quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O amolador de facas

Deve existir em algum lugar deste nosso mundo um museu dedicado às profissões extintas ou quase. Ainda não visitei esse museu; a bem da verdade eu não sei onde ele se localiza então tenho a pretensão de fazer deste texto um pequenino museu para abrigar o "amolador de facas".
Será preciso um áudio para que todos escutem a melodia que antecede a chegada desse artesão das lâminas. Não sei dizer quantas notas, compassos e pausas se fazem necessários para o tempo entre abrirmos gavetas e levarmos os objetos até ele.
Para muitos que visitarem este texto-museu, o silvo estridente produzido por um pequeno apito a imitar uma flauta de Pan, fará despertar a memória da infância. Não se sabe se alguém nos ensinou, ou se interrompemos alguma brincadeira de rua, alguma travessura hipnotizados pela música. Os que ainda são crianças poderão se valer do som saído de algum tocador digital, ou quem sabe ao ouvirem o som, olhem pela janela e lá estará ele!


Faz-se muito necessário um texto-museu pois em tempos que as profissões são extintas silenciosamente,
a figura deste homem ( terá mulheres representantes desta profissão? ) foi substituída por máquinas caseiras. Faça uma busca no gigantesco museu chamado Google digitando amolador de facas e constate como é difícil encontrar uma imagem humana em meio a tantas máquinas...
Eu pude criar este texto-museu depois de ter sido surpreendida pelo Seu José Nilton e o seu dom de reavivar tesouras e facas numa engenhoca aparentada da bicicleta.
Ele foi rápido, não houve tempo para eu lhe perguntar quem lhe ensinou a profissão, ou mesmo se na infância dele havia o amolador e se também havia uma tia que lhe punha medo dizendo "Cuidado, lá vem o amolador e ele leva criancinhas".
Soube também que num passado o mesmo amolador também consertava varetas de guarda-chuvas que hoje vão diretamente para o lixo.
O amolador de facas que anunciou sua chegada com o som do apito, disse-me que daqui a dois meses andará novamente por essas bandas.
Deixarei meus ouvidos atentos e quem sabe consiga além de uma tesoura amolada, um dedinho de prosa!



12 comentários:

  1. Que delícia!!! Eu me lembro muito bem dele. Tinha medo também, minha mãe dizia que se não deixássemos que ela cortasse nossas unhas, pediria para o amolador de facas cortá-las... Uiiii!KKKK...
    Adorei a lembrança.
    Bjs

    ResponderExcluir
  2. Que bom encontrar essa figurinha,né? Aqui ele ainda passa e dia desses gravei o som, postei em algum lugar, ne,m lembro.Adoro! Pra mim tem som de sábados pela manhã!rs Ele chega toda semana! Lindo reviver contigo esses momentos e realmente nunca vi mulher nessa profissão! bjs, chica

    ResponderExcluir
  3. Adorava ouvir eles ou ele (será que era sempre o mesmo?) vindo e qd ñ tinha o que levar (de lá de casa ou de alguma vizinha) ia só ver passar.
    Poucas coisas precisavam ser levadas, pois meu pai, mãe e avó sempre amolaram as facas numa pedra de amolar que ficava na pia da cozinha.
    As tesouras iam para o esmeril. Roda de lixa que gira velox ao ligar na tomada e no botão e a cada encostar delas faíscas e barulhinho que ouço só de falar.
    Amei o post e o tema, por lá já esteve que eu me lembre a profissão de quem concertava cadeiras, lembra ?

    ResponderExcluir
  4. Voce lembrou bem, as profissões somem misteriosamente _ e fazem falta! a gente não sabe onde amolar as facas, as tesouras... rs
    Um texto a nos fazer pesquisar sobre os tais amoladores, tem também as costureiras as lavadeiras e outras tantas.
    Gostei Ana

    ResponderExcluir
  5. Olá, queria Ana Paula
    Não me lembro de ter visto um amolador... 'no meu tempo' era mesmo no mármore que tias faziam...
    Agora, me lembro do velho do saco (nas cosas) que levava criança desobediente... rs...
    Bjm fraterno

    ResponderExcluir
  6. Oi Ana Paula, nem sei mais quanto tempo faz que não vejo um amolador de facas…mas me lembro do apito dele da minha infância, tinha um que passava na minha rua de vez em quando. Acho que algumas profissões irão mesmo desaparecer, uma pena…
    Bjs

    ResponderExcluir
  7. Não sei se por causa das ladeiras e morros do meu bairro eles por aqui não passam. Ficam agora estacionados nas galerias de shopping populares. Quanto ao museu nós aqui em Belo Horizonte temos o museu de arte e ofício. Na sua coleção, encontramos representados os mais variados ofícios do homem brasileiro. São ferramentas, utensílios, máquinas e equipamentos diversos que nos conduzem ao universo do trabalho ali referenciado. Venha visitá-lo, você vai amar.

    ResponderExcluir
  8. Cá também estão em extinção e são chamados de "Amola tesouras e navalhas"!

    Beijos.

    ResponderExcluir
  9. Ai, Ana Paula, é uma delícia ver que algumas coisas ainda perduram por este Brasil e não é só no interior não, aqui mesmo no Rio ainda tem alguns que herdaram dos pais ou avós a máquina e aprenderam o ofício.
    É bem interessante mesmo e você fez um lindo post, adorei!
    Fiz também, alguns em 2008 sobre este tema e de profissões antigas, se quiser conferir e ver o videozinho que fiz, dá uma olhada no link abaixo:
    http://supremamaegaia.blogspot.com.br/2008/09/cara-do-rio.html

    beijinhos cariocas


    ResponderExcluir
  10. Vc tem o olhar lírico, chave bendita para os tempos ressoantes da memória afetiva, Ana.
    A figura do amolador tem sido tão rara, mas ao mesmo tempo presente nos sons que a despertam.
    As profissões antigas jamais perderão o charme que tinham, mesmo que hoje nos escapem das vistas.
    Teu texto nos transporta, menina.
    Bjkas,
    Calu

    ResponderExcluir
  11. Na minha cidade ainda existe um senhor que faz isso!

    (Adorei o vídeo! Chorei de emoção! Lindo, lindo, lindo!)

    Beijinhos

    ResponderExcluir