Teresinha Ferreira
Priscila Ferreira
Lembranças afetivas, visuais, olfativas ou sentimentais estão presentes em nossas vidas e nelas incluímos locais onde estivemos, lugares que guardamos para sempre e que ao relembrarmos traduzem suspiros e vontade de lá voltar novamente.
A nossa proposta é colocarmos em post uma homenagem a este lugar, contando o quanto ele nos impressionou e tocou nossos corações.
Você, certamente, tem algum lugar predileto, conte-nos qual é o seu?
Há
blogagens coletivas que “nos chamam” e essa foi uma delas.
Hesitei muito para escrever este texto porque houve uma disputa
interna entre minha razão e a emoção.
Sobrepôs-se
o coração ainda que a razão insista em dizer-me que estou
desfocada da proposta. Por mais que eu tentasse me conduzir para
determinados lugares, forçando-me inclusive visualmente através de
fotos salvas no computador, lá estava todo o meu ser, parado em
frente a um guarda-roupa. Cedi e ali fiquei de frente para o meu
lugar inesquecível – um guarda-roupa.
Abri
suas duas portas brancas e ali estavam as roupas dela, minha mãe.
Tocar
naqueles tecidos era o toque que eu não sentiria mais.
E
naquele momento, hoje tão distante pelos números que o tempo
carrega, houve um choro desesperado que congestionou minhas narinas e
no meio daquela tristeza úmida, um cheiro. Um cheiro se desprendia
da última peça que esteve em seu corpo frágil. Aquela peça reteve
cheiro da minha mãe.
E
este cheiro me fez parar de chorar para poder sentí-lo e deixar que
de alguma maneira ela estivesse novamente ali.
Diante
daquele guarda-roupa eu vivi o meu luto e como a fênix da mitologia,
ressurgi das cinzas.
Pode
até se mostrar contraditório, triste, mas não o é. Estar naquele
lugar é recordar uma pessoa de grandeza e amor impossíveis de
narrar. É sentir que aquele cheiro está de alguma forma dentro de
mim e aquela peça de roupa de dois tons de azul, hoje em minha
memória, desbotou e se tornou uma roupa cor de rosa, cor de mãe,
cor de afeto e afago.
Emocionante, pura emoção realmente! Tens esse poder!
ResponderExcluirLindo lugar foste encontrara e como tua mãe deve ter ficado feliz ao ver, lá de onde está ,que ainda te causa tudo isso e que podes transformar azul em rosa. por saudades dela. LINDO! Adorei! beijos,chica
Este lugar, que abriga a alma espelhada em cada batida do coração, é de tal forma único, visível somente por quem possui a sensibilidade de poder vê-lo nos contornos de cada peça de sua história.
ResponderExcluirUm lugar de afeto e de afago,conforme vc declarou, Ana.
Boa semana.
Bjkas,
Calu
Ana Paula, coisa muito linda isso tudo. A postagem não é triste. Ela demonstra uma alegre superação da saudade do ente querido. A situação foi um conforto para se conseguir encarar a situação com naturalidade.
ResponderExcluirTudo que sai de você fica bonito.
Beijo
Manoel
Oi, Ana Paula!
ResponderExcluirPois isso que queremos, em cada texto uma história, um lugar guardado na memória para sempre, marcante, mesmo que no início tenha despertado dor, mas no final deixou um sentimento maior, e um cheiro pra sempre de mãe.
Ah gostei muito de sua postagem, inusitada, diferente das demais, mas com um conteúdo lindo e emocionante.
Obrigada por ter participado de nossa proposta.
beijos cariocas
Emocionante!
ResponderExcluirFiquei emocionada com o seu texto e trouxe uma doce lembrança porque eu também adorava brincar dentro do armário da minha mãe. Armário antigo, resistente, de duas portas somente. Era lá que eu me escondia dentro dos seus casacos de pele e até hoje fico pensando no seu sacrifício para estar bonita em uma cidade onde os termômetros alcançam fácil, fácil os 35 graus. E o sapato azul turquesa que tinha um belo laço na frente? Também foi diante deste armário que vesti de luto a minha alma. Agora eram seis portas de roupas e acessórios e vi que não possuíam o mesmo brilho de antes porque a luz havia partido.
ResponderExcluirEsse também ja´foi um dos meus lugares preferidos. Adorava abrir o guarda roupa da minha mae e ver todo aquele mundo de cores, flores, e brilhos, se abrir diante de mim. Era lindo!
ResponderExcluirClaro que nao havia dor, somente se minha mae me pegasse mexendo nas suas coisas, aí sim, doeria... mas era uma dor nao comparada com tua Ana. Sinto tanto.
Mas de qq forma vc mesma falou que nao doeu, que foi bom, que vc voltou e ela tbm... achei mt linda tua viagem.
Amanha posto a minha.
Bjs
Minha linda...
ResponderExcluirVocê me deixou emocionada!
Que linda a sua participação!!!!
Beijos
Selma
Olá Ana Paula,
ResponderExcluirObrigada pela linda participação na BC.
Me emocionei ao ler seu texto. Que lindo! Que triste! Quanta emoção...Uma viagem mais que espiritual e olfativa. Suas palavras flutuam diante de tamanha emoção e ternura. Amei!!! Sinto, de coração essa distância e esse vazio.
Beijos mil.
Já estou no seu tão charmoso cantinho.
www.democratizacaodamoda.blogspot.com
Enquanto lia, senti o cheiro da minha mãe, lembrei do seu olhar, das mãos sempre ajeitando a minha roupa no corpo e perguntando se eu estava com fome. E a sensação de ser filha que nunca mais terei?
ResponderExcluirQuem não tem mais mãe ficará tocado com esse texto.
Beijus,
Obrigada pela participação, fiquei muito feliz de ter 'brigado' com sua razão, pois era isso que buscávamos!
ResponderExcluirMuito emocionante sua história e sem dúvida inesperado o seu lugar inesquecível!
beijos ;)
Oi, Ana Paula! Linda a sua participação. Abrindo o coração... me emocionou. Bom final de semana. Bjs.
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