terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Encantamentos

O encantamento, aquele que fez nossos olhos de bebê um dia brilharem
Aquele mesmo encantamento sentido com um toque sensual ou de afeto materno, de avô, de filho.
Encantamento acompanhado de um suspiro lento a inflar o peito
Esse encantamento não se pode perder
Não se pode deixar que vá
É preciso resgatá-lo

Encantamento é tão simples
que até surpreende!






Cultivemos encantamentos para que possa nosso peito suspirar!
Um viver intenso a todos nós!


segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Não tem?

Saí hoje, dia 23, para fazer compras.
Não compras de natal nem para o natal.
Compras do cotidiano mesmo. Arroz, papel higiênico, pão, essas coisas.
Ah foi ao supermercado, diria você.
Não, não fui ao supermercado. Embora fosse muito mais prático e rápido.
Fui comprar cada item em um lugar diferente. Andei muito, enfrentei diversas filas.
E tudo isso porque eu queria ganhar um calendário.
Dei-me conta hoje, ao olhar a folhinha grudada na geladeira, que eu não tinha outra para substituí-la. Há uma semana de virar a página, saudar janeiro e eu sem calendário.
Fiz uma lista mental de onde nos anos anteriores distribuíam folhinhas.

O papel higiênico fui comprar na drogaria. O preço é mais alto que o do mercado e não há muitas opções de marca. Não importa. Queria o calendário.
Paguei e perguntei e saí sem.
Na vendinha da dona Aurora deve ter. Pego o arroz lá.
Saquinho pequeno, de 1kg que é para não carregar peso porque a venda é longe e tem subida.
Não adiantou. Trouxe o arroz sem o calendário.
Lembrei da papelaria: lá na "boca" do caixa ficava uma caixinha cheia de calendários pequenos, daqueles que se põem na carteira. Difícil era escolher entre os mais fofos filhotes de coelhos a gatos, passando por cães e calopsitas. Eu sempre pegava dois.
Peguei um caderno. A vendedora me questionou do porque só um caderno, não seria melhor levar a lista toda de material.
Disse que nem havia trazido a lista e o caderno era presente.
Ela me lançou um olhar detestável. Acho que deve pensar que cadernos universitários não são presentes ideais.
Peguei a nota e me dirigi ao caixa com aquela expectativa gostosa entre escolher um coelho ou gatinho.
Paguei, procurei a caixinha e só havia uma caixinha para colocar caixinha de natal para os funcionários.
Passei pela perfumaria, mandei o cachorro ao pet shop, imaginando que colocariam um calendário grudado na gravatinha que lhe penduram, mandei fazer uma cópia de chave no chaveiro 24hs e em nenhum desses lugares me deram um calendário.
Foi então que me lembrei do Souza.
O Souza é um português que tem uma padaria que fica lá para os lados do Paraíso, na capital.
Da minha casa até o Souza, com sorte e sem trânsito, levo hora e meia. Ônibus + metrô. Fui.
Dois anos atrás, nesta mesma época, tive uns dez calendários do Souza. Daqueles pequenos com ímã que a gente gruda na geladeira. São os meus preferidos. A gente vai arrancando folhinha por folhinha até o fim do ano. Não gosto daqueles calendários inteiros, que logo de cara nos expõem o ano todo, os doze meses ali emparelhados. Prefiro mesmo os iguais ao que o Souza distribui.
E ainda tem um detalhe: no calendário do Souza vem as fases da lua. Para mim tem que ter fase da lua porque assim eu falo pro marido com antecedência a lua boa pra ele cortar a grama.
Já aconteceu de não ter lua no calendário, marido cortar a grama e na semana seguinte ela ter crescido feito fermento no pão ou pão com fermento. Marido ficou muito bravo, disse que era lua cheia e ficou comprovado que o calendário ( ou a falta dele ) pode interferir na harmonia do casal.
Cheguei lá no Souza no final da tarde e estranhei ainda não terem acendido as luzes. Deve ser por ocasião do horário de verão.
Comprei só quatro pãezinhos de chocolate ( bom, eu não ia sair de Guarulhos para comprar pão francês no Souza, né? ) porque também é muito caro, quase dez reais.
Na hora de pagar, dei o dinheiro e como estava tudo meio escuro e eu não enxergava os calendários dentro de saquinho plástico, perguntei pro moço: "Moço, tem calendário?"
Tomei um baita susto quando ele perguntou pro Souza, que estava ali em pé num canto, na penumbra se tinha feito calendário este ano.
O Souza disse que não, que não mandou fazer.
Nem tive como ficar brava. Era de fazer pena olhar pro Souza, mesmo na penumbra, ouvir a voz do Souza que era só tristeza.
Não tinha mesmo como ter calendário. O Souza está muito entristecido por causa que o time dele, a Portuguesa Esporte Clube, a Lusa amada e querida, foi rebaixada para a segunda divisão do futebol.
Caiu a Lusa, caiu o Souza e soube também que todos os donos de padaria, em protesto, não mandaram fazer calendário. Nem o pão está saindo direito...
Penso que o advogado de defesa, deveria alegar caso de saúde pública. Os portugueses estão evoluindo para depressão. É muito grave. Eu vi como estava o Souza.

Volto para casa, depois de ir tão longe, sem um calendário sequer.
Resta-me ainda uma esperança: o carnê do IPTU.
Geralmente na contra capa vem um calendário. Recorto e grudo na geladeira.
Só falta eles mandarem o carnê com aumento e esquecerem do calendário.

Feliz Natal

Feliz Natal em imagens:






Feliz natal em mensagem:

por e-mail, enviaram-me esta mensagem semeada pela escritora Angela Lago no facebook; compartilho aqui.


Oi amigos e colegas de Facebook! Fazemos parte do mesmo grão de poeira azul que roda no universo, e isso deve ser bastante para nos chamarmos de amigos. Estamos juntos no mesmo barco. E no mesmo oceano. Na mesma dimensão miúda da ventania que chamamos tempo. Porque há outras dimensões maiores que não somos capazes de compreender mas que batem nas janelas na época do natal e nos deixam à flor da pele. Sem pele. Eufóricos e melancólicos. Ou sou só eu que, ressentidamente amorosa, aceno a todos? Feliz natal! Feliz Natal!
Angela Lago

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O bom velhinho


O bom velhinho foi levado hoje ao hospital. Ao pronto socorro de um hospital público.
A lista de suas mazelas é imensa.
O doutor faz mais de uma tentativa de conversar com o bom velhinho; é imediatamente interrompido pelo acompanhante que sentencia: “já não diz coisa com coisa, doutor.”
O médico muito experiente em épocas natalinas já sabe o prognóstico, mas precisa cumprir o protocolo.
Algum exame, uma hidratação por soro, mas ele já conhece e nada há para se fazer.

O bom velhinho é acomodado, palavra esta que não cabe bem em maca tão estreita e dura. Entre um papel a mais a preencher e carimbar, acontece.

O bom velhinho talvez já saiba...

Não há lugar para ele nas festividades de final de ano. Então ele é acomodado ali mesmo no pronto socorro.
E o que ocorre depois também está no protocolo: o doutor reexamina e é visível a melhora; autoriza a alta. A enfermeira tenta localizar o acompanhante imaginando que o mesmo tenha apenas ido no bar ali da frente beber um guaraná, faz calor. Anoitece, troca o plantão, o bom velhinho ocupando uma vaga de uma maca, passa então para um leito. Na manhã seguinte, a assistente social assume a tarefa. Ela também já sabe.
Não há vaga para o bom velhinho na casa que ele comprou. Cuidam muito bem do cartão de benefício social, mas não há como cuidar do dono do cartão.
Os telefones que deixaram anotados na ficha estão emudecidos. O bom velhinho diz não se lembrar o endereço. Talvez seja melhor assim.

Não se sabe se o bom velhinho foi realmente bom. Se ele não foi, o que se poderá esperar dos outros tantos, dezenas deles que até a véspera do Natal serão deixados ali até dois ou três de janeiro?

O médico, visivelmente exausto de ouvir tantas histórias camufladas, senta-se sozinho na pequena sala de consultas, pega uma folha de receituário e escreve sua carta para o Bom Velhinho:

Não sei se foram no passado bons ou maus. No presente sei que não há vaga no coração, no seio da família para todos esses bons velhinhos internados, deixados aqui. Muitos precisam de cuidados específicos, outros precisam apenas que a música toque mais baixo e que tivesse um pouco menos de sal na sua ceia. Tanto se fez; acertos, erros também. Uma companhia que lhe segure a mão é tão difícil assim?
Bom Velhinho não me deixe nunca esquecer dos velhos que me cercam, do velho que eu serei”.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Não mexe aí

Essa é a frase, que nós adultos, mais falamos para as crianças desde que chegamos ao Rio de Janeiro - "Não mexe aí."
As crianças são bem boazinhas. Mas sabe como é, uma novidade, algo nunca antes visto. Sempre bom manter a vigilância.

Nosso sobrinho gentilmente nos cedeu o apartamento que divide com um colega de faculdade e foi se arranjar em outros cantos.

O skate deixado num canto da varanda foi o primeiro alvo do "não mexe aí". Nunca tiveram um skate tão próximo de suas mãos e pés. Natural quererem subir ali. Mas...
Tombo, braço quebrado, nem pensar.

Depois minha filha encontrou um pandeiro e outros instrumentos de percussão.
"Não mexe aí. Não pode fazer barulho, olha os vizinhos".

Depois destes impactos iniciais, comportaram-se de maneira excelente.

Numa tarde, após um descanso, meu filho foi tomar um banho, a menina ainda dormia, eu olhava para o teto, marido comia alguma coisinha.
Foi então que meu olhar saiu do teto e foi para debaixo da cama.

Ora, ora, o que eu encontro. Uma caixa com um megafone.
Esses universitários são mesmo surpreendentes.
Imediatamente ocorreu-me uma ideia: fotografar o objeto.
Sei lá, pode aparecer um concurso de fotos de megafone, nunca se sabe.

Chamei o marido e expus minha ideia.
Marido já foi se agachando e tirando o objeto da caixa.
Eu fui preparando a máquina fotográfica. Queria um bom enquadramento, com boa luz.
Marido disse que era muito pesado o tal megafone.
E então aconteceu.

Marido quis testar o tal.
Empurrou um botão.

O menino que estava no banho, saiu pelado escorrendo água por tudo. A menina acordou gritando. Marido se sacudia como nunca antes eu tinha visto. 

O tal botãozinho ativou uma sirene de caminhão de bombeiro da mais alta potência.
Era uau uau uau na escala mais alta dos decibéis.
O pior é que com o impacto do susto, marido não conseguia desligar o botão.

Assim que o silêncio se fez presente, não por completo, porque era perfeitamente possível ouvir o coração de cada um qual um pandeiro, começamos a rir.

Marido tremia, eu não parava de rir, mas a foto saiu!


Não mexe aí menino!



sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Sob meus pés


Era um sonho que eu queria realizar desde os tempos de menina, quando ainda na escola, nas aulas de História do Brasil, surgia no livro uma imagem do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
E lá eu pisei.
E foi com muito desconforto.
Foi digamos, como pisar em ovos...
Não, não, nada a ver com sapatos, bolhas nos pés, nada disso.
O meu incômodo em caminhar pelas aleias se deu foi por conta dos mortos.




A menos de um mês da viagem, eu não poderia ter lido a crônica de Rui Castro...
Para resumir a história: uma amiga dele foi lá no Jardim Botânico e ao encostar em uma árvore, olhou para as raízes da mesma, para seus pés e o que ela encontrou? Cinzas funerárias.

Fiquei com aquilo na cabeça e nos pés. Andava procurando o tal pó amarelo. É uma sensação estranha saber que você está pisoteando um ente querido de alguém.
Queria relaxar como fizeram marido e filho. Não consegui.




O lugar é de uma beleza espetacular. Induz mesmo o sujeito em vida dizer: quando morrer, jogue minhas cinzas por lá.
Sabe, que eu mesma, ao encontrar flor de rara beleza, quase, por uma fração de segundo tive esse pensamento: joguem-me aos pés da flor.


Mas pensando no meu desconforto, não quero estendê-lo para ninguém.
Deveriam modernizar as placas de informações e logo abaixo da imagem do cachorrinho com um X por cima, deveriam sinalizar também - proibido entrar com urnas funerárias.

Quer saber, me deixem lá no alto de uma nuvem a balançar.








quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Verbo enfiar - conjugações

Enfiamos o cachorro na mala




Enfiamos os relógios na gaveta


Enfiamos o pé na jaca


Enfiamos os pés nas chinelas


Filho, marido e sobrinho conjugaram o verbo enfiar para com o árbitro do jogo Flamengo x Cruzeiro - 1 x 1 ( mas isso não pode no blog! )






Onde estamos enfiados?


Aqui! Maravilhosa cidade!


* Sobre o cachorro: ele se enfiou na mala, porém foi retirado.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Cama de casal


O pai incumbiu os dois filhos da ordenha das vacas e o mais velho ficou encarregado do agrotóxico na plantação.
Não deixa de usar luva e óculos. Seu Genésio passa aqui ainda hoje para trazer a máscara que eu pedi pra trazer lá da cidade. Vamos ficar só uns dois dias.”
Já estava colocando o chapéu na cabeça, mas a mulher advertiu que lá na cidade grande não se usava essas coisas. Dependurou-o de volta.
Viagem de seis horas.
A filha, moça estudada na maior capital do país, morou durante dois anos com os tios. Moça esforçada, trabalhadeira e econômica, comprou um apartamento.
Pequeno, é fato. Só um dormitório. Um bom começo, dizem.
Os pais, deixaram o sítio para ajudar a moça na mudança.
Ela não cabia em si pela conquista. Os pais, orgulhosos pela filha estudada e esforçada.
Chegaram cedinho e começaram a desmontar as caixas, chaves de fenda espalhadas, furadeira. E foi tomando forma o novo lar da moça.
Primeiro a cozinha; na sala de um sofá de dois lugares e uma cadeira, a cortina. Pediu comida pronta para entrega. Enquanto almoçavam, ligação no celular.
É o colchão. Vão trazer hoje à tarde”. Voz de felicidade quase infantil da moça.
Lavaram os pratos simples. O pai achou melhor deixar o café para mais tarde e foi montar o quarto.
Um pouco trabalhoso o guarda-roupa, mas jeitoso que era, logo estava empertigado o móvel.
A filha com a mãe trouxeram a cabeceira da cama que estava embalada e acomodada na lavanderia e a moça com o auxílio do pai foi desembalando.
Papelão, plástico bolha que a mãe ia rapidamente recolhendo e o semblante do pai modificou.
Quer parar um pouco? Vamos passar um café? Está tudo bem?”
O velho apenas disse que queria continuar para terminar logo. O aperto que sentiu no peito não ousou demonstrar. Aquela cabeceira era grande demais para a sua menina. Era uma cama de casal.
A moça, percebendo o desconforto paterno, tratou de arrumar a situação - “quando você vierem me visitar, já tem onde dormir, aqui na minha cama”.
Tentou entoar uma exclamação na fala, mas no fundo sabia o que se passava na cabeça do pai.

Era para ficarem mais um dia. O homem disse desculpas de quem se atarefa com a terra e partiram no comecinho da noite.
Para a mulher apenas reclamou a falta do chapéu. Seu velho chapéu que tão bem compreendia sua maneira de pensar.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Meia vazia

Época de escrever e enviar cartas para o Papai Noel.
Só que algo surpreendente aconteceu: desta vez é o Papai Noel que nos escreve, ou melhor, como o Bom Velhinho vive na chamada "era digital", lançou mão de um vídeo postado em grande rede social, para alertar sobre o aquecimento global.
No vídeo, ele aparece com fisionomia exausta, suando, em total desalento e sentencia:

"Não há alternativas a não ser cancelar o Natal. Escrevi aos presidentes Obana, Putin e outros líderes mundiais, mas só houve indiferença.
Minha casa no Ártico está desaparecendo rapidamente e, a menos que todos nós ajamos rapidamente, eu tenho que avisá-los da possibilidade de uma meia vazia pra sempre. Por favor, ajude-me."

Esta é uma campanha da Ong Greenpeace e embora tenha "todas" conotações políticas e trate especificamente de alertar para o derretimento do Ártico, gostaria de trazê-la para o nosso contexto, que, claro, não está separado do Polo Norte, mas eu usaria este apelo do Papai Noel para falar dos nossos recursos tão mal usados, para a destruição da nossa Amazônia, para a falta de água no Norte e Nordeste, para as enchentes e tragédias que já começaram a acontecer aqui para baixo.

E se você fosse o Papai Noel, o que pediria?



Mais sobre a reportagem aqui


sábado, 30 de novembro de 2013

Banca de jornal


Precisa comprar um guarda-chuva? Quer indicação de um local que venda?
Banca de jornal.
Isso se você estiver em São Paulo.

Uma nova lei aprovada pela prefeitura, aumentou a variedade de itens que poderão ser comercializados nas bancas de jornais da capital e entre eles, o guarda-chuva.
Enquanto eu lia sobre as novas regras para as bancas, fui sendo transportada pela minha memória para a banca da minha infância.
Pequena. Porém, o proprietário era ninguém menos do que um Rei Momo do carnaval, daqueles tempos em que os rei momos eram imensos. Nem sei como ele cabia ali dentro.
Havia poucos itens. A revista Manchete, sempre exposta, os jornais empilhados, gibis e do que eu mais me lembro eram das revistinhas de bonecas de papel e roupas para recortar.


Ah! Como eu brinquei de vestir estas bonequinhas! As bonecas, num papelão mais duro, eu não conseguia recortar. Minha mãe o fazia e depois eu recortava os vestidos, saias, blusas.

Não me lembro quando, mas as bancas foram ficando enormes. Nem tanto no tamanho, mas na quantidade de revistas, jornais e miudezas. Perderam muito das vendas para os grandes mercados e por esse motivo agora poderão incrementar as vendas, incluindo aí o guarda-chuva.

Já mantive amizades longas com jornaleiros que guardavam o jornal de domingo, que acaba rapidamente, ou guardavam pacotes de figurinhas.

Luís Fellipe, do Cronicalize, escreveu uma deliciosa crônica, que vale ser lida ( clique aqui ) sobre uma banca, onde seu dono, exausto de dar informações sobre endereços, resolveu cobrar pela ajudinha.
E não é que agora estão estudando a possibilidade das bancas venderem informações turísticas?

Sabe o que também tem nas bancas de São Paulo? Corrupção.
Venda de talões de zona azul, para estacionar o carro nas ruas, fornecidos pela Companhia de Engenharia de Tráfego - CET, dizem que as bancas estão devendo um milhão de reais... Não se preocupe: a polícia investiga o caso ( adoro esta frase! ).

O que tem de diferente na banca de jornal aí da tua cidade? Conta pra gente!

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Habitacional


Esta é a Edith, minha amiga.
Ela mora na grama aqui de casa.



Esta, não sei o nome.
Mora na casa vizinha.

Nossa! Preciso urgentemente inscrever a Edith no programa Minha Casa Minha Vida.

Amargo e doce

Tive um cachorro xereta quando criança igualzinho a este.
Achava intrigante o fato de terem feito o brinquedo com a cabeça no chão.
Bom, eu não tinha cachorro naquela época e não sabia que era exatamente assim que fazem quando estão andando na rua, por exemplo.

Agora que tenho um xereta em carne, osso e pelos é que entendo a originalidade do brinquedo.
É só sair com ele na rua que se põe nesta exata posição e como diz a Chica, vai se enfronhando de tudo!
Não é preciso ser um grande conhecedor da psicologia canina para logo saber que o mundo é percebido pelo cheirar.

Em um desses momentos cheira-cheira, meu cachorro parou em uma árvore e ali ficou.

Foi quando apareceu uma senhora na janela da casa e nos soltou palavrões do mais alto escalão. Que eu não deveria sair com cachorros, ficasse com ele dentro de casa e que estava sujando a calçada dela ( será que ela desconhece o verdadeiro nome para calçada - passeio público? ).
Olhando para ela que não parava de gritar, vi que de nada adiantaria qualquer resposta ou qualquer ataque; dizer que o cãozinho só estava ali cheirando, exercitando seu olfato, seria pior. Só fiz tirar do bolso um saquinho e acenar com ele.
Claro que é desagradável as pessoas que "esquecem" de recolher a sujeira do cachorro. Mas será que tanta amargura assim é necessário?



E num dia desses de mercado cheio, ou melhor, lotado, com filas enormes, clientes que brigam com a operadora do caixa; operadora com pouca paciência, troco que falta, cartão que não passa, um senhor à minha frente embalava apressado a sua compra e quando percebi ele havia deixado uma embalagem com mortadela nas minhas compras.
Avisei-o e sorridente ele agradeceu.
Como o clima ali estava "pesado" fiz uma brincadeira, falando:
"Olha, eu bem que estou com vontade de comer mortadela, mas seria injusto eu ficar com a sua. Já pensou ter que voltar e encarar toda essa fila novamente?!"

Assim que a moça do caixa passou sua embalagem pelo leitor e o mesmo apitou, o senhor interrompeu sua arrumação das compras, abriu a embalagem e me ofereceu a mortadela.
Corei. Não queria aceitar, ele insistiu. Peguei uma fatia; a operadora do caixa, outra. Ele sorriu novamente.
Fomos para casa adocicados.
Porque tem doçura também nos salgados!

sábado, 23 de novembro de 2013

Nós Maiores




Foi ainda criança que conheci outros tipos de cumprimento além dos beijos, abraços, apertos de mão.
A inclinação japonesa demostrando dentre tantas coisas, o respeito. O “namastê” dos indianos, com as mãos unidas e postas no centro do tórax, significando “o Deus que habita em meu coração saúda o Deus que habita em seu coração”.

Somos 7 bilhões. Somos todos um.
E é nessa diversidade de cores de pele, religiões, crenças, costumes que nos lançamos nesta viagem chamada Vida em busca de respeito, de significado, de felicidade.

Nesta imensidão chamada de Planeta Terra são tantas as possibilidades!
Faço um convite junto com Tina, que hoje também espalha o mesmo tema, para assistir a um trailler de apenas três minutos e se você gostar, reserve aí no seu final de semana um tempo para uma sessão de cinema (uma hora e meia) e desfrute de muita reflexão, filosofia e poesia!


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Depois da britadeira...

Vieram as betoneiras.


Não se enganem com a aparente imobilidade da foto.
Elas, as betoneiras, precisam ficar em movimento.
E tem um "modo" turbina. Indescritível!

Sempre fica uma delas parada onde, onde?
Lá em casa!


Justamente a que fica em frente à nossa casa é que precisa acionar o modo turbina!
Calma, calma. Há uma previsão de término: às 22h.
Marido perguntou se é às 22h do último andar do prédio.
Valha-me! Que estou tão atordoada com tanto barulho que nem pensei nesta possibilidade.


"Seu Obama, Seu Obama, olha a espionagem."





quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Acordar escrever britadeira brigadeiro

Uma fresta da janela se ilumina. A mais alta. Mesmo dormindo, não sei bem como, mas percebo.
É como se fosse um carinho da manhã a me despertar com um sussurro.
Mais ou menos, à metade da janela ensolarada, desperto.
Espreguiço demoradamente, inspiro profundamente algumas vezes, tendo a sinfonia de pássaros como música de fundo.
Massageio meus pés e só depois saio da cama roçando a camisola longa de seda pelo chão.
Café preto muito quente completa meu despertar.
Troco de roupa, coloco sapatos confortáveis porém com salto. Gosto de ouvir o salto batendo no assoalho.
Dirijo-me até a edícula.
Abro as janelas e antes de puxar as cortinas deixo-as esvoarem com a leve brisa.
Sento-me e pouso minha mão na folha em branco enquanto a outra pega o lápis. A ponta negra tão bem afiada toca a folha ao mesmo tempo em que o sol produz um brilho incrível em toso o lápis.
Começo a escrever. Assim sigo em meu dia, em minha rotina.

Ah! Ainda bem que você não acreditou em nada disso, né?
Isso descrito aí em cima é um sonho. Um sonho onírico e também no sentido de sonhar e desejar que um dia seja assim. 
Porque hoje acordei foi com uma britadeira na porta de casa e pensei que fosse algum pesadelo, alguma confusão que eu estava fazendo com a obra ali do lado da praça, mas não. Era exatamente na minha porta.




Lembram que pintaram uma seta amarela em frente do meu portão. Faz tanto tempo que nem estava conseguindo achar aqui no blog. Foi em maio, clica aqui para ler.
Pois bem, eles, da companhia de água, chegaram isolando a rua, ligando a britadeira e dizendo que há um vazamento, por isso a seta amarela, que pode até comprometer a estrutura da casa.
Nossa, ainda bem que eles vieram rápido. Demoraram só alguns meses...

Às vezes eu sinto que tenho incubado em mim um livro de umas 660 páginas. Mas como escrever na tranquilidade das manhãs ao som de uma britadeira?

Vou aproveitar que o corretor ortográfico não aceita que eu escreva britadeira e sugere substituir por brigadeiro e vou fazer uma panela enorme e comer tudo que é pra deixar a panela limpa pois vamos ficar sem água novamente.




terça-feira, 19 de novembro de 2013

Divagações de uma praça


Oi.
Eu sou a praça.
Isso mesmo que você leu: a praça.
Sou a praça que fica bem em frente à casa da dona deste blog.
Preciso desabafar porque estou com medo e dizem que quando temos medo faz bem falar sobre ele.
Do que eu tenho medo?
Tenho medo da sombra, do escuro que começa a me tomar e não é de nenhuma nuvem. Nuvem escura, nós, as praças, gostamos muito. Chuva que nos nutre. Mesmo as tempestades com suas nuvens muito escuras, ventos que por vezes arrancam uma de nossas árvores, também não temos medo. Sabemos dos ciclos.
Essa sombra a que me refiro, é de concreto.
Ergue-se num ritmo assombroso uma enorme construção.

Ouvi dois senhores, que sempre se encontram aqui na sombra que as copas fazem para conversar, dizerem que será um imenso edifício.
Antes, o vento soprava, assoviando livre antecedendo o sol que nasceria em poucos minutos. Acordava os galhos das árvores, a passarinhada, as formigas, lagartas, assanhava as minhocas.
Ele chega agora ressabiado; remexe somente as folhas mais altas e já não brinca com os dente-de-leão tão rasteiros. Vai embora apressado. Comentou lá num ninho alto que tem medo dos homens de vermelho que trabalham quase encostados aqui em mim.

Talvez seja somente um receio passageiro. Já me disseram que quando estiver erguida a torre gigante, as árvores daqui roçarão janelas e poderão ver bebês sorrindo em seus bercinhos ou pessoas sorrindo ao tomarem um café juntas e logo o vento voltará como antes.

Estou me esforçando para pensar desta maneira, porém não é nada fácil para uma praça que tinha uma amplidão para enxergar.

Outro dia, era um domingo, veio uma moça sentar-se aqui para ler seu jornal. Fiquei tão feliz pois teria companhia por um bocado de tempo. Mas a moça leu o jornal muito rápido e me confessou: jornal de domingo, só no primeiro caderno tem 12 páginas com publicidade de empreendimentos imobiliários.
Fiquei a imaginar que deve haver outras praças na mesma situação que eu.

Também fiquei com vontade de conhecer um país, do qual não me lembro o nome. É que um casal conversava aqui enquanto observava a construção e contava que neste país, onde as pessoas têm olhos que se parecem luas minguantes, tão lindos, tão delicados, tem um tal de feng shui, que não sei se é uma pessoa, uma lei, um jeito de pensar e construir ( o barulho da obra me atrapalhou de ouvir ) e esse feng shui jamais permitiria que se construísse um prédio encostado numa praça. Explicaram que seria harmônico que o prédio ficasse no meio do terreno e assim ele, o prédio, poderia admirar a praça e a praça, no caso eu, poderia também contemplar o edifício.
A moça também falou algo que me amedrontou ainda mais: "Capaz das pessoas abrirem as janelas e quebrarem os galhos com as próprias mãos".
O moço já acha que não haverá janelas para o meu lado. Só uma fria e imensa parede. E completou dizendo que são os negócios gananciosos que fazem isto.

O jeito é esperar. E uma das minhas maiores virtudes é a paciência.
Pacientemente suporto períodos de seca, aguardo a floração, o ovo ser quebrado dentro do ninho e depois o bichinho criar penas.

Bem, obrigada por me ouvir.
Um sopro.
Assinado: a praça





segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Meia lua


Debruço-me bem ali
na mais tênue linha fronteiriça 
entre o brilho vivaz do teu olhar
e o secreto mundo dos teus sonhos

Houve um tempo
No tempo em que arqueada 
segurava tuas mãos 
a conduzir os passos ainda cambaleantes,
que teus olhos cerrados
eram simplesmente repouso

Debruçada na meia lua
misteriosa guardiã dos sonhos, dos teus anseios,
suspiro
sem tocar, sem falar, sem intervir

Chegou o tempo de tão somente contemplar
teus sonhos, tão seus
agora são eles que conduzirão teus passos

Pode ser que me decepcione, me machuque
Alegria, sorrisos, também podem ser

Cultivei o meu melhor
Talvez seja abundante talvez insuficiente

Chegou o tempo
em que o mundo vai te solicitando 
para que cada vez o orbite
com teus olhos pousados na meia lua das possibilidades
Alegrando ou decepcionando
não se retém uma órbita em ciclo.