quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Curas e blogs

 Hoje pela manhã eu ouvia um podcast e, a certa altura da conversa, a moça disse que num momento de muita dor emocional, alguém lhe sugeriu que criasse um blog e passasse a colocar ali sua dor espalhada em palavras, para que não se perdesse os tantos caderninhos, papeizinhos onde ela fazia as anotações pois já tinha o hábito da escrita.

Assim fez a tal moça no intuito de organizar suas coisas, sua dor. Só que, os comentários e leitores começaram a chegar. De início ela se assustou um pouco, se incomodou outro tanto. Afinal era a dor dela e naquele momento, além de não entender o que exatamente era um blog, achou estranho outros acessarem suas fragilidades.

Os comentários porém eram tão afetuosos, ela começou a receber tanto amor de pessoas desconhecidas, de outros países, o que a fez entender sobre a profundidade e o manancial de ternura que pode ser um blog.

Isso me fez refletir sobre muitos blogs, que hoje são pessoas amigas, que surgiram pela dor. Dor que trouxe o processo de escrita, as trocas com leitores, a possibilidade de receber afeto que chega em forma de um comentário e a cura, a transformação de emoções difíceis.

Os outros tantos blogs que tiveram nascimentos por outros motivos, em algum momento no atravessar do tempo, pode ter sentido vontade de expor alguma dor. Se não temos a cura completa, de alguma forma abrir-se para os outros, expor nossas fragilidades, pode mesmo nos ajudar.

O velho clichê " a vida não é feita só de alegrias"... tão verdadeiro, por vezes assustador, pode encontrar na escrita essa possibilidade de ser suavizado e até mesmo curado.

Quero finalizar com uma frase colhida num livro e flores colhidas num pequeno bosque com as quais presenteio a Chica pelo seu aniversário ( desculpe-me o atraso ) para festejar sua vida tão preciosa entre nós aqui dos blogs e toda sua família e amigos! Felicidades Chica!


"[...] Experimentou a compaixão em diferentes cores, culturas, religiões e profissões, e o que surpreendeu Harry foi que cada pessoa compassiva falava a mesma linguagem do amor".



Parabéns Chica!


terça-feira, 21 de novembro de 2023

O menino formou!

A fotografia nos chegou hoje pela manhã. Nosso filho concluiu a graduação universitária. Nosso menino formou!

 


Bernardo assinando seu diploma de Engenharia Aeronáutica


Muitos amigos aqui conheceram o Bernardo ainda pequeno. O garotinho que adorava os trilhos e trens!



A vida o levou a trilhar não os trens mas sim os aviões!
E hoje temos o engenheiro aeronáutico.

Na semana passada ele apresentou seu trabalho final do curso e obteve a aprovação. Para comemorar, um pulo de roupa e tudo na piscina do alojamento onde mora!



Foi uma jornada, um caminho com seus percalços e suas alegrias.
Cinco anos de estudos, dois deles atravessados pela pandemia.

As celebrações oficiais, colação de grau e baile de formatura, serão realizados no mês de dezembro.

E para celebrar essa caminhada, o esforço, a dedicação, as travessuras, colocarei algumas fotos do Bernardo em momentos diversos:



Estudava muito é fato e a infância foi muito bem vivida!




Entre pessoas muito queridas: o mantenedor da escola onde estudou e sua esposa


Saindo de casa com 15 anos para morar sozinho
Teve choro, teve coração apertado




Cumpriu o serviço militar obrigatório


E após esses cinco anos, o momento é de comemorar!


Parabéns meu filho! Estamos sempre ao teu lado!
Te amamos 💙
















domingo, 19 de novembro de 2023

Banho de floresta

 Escrevo no final da tarde de um domingo. Não um domingo qualquer. Esse é o domingo após os dias e noites de calor mais intenso ( até agora ) que certamente foi sentido por uma boa parte do nosso país.

Uma chuva constante cai desde o início da tarde e as temperaturas agora estão amenas.

Faz algum tempo desde a minha última publicação. Eu estava imersa em uma leitura, queria finalizar o livro pois tenho vários que parecem estar encalhados, então realmente me dediquei. Cada espacinho de tempo livre eu usei para avançar as páginas e deu certo! Leitura concluída!

Por coincidência, ou sincronicidade, que é palavra mais bonita, havia um capítulo no livro que tratava do clima, do ambiente externo. O título: "Saia de casa ( e mexa o corpo ).

Fiz algumas anotações que achei interessante.

- Professor Trevor Harley é psicometeorologista.

Nunca tinha ouvido falar nessa especialidade que trabalha com a interseção de psicologia e clima.

Mas, pensando melhor agora enquanto escrevo, isso não chega a ser uma novidade. Nesses dias de temperaturas extremadas, a gente encontra alguém na rua, no elevador e vai papeando " nossa, que calorão hein? não dá ânimo para nada". É a nossa versão popular para a tal psicometeorologia!


Algumas descobertas dessa área de estudo:

A baixa no humor tem relação com a temperatura e o vento.

Em dias ensolarados somos mais simpáticos uns com os outros. Até as gorjetas são mais generosas em dias de sol.

No entanto não gostamos de calor nem do suor excessivos.


Em seguida a essas descobertas relacionadas com o clima e nosso humor, o assunto foi o banho de floresta.

Eu já tinha esbarrado de maneira muito superficial nesse "banho de floresta", mas agora compreendi um pouquinho melhor. O bom mesmo seria poder fazer um!

Shinrin-yoku é a palavra japonesa para definir esse conceito, essa prática que lá no Japão é levada muito a sério. 

Há uma teoria que diz que as árvores emitem substâncias chamadas fitoncidas que são semelhantes a óleos essenciais. Inaladas por nós, as fitoncidas despertam mudanças em nossos corpos. Observou-se redução da pressão arterial, redução do stress, aumento da imunidade e ainda nos torna mais resilientes. Viva as árvores, as áreas verdes, os bosques e florestas!

Na falta de uma floresta por perto para chamar de sua, o livro segue exaltando os benefícios ( que qualquer pessoa sabe, nem precisava de pesquisas! ) do mar.

Um psicólogo ambiental - e eu também não sabia que existia essa especialidade - nos diz que "muitos processos são exatamente iguais aos obtidos nas áreas verdes, com benefícios adicionais". Ele, o dr Mathew White refere-se ao mar.

Não é de hoje que reconhecemos a influência do mar quando precisamos nos recuperar ou recarregar as baterias. A simples visão da água exerce um efeito psicológico restaurador.

Eu, que não estou nem perto do mar e nem de uma floresta ou boa área verde ( estou sim numa selva de concreto ), tenho que me valer das escapadelas que damos vez por outra. Mar, fragmentos de mata atlântica, ou mesmo um lindo vaso de flores dentro de casa já ajuda!

Você sente os efeitos do clima no seu humor? Dorme melhor após uma caminhada a beira mar? Fiquei curiosa!

Deixo algumas fotografias do meu banho de floresta em terras cariocas e o desejo de um bom início de semana!


















sábado, 11 de novembro de 2023

Nós no Copacabana Palace!

 Vocês se lembram da nossa viagem ao Rio de Janeiro?

Tem mais causos daqueles dias ensolarados de outubro!

Pois bem, cada vez que marido sonhava em voz alta sobre passarmos uns dias na cidade maravilhosa, ele sonhava alto mesmo: " E se a gente ficasse no Copacabana Palace, de frente para o mar? "

Eu respondia com um apenas "ah sim" e lá ia ele pesquisar os preços.

- Não é possível... que será que tem nesse trem* para custar tão caro assim?

*marido é mineiro e fala bastante trem que significa muitas coisas, aliás só mineiro mesmo para entender desse trem.

Eu tentava consolar marido dizendo que o preço caro devia ser por conta da roupa de cama. "Devem ser tantos fios egípcios nos lençóis e fronhas que a gente não faz ideia".

- Não, não. Não justifica.

- A carta de travesseiros. 

- Tem isso é? Que trem é esse que nunca ouvi falar?

- Várias opções de travesseiros para você escolher. Alto, baixo, para quem dorme de lado, de costas, macio, anti-stress, por aí vai.

Nada do que eu imaginava e falava, aquietava a indignação do meu marido, então resolvi pesquisar na internet.

E vai daqui e dali, muitas páginas depois, cheguei a uma "influencer das viagens" que ficou hospedada lá e mostrava em fotos sua suíte, os detalhes, o glamour. Já quase para o final da postagem dela, estava algo que fez meus olhos brilharem. Dizia mais ou menos assim: " você sabia que mesmo não estando hospedado no Copacabana Palace, você pode tomar o café da manhã ao redor da piscina, tomar um capuccino à tarde ou mesmo comer uma pizza no restaurante do Copa?"

Eu ouvi pizza?!

Segui os links que ela disponibilizou; num outro dia esperei meu marido sair para trabalhar e telefonei para averiguar se era verdade mesmo todo aquele trem!

Era perfeito! Cabia no nosso orçamento, claro teríamos que ser cautelosos e foi assim que pisamos no Copacabana Palace!



Eu tinha ficado um pouco pensativa pois eu não tenho bolsa à altura de um Copacabana, essas bolsas que custam o valor de um carro. Resolvi o impasse: pedi para marido colocar meu documento no bolso da calça dele e segui feliz sem bolsa!


Ficamos à beira da piscina, tinha música boa e após nos acomodar, o garçom nos trouxe a carta de vinhos.
Passear os olhos por ali foi uma experiência incrível já que eu não entendo nada de vinhos e também não bebo, assim como marido.

-  Onze mil reais uma garrafa de vinho? Olha esse aqui então de trinta e dois mil - falávamos baixinho.

Uma água com gás foi nosso pedido.

Então veio o cardápio das comidas. Aí eu me desesperei. Cadê as pizzas?

Falei serena para o garçom -  a gente veio para provar a pizza de vocês!

Rapidamente ele nos trouxe outro cardápio e escolhemos nossa pizza.


Estava deliciosa! E queríamos fechar nosso jantar especial com sobremesa. Pedimos sorvete. Era tão caro que imaginamos algo de extraordinário tamanho. Tipo uma pirâmide de sorvete.

Primeiro chegaram as colheres de sobremesa.
Olhamos silenciosos e discretos, até que marido exclamou - mas tá parecendo a colher do papai!

Foi só risada! Para o padrão Copacabana e o preço daquele sorvete, a colher de sobremesa deixava a desejar.

Estavam gastas, mas tão gastas, tão surradas as coitadas ( que pena que eu me pus a rir e esqueci de fotografar! ) que o único jeito foi imaginar por quantas bocas famosas as colheres já passaram. Frank Sinatra? Pelé?

E então chegou nosso enoooorme sorvete.
Que decepção...


Marido tentou amenizar a situação -todo aquele preço por uma bolinha assim, meio derretida de sorvete? Ah mas deve ser um sabor assim indescritível.

Nada disso, sabor totalmente descritível: parecia sorvete ali da esquina, do mercado mesmo.

Conta paga, atendimento gentil, pizza maravilhosa, sorvete deplorável, música boa, mas eu queria um tantinho a mais. Perguntei ao garçom se era permitido subir ao terraço, ao que ele foi afirmativamente nos mostrando o caminho.

Estávamos sozinhos ali. Disse para marido sorrir e relaxar!




Foi muito divertido estar ali naquele mundo que não do qual não faço parte.

À medida que a noite avançava todo aquele espaço ficou lotado. Sotaques variados, vestimentas glamurosas , bebidas, comidas. Então me lembrei de algo que um amigo me disse certa vez.

"Quando você estiver num ambiente assim de muita riqueza material, deseje com força, com todo o seu coração que, aquelas pessoas ali tenham o coração tocado, amaciado, que elas façam grandes doações, criem projetos incríveis que torne a vida dos não favorecidos, melhor; que elas sejam generosas com seus funcionários e que elas descubram que no fundo, no fundo, aquela felicidade ali daquele lugar não é a real felicidade. Que elas nunca fechem os olhos para as desigualdades, e a gente segue fazendo o nosso possível, nossos pequenos e simples gestos".

Eu achei tão bonito, tão profundo isso que ele falou que foi inevitável não desejar que se torne realidade.