sábado, 30 de novembro de 2013

Banca de jornal


Precisa comprar um guarda-chuva? Quer indicação de um local que venda?
Banca de jornal.
Isso se você estiver em São Paulo.

Uma nova lei aprovada pela prefeitura, aumentou a variedade de itens que poderão ser comercializados nas bancas de jornais da capital e entre eles, o guarda-chuva.
Enquanto eu lia sobre as novas regras para as bancas, fui sendo transportada pela minha memória para a banca da minha infância.
Pequena. Porém, o proprietário era ninguém menos do que um Rei Momo do carnaval, daqueles tempos em que os rei momos eram imensos. Nem sei como ele cabia ali dentro.
Havia poucos itens. A revista Manchete, sempre exposta, os jornais empilhados, gibis e do que eu mais me lembro eram das revistinhas de bonecas de papel e roupas para recortar.


Ah! Como eu brinquei de vestir estas bonequinhas! As bonecas, num papelão mais duro, eu não conseguia recortar. Minha mãe o fazia e depois eu recortava os vestidos, saias, blusas.

Não me lembro quando, mas as bancas foram ficando enormes. Nem tanto no tamanho, mas na quantidade de revistas, jornais e miudezas. Perderam muito das vendas para os grandes mercados e por esse motivo agora poderão incrementar as vendas, incluindo aí o guarda-chuva.

Já mantive amizades longas com jornaleiros que guardavam o jornal de domingo, que acaba rapidamente, ou guardavam pacotes de figurinhas.

Luís Fellipe, do Cronicalize, escreveu uma deliciosa crônica, que vale ser lida ( clique aqui ) sobre uma banca, onde seu dono, exausto de dar informações sobre endereços, resolveu cobrar pela ajudinha.
E não é que agora estão estudando a possibilidade das bancas venderem informações turísticas?

Sabe o que também tem nas bancas de São Paulo? Corrupção.
Venda de talões de zona azul, para estacionar o carro nas ruas, fornecidos pela Companhia de Engenharia de Tráfego - CET, dizem que as bancas estão devendo um milhão de reais... Não se preocupe: a polícia investiga o caso ( adoro esta frase! ).

O que tem de diferente na banca de jornal aí da tua cidade? Conta pra gente!

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Habitacional


Esta é a Edith, minha amiga.
Ela mora na grama aqui de casa.



Esta, não sei o nome.
Mora na casa vizinha.

Nossa! Preciso urgentemente inscrever a Edith no programa Minha Casa Minha Vida.

Amargo e doce

Tive um cachorro xereta quando criança igualzinho a este.
Achava intrigante o fato de terem feito o brinquedo com a cabeça no chão.
Bom, eu não tinha cachorro naquela época e não sabia que era exatamente assim que fazem quando estão andando na rua, por exemplo.

Agora que tenho um xereta em carne, osso e pelos é que entendo a originalidade do brinquedo.
É só sair com ele na rua que se põe nesta exata posição e como diz a Chica, vai se enfronhando de tudo!
Não é preciso ser um grande conhecedor da psicologia canina para logo saber que o mundo é percebido pelo cheirar.

Em um desses momentos cheira-cheira, meu cachorro parou em uma árvore e ali ficou.

Foi quando apareceu uma senhora na janela da casa e nos soltou palavrões do mais alto escalão. Que eu não deveria sair com cachorros, ficasse com ele dentro de casa e que estava sujando a calçada dela ( será que ela desconhece o verdadeiro nome para calçada - passeio público? ).
Olhando para ela que não parava de gritar, vi que de nada adiantaria qualquer resposta ou qualquer ataque; dizer que o cãozinho só estava ali cheirando, exercitando seu olfato, seria pior. Só fiz tirar do bolso um saquinho e acenar com ele.
Claro que é desagradável as pessoas que "esquecem" de recolher a sujeira do cachorro. Mas será que tanta amargura assim é necessário?



E num dia desses de mercado cheio, ou melhor, lotado, com filas enormes, clientes que brigam com a operadora do caixa; operadora com pouca paciência, troco que falta, cartão que não passa, um senhor à minha frente embalava apressado a sua compra e quando percebi ele havia deixado uma embalagem com mortadela nas minhas compras.
Avisei-o e sorridente ele agradeceu.
Como o clima ali estava "pesado" fiz uma brincadeira, falando:
"Olha, eu bem que estou com vontade de comer mortadela, mas seria injusto eu ficar com a sua. Já pensou ter que voltar e encarar toda essa fila novamente?!"

Assim que a moça do caixa passou sua embalagem pelo leitor e o mesmo apitou, o senhor interrompeu sua arrumação das compras, abriu a embalagem e me ofereceu a mortadela.
Corei. Não queria aceitar, ele insistiu. Peguei uma fatia; a operadora do caixa, outra. Ele sorriu novamente.
Fomos para casa adocicados.
Porque tem doçura também nos salgados!

sábado, 23 de novembro de 2013

Nós Maiores




Foi ainda criança que conheci outros tipos de cumprimento além dos beijos, abraços, apertos de mão.
A inclinação japonesa demostrando dentre tantas coisas, o respeito. O “namastê” dos indianos, com as mãos unidas e postas no centro do tórax, significando “o Deus que habita em meu coração saúda o Deus que habita em seu coração”.

Somos 7 bilhões. Somos todos um.
E é nessa diversidade de cores de pele, religiões, crenças, costumes que nos lançamos nesta viagem chamada Vida em busca de respeito, de significado, de felicidade.

Nesta imensidão chamada de Planeta Terra são tantas as possibilidades!
Faço um convite junto com Tina, que hoje também espalha o mesmo tema, para assistir a um trailler de apenas três minutos e se você gostar, reserve aí no seu final de semana um tempo para uma sessão de cinema (uma hora e meia) e desfrute de muita reflexão, filosofia e poesia!


sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Depois da britadeira...

Vieram as betoneiras.


Não se enganem com a aparente imobilidade da foto.
Elas, as betoneiras, precisam ficar em movimento.
E tem um "modo" turbina. Indescritível!

Sempre fica uma delas parada onde, onde?
Lá em casa!


Justamente a que fica em frente à nossa casa é que precisa acionar o modo turbina!
Calma, calma. Há uma previsão de término: às 22h.
Marido perguntou se é às 22h do último andar do prédio.
Valha-me! Que estou tão atordoada com tanto barulho que nem pensei nesta possibilidade.


"Seu Obama, Seu Obama, olha a espionagem."





quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Acordar escrever britadeira brigadeiro

Uma fresta da janela se ilumina. A mais alta. Mesmo dormindo, não sei bem como, mas percebo.
É como se fosse um carinho da manhã a me despertar com um sussurro.
Mais ou menos, à metade da janela ensolarada, desperto.
Espreguiço demoradamente, inspiro profundamente algumas vezes, tendo a sinfonia de pássaros como música de fundo.
Massageio meus pés e só depois saio da cama roçando a camisola longa de seda pelo chão.
Café preto muito quente completa meu despertar.
Troco de roupa, coloco sapatos confortáveis porém com salto. Gosto de ouvir o salto batendo no assoalho.
Dirijo-me até a edícula.
Abro as janelas e antes de puxar as cortinas deixo-as esvoarem com a leve brisa.
Sento-me e pouso minha mão na folha em branco enquanto a outra pega o lápis. A ponta negra tão bem afiada toca a folha ao mesmo tempo em que o sol produz um brilho incrível em toso o lápis.
Começo a escrever. Assim sigo em meu dia, em minha rotina.

Ah! Ainda bem que você não acreditou em nada disso, né?
Isso descrito aí em cima é um sonho. Um sonho onírico e também no sentido de sonhar e desejar que um dia seja assim. 
Porque hoje acordei foi com uma britadeira na porta de casa e pensei que fosse algum pesadelo, alguma confusão que eu estava fazendo com a obra ali do lado da praça, mas não. Era exatamente na minha porta.




Lembram que pintaram uma seta amarela em frente do meu portão. Faz tanto tempo que nem estava conseguindo achar aqui no blog. Foi em maio, clica aqui para ler.
Pois bem, eles, da companhia de água, chegaram isolando a rua, ligando a britadeira e dizendo que há um vazamento, por isso a seta amarela, que pode até comprometer a estrutura da casa.
Nossa, ainda bem que eles vieram rápido. Demoraram só alguns meses...

Às vezes eu sinto que tenho incubado em mim um livro de umas 660 páginas. Mas como escrever na tranquilidade das manhãs ao som de uma britadeira?

Vou aproveitar que o corretor ortográfico não aceita que eu escreva britadeira e sugere substituir por brigadeiro e vou fazer uma panela enorme e comer tudo que é pra deixar a panela limpa pois vamos ficar sem água novamente.




terça-feira, 19 de novembro de 2013

Divagações de uma praça


Oi.
Eu sou a praça.
Isso mesmo que você leu: a praça.
Sou a praça que fica bem em frente à casa da dona deste blog.
Preciso desabafar porque estou com medo e dizem que quando temos medo faz bem falar sobre ele.
Do que eu tenho medo?
Tenho medo da sombra, do escuro que começa a me tomar e não é de nenhuma nuvem. Nuvem escura, nós, as praças, gostamos muito. Chuva que nos nutre. Mesmo as tempestades com suas nuvens muito escuras, ventos que por vezes arrancam uma de nossas árvores, também não temos medo. Sabemos dos ciclos.
Essa sombra a que me refiro, é de concreto.
Ergue-se num ritmo assombroso uma enorme construção.

Ouvi dois senhores, que sempre se encontram aqui na sombra que as copas fazem para conversar, dizerem que será um imenso edifício.
Antes, o vento soprava, assoviando livre antecedendo o sol que nasceria em poucos minutos. Acordava os galhos das árvores, a passarinhada, as formigas, lagartas, assanhava as minhocas.
Ele chega agora ressabiado; remexe somente as folhas mais altas e já não brinca com os dente-de-leão tão rasteiros. Vai embora apressado. Comentou lá num ninho alto que tem medo dos homens de vermelho que trabalham quase encostados aqui em mim.

Talvez seja somente um receio passageiro. Já me disseram que quando estiver erguida a torre gigante, as árvores daqui roçarão janelas e poderão ver bebês sorrindo em seus bercinhos ou pessoas sorrindo ao tomarem um café juntas e logo o vento voltará como antes.

Estou me esforçando para pensar desta maneira, porém não é nada fácil para uma praça que tinha uma amplidão para enxergar.

Outro dia, era um domingo, veio uma moça sentar-se aqui para ler seu jornal. Fiquei tão feliz pois teria companhia por um bocado de tempo. Mas a moça leu o jornal muito rápido e me confessou: jornal de domingo, só no primeiro caderno tem 12 páginas com publicidade de empreendimentos imobiliários.
Fiquei a imaginar que deve haver outras praças na mesma situação que eu.

Também fiquei com vontade de conhecer um país, do qual não me lembro o nome. É que um casal conversava aqui enquanto observava a construção e contava que neste país, onde as pessoas têm olhos que se parecem luas minguantes, tão lindos, tão delicados, tem um tal de feng shui, que não sei se é uma pessoa, uma lei, um jeito de pensar e construir ( o barulho da obra me atrapalhou de ouvir ) e esse feng shui jamais permitiria que se construísse um prédio encostado numa praça. Explicaram que seria harmônico que o prédio ficasse no meio do terreno e assim ele, o prédio, poderia admirar a praça e a praça, no caso eu, poderia também contemplar o edifício.
A moça também falou algo que me amedrontou ainda mais: "Capaz das pessoas abrirem as janelas e quebrarem os galhos com as próprias mãos".
O moço já acha que não haverá janelas para o meu lado. Só uma fria e imensa parede. E completou dizendo que são os negócios gananciosos que fazem isto.

O jeito é esperar. E uma das minhas maiores virtudes é a paciência.
Pacientemente suporto períodos de seca, aguardo a floração, o ovo ser quebrado dentro do ninho e depois o bichinho criar penas.

Bem, obrigada por me ouvir.
Um sopro.
Assinado: a praça





segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Meia lua


Debruço-me bem ali
na mais tênue linha fronteiriça 
entre o brilho vivaz do teu olhar
e o secreto mundo dos teus sonhos

Houve um tempo
No tempo em que arqueada 
segurava tuas mãos 
a conduzir os passos ainda cambaleantes,
que teus olhos cerrados
eram simplesmente repouso

Debruçada na meia lua
misteriosa guardiã dos sonhos, dos teus anseios,
suspiro
sem tocar, sem falar, sem intervir

Chegou o tempo de tão somente contemplar
teus sonhos, tão seus
agora são eles que conduzirão teus passos

Pode ser que me decepcione, me machuque
Alegria, sorrisos, também podem ser

Cultivei o meu melhor
Talvez seja abundante talvez insuficiente

Chegou o tempo
em que o mundo vai te solicitando 
para que cada vez o orbite
com teus olhos pousados na meia lua das possibilidades
Alegrando ou decepcionando
não se retém uma órbita em ciclo.


domingo, 17 de novembro de 2013

Bom pra cachorro

Sabe no feriado, quando você tira aquele cochilo bem no meio da tarde e fica até de boca aberta?
É bom pra cachorro, né?!


E cachorro adora ganhar presente. Ainda mais embrulhado em papel de presente cheio de bolinhas.


Presente bom é aquele que se usa. E também se mostra pra todo mundo que gostou!


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Sem pressa

Tem dia que nem feriado é.
Aproveitar a vida é a qualquer momento!
Antecipando feriado... também vale!








terça-feira, 12 de novembro de 2013

Medicalização da Educação e da Vida

11 de Novembro - Dia dedicado à luta contra a Medicalização da Educação e da Vida.

Soube somente hoje da existência desta data para São Paulo, que foi sancionada pela lei 15.554/2012 de autoria do vereador Eliseu Gabriel.

O ritmo vertiginoso de diagnósticos para comportamentos que antes eram características de personalidade apenas, embuti algo suspeito. E datas como esta para que se reflita, questione é de enorme importância.

Para se ter uma ideia, em 2005 foram pesquisados em alguns municípios quantos comprimidos da chamada "droga da obediência" foram vendidos - 40.000 comprimidos.
Nos mesmos municípios, em 2012 o levantamento apontava para 1.400.000 comprimidos.

Rosely Sayão escreveu hoje na Folha um excelente texto entitulado Menino Maluquinho.
Para ler clique aqui.

Um alerta, um convite à reflexão ao que está sendo difundido: nossas crianças estão deixando de ser crianças saudáveis, arteiras, sapecas, para se tornarem crianças portadoras de síndromes, transtornos, crianças doentes que precisam de medicação.

Deixo também um convite, especialmente aos pais de filhos pequenos e educadores para assistirem a este vídeo com duração de 25 min sobre os excessos que estão acontecendo nas escolas.

Pandora, nossa menina-educadora-blogueira que celebra 10 anos de educadora, parabéns pela sua escolha e dedicação!



segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Grito preso

O que pode fazer um grito preso?
Várias, muitas coisas.
Em mim, um grito preso já me fez chorar por vários dias seguidos.
Doutra feita, fez o grito preso fez um nó na minha garganta e comida não descia. Eita grito bom que me fez emagrecer; agora que seria útil um desses, não me aparece!
Num menino de 10 anos, torcedor de um time de futebol, digamos assim, que está por um grito para ser campeão, o grito preso foi para os pés.



Tão feliz que estava o menino no anoitecer do domingo, mas com o grito preso, chutou, driblou, caiu, levantou, tudo isso sozinho, ele e a bola. E quanto o grito preso foi para os pés, o menino deu um chute tão forte...


... mas tão forte, que estourou o cano de água.

De repente, tínhamos um chafariz na nossa própria casa e eu que já não sofro de grito preso fui gritando para fechar o registro e como nós não temos aqueles seguros que aparecem na televisão que é só ligar e vem um consertador, saímos em busca de um encanador, que após quebrar, torcer, falar baixinho algumas palavras mágicas me disse que tudo estava pronto. Agora era só ligar para a companhia de água e solicitar o conserto deles, porque naquela parte que tem o lacre ele não pode mexer.
Tive sim um grito preso naquele exato momento que nem me fez chorar nem ficar sem apetite.
Liguei para a companhia e fui tão bem atendida pela funcionária Hortência que se solidarizou com uma mãe com dois filhos sem água em casa ( se ela visse a cor que predomina nos pés do meu filho, viria ela mesma fazer o reparo ). 48hs é o prazo.
Como não temos mais lata d'água na cabeça, lá vai Maria, lá vai Maria... ficarei bem paciente aqui esperando.

Ontem no momento da explosão de alegria, digo, explosão do cano, nem  percebi um detalhe muito importante que pode explicar porque a bola foi justamente ali, naquele lugar.



O cano é azul. Tanto o menino vibrou com a torcida celeste de seu time, que ao ver o cano, sei lá, pensou que estivesse lá e soltou o grito!

Nessas horas fico grata pela tecnologia não ser tão avançada.
Exalasse cheiro das telas de computadores, tablets e afins, não seria cheiro de sabonete de rico que vocês sentiriam!

Momento confissão: quem aí já quebrou a vidraça da vizinha jogando bola hein?

sábado, 9 de novembro de 2013

Flores da memória

Não eram flores a celebrar alguma felicidade.
Não foram lançadas para embelezar os passos pelos caminhos.
A mulher, não mais jovem, ainda não velha, esqueceu-se por um dia de varrer a escadaria.
Vizinhos notaram a ausência do ruído ritmado da piaçava no concreto.
Teria saído para uma consulta médica? Uma gripe a deixara acamada?
Foi só amanhecer e logo o montículo de flores amarelas já estava, como de costume, dentro da caixa de papelão, trazida do mercado. Ninguém lembrou-se de fazer qualquer pergunta.
Aos poucos, a caixa de papelão não apareceu.
Acúmulo de dois, três dias. Semanas.
Foram as flores na escadaria que trouxeram a resposta.
Queremos apenas adornar a memória, os sonhos, as lembranças da mulher. Eles a aprisionaram dentro da casa. Prisioneira dentro de si, talvez com lembranças esmaecidas, esquecidas feito flores na escadaria da própria casa.



sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Escolas e árvores

Porque toda escola deveria ter uma jabuticabeira.







O sinal bate ( na verdade é uma música suave que toca ).
São 18h30 de uma sexta-feira.
Mas no caminho tem amigos, horário de verão e jabuticabeira.
Ninguém quer ir embora da escola.
Nem os alunos e nem os pais!
Escolhe aqui, estica o braço acolá.
E quando se dá conta já são oito horas da noite!




quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Livros achados

Começa amanhã a 7 edição do BookCrossing Blogueiro.


Conhece? Já participou?
Escolhemos um livro e o deixamos em algum lugar para que alguém o encontre.
Um bilhetinho explicando a ideia de que o livro não foi perdido e está ali para estimular a leitura, que quem o encontrou poderá, após ler, fazer o mesmo é mais uma forma de estímulo.

A Luma entusiasta contagiante do BookCrossing disponibiliza banners para você espalhar esta ideia pelo seu blog, disponibiliza o espaço para divulgarmos a nossa participação e assim ficamos conhecendo outros blogueiros que participam com suas histórias de dar asas aos livros.

Antecipei-me à data e já explico o porquê.

Eu escolhi libertar o meu livro Crônicas Gris.


Queria deixá-lo para que fosse enviado dentro de uma cesta básica.




Então aproveitei uma ida a São Paulo para deixá-lo dentro da enorme cesta que fica na Livraria da Vila, que junto com a Cesta Nobre idealiza este projeto para levar livros às pessoas que tem acesso restrito a eles.

Espero que quem receber, goste da leitura das minhas crônicas!

E este ano tem novidade no Bookcrossing:


Na mesma data, de 8 a 16 de novembro, teremos o BookCrossing Kids que está sendo organizado pela Trícia.
Vamos ensinar nossas crianças a doarem, a estimular a leitura para outras crianças.
Este nós ainda vamos participar. Estou só esperando parar de chover por aqui. As crianças sugeriram que deixemos o livro infantil num parque. Só que com chuva não atem crianças!

Vai participar também?

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Quanto custa ser rico?

Quanto custa ser rico?
Sabe que nem é tão caro não?


Era um dia em que a rotina havia tirado folga.
Desprovidos de horários a cumprir, fomos comprar pão para o café da tarde. E descompromissados, resolvemos passar por corredores do mercado que não nos é habitual, ou na correria, nunca temos tempo para eles!
Ziguezagueando, entramos no corredor dos produtos de higiene pessoal.
Uma moça, sentada em um banquinho, organizava um a um as pilhas de sabonetes. Cuidadosamente.

Ao vê-la disse para as crianças: "Ah! Esse deve ser o trabalho mais gostoso do mercado. Até as mãos ficam perfumadas".
Pronunciava a frase enquanto andava e já estava no corredor principal quando meu filho emendou sua frase à minha.
"É o melhor trabalho mesmo. Ela trabalha com sabonete de rico."

"Sabonete de rico? Onde isso? Neste mercado não tem sabonete de rico."

"Mãe eu já tenho quase onze anos e sempre usei sabonete Johnson ou da Turma da Mônica. Meu sonho é usar sabonete de rico, aquele ali ó".

Sabonete de rico?
Rica poderia estar eu que durante onze anos paguei três vezes mais nos sabonetes para bebês para proteger-lhe a cútis. Para manter-lhe a emoliência, o viço de uma pele de seda, de pétala, de pêssego, de passarinho, sei lá o que mais.
Ainda bem que sou desprovida de uma mente matemática dessas que fazem cálculos de cabeça, porque se eu soubesse quanto teria economizado se nestes onzes anos banhasse meu rebento com sabonete de rico, talvez fosse pior.

Tentando disfarçar o ligeiro tremor que me percorria o corpo, abri a bolsa, tirei uma nota de dez reais e disse com voz de pele aveludada. 
"Querido, escolha a vontade os seus sabonetes de rico que eu vou pegar o pão e te espero lá na saída".

Não demorou muito e ele surgiu segurando numa das mãos, a sacola com os sabonetes; na outra o troco que me entregou sorridente.

Durante dez barras de sabonete ele estará rico, depois...
Bem, depois, ainda tenho um pacote com duas dúzias de Jonhson bebê para ser usado.


sábado, 2 de novembro de 2013

Brisas


Duas meninas. Crianças meninas.
A de cabelo feito rio em placidez, sem qualquer sopro para agitar-lhe as águas, de beleza mansa, era também rica.
A beleza da outra não era feito rio alargado que se mostrava resplandecente no dourado do amanhecer ou no pratear azulado da cheia lua. Seus cabelos carregavam ninhos de passarinhos, enrodilhados, desgrenhados, o vento fazia gosto em lhe soprar até folhas. Olhando apurado, tinha beleza. Feito sol e lua, uma rica outra pobre nos antagonismos da Terra.
Sobre o chão que todos pisam, encontraram-se e brotou amizade.
Menina-cabelos-macios sempre estava a brincar na casa-casebre da amiga.
Difícil entender isso. Não havia nada ali a oferecer-lhe. Não havia o tapete, o televisor em cores, a cozinha com armários até o teto e a longa escadaria que conduzia ao andar de cima com macias camas e travesseiros.
Gostava de ali ficar, ouvir a chuva batendo forte nas telhas de zinco.
Também gostava da comida da dona da casa. Era comida esticada, como dona Jandira dizia.
Numa manhã agitada, quando Jandira fritava suas coxinhas para esticar o dinheiro do mês, menina-cabelos-macios pediu-lhe para ficar para o almoço.
Na correria atrapalhou-se Jandira na ordem do preparo e já tinha botado a fritar as coxinhas da freguesa que logo chegaria.
Não podendo jogar fora o óleo em uso, tirou as coxinhas e botou as batatinhas.
Saíram todas pintadinhas.
Menina-cabelos-macios nunca havia se alimentado de tão deliciosa batatinha. Sua mãe nunca sabia como pintar batatinhas. Jandira guardara segredo.


A brisa que hoje se enroscou no cabelo da menina-ninho soprou-lhe o recordar de sua Jandira que a morte deitou sob a terra.
O sopro trouxe também, no grande leito acastanhado de um plácido rio, os contornos da amiga de cabelos de seda, que a morte também a levou. Passeiam sobre a terra porque há muitos jeitos de morrer.



sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Visitantes

Deixaram as montanhas das Minas Gerais e estão a nos visitar, o casalzinho Sebastiana e Antônio!
Aproveitam também para cuidar da audição.
Temos ficado a maior parte do tempo com eles.
Entre conversas, choros, risos, alguns momentos


Seu Antônio
"Paula como é mesmo o nome daquele mercado lá na frente?
Extra, respondo.
Não, não, aquele outro lá pra diante.
Roldão.
Esse mesmo. Fui lá com o Fábio. Eita que fiquei impressionado com aquele tratorzinho que coloca aqueles pacotão de produto lá em cima e desce outros lá daquela altura. Olha que nós temo máquina grande lá na roça, mas ficar olhando um tratorzinho trabalhar assim naqueles corredor estreito, é uma belezura.
Ô Paula, ele ficou olhando tanto pro tratorzinho do mercado que esqueceu de comprar os doces que eu pedi que é pra dar para as crianças ( crianças no caso é ela mesma! ) - dona Sebastiana.

Sebastiana.
"Ah já falei que tô no finalzinho da vida...
Então mamãe, disse marido, vamos largar mão de ficar correndo atrás de aparelhinho pro ouvido, remédio pra perna, deixa pra lá, né?
Não filho. Vamo atrás sim que eu vou pedir pra Deus pra ficar mais bocadinho por aqui!"

Seu Antônio na consulta com o otorrino.
"Então seu Antônio, o aparelho para o ouvido vai ficar em doze mil e trezentos reais. É o mais moderno que existe. O senhor vai escutar até passo de formiga.
Quando ele se deu conta do preço, tratou de fazer as contas na frente do médico de quantos sacos de café teria que vender, mais os de milho e ainda dispor de algumas bezerrras.
Sabe doutor, só com essa limpeza que o senhor fez eu já melhorei. Acho que não vou precisar de aparelhinho moderno não. "


Assim que possível, coloco as minhas visitas aos blogs em dia! Vou prosear mais um pouquinho com eles!
Beijo