns dias de férias! Espero realizar um lindo e longo sonho!
     Volto com novidades. Fiquem em paz!

sexta-feira, 7 de junho de 2019

O sino

Faço um esforço exaustivo, minucioso e também silencioso para recordar a primeira vez que ouvi um sino. Sendo ineficaz meu esforço, volto-me para meu marido e entrego a ele a minha vontade de saber : "você se lembra da primeira vez que ouviu um sino?"

"Ixi... claro que lembro. O sininho do Bom Jesus. Lembro até da batida triste que era pra avisar que alguém tinha morrido."

Marido passou a infância em área rural de Minas Gerais. Lugarejos bem afastados, onde o sino era uma forma de comunicação.


Digo a ele que essa primeira lembrança do som de um sino, eu não tenho. 
Mas...
Tenho uma boa história com um sino.

Eu toquei um sino de igreja!

Essa frase não poderia ter exatamente uma exclamação. Por que? Porque foi um tanto decepcionante meu "tocar o sino"...

Nos desenhos animados da televisão, eu tenho lembrança de algum personagem vestido de frade, pendurado em uma corda, puxando com força, ou mesmo balançando de um lado para o outro tal a força do sino.

Eu era uma adolescente quando minha doce vizinha foi pedir permissão ao meu pai para que eu passasse uns dias de férias na casa da irmã dela, no Paraná, que era uma freira. Eu iria com a filha de dona Rosa e seria bom sair um pouco de casa; era recente a perda de minha mãe.

No segundo dia, irmã Suzana fez-me o convite inusitado logo pela manhã. "Você quer tocar o sino da igreja hoje à tarde? Temos que estar lá quinze minutos antes das seis, não se pode atrasar"

Não saí pulando e gritando de alegria porque o ambiente era mesmo reservado e silencioso.

Eu iria tocar um sino. Nem conseguia acreditar!
Será que eu teria forças? As cordas, será que havia uma só ou várias? E a melodia, eu saberia tocar, ou era só bater seis vezes? E se eu errasse e soassem sete badaladas?

Achei melhor não importunar a tão acolhedora freira e deixar todas as surpresas para o final da tarde.

Como demorou para o sol baixar naquele dia.

Segui a passos apressados ao lado da freira pelo calçadão principal da cidade. Meu coração é que parecia um sino.

Subimos uma escada caracol. A freira ia na frente. Lá no alto enquanto ela olhava fixamente para seu relógio de pulso, eu procurava as cordas.

De repente, ela me fala "Está na hora, aqui, aqui. Aperta".

Um pequeno painel com um botão. Apertei-o e vi e ouvi o sino soar, movendo-se harmoniosamente.
As cordas e as pessoas penduradas eram coisas do passado. Bastava olhar as horas no relógio de pulso e pressionar um botão.

Desci as escadas caracol um tanto atordoada. Não sei se pelo som alto do sino ou pela ausência de cordas. 

Bem, eu toquei um sino!

E você, tem uma história de sino para me contar?

Beijo!