Oi.
Clara, Cecília, Isabela, Beatriz, Marina... não sei o seu nome; não sei o nome que você terá, então vou chamá-la de pequena menina.
Fiz para você, pequena menina, essa manta.
Para te aquecer, te acolher, tornar um pouco mais macio o mundo em que você chega.
Espero que você goste da cor! Sabe, eu a escolhi porque a Angela, lá de Portugal me disse certa vez que essa cor é cor de bochecha de boneca. E eu vi tanta poesia nisso! E então eu desejo que você tenha bochechas assim, bem rosadas, de saúde, de saltitos de criança, de sorrisos que surgem fácil e de poesia em teu caminho.
Não vou mentir para você: foi-me muito difícil executar tua manta. Primeiro eu tive que aprender a tricotar. Eu tinha uma vaga percepção de como era.
Eu era uma criança quando conheci a palavra orfandade. O abraço de minha mãe havia se transformado em recordação e então, assim que o sol se punha, eu ia para a casa da vizinha, a dona Rosa, esperar o barulho do portão, que dava para escutar de lá, e era o sinal de que meu pai havia chegado do trabalho.
Dona Rosa achava de um perigo extremo uma criança ficar à noite transbordando de saudade e me levava para a casa dela.
Ela tricotava em agulhas de metal que faziam um barulhinho rápido e gostoso. Nunca me ensinou, mas enquanto eu ficava ali sentada e de suas mãos iam surgindo casaquinhos, coletes, xales, eu ia me enchendo de amor silenciosamente.
Passados tantos anos, eu comprei minhas agulhas e assisti a vídeos no youtube para aprender.
Foi difícil. Por algumas vezes eu tive que desmanchar tudo e recomeçar. E não escondo: há falhas.
Um ou outro ponto trocado, esquecido. Não está perfeito.
Mas eu tomei coragem para lhe presentear, pequena menina, mesmo assim.
Quero dizer que mesmo sem te conhecer, eu coloquei amor no que fiz; as falhas irão junto para te mostrar que é possível aprender, conseguir, cair, levantar, ter que fazer novamente.
A vida, apesar de todas as felicitações que recebemos no nosso aniversário, não será sempre cor de rosa. Haverá as dificuldades, as tristezas, as ausências.
Nós teremos falhas, mas podemos sempre nos empenhar para melhorar.
O mundo terá falhas, mas podemos sempre encontrar a maciez de um abraço.
Siga com olhos de encanto e não desista.
A vida é um lindo presente!
* xale feito para um projeto de doação para bebês que iniciam a vida na mais profunda carência material. Que não lhes falte amor.
Nem preciso dizer que me desmanchei aqui.Isso é bom! Precoisamos derramar lágrimas trancadas! Adorei tua sensibilidade, tuas palavras de quem viveu a dor da perda da mãe tão pequena ainda, das saudades do pai que voltava à noite pois tinha que trabalhar.Que bom o anjo D.Rosa na tua vida e pude ouvir daqui o tilintar das agulhas rapidinhas como vi minha mãe fazendo,...
ResponderExcluirLindo, lindo, lindo. Mais nem posso dizer... Que essa criança que ganhará essa manta seja coberta de todo amor com o qual teu trabalho foi feito! bjs, chica e obrigadão por me emocionar!
Que lindo!!
ResponderExcluirA cor da manta é linda.
Eu não tenho habilidades para nada em artes, pelo menos ainda não desenvolvi rs...
Um abençoado fds pra vcs =)
Um gesto muito generoso e comovente descrito num texto excelente.
ResponderExcluirUm beijo.
Você me fez chorar viu Ana! Lindo e emocionante... Quanta sensibilidade. Nunca perca essa essência.
ResponderExcluirÓtimo dia pra você.
Xerooo =D
Manta para aquecer o bebê carente
ResponderExcluirRecordações, emoções e desejos latentes
Sentimentos, sentidos, sentires que te definem
Somos tecidos pelo tempo e das imperfeições fazer lamento não tricota mantas, não ecoam mantras e coisas boas tantas nos pontos, vírgulas e reticências desse seu postar
Amei
Emocionei
Um tricotar e lembranças, d eternas saudades, de dores transformadas em mantas e pura poesia. Não há como nãos e emocionar em te ler e ver que do luto foste a luta e transformastes em aprendizagens e sonhos e agora doações de afeto. Tem novidades no blog
ResponderExcluirOlá, querida Ana Paula
ResponderExcluirParticipo do projeto também em minha Paróquia...
Gosto muito de tricotar... e do crochê...
Post muito lindo onde sua vida se mescla com outras realidades similares... em algum ponto...
A doçura do tom rosado é imensamente suave...
Bjm fraterno
ResponderExcluirQuerida Ana Paula essa mantinha é muito preciosa, transporta o carinho e o cheirinho do amor do próximo
e certamente que o coração dessa criança que a irá receber vai sentir que alguém quis transmitir o que recebeu quando era pequenina, amor e atenção de alguém, e que por sua vez é capaz de colocar numa cor uma mensagem muito especial que irá aquecer uma pequena vida!
muito bonito amiga :)
beijinhos cor de rosa!
Angela
Ana Paula!
ResponderExcluirLindo e sensível o que escreveu. Lembrei da frase: "fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas". Com certeza suas mãos, seu coração, se inundaram de amor em cada ponto que fazia. Que essa criança seja abençoada por esse sentimento.
Um abraço, Sônia.
Nem tenho palavras. Repito as da Chica.
ResponderExcluirBeijo, Ana Paula.
Mais que tocada, estou emocionada a cada comovente linha aqui bordada por vc, Ana Paula.Cada ponto cheio de amor se revela na peça e no texto que a acompanha.Fui levada por tuas mãos a voltar no tempo e rever uma peça quase igual, a primeira que fiz pra minha bebê que ia chegar.Tal foi a motivação que aqui sinto que rendeu um post complementar a essa delicada narrativa.
ResponderExcluirObrigada Ana por mais esta página.
Bela semana minha amiga-poeta.
Bjos,
Calu
Um gesto de generosidade e momentos de serenidade que você ganhou
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ResponderExcluirMe arrancou l´´arimas dos olhos, de alegria, de afeeição, de carinho por vc.
Mil beijos
Jussara