Não sei dizer se é o calor, que está se demorando demasiado, que não cede lugar aos dias frescos de outono, ou se é a falta de chuva que vai deixando tudo árido, inclusive os ânimos.
Não sei se é a exaustão de refletir se, escarro em face alheia tem por significado lavar a alma de um povo ou é simplesmente falta de educação.
Não sei se é o desânimo de pensar que amanhã é dia de feira e como tem sido corriqueiro, preços mais altos do que na semana passada. Aliás nem tenho visto carrinhos de feira que voltavam para casa com saquinhos dependurados pelo lado de fora, tão cheios e fartos estavam.
Obras que desabam, nem consigo mais...
Desânimo, descrédito, exaustão. Assim me sinto.
E quando estou assim me refugio na beleza. É ela, a beleza, que me tira o peso, as lamúrias.
Hoje a encontrei e cheguei em casa ávida para partilhar!
Voltávamos a pé da aula de cálculos do meu filho. O ar ardia as narinas, o cheiro de queimado incomodava. O olhar alcança as queimadas nas matas. O vento se encarrega se trazer a fumaça.
Enquanto caminhávamos por trecho de suave descida, vinha subindo o sorveteiro com seu carrinho amarelo. Vimos ele parar em frente a um casebre e soar sua buzina. Imaginei ser um cliente fiel.
Ao nos aproximarmos, vimos o sorveteiro agachado, como que passando o sorvete pelas frestas de um portão aberto somente rente ao calçamento.
Que estranho - eu pensei - a pessoa compra um sorvete e pede para passá-lo por debaixo do portão, quase encostando na rua?
A cena mágica então surgiu quando passamos ao lado do carrinho amarelo.
O sorveteiro dava pedaços de sorvete que ele acabara de abrir a um pequeno cão. Separados por um portão estreito e feio, o cãozinho abanava o rabinho festivamente. O sorveteiro lhe sorria.
Parei por uns instantes para me extasiar com aquela cena de delicada beleza.
Não me contive e perguntei se o cachorrinho era dele, ao que me respondeu que não, apenas que ele já conhece a buzina e fica esperando por pedaços de sorvete.
Segui feliz.
E não quero nem saber das pessoas do contra, que vão reclamar de açúcar para cachorro...
Fiquei doce, sorri. O sorveteiro de sorvetes sem glamour ( será ? ) é um sujeito especial!
segunda-feira, 25 de abril de 2016
quinta-feira, 21 de abril de 2016
A impermanência das coisas
Foi assim a minha despedida. Logo após a fotografia ser tirada, o interfone tocou avisando que a empresa que retira lixo eletrônico já estava à espera.
Lixo eletrônico?
Não. Até o último momento esse foi o nosso computador e não um lixo.
Durante pouco mais de 6 anos, ele nos serviu e foi com ele que eu comecei a blogar, aliás a criação deste blog se deu ali dentro.
Lembro-me de um documentário excelente postado no blog da Beth Lilás sobre a obsolescência programada, ou seja, todos os objetos hoje, os eletrônicos especialmente, têm um tempo de durabilidade. Eles precisam acabar para que a indústria produza e a gente consuma.
Mas eu sempre achei que seria para sempre que meu computador duraria...
Algumas semanas antes, começamos a fazer uma faxina em todos os arquivos. Havia muita coisa de escola e as crianças começaram a organizar e descartar.
Antes mesmo que chegasse a minha vez de remexer o que estava ali dentro, ele se foi.
Pela manhã eu o liguei e fiz algumas coisas. Deixei em repouso e quando fui usá-lo à tarde, silêncio e escuridão.
Eu realmente não queria acreditar que estivesse acontecendo, ou melhor, já tinha acontecido.
O sopro de esperança que tinha vindo quando marido levou-o para o conserto, logo se foi quando ele me disse quanto custaria o reparo.
Pensei assim que ouvi, que marido estivesse de brincadeira.
Quinhentos reais valia sim deixá-lo para ser arrumado. Só que havia um zero a mais no orçamento... Marido não estava brincando.
Então, fui aceitando que o tempo dele havia acabado.
Arquivos salvos em nuvem, pendrives? Não, não, eu fui completamente relapsa.
O tempo entre o pifou e a retirada pelo pessoal do lixo eletrônico, trouxe várias reflexões, aprendizados e gratidão.
Embora saibamos, relutamos em aceitar a imprevisibilidade, a impermanência das coisas, das pessoas, do mundo.
Se há coisas importantes dentro de um computador, de um celular, é preciso que elas se tornem seguras fora de lá.
Gratidão por esse computador que se foi. Ele na verdade foi também uma janela que me proporcionou me expressar no meio virtual, conhecer pessoas, pensamentos, me abrir para a escrita, uma vez que eu não nasci nesta era digital, precisei aprender e ainda aprendo.
Tudo o que eu perdi?
Uma descoberta incrível: a maioria das coisas estavam em meus blogs!
Alguns textos salvos, foi só voltar aos sites, portais que eu tinha anotado em minha moleskine vermelha genérica.
E o melhor foi saber que, textos de blogueiros que deixaram de blogar, que eu tinha verdadeiro carinho, simplesmente se tornaram livros. Estou esperando o carteiro trazer meu exemplar!
segunda-feira, 18 de abril de 2016
Fazemos parte
Deixei o olhar sem pressa apreciar o tronco que se cobria de sombra e a copa que se abria para o sol.
No chão demorei o olhar a procurar miudezas.
Penas das galinhas d'angola junto à terra.
Somos tudo isso.
As pequenezas espalhadas pelo chão, a altivez robusta de uma árvore.
Livros que se vão
Foi aqui nos blogs que eu conheci o projeto BookCrossing Blogueiro sobre doar, libertar, dar asas à um livro, esquecer em um lugar público.
Participei de várias edições e interagi com vários outros blogueiros que também estavam no projeto.
Não procurei nos arquivos do meu blog para saber em quantas edições eu, meus filhos, já participamos. Acho que não importa.
O que eu gostaria de ressaltar com este projeto, é a semente que foi plantada.
Sem registros escritos ou fotográficos já deixei livros por aí de diversas formas: no banco do táxi, no banco da praça, embrulhado com laço para o filho de um funcionário aqui do prédio, fiz trocas com blogueiras, enviei livro de presente, enfim, enxergamos e também criamos oportunidades para a leitura e isso é o que eu acho de mais positivo: tenho certeza que o projeto ganhou asas para além de datas!
Essa semana que passou eu recebi um convite da Trícia do blog Espelho de si para participar do projeto.
E o convite coincidiu com o lançamento de uma Biblioteca Móvel num parque que frequentamos.
Então levamos um livro para fazer parte dessa biblioteca sobre rodas e domingo estivemos por lá para aplaudir essa iniciativa que faz tão bem!
Participei de várias edições e interagi com vários outros blogueiros que também estavam no projeto.
Não procurei nos arquivos do meu blog para saber em quantas edições eu, meus filhos, já participamos. Acho que não importa.
O que eu gostaria de ressaltar com este projeto, é a semente que foi plantada.
Sem registros escritos ou fotográficos já deixei livros por aí de diversas formas: no banco do táxi, no banco da praça, embrulhado com laço para o filho de um funcionário aqui do prédio, fiz trocas com blogueiras, enviei livro de presente, enfim, enxergamos e também criamos oportunidades para a leitura e isso é o que eu acho de mais positivo: tenho certeza que o projeto ganhou asas para além de datas!
Essa semana que passou eu recebi um convite da Trícia do blog Espelho de si para participar do projeto.
E o convite coincidiu com o lançamento de uma Biblioteca Móvel num parque que frequentamos.
Então levamos um livro para fazer parte dessa biblioteca sobre rodas e domingo estivemos por lá para aplaudir essa iniciativa que faz tão bem!
Esse foi o livro que escolhemos para a Biblioteca.
Um charme essa biblioteca!
Aqui é possível ver bem suas rodinhas!
Com as portas abertas.
Agradeço à Trícia pelo convite e dou-lhe os parabéns por organizar essa edição do BookCrossing Blogueiro Kids
sábado, 9 de abril de 2016
Meus mais mais
Hoje estou participando da blogagem coletiva proposta pela Silvana, trazendo os Meus Mais Mais!
Coisas legais que encontrei na web, entre os blogs, vídeos, matérias.
Essa semana li um texto lindo, daqueles que a gente tem vontade de que todo o mundo leia! Foi escrito pela Sônia do blog Mulheres 4 Estações.
Clique na imagem para ler.
Coisas legais que encontrei na web, entre os blogs, vídeos, matérias.
Essa semana li um texto lindo, daqueles que a gente tem vontade de que todo o mundo leia! Foi escrito pela Sônia do blog Mulheres 4 Estações.
Clique na imagem para ler.
Respondi a uma pesquisa proposta por uma jornalista e blogueira sobre memórias de alimentação.
Foi incrível, especial!
O texto começa com um trecho excelente de um livro, chama-se O refrão da nossa fome e na pesquisa, Viviane nos pede para contar sobre um prato, uma comida e sua história.
Quando li a pesquisa, de imediato me veio sobre qual comida eu queria falar, sua circunstância e sentimentos.
Passa lá, clicando aqui.
Vale muito esse mergulho nas memórias e sua partilha!
Bem, a Silvana nos propôs que trouxéssemos 3 coisas "mais mais". Fico com essas duas e fica o convite para você passar lá no blog dela e ler os outros participantes.
Um abraço!
quinta-feira, 7 de abril de 2016
Do simples brincar
Ontem à noite, mexendo em papéis antigos eu encontrei essa fotografia.
Neste mesmo dia, eu havia assistido a uma matéria bem curtinha que falava sobre os lançamentos de brinquedos para este ano.
O entrevistado dizia algo assim: "atendendo aos pedidos das crianças, esse ano teremos vários brinquedos que se conectam aos smartphones e tornam a brincadeira ainda mais divertida".
Mostrou-se então algum pequeno boneco que se movimentava através de comandos saídos da tela do celular.
Quando encontrei essa fotografia, imediatamente lembrei da matéria.
Tecnologia digital é maravilhosa; eu já não conseguiria viver sem.
Mas, questiono se as crianças querem mesmo um brinquedo movido à celular. E que triste se for esse mesmo o querer delas.
Demorei o olhar na foto. Meu filho tinha de quatro para cinco anos. E nesses momentos de brincar, lembro que ele só pedia a minha ajuda para amarrar o Chico Bento ao seu corpo com a faixa da roupa de judô que ele nunca quis fazer.
As outras amarrações eram por conta dele. Não é possível ver, mas atrás do triciclo vinha amarrado meu cesto de roupas com algumas ferramentas de plástico que ele e o Chico Bento usariam para trabalhar "de construir trens".
Um balde amarelo de praia, uma pequena mochila.
Passava uma tarde inteira assim, ele e o Chico, falando, falando, indo de um lado para outro, construindo, consertando.
Brincar é uma das coisas mais simples, não precisa de sofisticação. A imaginação se encarrega de transformar, de criar.
E porque vi no instagram de uma amiga, um brinquedo artesanal, trouxe também o meu para mostrar aqui!
quarta-feira, 6 de abril de 2016
Revelando segredos
Vou revelar um segredo - senti uma alegria imensa enquanto esperava em uma fila!
A fila formava-se na lateral de um pequeno balcão, chamam de quiosque, porque fica em meio a um corredor de shopping center.
Lembro da minha alegria ao me deparar com tal comércio, seja lá que nome tenha, o pequeno balcão, quiosque, dentre outros serviços, oferece a impressão ou revelação de fotos.
Impressão sai na hora. Já a revelação, você volta lá depois de dois dias para retirar seu pedido, tendo uma qualidade melhor.
O que importa mesmo é que a tal máquina de impressão de fotos aos poucos vai ganhando adeptos, ou simplesmente reconquistando quem já revelou muito no passado!
Tudo muito modernizado. O cliente chega com o celular na mão; através do dispositivo de bluetooth, escolhe em seu aparelho a foto que deseja ter no papel e passa para a máquina.
Ou vai mesmo de métodos mais tradicionais, como no meu caso, de levar o cartão de memória da máquina fotográfica.
Fiquei pensando que em tempos de celulares que talvez fotografem mais do que sirvam para falar, se houvesse mais "quiosques" desses espalhados por aí, as pessoas imprimissem suas fotos ao invés de deixá-las lá dentro do celular.
A fila formava-se na lateral de um pequeno balcão, chamam de quiosque, porque fica em meio a um corredor de shopping center.
Lembro da minha alegria ao me deparar com tal comércio, seja lá que nome tenha, o pequeno balcão, quiosque, dentre outros serviços, oferece a impressão ou revelação de fotos.
Impressão sai na hora. Já a revelação, você volta lá depois de dois dias para retirar seu pedido, tendo uma qualidade melhor.
O que importa mesmo é que a tal máquina de impressão de fotos aos poucos vai ganhando adeptos, ou simplesmente reconquistando quem já revelou muito no passado!
Tudo muito modernizado. O cliente chega com o celular na mão; através do dispositivo de bluetooth, escolhe em seu aparelho a foto que deseja ter no papel e passa para a máquina.
Ou vai mesmo de métodos mais tradicionais, como no meu caso, de levar o cartão de memória da máquina fotográfica.
Fiquei pensando que em tempos de celulares que talvez fotografem mais do que sirvam para falar, se houvesse mais "quiosques" desses espalhados por aí, as pessoas imprimissem suas fotos ao invés de deixá-las lá dentro do celular.
Sei que há muitos serviços pela web de revelação. Eu ainda não usei nenhum.
Ontem fui lá no quiosque para fazer mais cópias de uma foto de flor que queria enviar por carta e qual não foi o meu susto ao me deparar com o local vazio. Um imenso vazio.
Era quase inacreditável.
Havia uma moça fazendo a segurança do local e foi para ela que eu perguntei, já imaginando uma triste resposta.
Mas não! A resposta não poderia ser mais feliz!
Deu tão certo, aumentou tanto o número de clientes que o pequeno quiosque se transformará em uma loja ( ali, a moça me apontou para um canto no corredor; um tapume entreaberto deixava ver o espaço se transformando em loja )
Espero em breve poder voltar na novo loja de fotografias.
Já revelou/imprimiu fotos do celular? Acha que se houvessem mais lojas dessas, mais fotos deixariam de viver somente dentro dos celulares?
Beijo!
domingo, 3 de abril de 2016
Presente e sensibilidade
Hoje, dia 03 de abril é aniversário de minha filha Júlia!
Onze anos. Um pouco de criança começando a se misturar com a adolescência.
Minha menina-moça.
Neste envelope o presente que ela nos pediu.
Onze anos. Um pouco de criança começando a se misturar com a adolescência.
Minha menina-moça.
Neste envelope o presente que ela nos pediu.
Nenhum cheque ou qualquer quantia em dinheiro; nenhuma viagem, passagem, passaporte.
Uma carta.
Foi isso que ela nos pediu: uma carta de presente, apenas.
( a fotografia a seguir foi tirada após eu pedir permissão a ela, porque eu queria registrar aquele momento, e ela me concedeu sua permissão )
Chorou intenso ao ler carta. Emoção e sensibilidade. Não era tristeza.
Tanto se fala em simplicidade, em buscar a simplicidade...
O aniversário é dela. O presente somos nós que ganhamos.
É especial estar ao lado de alguém que valoriza uma carta como presente de aniversário.
Parabéns filha pela sua beleza do lado de fora e também de dentro do coração!
Feliz aniversário, Júlia!
sábado, 2 de abril de 2016
Feliz aniversário Paula!
Trago flores para festejar o aniversário da amiga blogueira Paula Belmino!
De alma poeta e menina sempre nos encanta com seus versos inspirados!
Feliz aniversário Paula!
Que essas flores cheguem à tua linda terra, o Rio Grande do Norte carregando todo o nosso carinho.
sexta-feira, 1 de abril de 2016
Abril
A política é o que tem justificado tantos xingamentos, palavras grosseiras, desfazimentos de amizades, decepções.
Acho, apenas acho, que a política trouxe à luz todo essa aspereza, essa rudeza que pode existir dentro do ser humano.
Não somos perfeitos e creio que aqui neste planeta nunca seremos. Podemos, no entanto, melhorar, acrescentar, modificar, crescer a cada possibilidade, a cada crise, a cada novo dia.
Ouvir o outro até que ele finalize, termine, antes de começar a bradar.
Que abril chegue trazendo suavidade no ouvir, nas palavras faladas, postadas. Chegue abril trazendo soluções, atos concretos no campo da política para o país voltar a crescer.
Enquanto a gente vai crescendo por dentro, desabrochando nosso melhor.
Bem vindo abril!