Não havia uma faxina programada para o final de ano. São tantos afazeres e detalhes de última hora, que apenas uma limpeza básica aconteceria.
Há dois dias do Natal, eu tive uma dúvida ao olhar para o chão: será que meus olhos estão tão ruins assim, ou o piso está de uma cor diferente aqui desse lado?
Um frasco spray de produto de limpeza, uma esponja e um susto!
Sabe cascão? É isso - falei para marido. Nosso piso, apesar de de ser varrido e escovado está com cascão! Deixa passar esse final de ano que vou resolver isso.
Marido saiu e voltou com um frasco de produto de limpeza e disse muito bem disposto - é para já, me ajuda a puxar aqui e nem se preocupe, pode fazer tuas coisas.
Depois de muita suadeira - faxina pesada nesses dias mais quentes, não é nada fácil. E assim olhando para a estante, marido anunciou que não iria movê-la do lugar. "Dá muito trabalho, vai ter que tirar todos os livros".
Perguntei animada se minha filha ajudaria a organizar a estante e ela também se empolgou.
Mari Kondo, a guru da organização, ensina que de vez em quando precisamos tirar o pó dos livros e abri-los, folheando de maneira rápida para que eles "acordem".
Eu acho poético isso e assim o fiz para arejá-los. E nesse passa-pano, desliza as folhas pelo polegar ouvindo aquele som característico, eu encontrei um livro que nem sequer sabia que tinha.
Encontrei ou o livro acordou?!
Eu realmente não me lembrava nem de ter comprado o livro e nem do motivo que me fez querer esse livro.
E assim passado o Natal eu adentrei nessa leitura!
Ah! Que agradável o encontro com esse livro!
Delicado nas aquarelas e nos textos, em geral pequenos que acompanham cada ilustração.
Mas não é nem somente sobre os textos e sobre os desenhos. É o como tudo isso surgiu. Para mim esse é o encanto!
Chan e Marina nasceram em Seul na Coreia do Sul e se conheceram na faculdade numa exposição promovida onde alunos escreveriam um poema e outros escolheriam um poema para ilustrar.
E assim Marina quis conhecer quem fizera a ilustração do poema dela e... estão casados há 55 anos.
Vieram para o Brasil e aqui moraram por 36 anos trabalhando com confecção e venda de roupas.
Vovô Chan durante uns cinco anos levava e buscava os dois netos na escola. Um dia porém, a filha anunciou que voltaria para a Coreia.
Ele sentiu sua vida esvaziar-se. A saudade dos netos era imensa e a tristeza começou a fazer morada no Vovô Chan.
Nas voltas da vida, eles retornaram para a Coreia, outro neto nasceu lá em Nova York e quando foram conhecer o neto, o filho sugeriu " Pai, por que você não desenha para os seus netos? Assim eles saberão como são os avós. Você desenha e a mamãe escreve.
O filho criou uma conta no Instagram para eles ( vou deixar o link no final ) e assim eles começaram a publicar. O filho divulgou o perfil no facebook e assim começou a aparecer gente do mundo todo para ver aquelas aquarelas e pequenos textos que eram dirigidos aos netos.
Vovó Marina conta das dificuldades para eles mexerem com a tecnologia, mas que isso deu vida, novos ares para Chan e também para ela.
Eles trabalham em conjunto e estão sempre buscando inspiração.
São pessoas que começaram algo novo e desconhecido para eles por volta dos 70 anos de idade e é incrível vê-los fazendo dancinhas com o neto mais velho, ou somente os dois!
O perfil fez tanto sucesso, sem que eles buscassem sucesso, e assim uma editora propôs que se transformasse em livro.
Aqui uma ilustração de quando eles ouviram pela primeira vez a palavra "selfie" e estavam tentando fazer uma. Vovó Marina achou muito difícil, já Chan, adorou e achou aquilo incrível e fácil!
Estamos ainda com essa energia de início de ano, então essa histórias inspiradoras e simples fazem sentido e podem também nos inspirar!
Vou colocar o primeiro trechinho do prefácio e depois deixo o link do perfil deles no Instagram para vocês olharem. Vale muito! É sobre enxergar que podemos dar siginificados diferentes ao nosso viver!
"Hoje, como todos os dias, estamos pensando no que vamos desenhar. Estamos sempre em busca de inspiração e conversando sobre nossas ideias. Então, quando meu marido faz um desenho, eu escrevo alguma coisa para acompanhar. Apesar de ele não se considerar um artista - e eu não me considerar uma escritora -, nós seguimos em frente.
No perfil há legendas em inglês, coreano e português.
Vamos fazer nossa vida linda também?!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá, querida amiga Ana Paula!
ExcluirComeçando pelo final... a vovó faz muito bem em não se considerar uma escritora, eu também não me considero.
São os outros que nos veem assim e devo lhe dizer que lhe vejo, Ana Paula, também, tal como a vovó Marina.
Adoro quando ganho um achado assim como o que encontrou na faxina.
Acordar livros é acordar nossa própria alma.
Trabalhar em conjunto é muito produtivo, eu que o diga nas minhas parcerias com as amigas portuguesas. Alcançamos o mundo sem sequer um dia termos imaginado tal proeza. Como ocorreu com os vovós a pedido do pai dos netinhos.
Seu lindo post veio confirmar que devo galgar outros patamares mesmo que me sejam difíceis no momento.
Foi de grande valia para mim hoje que me ocorreu algo interessante que vou revelar em breve no blog.
Um verdadeiro achado...
As descobertas assim fazem nossa vida mais linda e dá gosto de viver em meio a um mundo tão conturbado que estamos vivendo ou presenciando.
Não basta olhar, ver, é preciso, como bem disse, ENXERGAR.
Vou ver os links com muito gosto.
Tenha um 2024 abençoado e feliz!
Beijinhos festivos
Acredito que seja um livro muito interessante de ler. Feliz Ano Novo.
ResponderExcluirOi, Ana.
ResponderExcluirQue livro lindo! E uma história de sintonia, desde o princípio, na qual ela escreve e ele, ilustra. E que belo reencontro você teve. Pra mim é sempre muito bom reencontrar livros da minha pequena biblioteca que me causam alguma curiosidade sobre eles, enfim.
Um grande abraço. Boa noite. ⭐🌙
Precisando de receitas culinárias não hesite em ir ao blog Mesa e Sobremesas.:
https://mesaesobremesas.blogspot.com/
Obrigada.
~Cartas da Gleize. 💌💕
Oi, Ana, to rindo aqui das minhas faxinas que também desenterro coisas que tinha esquecido,
ResponderExcluire o pior é que acho lindo, interessante... Hoje dei um jeito por aqui, com a faxineira não dá...rss
A história dos avós, com a filha... bah! Dá pena.
Mas tem a internet, o aprendizado, sem dúvida, custam um pouquinho mas dá!
Gostei bastante, apesar de ter ficado com peninha...
Beijinho, boa semana!
Oi,Ana!
ResponderExcluirQue bela recompensa pelo faxinão num dia quente e convidativo a nem se mexer...
Acordar livros que adormecidos estavam am nós...Lindo esse eadorei! Deve ser um amor acompanhar todos os perrengues deles ,tais como dificuldades com tecnologias... Me identifico com essa vovó nesse ponto,rs...
beijos e saio daqui bem levinha! chica
Quanta ternura! Eu gosto de arrumar minhas estantes quando estou aflita, me deixo levar e geralmente encontro alguma coisa que me traz esse tipo de ternura... um presente da estante, para mim as estantes são vivas e um livro lindo assim bem no comecinho do ano só pode ser um presente. Que bom que você compartilhou conosco, estou enternecida!
ResponderExcluirAs faxinas servem não só par limpar mas para destrinchar lugares e coisas
ResponderExcluirpedidas ou desparecidas ...E sempre encontramos algo que nos faz parar de faxinar e
nos dedicar a algo surreal que jamais lembrávamos que existia. Exatamente, assim Ana
Seu texto cabe inteirinho no que já me acomete quando me dedico a faxinar.
'A nossa vida é linda ', um livro que enternece , parece de fácil leitura e ainda com
aquarelas para encantar. Gostei do texto, Ana.
Um abraço grande e boa semana
Que achado maravilhoso! Encontrar ou ser encontrado por um livro é uma dádiva, uma riqueza intelectual e quando a história são casos reais ou baseados em casos reais, aí a riqueza transborda.
ResponderExcluirAbraços afetuosos e feliz 2024!
É sempre show encontrarmos livros guardados, é um verdadeiro tesouro. Bju
ResponderExcluirLinda e terna postagem, Ana Paula
ResponderExcluirValeu a pena "acordar" o livro.
Te desejo um Ano Novo repleto de Paz, Saúde e Alegrias.
Beijinhos
Verena.
Muito, muito bom, mesmo. Parabéns. Gosto da sua escrita.
ResponderExcluirUm beijo. Um não, um buquê de beijos coloridos.