segunda-feira, 25 de março de 2013

Estamos assim





Fios serão desconectados, paredes recortadas, tintas por vir...
Volto em abril.
Beijo!

sexta-feira, 22 de março de 2013

Das cores invisíveis


Desejei que fosse azul. Celeste como o céu.
Mesmo assim me aproximei.
Ela desejou que eu fosse laranja. Gostava do entardecer.
Mesmo assim não se afastou.
Em seu olhar eu vi todas as belezas.
Ela olhou o meu dentro.
Silenciamos.
E o tempo não foi preciso em quantidades
Aprendemos frente a frente
uma para outra
não julgar.
Temos as cores do vento
que nos tingem além da matéria
Um sopro de Manoel de Barros
nos acorreu:
Privilégio dos ventos
semear 
as borboletas!
Privilégio teu olhar
pequeno imenso ser.

Leitura alimenta


Um projeto muito interessante este: incluir numa cesta básica que será distribuída, um livro para estimular o gosto por ler, transformar não-leitores em leitores.
Um parceria da empresa Cesta Nobre com a Livraria da Vila.
Tomara seja mesmo uma agradável surpresa para o trabalhador e sua família, abrir a cesta básica e encontrar ali um livro!
E também outras livrarias poderiam abraçar a causa. Ou nós mesmos: época de Natal com suas sacolinhas, ovos de páscoa, que tal incluir um livro também?
Beijo

quarta-feira, 20 de março de 2013

Oito sons


O convite veio da Etienne, para a blogagem coletiva com o tema: "Quais os oito sons que você mais gosta?"
Quando eu li a proposta com o tema, logo pensei, vou escrever sobre o recital de harpa que fui há muito tempo atrás, onde também conheci o som do cravo, vou falar de chuva no telhado.
Porém, quando me pus a escrever, nenhum desses sons quiseram aparecer na minha escrita.
Deixei então outros rumorejos se mostrarem!

Os sons do parto - mulher e depois o bebê. Nem sempre, mas em sua grande maioria, é uma sonoridade carregada de bonitas emoções. Fico com o simbolismo poético dos gemidos, gritos da mãe que anunciam e abrem caminho para o choro do bebê, que naquele momento não é choro, mas a sinfonia da vida.

Não faço a menor ideia de como me apaixonei por este som, mas ele saiu de alguma música e acariciou meus ouvidos e simplesmente me fascina: o som de tablas indianas.

Sinos. Lá do alto nos acenam.
Quando soube do ofício do "fazedor de sinos", a afinação, a nota de cada um, encantei-me ainda mais! E vou contar um segredo - já toquei um sino do alto de uma torre.

Campainha - ah! como eu gostava dos sons das campainhas. Em cada casa, um toque diferente. Acho que nos dias de hoje temos escutado menos os sons de campainhas; visitas que se anunciavam e nos surpreendiam através do toque da campainha esta cada vez mais raras.

Um lugar descampado, de vegetação rasteira e aquele vento que parece correr a brincar de pega-pega, balançando a relva, despenteando os cabelos. O som deste vento rápido porém calmo, aprecio muito.

Assovios - acho que é o som da alegria, é para todos! Você pode até ser desafinado para cantar, mas poderá assoviar. Adoro ouvir gente assoviando logo cedo!

Já sei que tem muita gente que vai rir do meu "outro som preferido" e vai me mandar catar feijão, mas eu adoro o som da roupa sendo lavada na beira do rio e amaciada na pedra. Ah! Como eu queria bater roupa na pedra na beira do rio...

E não poderia faltar o gorjeio dos passarinhos.
Conheço só os passarinhos urbanos e já me trazem uma alegria imensa.

Não coube na proposta da postagem, o som do milho estourando nas panelas amassadas dos nossos pipoqueiros, mas essa pode ser uma outra postagem.
Beijo.

domingo, 17 de março de 2013

Fiquei de recuperação

Certa vez, eu li num comentário de um blog de um amigo, uma pessoa falando da época em que pegava segunda época, exame em matemática ( não vou contar quem é! ) e até sentia saudades disso!
Pois eu criei coragem para revelar que também fiquei de segunda época, fiquei de recuperação.
Em qual matéria?
Não pasmem, por favor.
Fiquei de recuperação em Bordado. Sim, matéria bordado.
É preciso que eu conte um pouco da minha vida escolar para que compreendam como eu consegui quase repetir de ano.

Eu era uma linda menininha que só tirava nota dez. Sobre a nota dez, é tudo verdade. Sobre a lindeza, é mentira.
Eu era uma menininha bem feinha ou feiozinha, como queiram. Mas com a sapiência de minha mãe, que comprava lindas fitas de cetim para colocar em minhas marias-chiquinhas, as pessoas sempre se referiam a mim como "que gracinha". A verdade é que eu nunca soube se eu era uma gracinha ou eram os laços acetinados com estampas de bolinhas, bichinhos, xadrez, que o eram. O que importa é que minha auto-estima não foi afetada na infância. Ser engraçadinha já estava bom.
Assim segui entre os boletins recheados de notas dez e as fitas enrolando minhas chiquinhas. Crescia feliz.
Até que chegou o ingresso no ginásio, na quinta série. 
Deixei de lado as chiquinhas, a mala escolar e passei a carregar os tão sonhados cadernos universitários no braço. Que símbolo de liberdade era aquilo!
Eu sentia o mundo se abrindo para me receber. Eu não precisava mais fazer fila e esperar a professora ( que naquela época podia ser chamada de tia ).  
E foi nessa atmosfera de liberdade, de tudo novo que eu fiz a minha primeira prova de educação artística. Era um desenho livre. Havia somente um pequeno traço no meio da folha branca de sulfite.
Expressei toda a minha sensação de sentir-me livre naquele mundo ginasial. Risquei, rabisquei, utilizei cores fortes misturadas com traços delicados e criei a minha mais bela obra abstrata. Afinal bastava de desenhos de coelhinhos, casinhas, cerquinhas. Meu mundo agora era outro e eu o retratei ali.

Nota zero. Foi isso mesmo que eu vi escrito na minha prova. Assim Z-E-R-O.
O mundo me engoliu quando eu recebi aquela prova. A menininha que só tirava dez no boletim, de repente chega em casa com um zero.
Mamãe foi conversar com a professora que lhe explicou que ficou horrorizada com tanto rabisco. E mostrou uma prova que ainda estava com ela: uma linda casinha com cerquinha e um coelhinho comendo cenourinha. Era isso que ela esperava de mim.
Mas não estava escrito desenho livre? Eu ainda indaguei. Desenho querida, não rabisco livre.
Tirei dez na outra prova, que somando com o zero e dividindo deu média cinco. E entre cinco e seis eu passei de ano, com a auto-estima artística arrasada. E com medo até de olhar para a professora.
No ano seguinte, uma possibilidade surpreendente para me livrar da aulas de artes: era dado a possibilidade de escolha entre ficar na sala de aula com a professora ou optar por fazer aula de bordado com a freira Irmã Laurinda. 
Segunda opção, claro.
Adentramos nos labirintos secretos do colégio religioso para chegar aos aposentos da freira que nos aguardava.
Achou que éramos poucas.
Explicamos que a maioria optara por ficar na aula convencional de artes.
Ela disse que o mundo estava perdido. As moças estavam perdidas.
E pôs-se a explicar: aqui vocês podem fazer três tipos de trabalho; tela, para as mais preguiçosas; casaquinhos de bebê em crochê, para as igualmente preguiçosas e por fim, bordado, para as mais aplicadas.
Bordado, disse eu. Foi sedutor para mim ver aquele pano branco esticadíssimo num bastidor e junto com o sol da tarde que tingia os vitrais, a agulha tingia delicamente o tecido.
Começamos. E eu cheguei em casa mostrando para a minha mãe o caderno com os desenhos e nomes dos pontos e o paninho com a agulha pendurada dizendo que não tinha conseguido compreender nada do que a freira ensinava. Mamãe olhou com alegria saudosa para o bastidor e começou a bordar igualzinho a freira. Deixei por conta da mamãe. Ela ficava tão feliz bordando. Era uma cena perfeita para uma mãe - sentada, imersa em silêncio e bordando.
Chegava para a aula com a lição feita e após conferir o avesso ( como a freira gostava do avesso ) ela passava outro ponto. Eu enrolava até terminar a aula e entregar tudo para mamãe.
O problema foi que mamãe morreu em agosto e aí...

Aí que o dia que eu mostrei a joaninha para a freira ela me perguntou se aquilo era uma joaninha ou uma zebra.
Sim, porque as bolinhas pareciam listras...
As amigas da tela, já estavam terminando; os casaquinhos de crochê recebiam uma fita para finalizá-los e os outros bordados também estavam se encerrando quando eu ainda tentava me entender com a joaninha e ainda tinha uma formiga de pé carregando uma trouxa nas costas.
O bordado parecia demasiado pesado para mim quando tirei outro zero e fiquei de recuperação com a irmã Laurinda. Três vezes na semana eu subia até o último andar do colégio e tentava bordar enquanto ela me rogava pragas que eu não iria casar, afinal nem os lençóis com as iniciais dos nossos nomes eu sabia bordar.
Tudo o que eu fazia era engolir o nó na garganta e lembrar da " Casas Teixeira - tudo para o seu enxoval" recém inaugurada em frente ao ponto de ônibus que eu ficava.
No dia 21 de dezembro ela me liberou e disse que eu tinha passado apesar da minha péssima habilidade com as linhas e agulhas.
Nunca mais desenhei e costurar, somente botão, em caso de extrema necessidade.
No ano seguinte, soou o sino com notas fúnebres.
Soube que Irmã Laurinda tinha morrido.
Tive um sentimento entristecido. Eu gostava da Irmã Laurinda, ali com o sino, eu soube.

sábado, 16 de março de 2013

Escolha o olhar


"Foca na luz, não foca na sombra"

Carmo Dalla Vecchia, ator e fotógrafo amador

quinta-feira, 14 de março de 2013

A tecnologia e eu

Não escondo de ninguém que eu sou uma anta laranja quando se trata de tecnologia.
Alguns amigos mais antigos hão de se lembrar que durante muito tempo eu usei este bichinho aí do lado no meu perfil. Privacidade? Qual o quê! Eu não sabia mesmo encontrar e colocar uma foto minha. Demorou mais consegui.
Depois veio a tal nuvem da computação, que também demorei para compreender e agora não consigo é encontrar uma nuvem do meu estilo para alugar: queria uma que fosse bem gorduchinha, não totalmente branca, com nuances de alaranjado e de frente para um rio, pode ser riacho também. Mas, como está caro o aluguel de uma nuvenzinha. Enquanto não baixarem o preço, sigo por terra mesmo.
Aliás, por curiosidade, quem aí tem uma nuvem?

E essa tecnologia é mesmo um vendaval de novidades. Enquanto eu ainda estou nas nuvens, fico sabendo de aplicativos para chips cerebrais.
Sabendo não é bem o termo, porque eu estou é bem confusa. Como assim aplicativos, chips cerebrais?
Precisa tomar injeção para ter um chip cerebral? Se precisar, não quero, obrigada.
E fui pesquisar. E sabe com o que me deparei?
Com a solução dos meus problemas!
Sim, porque além de problemas com a tecnologia, eu tenho outro problema que é de socialização, amigos: sempre tenho que recusar qualquer convite que envolva dançar. Seja dançar quadrilha,cranda-cirandinha, baile de debutante então, nem pensar. Tudo porque eu não danço absolutamente nada. Pense num poste. Sou eu. Anta laranja e poste.
Mas, como eu ia dizendo, ao pesquisar sobre chips cerebrais encontrei um vendedor assim:
" Vendo diversos chips cerebrais com informações de artistas. Michael Jackson por exemplo: é bem vendido para sair dançando como ele...".
Gente é tudo o que eu preciso - um chip cerebral Michael Jackson. Serei um arraso nos salões, nas baladas!
Ah! Quero um desses e já vou até providenciar meus sapatinhos de baile.
Aliás, por curiosidade, quem aí tem um chip do Michael?

quarta-feira, 13 de março de 2013

Doce moça

Sabem que é a moça aí de cima?
Essa, eu não sei, mas sei de uma moça muito esperta que ao invés de querer mamar leite-leite, gostava mesmo é de leite moça!
E quem mandou ela fazer essa revelação?
Agora ficamos sabendo de onde vem tanta doçura!
Uma doce pessoa, com uma doce escrita.
Ivani! Acorda! Vem ser docemente abraçada!
Parabéns amiga! Amigos, saúde, inspiração, cerveja e doce vida para você.
Hoje vamos comemorar o seu aniversário. Bora todo mundo lá pra casa dela!


terça-feira, 12 de março de 2013

Um pedacinho

Todos os dias, rotineiramente
294 milhões de e-mails são enviados
4,7 bilhões de minutos são passados coletivamente no Facebook
864 mil horas de vídeo são colocadas no YouTube
Todos os dias, rotineiramente
o piscar de uma estrela
a respiração de um passarinho dormitando
se transformam em uma gota de orvalho
e um pedacinho de silêncio 
pode ser encontrado
bem ali
bem próximo de ti


domingo, 10 de março de 2013

Dia 10 fotos





Já ficou na água até o dedo enrugar? 
E a mãe não te deixar entrar
que é para o chão não molhar?
E você ficar com tanto frio
de fazer o lábio arroxear?

Deita no sol menino
que é para secar
e o corpo esquentar

Oh mãe, deixa a gente entrar
prum banho quentinho tomar
e a gente não encarquilhar.











quinta-feira, 7 de março de 2013

Carta a uma mulher


Querida Warie Dirie

Não nos conhecemos, ouso chamá-la por querida, tal a minha admiração por você e pela causa pela qual você luta.
Foi através de uma página de revista que eu soube do seu livro, muito antes dele se tornar um filme.
Flor do deserto. Através da leitura eu sofri com a garota somali, eu me encantei com a determinação da mulher, da modelo famosa e foi com um nó na garganta e chorando que eu li a passagem do ritual nefasto que as mães fazem com suas filhas: as jovens são levadas para um lugar ermo e a mãe extirpa-lhe o clitóris e os grandes lábios costurando e deixando um pequeno orifício que na noite de núpcias é aberto na navalha.
Você passou por isto e sobreviveu, muitas morrem de infecção, e hoje tenta extirpar essa crença na inferioridade da mulher.
O filme, não tive coragem de assistir. A cena que você descreveu neste seu horror foi vívida para mim.
Infelizmente seu livro está esgotado; olhei ainda hoje na internet.
É também sobre sexo e dor, mas não fez sucesso como uma trilogia que também trata de dor e sexo.
Mas você mostrou que é possível a felicidade e eu pouco sei das estatísticas da sua luta.
Uma só mãe que deixe de fazer este ritual em sua filha, é uma vitória.
Minha admiração por você, pelas mulheres que ressurgem da violência, da incompreensão.
Com o exemplo de vocês, o mundo aprende.
Um abraço Warie, um abraço mulheres guerreiras.



Post participante da ciranda interativa proposta pela Calu

Quero agradecer à Luma Rosa pelo comentário agregador, que traz inclusive o blog da Warie.
Coloco-o a seguir:

Ana Paula, essa mulher é guerreira! Fazem muitos anos que ela está na luta, mas não somente na Africa acontece esse tipo de mutilação, também na Ásia, América, Austrália e pasme, na Europa. Usam da religião para controlar a mulher. Faz pouco tempo Warie Dirie sumiu e ninguém a encontrava. Quando apareceu, souberam que foi raptada por um motorista de taxi que queria estuprá-la - ela tentou se defender de todas as formas e tem agora problema no braço causada pela luta que teve com o homem. 
Eu assino o feed do blogue dela
Desert Flower – The Blog
Quando li o livro fiquei bastante chocada e ainda não assisti o filme. Não senti vontade! É muito sofrimento! Legal você se lembrar da causa e postar no blogue, pois não sabemos realmente até que ponto isso pode acontecer perto de nós. 
Feliz dia!! Beijus,




Mulher - Fotos de Quinta


O tema proposto pelo blog Fotos de Quinta da Ana Virgínia para o mês de março é "Mulher".
Minha participação:


Minha homenagem a esta mulher que vê tantas transformações no mundo, na vida e matém acesa a chama da fé.


quarta-feira, 6 de março de 2013

Sensibilidade

Sobre o post anterior, conversei com a professora, que fez uma boa maquiagem no seis por meia dúzia: disse-me que eles não iriam vigiar uns aos outros a todo momento, mas, caso vissem algo estranho durante o uso do banheiro, aí sim era pra chamar a professora...
Fui até a coordenadora que irá começar uma campanha pelo bom e higiênico uso do banheiro.
Acho lamentável ter que usar esse tempo para essas questões. Vou torcer para que seja visível o efeito.

Um outro assunto

Ontem, minha filha ( 7 anos ) pediu autorização para assistir a um filme. 
Ela tem que pedir autorização porque depois de uns três filmes que ela começou a chorar na sessão da tarde e só parou no dia seguinte - até dormindo soluçava - e ia para a escola com os olhos inchados, tive que ser drástica!
Mas ontem, ela me convenceu.
O filme era sobre uma garotinha que tinha cancêr e ela sabia que seria bem triste; achava, porém, importante ela assistir.
Deixei.
E entre os afazeres domésticos, ela vinha me contar: "mãe, agora vão descobrir que ela está doente".
Num determinado momento, dei uma espiada e ela me disse toda empolgada "olha mãe, ela está melhor e voltou para a escola".
Disse que ainda haveriam dificuldades, o filme estava no começo.
Quando o filme terminou, ela estava aos prantos.
Abracei e disse que era por isso que não achava legal ela assistir filmes tristes.
Então ela me disse que não estava chorando por causa do filme, mas estava preocupada se crianças com câncer dentro do hospital se reunissem na sala de recreação para assistir. Era injusto, porque na propaganda mostrava a menina correndo e jogando bola e ela morre.
"Mãe, as crianças no hospital não podem perder a esperança. E esse filme tira a esperança delas".
Eu não tinha pensado nisso.
Pensei.
E também chorei.

terça-feira, 5 de março de 2013

Vamos dar uma espiadinha?

Acho que está faltando educação.
E não é daquelas só que a gente escutava quando era criança - "que mal educado, que má criação". Esses termos deviam ser usados para alguma travessura, uma resposta que não deveria ser dada.
Agora, parece que a coisa está feia e já que não conseguimos educar é melhor dar uma espiadinha, é melhor vigiar.

Hoje fui surpreendida por uma história da minha filha que ainda vou averiguar.
Antes quero falar de um outro tipo de vigilância em substituição do diálogo, da compreensão e claro da educação.

Notícia de jornal que aqui em São Paulo algumas escolas estão adotando o cartão pré-pago para o lanche, assim as crianças não excedem na cantina.
Como assim? Estão sem controle nos gastos? Educação financeira não é só matéria dentro da sala de aula. Exemplos e conversas também.
Ainda sobre o cartão pré-pago para a hora do lanche, os pais podem através da internet bloquear as porcarias que o filho não pode comer.
Então o rebento pede um refrigerante com batatas fritas e seu cartão está bloqueado.
Penso que educar é muito mais trabalhoso, por vezes exaustivo, beira outras vezes a falta total de resultados, pedindo sim medidas drásticas, mas já estamos generalizando. Bloqueia o que não pode porque o diálogo está escasso.

O que minha filha veio contando hoje diz respeito ao banheiro escolar.
Não dá para falar "em condições de rodoviária" porque acho que o de lá está mais limpo.
A inspetora falou horrizada do estado em que se encontra o banheiro daquele andar, onde encontrou-se fezes pelas paredes, no rolo do papel higiênico e chega de detalhes. Banheiro este utilizado por crianças de 7, 8 e 9 anos.
A nova determinação - quem quiser utilizar o banheiro vai ter que levar um amigo. Este espera do lado de fora e após o amigo finalizar suas necessidades, o outro inspeciona.
Como disse, preciso averiguar tal determinação.
Mas a que ponto chegamos? Crianças sem noção de higiene? sem nenhum respeito com os funcionários da limpeza.
Um tendo que espiar o outro? Delação premiada em tão tenra idade?

domingo, 3 de março de 2013

Mobília


Tinha acabado de debutar. Não com o glamour de dois lindos vestidos e sim com um colete cinza-gelo tricotado pela vizinha de mãos hábeis e amorosas.
E assim começava uma certa liberdade de ir e vir. Saía de sua casa de dois cômodos e de repente estava no quarto da amiga da amiga que era muito maior que toda a sua casa contando até com o banheiro que ficava pra fora.
Emudeceu, parada num canto com o olhar preso na enorme poltrona de fibra, de vime, pendurada no teto por grossa corrente.
No seu teto de telhas onduladas com a caiação velha, não poderia jamais prender um ninho aconchegante como aquele.
Voltou de seu devaneio ao ouvir o choro descontrolado da anfitriã.
Deixaram a casa com o pedido desesperado da mãe da garota para que voltassem e trouxessem alegria e vontade de viver para sua filha.
Deitada no sofá-cama começava a não compreender a vida. Como naquela imensidão de beleza e conforto poderia uma garota perder a vontade de viver?
Ouviu a chuva tamborilando o telhado. Correu para desencostar a estande da parede e colocar panos pelo chão.
Não demoraria para a água começar a escorrer pela parede.

Meu lugar inesquecível - BC

Blogagem coletiva proposta pela Beth Lilás.
                                             Teresinha Ferreira
                                             Priscila Ferreira


Lembranças afetivas, visuais, olfativas ou sentimentais estão presentes em nossas vidas e nelas incluímos locais onde estivemos, lugares que guardamos para sempre e que ao relembrarmos traduzem suspiros e vontade de lá voltar novamente.
A nossa proposta é colocarmos em post uma homenagem a este lugar, contando o quanto ele nos impressionou e tocou nossos corações.
Você, certamente, tem algum lugar predileto, conte-nos qual é o seu?




Há blogagens coletivas que “nos chamam” e essa foi uma delas. Hesitei muito para escrever este texto porque houve uma disputa interna entre minha razão e a emoção.
Sobrepôs-se o coração ainda que a razão insista em dizer-me que estou desfocada da proposta. Por mais que eu tentasse me conduzir para determinados lugares, forçando-me inclusive visualmente através de fotos salvas no computador, lá estava todo o meu ser, parado em frente a um guarda-roupa. Cedi e ali fiquei de frente para o meu lugar inesquecível – um guarda-roupa.
Abri suas duas portas brancas e ali estavam as roupas dela, minha mãe.
Tocar naqueles tecidos era o toque que eu não sentiria mais.
E naquele momento, hoje tão distante pelos números que o tempo carrega, houve um choro desesperado que congestionou minhas narinas e no meio daquela tristeza úmida, um cheiro. Um cheiro se desprendia da última peça que esteve em seu corpo frágil. Aquela peça reteve cheiro da minha mãe.
E este cheiro me fez parar de chorar para poder sentí-lo e deixar que de alguma maneira ela estivesse novamente ali.
Diante daquele guarda-roupa eu vivi o meu luto e como a fênix da mitologia, ressurgi das cinzas.
Pode até se mostrar contraditório, triste, mas não o é. Estar naquele lugar é recordar uma pessoa de grandeza e amor impossíveis de narrar. É sentir que aquele cheiro está de alguma forma dentro de mim e aquela peça de roupa de dois tons de azul, hoje em minha memória, desbotou e se tornou uma roupa cor de rosa, cor de mãe, cor de afeto e afago.

sábado, 2 de março de 2013

Diálogos marido e mulher

 - Marido, deixa de ser teimoso homi, vamos logo compra um tabret para le revista. Vamu se muderno, acumpanha a juventude.
 - Não. Esse negócio de tabret num é comigo.
 - Mas marido, é mais ecológico, verde, sustentarvel , a gente num gasta árvore pra fazer o papel da revista.
 - Não, é muito sacrifício ler naquele negócio pequeno. Minha vista num tá boa.
 - Sacrifício? Sacrifício é o que a gente tem que fazer pra ler a revista. E ocê vai ve é a sua coluna amanhã. Ela é qui num vai tá boa.



( Pruveita e limpa as caia )

sexta-feira, 1 de março de 2013

Três momentos

Júlia resolvendo uma situação embaraçosa na escola:
"Mãe, eu falei pra minhas amigas, agora chega disto. Todos nós temos nossas qualidades e desqualidades".
( Adoro até as desqualidades da minha filha! Desqualidade sempre dá para melhorar! )

Bernardo:
"Mãe a diretora disse para mim que comprou todo equipamento e já está montado o estúdio de rádio do colégio e ela quer que eu faça parte".
"Que coisa boa"- eu respondo.
"Sabe mãe eu na verdade não queria"
"Por que?"
"É que minha voz não é tão engrossada igual a dos meninos maiores da minha sala".
( E precisa ter voz engrossada para falar no rádio? )

Mãe em momento de oração:
"São Longuinho, não, não, por favor não saia correndo para se esconder de mim. Não vou te pedir para ajudar a achar nada hoje.
Sei que está cansado, exausto por nossa causa e eu te compreendo. Compreenda também as crianças só mais um pouquinho; elas logo crescem. Amém.