Não sei dizer se é o calor, que está se demorando demasiado, que não cede lugar aos dias frescos de outono, ou se é a falta de chuva que vai deixando tudo árido, inclusive os ânimos.
Não sei se é a exaustão de refletir se, escarro em face alheia tem por significado lavar a alma de um povo ou é simplesmente falta de educação.
Não sei se é o desânimo de pensar que amanhã é dia de feira e como tem sido corriqueiro, preços mais altos do que na semana passada. Aliás nem tenho visto carrinhos de feira que voltavam para casa com saquinhos dependurados pelo lado de fora, tão cheios e fartos estavam.
Obras que desabam, nem consigo mais...
Desânimo, descrédito, exaustão. Assim me sinto.
E quando estou assim me refugio na beleza. É ela, a beleza, que me tira o peso, as lamúrias.
Hoje a encontrei e cheguei em casa ávida para partilhar!
Voltávamos a pé da aula de cálculos do meu filho. O ar ardia as narinas, o cheiro de queimado incomodava. O olhar alcança as queimadas nas matas. O vento se encarrega se trazer a fumaça.
Enquanto caminhávamos por trecho de suave descida, vinha subindo o sorveteiro com seu carrinho amarelo. Vimos ele parar em frente a um casebre e soar sua buzina. Imaginei ser um cliente fiel.
Ao nos aproximarmos, vimos o sorveteiro agachado, como que passando o sorvete pelas frestas de um portão aberto somente rente ao calçamento.
Que estranho - eu pensei - a pessoa compra um sorvete e pede para passá-lo por debaixo do portão, quase encostando na rua?
A cena mágica então surgiu quando passamos ao lado do carrinho amarelo.
O sorveteiro dava pedaços de sorvete que ele acabara de abrir a um pequeno cão. Separados por um portão estreito e feio, o cãozinho abanava o rabinho festivamente. O sorveteiro lhe sorria.
Parei por uns instantes para me extasiar com aquela cena de delicada beleza.
Não me contive e perguntei se o cachorrinho era dele, ao que me respondeu que não, apenas que ele já conhece a buzina e fica esperando por pedaços de sorvete.
Segui feliz.
E não quero nem saber das pessoas do contra, que vão reclamar de açúcar para cachorro...
Fiquei doce, sorri. O sorveteiro de sorvetes sem glamour ( será ? ) é um sujeito especial!
Não é apenas especial!
ResponderExcluirÉ TRI ESPECIAL e se o encontrares novamente podes dizer que já tem mais uma amiga!
Que lindo e doce gesto, literalmente. E não podemos pensar no açúcar que pode não fazer bem..
Tenho certeza que faz o amiguinho caninho ter momentos gostosos, esperados!
Que delícia te ler!
Saio daqui tri feliz e vou compartilhar com o povo daqui de casa...
Que bom encontrar a alegria e felicidade em coisas simples e poder fugir do resto...E que resto!!!
bjs, linda semana,chica
Voltei! Acabei de reunir Kiko e Neno ,li pra eles e adoraram.Sorrimos todos como o cachorrinho feliz! bjs e ficamos felizes em ver que nem tudo está pedido. Há ainda pessoas maravilhosas!Que bom! bjs, chica
ResponderExcluirVim te ler e já ia reclamar também das mesmas coisas, da falta de educação, da carestia, da corrupção, de ver as pessoas sem dinheiro para ir à feira e quando vão também vejo vir com o básico dos básicos, até a preço de banana não existe mais, pois a banana está cara. Mas ao chegar ao fim de teu texto e perceber que ainda existem gentilezas e solidariedade, gente que se preocupa com o outro, respeita a natureza, faz amizade e preserva o meio em que vive com cuidado e amor vale a pensa acreditar e ter esperança em tempos melhores. Bjs
ResponderExcluirOlá,Ana Paula... com certeza, uma pessoa muito especial, ou mais um herói anônimo,daqueles que faz o que deveria fazer para ver o outro- no caso,o aumigo - feliz, por apenas querer fazer o bem... acordamos meio assim e assado-no caso,pelo calor, literalmente-, e não sabemos estabelecer um motivo, se é o calor,a falta de chuva,a corrupção, falta de educação,a carestia em todos os sentidos, aliás nem sabemos se há um só motivo, mas o desânimo fica conosco ,ali, até extasiarmos com uma cena de delicada beleza, que nos tira o peso,as lamúrias!E vida que segue!
ResponderExcluirObrigado pelo carinho,feliz semana,belos dias,beijos!
O mundo é cheio de pessoas de bom coração, mas os maus aparecem mais.
ResponderExcluirUma linda cena, Ana Paula. E melhor ainda quando temos olhos para enxergar.
Beijo.
Ai que lindo Ana Paula!
ResponderExcluirAté me emocionei por saber que existem seres humanos com tamanha delicadeza no coração...
Bjs
Uma história comovente e cheia de ternura que faz esquecer qualquer desânimo...
ResponderExcluirBeijo, Ana Paula.
Ás vezes esses pequenos gestos mantém a nossa sanidade né? Em meio a tanta tragédia nacional, lembrar o bem que as pessoas são capazes de fazer, faz muito bem.
ResponderExcluirAh!como ler coisas assim me faz bem.
ResponderExcluirSaber que tem gente pronta para dividir, sem preocupar- se com o lucro, mas apenas com a alegria do cão. Um gesto que poderia passar despercebido, se não fosse seu olhar.
Com certeza há belezas à nossa volta,enxerga-los, torna o dia mais especial.
Um abraço
Sônia
O simples é o suficiente para alegrar os olhos e o coração.
ResponderExcluirBj e fk c Deus
Nana
http://nanaeosamigosvirtuais.blogspot.com
Sorri junto
ResponderExcluirEu que dava acarajé a meu cachorro não tenho nada a declarar sobre restrições
Lindo gesto do sorveteiro e mostra como uma relação pode ser construída com delicadezas que envolvem e encantam.
ResponderExcluirAi, Ana!
ResponderExcluirAté me emocionei com esta história do sorveteiro e do cachorrinho guloso por sorvete...
São essas pessoas assim que fazem a gente acreditar que os anjos existem, não têm asas, escondem-se nos caminhos mais inesperados, para alegrar um coração.
Até poderia ser uma cena de filme - e ficaria tão lindo =)
Há um anjo na sua rua.
bj amg