quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O pai da árvore


Corre- corre no centro obstétrico. Era preciso pensar em cada detalhe. Rápido, tudo era urgente.
Assim que chegou o médico, perguntas precisas foram feitas: devemos mandar preparar a UTI Neonatal? Avisamos o banco de sangue?
A resposta veio imediata: uma sonora gargalhada.
Pronto, aquela sonoridade dissipou toda a nossa apreensão.
A única coisa que é urgente, do grau mais alto das urgências, é que vocês arrumem uma caixa de isopor para o pai levar a placenta” - disse-nos o médico brincalhão. “O voo do pai sairá daqui a pouco”.
Foi um parto tranquilo coroado com o choro forte da menininha de pouco cabelo.
Algumas fotos, a placenta na caixa de isopor como o recomendado e antes mesmo da cirurgia terminar, ele, o pai, já havia se despedido com a caixa em mãos.
Depois ficamos sabendo de apenas um pedacinho desta história.
Ele, australiano. Ela, brasileira fazendo um intercâmbio. A gravidez não planejada. E sua despedida rápida e intensa carregando a placenta que nutriu a filha para ser enterrada debaixo de uma árvore, segundo tradição de seu país.
Passado a correria, passado uma dezena de anos, lembrei-me desta história.
Oceanos de distância mesmo com águas virtuais fáceis de navegar.
Um jovem pai carrega consigo um símbolo. Irá plantar este símbolo.
Será que a cada amanhecer vai olhar para a árvore, ouvir os pássaros e lembra-se daquela pequena de tão poucos cabelos?
Quando florir esta árvore, será que ele se lembrará dos primeiros passos da filha?
Nunca saberei o enredo desta história, mas acredito que o amor supera distâncias e que a cada primavera aquela criança esteja vicejante.


9 comentários:

  1. Oii Ana, que interessante essa história, não sabia desta tradição australiana de enterrar a placenta em baixo de uma árvore! Muito bom aprender mais! Bjoooosss

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Como nunca havia ouvido ou lido nada parecido lá fui eu pesquisar...

    " Na língua Gabbra a palavra placenta “aku” também significa parteira, pois são as duas que permitem a chegada do bebê ao plano terrestre.
    Em alguns países do ocidente a placenta é incinerada ou usada com adubo para uma árvore que ficará assim associada ao nascimento daquela criança.
    Em cerimônias religiosas da tradição celta conhecidas como a “bênção da criança” a placenta é enterrada como um ritual de batismo, onde é escolhido o nome da criança e é plantada uma árvore que será fertilizada pela placenta.
    Diferentes povos enterram a placenta pelos mais diversos motivos: os Maoris da Nova Zelândia enterram a placenta do recém-nascido no intuito de melhorar o relacionamento entre os humanos e a Mãe Natureza.
    No Sudão a placenta é considerada o espírito gêmeo da criança e acreditam que deve ser enterrada num local que represente as expectativas e esperanças dos pais em relação ao filho.
    Já no Hawaii a placenta é enterrada sob um árvore que se torna a árvore sagrada da criança, este lugar para ela será sempre um lugar de proteção, acalento e da conexão com a sua essência.”

    Obrigada Ana e Google por me ensinarem tudo isso :)

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  4. Que linda historia!
    Que linda imagem!

    Símbolos, tradições, cultura, tudo muito interessante!

    Aqui em Goiás e em varias regiões do Brasil é comum ouvir que “planta “ umbigos.
    Umbigo de menino enterrado no hospital fará dele um médico. Vc sabe se enterraram o seu no hospital Ana? rsrsrs
    Enterrar o umbigo junto ao fogão torna o filho desgarrando da mãe (Como assim?)rsrss!
    Umbigo de menina enterrado ao pé da roseira faz com que ela se torne bonita!

    Beijos!

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  5. Puxa, que coisa linda e inusitada.Tomara a árvore e menina estejam tri bem...beijos,chica

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  6. Que bonita história,Ana!Comovente final!Bjs e meu carinho,

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  7. Que linda história!!! Fiquei encantada!!! Fiquei emocionada!!!
    Acredito que sim, que cada vez que olhar a árvore e cada vez que ela florir, o pai se recordará do dia em que sua menina veio ao mundo, vai se lembrar dos olhos dela nos olhos dele, do seu desenvolvimento, seu caminhar...

    Adorei o post!!!

    Beijos!!!

    Lívia.

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  8. Que lindas culturas!! Não sabia nada sobre isso e agora sairei daqui cheia de informações.
    Obrigada Ana, obrigada Tina, vocês são uns amores!

    Beijos*

    Marcilane-Simples Inspirações.

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