Hoje eu não escrevi; hoje eu copiei e colei.
Esse texto/poema que você lerá abaixo é de autoria do Rafael Stein.
Rafael é dessas pessoas que a gente "conhece" sem realmente conhecer e por isso é de importância usar o entre aspas.
Eu não tenho nítida a lembrança de como o encontrei na internet. Foi através de publicação em algum site ou perfil, mas a identificação com aquela sensibilidade na escrita foi imediata.
O contexto eu me lembro - Rafael ficara viúvo. Duas crianças pequenas e ele passara a externar, através da escrita, sua dor, seu luto, sua vida apesar de.
Depois desse "encontro" com esse pai, onde me emocionei muito, houve uma lacuna porque eu perdi aquele encontro entre aspas.
Pode ser uma desorganização minha. É preciso muito cuidado ao navegar em águas da internet - muita coisa vem e vai.
Mas eu acredito que o coração tenha funções misteriosas dentro desse universo virtual e ele, o 🤍 me trouxe de volta a escrita linda desse pai que se esforça em meio a tantos afazeres, a manter a pia limpa!
Vou deixar o link para você encontrar o Rafael, entre aspas, (ou seria melhor, entre muitos corações?!) no Instagram. Lá você pode ver seus pequenos, o novo integrante da família 🐾🐾 e tem também o link para os escritos na plataforma Substack
Demore-se na leitura abaixo. Leia e releia para aceitar o convite delicado de que é possível transformar nossas dores.
a ausência também sabe contar
a ausência também faz aniversário
dizem que a vida muda a cada sete anos.
que o corpo se renova.
que a alma encontra outro ciclo.
que o tempo faz reparo.
talvez seja isso mesmo.
ou pelo menos eu quero acreditar.
sete anos depois, a ausência não caducou.
só mudou de forma.
já não é o buraco do primeiro ano,
nem o silêncio do quarto.
é uma presença oca,
que habita a casa, a mesa, os gestos.
um fantasma que não some,
só aprende novos lugares pra ficar.
a Maria Clara tem treze.
o Francisco, nove.
são outros, completamente outros.
e você não viu.
ela já discute regras, mede o mundo com argumentos.
ele não para de inventar mundos e histórias,
sempre arrastando risadas pela casa.
no crescimento deles,
eu vejo o tamanho do que você perdeu
e do que nós perdemos sem você.
e ainda assim, algo floresce no meio da dor.
eu também não sou o mesmo.
as rugas.
os cansaços.
os improvisos.
o cabelo e a barba já brancos.
aprendi a fazer feijão,
a organizar mochilas e cadernos,
a lidar com boletos e febres de madrugada.
reinventado,
mas nenhuma reinvenção apaga a falta.
a diferença é que agora a falta divide espaço
com o riso deles,
com o barulho da casa,
com a Olívia correndo atrás dos pés pequenos,
com a rotina que não deixa o silêncio ocupar tudo.
a saudade continua,
funda,
sem cura.
mas já não é só ela.
também tem vida,
também tem alegria,
há graça nos pequenos gestos que insistem.
um ciclo inteiro, dizem.
pra mim, só mais um jeito de contar o tempo.
a vida segue.
apesar.
como o riso que invade a sala,
como as patinhas no corredor,
como a pia que, por hoje,
ainda tá limpa,
como se dissesse que tudo ainda é possível.
— R.
a pia tá limpa, por hoje.
Olá, querida amiga Ana Paula!
ResponderExcluirÉ de se emocionar...
"A saudade continua,
funda,
sem cura."
A perda de um ente querido que amamos é incurável...
Podem passar mil anos e vamos nos lembrar.
Na atualidade, estou aguardando mais dois anos para ver se com sete, sou curada da minha última saudade.
Não vejo possibilidade ainda.
Minha pia também está limpa...por ora.
Meu coração está também... nada como deixar Deus entrar e curar áreas não resolvidas para enfrentarmos um dia de cada vez.
Excelente seu post!
Tenha uma nova semana abençoada!
No Instagram dele vi a beleza da família e do animalzinho...
Beijinhos fraternos
Que maravilhosa leitura que repartes conosco e claro, depois vou procurá-lo no Insta.
ResponderExcluirQue pai maravilhoso que ficou sozinho, sem a amada, mas cuidando bem da Maria Clara e do Francisco e driblando o fantasma da saudade!
Muito lindo de ler e ver a dedicação assim.
E além do texto lindo, peguei pra mim, um puxão de orelha em relação a não poder ver pia suja, cheia de louças. E se ficar? Nada mudará!
Assim, vale deixar um pouco pra rás as baboseiras de limpar, limpar...
Vamos viver.As louças se quebram, as pias se enchem e de repente, nós também vamos e as pias ficam....
Adorei tua indicação! Por isso gosto tanto de aqui estar.
Sempre encontramos maravilhas no teu blog!
beijos praianos, tudo de bom,chica