segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

A beleza da vida

"O simples ato de começar a escrever abre as portas da memória, da percepção e do afeto". Luciana Pianaro


Durante o longo tempo em que fiquei afastada dos blogs, tive alguns, vários para ser sincera, momentos em que desejei escrever. Cheguei mesmo a abrir a página do editor no blogger, só que não havia nada a escrever. Era assim que eu sentia. Não tenho o que escrever.


Sempre há. É o que nos dizem os profissionais da escrita. Sempre há algo que pode ser escrito, sempre há coisas acontecendo.


Eles, os profissionais da escrita estão certos e também não tão certos assim. 

É fato que se estamos vivos, coisas estão acontecendo. Mas pode ser que, para a escrita não haja motivação suficiente, seja para um texto, uma poesia que nos tocou, uma fotografia.


E também é bastante verdadeira a ideia da frase que abre esse texto. “O simples ato de começar a escrever…”


Os sentidos ficam mais aguçados. Assim que algo nos perpassa e somos tocados, vem aquela vontade de partilhar através da escrita.


Desde que voltei a visitar os blogs, comentar, ler comentários, escrever no meu próprio blog, tem sido assim.


Fui tocada por uma reflexão tão bela e triste ao mesmo tempo, que já quero trazer para a partilha.


Falava-se da necessidade do mundo por poesia e imaginação diante de tantas dificuldades e vulnerabilidades.


"Então havia uma citação de Eduardo Galeano sobre tempos sombrios da ditadura no Uruguai.

Ele nos diz que no Uruguai os presos políticos não devem falar sem permissão, ou assobiar, sorrir, cantar, andar rápido ou cumprimentar outros prisioneiros, nem podem olhar para imagens de mulheres grávidas, casais, borboletas ou pássaros”.


Um professor é preso por “ter ideias ideológicas”e sofre tortura. Um dia, diz Galeano, o professor é visitado por sua filha Milay, de 5 anos. Ela traz para ele um desenho de pássaros. Os guardas pegam o papel e o destroem na entrada da prisão. No domingo seguinte, Milay traz um desenho de árvores. As árvores não são proibidas, e o desenho passa. O professor elogia seu trabalho e pergunta sobre os círculos coloridos espalhados nas copas das árvores, muitos pequenos círculos meio escondidos entre os galhos. “Eles são laranjas? Que fruta é essa?” Milay coloca o dedo na boca: “Shhh”. E ela sussurra no ouvido dele: “Seu tolo, são olhos. Eles são os olhos dos pássaros que eu contrabandeei para você” Galeano e a pequena Milay superam a morte e o desespero com novas possibilidades.


Nesse mundo, por vezes tão árido, você tem encontrado beleza?











4 comentários:

  1. Ana Paula, escrever, ainda mais bem como tu escreves, é só começar que as ideias surgem e os dedos vão rapidinho digitando... Pronto! Já sai um texto legal! Fico torcendo que continues nessa atividade!
    E, como tu, tentamos não perder nenhuma coisa linda ,legal que apareça em nosso caminho! Adorei a foto! beijos, linda semana,chica

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  2. Boa noite de paz, querida amiga Ana Paula!
    Que pergunta maravilhosa!
    Tenho relido meus escritos na Pandemia onde buscava beleza nos mínimos detalhes... E esperança...
    Sim, amiga, tenho encontrado beleza onde quer que esteja.
    O mundo está desnorteado, sou eu que tenho que encontrar delicadeza dentro e fora de mim.
    Saio a caminhar pala praia, busco cenários novos mesmo morando há cinco anos no mesmo lugar.
    Cada vez que olho da varanda o céu azul, me encho de beleza da natureza.
    Tem feito dias azuis por aqui e meu ser se encontra elevado no mais puro enlevo.
    Assim, alívio toda tristeza que tem motivos em mim de se instalar.
    Texto excepcional, muito bem fundamentado.
    Confirmou minha percepção dos últimos dias.
    Tenha uma nova semana abençoada!
    Beijinhos

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  3. Oi Paula
    Concordo que escrever abre as portas da memória mas não é sempre que a gente consegue
    mostrar nossos escritos. Sempre tive mais facilidade para escrevrer do que para falar ,no entanto
    me falta coragem deixar que outros vejam meus rabiscos.
    Adoro o que leio aqui, você tem o dom da escrita e essa historinha que tão bem inseriu no texto
    foi brilhante ,fechou com chave de ouro .São esse pequenos detalhes que faz um bom escritor .
    Você é boa, Paula.
    Sim, vejo belezas nesse mundo árido e fotografo qualquer pedacinho da natureza.
    É o meu grande escape.Que a semana seja boa e sem sobressaltos.
    Temos já suficiente rsrs
    Beijinhos

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  4. Que lindo, Ana Paula! Como seria bom se todos pudéssemos vencer a vida assim, encontrando forças nas coisas simples, no que é digno e que tem honra! Às vezes buscamos tanto que o vazio em nos só aumenta!

    Sobre escrever, quase todo dia abro portas, mas nem sempre consigo fechá-las! (risos) Meus poemas que me constroem! srsr
    Beijinhos!

    um beijo grande!

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