sábado, 18 de agosto de 2012

Embevecer


Neste final de semana, minha filha Júlia, de 7 anos, não está em casa. Foi para um sítio a convite dos pais de sua amiga da escola. Ontem à noite, telefonou para dizer boa noite. Era quase impossível ouví-la: a alegria borbulhava em suas palavras e outras quatro amigas “algazarreavam” ao fundo!
Queria escrever sobre este momento e não encontrava as palavras, nem sabia exatamente o que eu queria dizer.
Fui passar roupas... ( Tina eu gosto muito de passar roupas! ) e me ocorreu uma palavra que descreve inteiramente este Final de Semana no Sítio.
Embevecer.

Acho que especialmente os bebês causam embevecimento. Filhotes também.
A gente fica ali apenas a olhar. Não é preciso mais nada. É como ser absorvido para dentro daquela cena, daquele momento.
Quando são bem pequenos, que ainda não precisam de intervenção, podemos ficar a admirar um bebê: seus gestos ainda sem tanto controle, seus sons, risadas, “conversas”... são momentos de embevecimento.
Nesta fase dura pouco. Os movimentos passam a ser cada vez mais elaborados e aí começamos o tempo todo a ficar atentos e passamos a cuidar o tempo todo: o que se põem na boca, o que quer puxar do alto, a cabeça que pode bater. Não há como relaxar.
Uma outra fase chega, que é a do educar falando a maior parte do tempo: já escovou os dentes, fez a lição de casa, arruma a postura, vamos na casa do seu primo e não quero brigas...
Isso é ser pais. Valores, caráter, boas maneiras. Só que o tempo, os momentos para embevecer se tornam cada vez mais escassos.
Talvez numa apresentação da escola. Sentamos lá na plateia e apenas observamos. Entre embevecer e filmar com o celular.
Se eu estivesse com ela lá no sítio, certamente estaria mais falando do que embevecendo.
Mas ela está sozinha, quero dizer, sem a minha presença falante. E eu estou sozinha aqui.
Posso olhar de longe e imaginar suas risadas, sua maneira de pedir o que precisa.
Espero que chegue o momento em que eu possa mais me embevecer com os filhos. Sentar a uma mesa para um café ou uma cerveja e falar pouco e olhar embevecida para aquele adulto à minha frente e simplesmente apreciar sua companhia.
Deve ser difícil talvez.
O mesmo gostaria um dia que os filhos fizessem comigo. Apenas olhassem, sem ter que criticar, confrontar, desafiar.
Quero em minha vida muito cada vez mais momentos de embevecimento.
Beijo e bom final de semana.

9 comentários:

  1. Embevesseremos amiga e o gostinho será bom, será prazeroso.
    Qto a passar roupas, definitivamente não gosto.
    Beijos e meus carinho :)

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  2. Realmente quando chega a fase de apenas se embevecer, estamos velhos..Podes crer.

    São fases que passamos!! Lindo texto,faz pensar!!beijos,chica

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  3. Ana: Adorei mas não queiras embevecer mas mesmo assim se embeveceres espero que fiques sempre bela.
    Beijos
    Santa Cruz

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  4. Que palavras lindas Ana! Seu texto me deixou embevecida! rsrs
    Que venham vários momentos de embevecimento para você.
    Um beijo e ótimo fim de semana.
    :)

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  5. Essa vida de ser pais educadores não é fácil!
    Acho que vamos passar mais tempo embevecidos quando tivermos nossos netos, já pensou?
    Ficaremos lá, olhando e relembrando quando os pais daquele pequeno ser também era um bebê.
    Bom final de semana!!
    bjs

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  6. Vivo as fases do crescimento da Alice um a um com ternura,, medo, serenidade e ansiedade, é o mal de ser mãe, e o bem de apensar o ser. bjs tem novidades vem ver?

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  7. que lindo amiga!
    Seu texto me fez relembrar esse tempo de encantamento que se vive com os filhos e que passa tão rápido.
    O bom, é que Deus nos dá uma segunda chance, e hoje posso embevecer-me com os netos!
    Abraços e um final de semana abençoado pra ti.

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