Inusitado

Até agora estou rindo do que eu fiz ontem. Depois de chorar também.
Ontem foi o último dia de férias das crianças. As férias transcorreram tranquilas, viagem para a fazenda dos avós, casa dos primos, sem horários rígidos, mas aconteceu que no último dia acordaram tristes e chorosos.
"É o último dia, amanhã começa a escola. Vamos sair, vamos dar um passeio? "
Eu não estava programada para isso. E o tempo atmosférico também não, pois havia a combinação de frio com chuva.
Vendo o estado aflito das crianças, achei melhor mesmo dar uma saidinha. Mas para onde? Fazer o quê nesta chuva?
A única ideia que me ocorreu foi uma exposição fotográfica, os melhores fotógrafos lusófonos de 2012.
Agradou a ideia e partimos entre casacos e guarda-chuvas rumo à capital.
Demorou, é claro, mas chegamos.
Dirigi-me ao local que eu "achava"que era e fui muito bem atendida:
"Não minha senhora, não é aqui - a senhora segue reto, vira à esquerda e depois a primeira à direita".
"Agradecida".
Lá chegando, comprei os ingressos e o pessoal muito solícito foi me indicando o melhor trajeto. Comece aqui pelo andar térreo e depois vá à exposição no quarto andar.
O andar térreo era o Museu da Resistência.
Memória dos nossos tristes anos de ditadura.
Acho realmente que é importante as crianças saberem desse passado horroso, mas não precisava ser no último dia das férias...

Não há como não se emocionar num lugar desses. 

Ouvimos relatos gravados de quem esteve e viveu lá.

Choramos todos.

As crianças tinham lido um livro que fala de uma menina que acordou com seu pai sumido, subtraído da vida pela ditadura. Felizmente a história tem um final feliz.

Não foi assim para todos.

E depois fomos às fotografias propriamente ditas.

Bernardo também aproveitou para fotografar sua paixão: trilhos e trens!

Realmente não era minha intenção levar crianças tristes a uma carceragem. Eu não sabia.

Sair assim a esmo, tem dessas coisas.