filhos, quando foi a última vez que seguraram as mãos dos teus pais?
Ainda tenho fresco na memória a imagem do vírus da covid-19 girando ao fundo na tela dos telejornais. Era aterrorizador, ainda sem muitas informações o que nos dominava era o medo. Acredito ter sido assim para a grande maioria das pessoas.
À medida em que íamos nos acostumando a lidar com tudo aquilo em nosso isolamento, começaram a surgir as bonitas e ternas histórias que nos eram como um sopro, um alento para aqueles dias tão difíceis: bilhetes colocados nos elevadores de pessoas dispostas a fazerem mercado e farmácia, músicos que das sacadas dos apartamentos cantavam, faziam soar seus instrumentos suavizando a atmosfera tão densa de incertezas. Muita arte foi nascendo de forma coletiva, muitos projetos individuais começavam a deixar as gavetas.
Lembro-me de uma história que me tocou profundamente: a filha perdeu a mãe para a covid e queria continuar a sentir o perfume dela, porém o mesmo havia sido descontinuado da linha de fabricação. Então, alguém "grande" lá da marca O Boticário, mandou fazer um frasco do perfume e entregou para acalentar o coração e as memórias olfativas daquela filha.
Num desses momentos ali dentro da pandemia, um fotógrafo se deu conta que ao levar seus meninos para a escola, segurava nas mãos deles e que aquele gesto logo seria deixado para trás pois os filhos estavam crescendo, então ele sentiu vontade de vontade de fotografar o seu pai e seu avô, com 95 anos, de mãos dadas.
Mas, a pandemia impôs aquele longo hiato e eles ficaram um ano sem poder ver o avô.
No meio desse intervalo, enquanto caminhava, Valery ( o fotógrafo ) parou para fotografar uma casa bonita. De lá saiu um casal, a mulher, com o retrato do filho que haviam perdido há poucos meses, fez um pedido comovente:
"Você pode tirar uma foto do meu marido com a foto do nosso filho?"
Ali o fotógrafo entendeu - aquilo não era apenas uma fotografia.
Era memória.
Era amor guardado num toque.
Mais tarde, finalmente conseguiu tirar a foto do seu pai e do seu avô juntos. Foi a última.
Desde então, Valery viaja o mundo registrando mãos entrelaçadas de pais e filhos.
Aqui vale ressaltar que esse projeto fotográfico é com pais e filhos homens. E ao apreciar as fotografias e possível sentir tanto a beleza mas também a dificuldade, a resistência, a hesitação para esse gesto que é aparentemente simples, segurar, enlaçar as mãos.
Para as mulheres, as mães e filhas, esse é um gesto mais natural, fluido.
Só que não é apenas uma foto, um projeto. Olha o que diz o fotógrafo sobre pais e filhos:
Alguns não se viam há anos
Alguns nunca haviam se tocado
Alguns, ao se tocarem reataram laços
Há ainda mais duas frases desse fotógrafo que eu quero deixar para reflexão.
"Nós não guardamos os dias inteiros, nós guardamos gestos, toques e fotografias"
"Em um mundo que já está se afastando, das as mãos se torna uma oração silenciosa."
Eu me dei conta que não tenho uma foto do meu filho e seu pai de mãos dadas, agora na fase adulta e quero muito fazê-la.
Tiramos muitas fotografias e acho isso muito bom. Antigamente era um artigo de luxo, era restrito, trabalhoso, caro. Hoje com nossos aparelhos celulares, os registros são muitos fáceis. E podemos nos valer dessa facilidade para colocar um significado profundo em nossas fotografias.
O que acham?!
Essa história eu fiquei conhecendo graças a uma empresa que faz álbuns de fotografia artesanais.
Deixo aqui o link da Mim Papelaria
E claro, visitem e se demorem no site do fotógrafo Valery Poshtarov. Vale colocar a tradução automática do google ou apenas apreciar as fotografias.
Tenham um bom final de semana e fotografem bastante!
Beijos 📸 🎞️
Que emocionante teu post,Ana! Lindo!
ResponderExcluirPra mim aconteceu perder minha mãe naquele triste período após não a poder visitar por um grande tempo pelo Covid que isso exigia, cuidando dos mais idosos.
E As fotos dos pais de mão dadas com os filhos momentos que ficam.
Todos devem fazer fotos assim e eu mesma farei isso acontecer...
Adorei o álbum do fotógrafo!
Tu sempre ecolhendo coisas lindas para nos tocar por aqui!
ADOREI! Obrigadão!
beijos, chica e um ótimo fds, aqui geladinho!
Bom sábado de paz, querida amiga Ana Paula!
ResponderExcluir"Era amor guardado num toque."
Guardo com carinho todos toques que já recebi. São variados e de várias formas, não necessariamente de mãos, entretanto, os de mãos são inesquecíveis também.
Por tudo que disse aqui, com tanta delicadeza e sabedoria é que guardo fotos de todos, ao menos de fotos tenho os que amo na memória viva. Retratos nos tocam... a mim, sim.
Gostei muito do seu post em seu tema, muito propício num mundo tão insensível...
Quem já teve a vida por um fio, dá valor aos sentimentos não importando nem um tico que nos taxem de melosas.
Tenha um Dia do Amigo abençoado e feliz!
Beijinhos fraternos
Esqueci meu lenço. Depois eu volto.
ResponderExcluirUna entrada muy interesante,emotiva,reflexiva,gracias por compartirlo.Te dejo un gran abrazo!
ResponderExcluirPrimeiramente, muito obrigado pela visita, volte sempre. Que texto lindo, tocante. O contato, de dar as mãos, é algo muito forte, reaproximação, mãos dadas simboliza reatar, dizer 'estamos juntos'. A gente deixa às vezes de se falar por um nada, às vezes, até nos afastamos sem perceber. Muito bom mesmo! Seguindo você também.
ResponderExcluirPronto, voltei. Quanto ao texto, emocionante. Gostei muito.
ResponderExcluirUm belo texto para nos balançar e rever momentos que perdemos. Momentos de uma grandeza fantástica, que faz memórias.
ResponderExcluirBela partilha Ana.
Abraços e bom domingo de uma feliz semana.
Saudações ao cruzeirense lider.
O entendimento entre os seres humanos passa por muitas formas de comunicação.
ResponderExcluirContinuação de bom fim de semana.
Abraço de amizade.
Juvenal Nunes
Oi, Ana Paula,
ResponderExcluirque belo e emocionante texto, amor, carinho, atenção
jamais deveriam sair da primeira página de nossas vidas.
Esses sentimentos e cuidados, fazem que, no final de nossas
vidas poderemos dizer: tudo valeu a pena!
Maravilhoso texto, revivi a covid, e que tragédia passamos!
Nós nunca imaginamos que um dia viveríamos tão amedrontados,
com medo das perdas...Linda postagem Ana Paula!
Gostei muito das fotos, as mãos entrelaçadas entre pais e filhos.
Aplausos daqui do Sul. Uma feliz semana,
Beijo, e cuide-se amiga.
Muito comovente. Grata por esta publicação.
ResponderExcluirBeijinhos e boa semana!
Querida Ana Paula,
ResponderExcluirEm tempos onde o contato físico tem se perdido para as mensagens de vídeo dos celulares, essa iniciativa de tirar fotos dos pais e filhos de mãos dadas é sensacional. Realmente a época da covid-19 foi assustadora pra todo mundo, pequenos gesto de carinho amenizaram aquele momento de incerteza. Parabéns pelo seu texto muito sensível e também por compartilhar as fotos e o site desse fotógrafo que teve uma ideia genial.
Um abraço!
Tento sempre estar perto dos meus pais, abraça-los e apreciar a sua presença!
ResponderExcluirBjxxx,
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Olá, Ana.
ResponderExcluirA pandemia foi um caos mas também revelou gestos muito bonitos como esses que você citou.
Gostei muito do projeto do fotógrafo. Muitas vezes um gesto tão simples encontra muitas barreiras
emocionais entre pais e filhos,.
Meu filho tem 14 anos e não teve um dia até hoje que ele foi dormir sem antes nos darmos um abraço e beijos. Espero que quando ele voar de casa, isso não fique esquecido quando ele vier por aqui e que ele reproduza isso com seus próprios filhos.
abraços.
Foi bela sua postagem, pois falou-nos dos gestos de afetos que enternecem o coração, toques que acalentam a alma! Meu marido morreu e não tem a foto com nosso filho, mas amo quando minha filha segura em minhas mãos para atravessarmos uma rua! Sinto seu cuidado para comigo e fico feliz. Foram histórias lindas. Será que continuaram? O pós pandemia está mudando as pessoas numa velocidade alarmante. tenho preocupação! Grande abraço, Ana!
ResponderExcluirQuem viveu a pandemia não vai esquecer nunca. Mas coisas bonitas aconteceram naquele período.
ResponderExcluirEste projeto é muito válido e sim, há resistência ao toque principalmente entre homens, mas se na família houver incentivo desde a infância, os abraços, os toques, ficam mais naturais e espontâneos. Beijos nas bochechas! :-)
Oi Ana
ResponderExcluirInteressante que lendo seu texto veio-me o pensamento - uma pandemia que nos levou tantos queridos,
também trouxe tanto aprendizado , tanta afetividade ,como o das mãos dadas. e muitos outros naqueles
dias de medo e silêncio nas cidades e nos nosso lares. E dar as mãos traduz tudo que tão bem soubestes
entregar nesse seu lado lindo _'de fora do coração ' que num gesto das mãos, enlaça-nos.
Obrigada pelo carinho e acolhida. , deixo um abraço desejando boa semana.
(Estive no site do fotógrafo Valery e gostei muito .)
Que lindo Ana.
ResponderExcluirAcho que vi essas fotos que alguém compartilhou no Instagram.
Mas não parei para ler o contexto delas.
Lindo o trabalho e a sensibilidade deste fotógrafo.
Eu estou participando de um "Laboratório de escrita", com um grupo, de forma on-line. Um dos exercícios de escrita foi escrever sobre uma fotografia.
Eu escrevi sobre uma fotografia da minha irmã. Ela falando sobre uma foto de quando era criança.
Eu percebi isso que você escreveu no seu texto: A fotografia gera memória, história e saudade.
Eu quero me organizar para revelar fotos do meu celular, para não perdê-las.
Abraço pra você.
Estimada Ana Paula, agradeço os ótimos momentos de leitura.
ResponderExcluirO tema é muito interessante, tocante e de grande humanidade.
A que ponto chegam os hábitos! Pai e filho abraçam-se, afagam
os ombros, mas deixaram o hábito de dar as mãos na infância!
Aplaudo também, o seu excelente processo narrativo
e a escrita impecável.
Um beijo afetuoso.
~~~~
Amei seu texto, tão sensível que nos emociona. Sua escrita atraí pela leveza e afetos que coloca. Muito interessante tudo que menciona deste período que vivenciamos e, que apesar de, nos deixou bons legados humanos.
ResponderExcluirDeixo aqui o link da minha atual postagem. Boa noite. Norma
https://pensandoemfamilia.com.br/cronica/inverosimel/
Aninha, que partilha preciosa. Fiquei com os olhos marejados e o coração apertado com essa pergunta inicial: quando foi a última vez que seguramos as mãos dos nossos pais? Tão simples, tão profundo. A história do Valery me tocou como poucas, esse gesto silencioso de entrelaçar mãos que vira oração, reconciliação, eternidade em um clique. Vivemos numa época em que tiramos milhares de fotos, mas quantas realmente guardam alma? Obrigada por esse lembrete delicado de que registrar não é só apertar um botão, é preservar um sentimento. Já fiquei aqui querendo capturar mãos, olhares e silêncios antes que eles virem só lembrança. E mais ainda: com significado.
ResponderExcluirQue tua partilha se espalhe como perfume reencontrado.
Um beijo e um apertar de mãos no coração.
Do amigo
Daniel