quarta-feira, 25 de março de 2020

Conhecendo melhor os blogs


Uma das coisas boas que nossa quarentena tem nos trazido é uma maior interação entre os blogs!
Tenho lido pessoas que há tempos não blogava, encontrado outras em comentários nos posts de amigos, mais visitas, mais escritos.
Então aproveitando esse bom momento, eu vou interagir com o blog Filha de José, da Ana Virgínia e vou falar um pouquinho mais do meu blog.

Muitos amigos antigos já conhecem a história. Vou contar e incrementar seguindo o roteirinho que a AnaVi sugeriu!

  • Meu blog foi criado em... 
  • O nome do meu blog é pelo motivo de... 
  • O que eu mais gosto no meu blog e nos blogs é ... 
  • Eu criei meu blog para... 

Meu blog foi criado em janeiro de 2011.
E o nome dele surgiu de uma conversa que minha filha Júlia com seus três aninhos teve comigo.
Aquela voz deliciosa de criança.
Ela estava um tanto brava e decepcionada com nossa vizinha, a dona Cristina que a adorava!
Voltou da casa dizendo "eu não gosto que a dona "Quistina" fala que ama eu do fundo do coração; lá no fundo é muito escondido, eu queria que ela amava eu do lado de fora do coração para todo mundo ver!"

Eu me lembro de ter anotado essa fala da pequena e quando contei para a dona Cristina ela caiu na risada e disse que falaria para Júlia que a amava do lado de fora do coração.

Disse que iria incrementar, não disse?!

Então, eu tenho quase cinquenta anos e portanto nasci completamente analógica!
Jurei que não teria um computador ( e fiz o mesmo com o celular! ).
Via de perto um computador de uma fábrica de cerâmica e tudo o que saía de lá eram códigos e notas fiscais mandadas para uma enorme impressora. Olhava para aquela tela no enorme monitor quadrado e só via códigos, pra quê eu ia querer aquilo?

O mundo girou e eu tive filhos. Quando fui em busca da primeira escola para o menino, onde eu batia me pediam o e-mail. Ãhn? E-mail? Mais eu não tenho e-mail e me olhavam como se eu fosse de outro planeta.
Eu, inocente, pedia se não poderiam me enviar as propostas por correspondência. Não, não usamos mais esse meio, só mesmo por e-mail.

A pressão pelo tal e-mail fez-me matricular numa escola de computação.

É, pensar que meus filhos já nasceram mexendo sem medo nos eletrônicos.

Fui para a primeira aula e seria preciso filmar para que acreditem: minha mão tremia ao segurar o mouse e eu não tinha controle nenhum daquela seta, daquele cursor. Tinha é medo.
A todo momento uma janela indesejada se abria na minha frente e eu quase saltava de tanto medo.

As aulas no computador para mim foram a auto-escola que não fiz!

Como demorei a dominar o básico daquilo!

Assim que aprendi um pouco, compramos nosso primeiro computador. Uma caixa enorme com o monitor, a CPU.

As primeiras coisas "sociais"que fiz no computador foi falar por Skype e ter uma conta no orkut.

Comecei então a saber sobre blogs através das revistas que comprava na banca de jornal. Fulano escreve no blog tal.

Fui visitando esses blogs que eram mais profissionais, mais para produtos, empresas e em certo dia cheguei a algum blog "nosso".

Fui gostando e um dia resolvi fazer uma tentativa e fui clicando, mexendo e quando vi estava com um blog ali na minha frente!

Foi também um susto e precisava apenas de um nome.

Um nome? Qual? Assim de imediato?

Eu não estava pensando em criar um blog, nunca achei que conseguiria!

Tudo o que me veio à cabeça foi o "lado de fora do coração".

E deu certo o nome e assim ficou!

O que eu mais gosto nos blogs são as interações que acontecem, os laços que vão se estreitando sejam virtual ou se tornam um abraço real.

Gosto quando, de repente, olho, encontro algo e penso em alguém dos blogs. Ela ia gostar dessa foto, isso tem a cara daquela pessoa de tal blog!

Fui percebendo com o tempo também que isso aqui é um belo registro de nossas vidas, de nossas fases.

Já tive fases de poesias, de escrever todos os dias, de postar muitas fotos, de ficar muito tempo afastada.

As rotinas também influenciam. Comecei com as crianças pequenas, agora adolescentes usam bem mais o computador e eu ainda não consigo postar a partir do celular.

Nessa quarentena por exemplo, tenho mais tempo porém o notebook está sendo usado durante a maior parte do dia pela filha que está tendo aulas online.

E assim a gente segue e usa essa ferramenta maravilhosa que tem coração pulsante: nossos blogs!

segunda-feira, 23 de março de 2020

A geladeira nova

No ano passado quando surgiu a possibilidade da mudança de cidade, a primeira coisa que me ocorreu foi: precisaremos comprar uma geladeira nova.

Marido de imediato concordou. Nossa antiga geladeira sofreu demasiado com a mudança de voltagem que foi obrigada a passar, revertê-la novamente não seria nada bom.

Filha e marido tomaram a frente nas pesquisas de preços e modelos, meu pedido é que fosse um modelo frost free. Marido por fim decidiu-se.

Mas foi a Júlia, nossa filha que não se mostrou muito satisfeita com a escolha.

"Vocês têm certeza? Os comentários que estou vendo na internet não falam tão bem desse modelo".

Marido disse que era bobagem. A marca era confiável.

A mudança transcorreu bem e a nova geladeira seria entregue em alguns dias após nossa chegada. Como não tínhamos nem geladeira, nem a instalação do gás, marido e as crianças ficaram uns dias com familiares e eu me virei com marmitas até a entrega da geladeira.

Bem...

A família chegou, a casa já estava com as caixas da mudança ajeitadas, fogão, geladeira, chuveiro, gás.
Então a noite caiu.

Despertei na madrugada entre o pulo do marido seguido de uma invocação "Minhanossasinhora"e os latidos assustados do cachorro. Um tropeçando no outro.

Virei-me para o lado e apenas pronunciei - é a geladeira, fique tranquilo.

Na manhã seguinte marido comentava sobre o que era aquele estrondo enquanto passava o café.

Parou de repente com a chaleira em suspenso o olhou de soslaio para a geladeira.

"Mas é assim, parece que tem um vulcão aí dentro! "

Mostrei-lhe os comentários da internet:


“É bom produto, sempre uso essa Marca … mas o problema é o forte Barulho no Motor mesmo, que incomoda muito, ainda mais que minha cozinha é tipo Americana !”


Geladeira com barulho insuportavel e nao está refrigerando parte de baixo, congelador congelando até a porta ninguém resolve meu problema.
O cachorro já se acostumou ao estalos da geladeira; marido segue se revirando e diz que é o travesseiro que não está bom!
Bom, eu sozinha no apartamento na primeira noite com a geladeira... só posso dizer que tive o coração deslocado do peito para a boca. Agora sigo bem a cada manifestação noturna da geladeira!

sexta-feira, 20 de março de 2020

Diário página 2

Querido diário,

Choveu de madrugada e o céu amanheceu de um jeito que eu não sei definir.
Peguei o celular e cliquei no aplicativo de previsão do tempo. Fiquei triste por perder essa capacidade de sentir o vento e saber se ele está trazendo chuva ou a levando embora. Esses tempos da pandemia, em que tivemos que deixar nossa correria, nosso desassossego e buscar mais quietude talvez me ajude a olhar mais para o céu e menos para o aplicado com desenhos de nuvens e raios.

Mas hoje diário eu quero te contar as boas iniciativas que o vírus está despertando.
Tenho filhos na escola, quero dizer, sem escola, sem aulas por conta das restrições necessárias e foi através deles que eu fiquei sabendo de boas coisas acontecendo! Vou te contar:

Aqui no nosso país nós temos as escolas particulares e as escolas públicas. As públicas diário, foram tão negligenciadas ao longo de muito tempo que, infelizmente, não conseguem expressar o potencial que têm e seu ensino não possui a qualidade que deveria.

Mas olha que legal! Algumas plataformas de estudo, que antes eram pagas, estão abrindo de maneira gratuita e oferecendo seus conteúdos para os alunos de forma online!

Sim, isso é maravilhoso porque muitas escolas particulares poderão oferecer aulas pela internet e poucas escolas públicas terão a possibilidade de fazer o mesmo. Mas esses jovens são antenados e conectados. Eles se espalham essas notícias e aqueles com boa vontade e dedicação poderão usar esse tempo de reclusão para aprender.

Há também tvs por assinatura que estão disponibilizando seus conteúdos para crianças. Claro que sabemos que não é tão bom passar muito tempo com telas luminosas, mas vamos ter que nos adaptar.

Também soube de aplicativos de meditação, antes pagos, que vão abrir suas portas por um tempo para ajudar as pessoas que estão ansiosas por conta dessa enxurrada de notícias que causam tensão.

Você não acha tudo isso bom, diário?!

Ah, e tem também o Spotify, que é um novo jeito de ouvir rádio, querido diário, que está pensando em desenvolver uma programação só para crianças. Além do instagram que tem um pessoal bem legal contando histórias para crianças.

Já tem chef de cozinha famosão ensinando suas receitas.

É diário, a generosidade está à solta!

Bom para finalizar, quero colar em suas páginas duas fotografias que fiz quando estive lá na França no ano passado. Você vai gostar diário e vai ficar bem bonito aí em suas páginas.






Diário, quando eu fiz essas fotos, eu me lembrei de uma amiga. As folhas estavam tão verdinhas e fiquei a imaginar "Quando o outono chegar..." por que será que ela escolheu esse nome para seu blog?

O outono chega por aqui, a primavera por lá.

Que esse sopro de outono nos traga a paciência, a resiliência necessária para enfrentarmos o que ainda temos pela frente.




domingo, 15 de março de 2020

Diário página 1

Querido diário,

O dia amanheceu lindo, céu azul, sol desde as primeiras horas da manhã. Hoje é domingo, o último domingo do verão. Um verão que foi atípico, sem aquele calorão, com muita chuva aqui no sudeste.
Chuva esta que também foi atípica. A estrofe da música que diz "são as águas de março fechando o verão", não se deu em março e sim em fevereiro com águas devastadoras.

Escrevo diário quando o livro mais vendido por aqui é - A Peste, Albert Camus.
Escrevo em tempos de coronavírus.
Escrevo porque quero daqui a um tempo, um curto tempo, espero, reler e poder dizer "conseguimos".

Hoje é o primeiro dia de uma semana que também será diferente. Escolas suspendendo as aulas, pessoas trabalhando de casa, exposições sendo canceladas.

Os noticiários da tv merecem ser destacados, querido diário. Vemos os repórteres, os apresentadores e por trás deles, naquela tela de fundo enormes esferas cor laranja-vulcão-em-erupção girando, esferas em dimensões maiores que o próprio planeta.

E é justamente esse minúsculo vírus que já começa a ensinar grandes lições. Está bonito de ver as redes sociais publicando as fotos das cartas coladas nos elevadores. São moradores disponíveis a ajudar com compras em mercados, farmácias.

Outras postagens nos dão conta de que perder algumas coisas, nos faz as valorizarem ainda mais: abraços, um café, uma viagem, uma ida à academia.

A situação já esteve caótica na China; neste momento a Itália, a Europa estão no epicentro do problema. Também veio da Itália, pelas redes sociais, o vídeo das pessoas em isolamento em suas sacadas cantando a diminuir a dor, a reconhecer os profissionais de saúde, a esperançar pelo retorno à rotina.

Também da Itália vem um exemplo de cooperação e não-preconceito. Receberam especialistas chineses para ajudar na contenção e administração da situação.

É diário, as bolsas de valores viraram de ponta cabeça, o mercado financeiro em polvorosa, dólar nas alturas...

Quando tudo começou, olhávamos com aquela distância, que parecia nunca nos alcançar.

Já temos casos, poucos se comparados com outros países. Estima-se que ainda chegará o pior.

O pequeno coronavírus covid-19 exporá as grandes mazelas da desigualdade, do descaso com nosso sistema público de saúde, o SUS.

Os ambulantes, os profissionais autônomos? A população de rua?

Não há certezas diário, nem mesmo respostas. Tudo está aberto. Poderemos ser gentis, prestativos e cultivar o que de melhor há em nossos corações. Ou poderemos nos fechar no medo, pânico e manifestar o mais cruel egoísmo.

Sabe diário, eu também sinto que o poder da oração, qualquer que seja a crença, é valioso, é importante.

Os nossos profissionais de saúde terão rotinas exaustivas, que nossas orações os fortaleçam.

Querido diário, não sei se escreverei todos os dias aqui sobre a pandemia. Sabe, eu tenho um blog e quero escrever nele também sobre outros assuntos, como a história da geladeira que ainda essa semana eu publico. Espero que você me entenda e seja um bom companheiro. Será uma turbulência esses tempos, haverá dias difíceis e dias belos, haverá lições a serem aprendidas e quem sabe sairemos disso tudo com nossos corações fortalecidos no amor, a força maior!

E para finalizar, diário, vou deixar registrado uma fala bonita que eu deixei separadinha para trazer aqui nestas páginas:

"Quando morremos não levamos nada para lugar nenhum. Então, por que mesmo estamos amealhando uma quantidade grande de coisas? Por mais que a gente tenha  muitas coisas é sempre insuficiente. O rico é aquele que tem para dar, não é o que tem muito. Riqueza não diz respeito a quanto a pessoa tem, mas diz respeito à capacidade que ela tem de oferecer. É a capacidade de oferecer que mede a riqueza"       Lama Padma Samten

quinta-feira, 12 de março de 2020

Cuidemos de nossos corações


"Quando eu tinha cerca de 6 anos, recebi um ensinamento essencial de uma velha senhora que estava sentada ao sol. Um dia, eu estava passando em frente à casa dela, sentindo-me só, não amada e louca da vida, chutando qualquer coisa que me aparecesse pela frente. Rindo, ela me disse: "Menina, não deixe que a vida endureça o seu coração."

Naquele momento eu recebi esta instrução básica: podemos permitir que as circunstâncias da vida nos endureçam, nos tornando cada vez mais ressentidos e amedrontados, ou podemos permitir que essas mesmas circunstâncias nos tornem mais amáveis e mais abertos em relação àquilo que nos assusta. Sempre podemos escolher."

Este pequeno texto da Pema Chödrön, em seu livro Palavras Essenciais, tem o seguinte título: NÃO DEIXE QUE A VIDA ENDUREÇA O SEU CORAÇÃO.

Muitas vezes temos a sensação de que o básico, o essencial, o óbvio não precisa mais ser dito, ser refletido, aprendido e praticado.
Julgamo-nos prontos para algo mais elaborado, um nível mais difícil, afinal as coisas corriqueiras, são de certa forma até banais.

A vida tem seu lado áspero; especialmente nesses tempos de agora, a aspereza parece querer roçar nossos corações. Nada melhor do que apenas um sorriso de uma velha senhora e a mais simples das recomendações - não deixe que a vida endureça o teu coração.

quarta-feira, 4 de março de 2020

Corações aquecidos

Essa história foi um presente que meu marido me deu. Um presente que aqueceu meu coração!

Internei um morador de rua de madrugada - começou a me contar.
Você sabe o quanto é difícil fazer isso num hospital público ( faltam vagas, faltam leitos, enfim, saúde pública... ) mas consegui e internei.
Cedinho saí para tomar um café e na porta do pronto-socorro estavam quatro cachorros. Voltei do café e eles estavam lá.
Ali por umas dez horas da manhã, abriu uma fresta no céu nublado e chuvoso a vários dias e um pouquinho de sol apareceu. Então eu fui lá fora e encontrei o homem que eu havia internado. 
Quase nem reconheci: banho tomado, barba feita, com a roupinha do hospital. Então ele me chamou e foi me apresentando.

Neste ponto da conversa eu o interrompi e exclamei: que bom que ele tem família!

Não, não, me disse meu marido. 
Ele foi me apresentando para os cachorros! Aqueles quatro cachorros eram dele!

Que cena, que cena incrível!

Ele chamava os cachorros um por um, pelo nome e dizia "esse aqui é doutor que tá cuidando de mim, viu, logo eu fico bom". E os cachorros, muito bem cuidados aliás, abanavam o rabo. Uma mulher que passava por ali, parou para ver a cena e sorriu. Acho que ela entendeu tudo!

Bem,  tirei o homem da rotina dele e dei-lhe um pouco de férias - vai ter banho todo dia, banheiro e comida e ainda umas boas vitaminas e remédio para tratar-lhes as mazelas.

E eu preocupei-me também com os cachorros.

Nem se preocupe! O sujeito tem o coração tão bom que já fez amizade com as cozinheiras que vão levar comida lá na rua para os cães! E ele sempre dá um jeitinho de ir lá visitar os fiéis companheiros.

Não dá para fazer muito, mas foi possível fazer o que estava a meu alcance naquele momento.

Uma história quentinha que aqueceu meu coração!