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Há
dias em que as coisas aparentemente simples de serem resolvidas,
tornam-se tarefas das mais complexas, quando, por exemplo, você sai
de casa bastante animado e acaba filosofando: “não devia ter saído
de casa hoje”.
Aconteceu
comigo na semana passada.
Tudo
seria simples e rápido porque o que precisava ser feito estava pago
e reservado, era somente retirar.
Animada,
saí com destino à capital – ônibus + metrô. É fato que não
contava com a chuva, mas não deixaria que um dia nublado e chuvoso
influenciasse meu estado de espírito.
Organizei
uma listinha de acordo com o trajeto e estava tudo caminhando bem.
Na
metade da lista, entro na livraria na qual já havia encomendado e
pago os livros escolares anteriormente, e já havia retirado a
maioria, ficando pendente apenas dois itens.
Uma
hora e quarenta minutos foi o tempo que eu utilizei lá dentro, entre
localizar o pedido, ligar para o funcionário que me atendeu e
justamente naquele dia estava de folga, informarem que o livro estava
esgotado, porém estava pago e havia complicações no sistema para a
devolução do dinheiro...
E
meu sistema nervoso começou levemente a se alterar, o que foi
contornado com técnicas de auto-sugestão, porém com o sistema
digestório não houve técnica que dese jeito na fome.
Saí
de lá insatisfeita, deparei-me com uma multidão dentro de qualquer
lugar que vendesse comida que resolvi comprar de um vendedor
ambulante um pacotinho com amendoins de casquinhas vermelhas
lustrosas, daqueles que se vê o cristalzinho de sal reluzindo.
Andando,
segurando o guarda-chuva e comendo.
No
meio do caminho guardei o pacotinho e segui até uma outra livraria
aonde o livro estava reservado e eu recebera um e-mail informando da
chegada do pedido.
O
setor de reservas é sempre vazio. Naquele dia havia uma considerável
fila. Tudo bem. Aquele era o penúltimo item da listinha.
Na
minha frente havia um senhor de sobretudo. E seu atendimento foi
sobremaneira demorado.
Primeiro
falou o número do cpf e quando o funcionário voltou dizendo não
ter encontrado o item, ele disse que estava perdendo momentos
preciosos do seu trabalho, que trabalhava no São Paulo Fashion Week.
Imediatamente
fiquei fascinada. Aquele senhor de sobretudo era uma figura
importante da semana de moda.
Eu
estava diante de uma celebridade, quero dizer, estava logo atrás.
Fiquei
com um misto de nervosismo e empolgação, que peguei o pacotinho de
amendoim e comecei a comê-lo sem tirar os olhos do tal homem que
àquela altura já havia mandado chamar um superior, um chefe, um
gerente, sei lá.
E
prosseguia em seu discurso indignado que ele recebera um e-mail
informando da chegada de seu pedido. Disse que gastou dinheiro com
táxi e que bem poderia ir à Nova Iorque comprar o tal livro ( que
era importado e bem caro).
Neste
momento eu fiquei hipnotizada. Eu estava próxima a alguém que pode
ir a New York só para pegar um livro.
Mastiguei
o último amendoim, quando localizaram o livro noutra loja, no setor
de artes.
Alguns
minutos e chega uma funcionária ofegando porque deve ter corrido
bastante e a chefe/gerente/ superior se desmancha em desculpas e
solta em voz calma e clara.
“Este
livro será uma doação da loja para o senhor por todo este
constrangimento”.
Embasbacada.
Essa era a palavra para me descrever naquele momento.
Eu
estava diante de um acontecimento.
Um
homem de sobretudo e um livro doado... Eu estava aturdida.
Ele
virou-se e disse que iria para o café. Ela respondeu que não se
preocupasse com mais nada. Faria a nota de doação e o encontraria.
Minha
vez de ser atendida.
Entrego
meu documento porque agora que a lucidez voltou, lembrei-me que comi
todo o pacotinho de amendoim e meus dentes poderiam estar impregnados
daquelas casquinhas vermelhas. Era melhor nem abrir a boca, pensei.
Pego o livro e vou embora.
A
demora sinalizava que alguma coisa não ia bem. Eu começa a ficar
preocupada com as casquinhas de amendoim grudadas nos meus dentes.
E
depois de muita demora o funcionário me diz – seu livro não se
encontra aqui, a reserva está na loja da Pompeia.
Um
flash de segundo foi suficiente para eu me ver falando como o homem
de sobretudo:
“Eu
sou muito ocupada, tive que deixar meus filhos com a vizinha, ainda
nem coloquei o feijão de molho, gastei dinheiro com ônibus + metrô
e bem poderia pegar um avião e ir até a cidade natal do livro, mas
nesse momento lembrei do preço do cafezinho que o marido me contou
que vendem no avião e lembrei também que podia haver uma casquinha
de amendoim no meu dente. Achei melhor ficar de boca fechada e
esquecer que eu também poderia sair de lá com um livro doado após
falar também que eu recebi um e-mail de confirmação.
Sem
mover os lábios, fui embora. Dei por encerrada a listinha.
Quando
cheguei em casa e vi...
Foi
realmente um milagre. Ainda bem que eu não abri a boca, porque o
e-mail deles estava correto indicando que eu retirasse na loja da
Pompeia. Eu estava na loja errada. Sobretudo passaria a maior
vergonha.
Fiquei
tão atucanada, que escovei os dentes e fui dormir.
"Imediatamente fiquei fascinada. Aquele senhor de sobretudo era uma figura importante da semana de moda."
ResponderExcluir"Neste momento eu fiquei hipnotizada. Eu estava próxima a alguém que pode ir a New York só para pegar um livro."
huauhauhuha Muito hilária a sua odisséia, viu Ana paula, rsrsrs Adorei... E eu nunca poderia supor que livro tinha cidade natal, tampouco que celebridades estavam assim, ao alcance dos olhos, rsrs... Muito cômica a forma como você relatou os fatos. Ah! Afinal de contas, Senhora emudecida, havia ou não casquinhas vermelhas nos dentes quando chegou em casa e pode, finalmente, abrir a boca? rsrsrs
Eu nem consigo destacar a parte que mais gostei.
ResponderExcluirUma final de semana sem casquinha de amendoim, de pipoca, fiapo de manga ou palavras presas entre os dentes pra vc.
Beijos e carinho :)
Voltei para ler de novo sua história, acredita?
ResponderExcluirNa volta percebi meu errinho: "Uma final de semana", insere ai entre uma e o final: "maravilha de" e uma vírgula depois de semana pra arrematar a correção. E entre as coisas entre os dentes não deixe tb sorrisos ok?!
Muitos sorrisos, bom humor, narrativas, algodão doce, que só cola no céu da boca.
Falando em céu, como está o céu por ai? espero que azul.
+ bjos e carinho
Querida amiga!
ResponderExcluirÉ incrível como você narra bem!
Fico fascinada quando leio seus textos,
parece que estou contigo... Muito legal mesmo!
Abraços! Um final de semana abençoado e alegre pra ti.
Olá ! que delicia de texto, adorei! Muito engraçado o seu modo de contar suas peripércias pelas livrarias paulistas.
ResponderExcluirFiquei curiosa em saber quem era a personalidade de sobretudo.
Convenhamos que usar sobretudo em S.Paulo, durante o dia, com chuva, já é para uma pessoa com MUITA personalidade.
Querida, obrigada pelo carinho lá no blog, estou mesmo meio preguiçosa, cansada, e com aquela "bagaça" funcionando precariamente. Já não sei pra quem reclamar.
Existe uma seção fale conosco para blog? eu não sei onde é.
Beijos amiga, parabéns pelo texto gostoso demais.
Ana Paula, que aventuraaaaaa, posso imaginar. E que delícia sua narração, me fez bem, me fez rir... Seu senso de humor contagia, viu moça das casquinhas vermelhas nos dentes, ou não???!!!rs.
ResponderExcluirBeijinhos.
Fica com Deus.
Su.
Ana Paula, sobretudo(do homem) por sobretudo (seu) ainda passaria a maior vergonha, rs...rs. Mas valeu sua ironia e observação para poder alimentar essa gostosa postagem. Ainda mais, concordo que tem dias que a gente não deveria se expor. Não digo nem sair de casa!
ResponderExcluirBeijo.
Manoel.
Caramba que Odisséia! O mais incoerente é que o cara podia pagar e ganhou o livro... adorei o detalhe das casquinhas de amendoim rsss. Como está quela situação da escola dos seus filhos? já está resolvido? Espero que sim, depois dá uma passada no meu blog? deixei o convite para uma blogagem coletiva lá. Beijinhos!
ResponderExcluirE imagino que dormiste bem descansada... e a certa altura até esboçaste um sorriso!
ResponderExcluirOra diz lá que não o fizeste?!
Caramba, a foto do céu de coração é sua? vixe desculpe rss eu peguei non google.
ResponderExcluirOi Ana!
ResponderExcluirComo sempre, consegue narrar coisas do cotidiano de maneira leve e sutil.
Bjo grande e que venham mais peripécias.
Débora
Tenho sido abençoada com sua presença em minha vida
ResponderExcluircom seu carinho no meu blog.
Hoje venho desejar uma semana abençoada
e deixar meu eterno agradecimento.
Nunca esqueça leio sua postagem e trago comigo no
meu coração.
Hoje ñ estou conseguindo digitar.
EU vou continuar te seguindo e te amando sempre.
Aceite meu beijo no coração e meu carinho
na sua alma.
Evanir..
Vá receber seus aplausos no folhetim utopia! O pessoal gostou muito^_^
ResponderExcluirOi Anaaaa... Que narrativa mágica e cheia de links com outras narrativas tão frescas em minha memória!
ResponderExcluirAinda bem que você não simplificou com a frase:“não devia ter saído de casa hoje”.
Boa semana e até breve!
Ana,
ResponderExcluiros seus textos são o máximo!
É bom saber que não sou a única que fico 'paralisada' diante de pessoas que vivem em um mundo tããão diferente do meu.
Meus pais tem uma loja e minha mãe atendeu uma senhora que estava muito apressada (para começar ela tinha motorista particular). Na conversa ela disse que voltaria depois porque estavam esperando por ela no aeroporto. Inocentemente minha mãe perguntou que horas o vôo dela saia e a resposta foi a minha humilde possível: 'O meu avião é particular'. Descuuulpa, né? :P
Que bom saber que você também faz scraps!
Bem que você podia mostrá-los para nós (a curiosidade!).
E dia 10 a participação está confirmada!
Uma excelente semana!
Beijinhos,
Carol
www.umblogsimples.com
Ai Ana Paula!Como tem dias assim em nossas vidas!...rsss...e adorei as casquinhas de amendoim!Salvaram seu dia!...rss...bjs,
ResponderExcluirpassando pra deixar um beijinho e o desejo de um lindo dia!
ResponderExcluirSu.
A sua casquinha de amendoim me fez rir! Estava tão chateada por aqui e me diverti com você. Adorei! Mas fiquei super curiosa: Quem será o senhor do sobretudo?hahaha Bjoooooooooooooo
ResponderExcluirkkkkkkkkkk..ana você é demas.adorei kkkkkk
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