sábado, 19 de julho de 2025

Mãos

 filhos, quando foi a última vez que seguraram as mãos dos teus pais? 


Ainda tenho fresco na memória a imagem do vírus da covid-19 girando ao fundo na tela dos telejornais. Era aterrorizador, ainda sem muitas informações o que nos dominava era o medo. Acredito ter sido assim para a grande maioria das pessoas.

À medida em que íamos nos acostumando a lidar com tudo aquilo em nosso isolamento, começaram a surgir as bonitas e ternas histórias que nos eram como um sopro, um alento para aqueles dias tão difíceis: bilhetes colocados nos elevadores de pessoas dispostas a fazerem mercado e farmácia, músicos que das sacadas dos apartamentos cantavam, faziam soar seus instrumentos suavizando a atmosfera tão densa de incertezas. Muita arte foi nascendo de forma coletiva, muitos projetos individuais começavam a deixar as gavetas.

Lembro-me de uma história que me tocou profundamente: a filha perdeu a mãe para a covid e queria continuar a sentir o perfume dela, porém o mesmo havia sido descontinuado da linha de fabricação. Então, alguém "grande" lá da marca O Boticário, mandou fazer um frasco do perfume e entregou para acalentar o coração e as memórias olfativas daquela filha.

Num desses momentos ali dentro da pandemia, um fotógrafo se deu conta que ao levar seus meninos para a escola, segurava nas mãos deles e que aquele gesto logo seria deixado para trás pois os filhos estavam crescendo, então ele sentiu vontade de vontade de fotografar o seu pai e seu avô, com 95 anos, de mãos dadas.

Mas, a pandemia impôs aquele longo hiato e eles ficaram um ano sem poder ver o avô.

No meio desse intervalo, enquanto caminhava, Valery ( o fotógrafo ) parou para fotografar uma casa bonita. De lá saiu um casal, a mulher, com o retrato do filho que haviam perdido há poucos meses, fez um pedido comovente:

"Você pode tirar uma foto do meu marido com a foto do nosso filho?"

Ali o fotógrafo entendeu - aquilo não era apenas uma fotografia.

Era memória.

Era amor guardado num toque.


Mais tarde, finalmente conseguiu tirar a foto do seu pai e do seu avô juntos. Foi a última.

Desde então, Valery viaja o mundo registrando mãos entrelaçadas de pais e filhos.

Aqui vale ressaltar que esse projeto fotográfico é com pais e filhos homens. E ao apreciar as fotografias e possível sentir tanto a beleza mas também a dificuldade, a resistência, a hesitação para esse gesto que é aparentemente simples, segurar, enlaçar as mãos.

Para as mulheres, as mães e filhas, esse é um gesto mais natural, fluido.

Só que não é apenas uma foto, um projeto. Olha o que diz o fotógrafo sobre pais e filhos:

Alguns não se viam há anos

Alguns nunca haviam se tocado

Alguns, ao se tocarem reataram laços




Há ainda mais duas frases desse fotógrafo que eu quero deixar para reflexão.


"Nós não guardamos os dias inteiros, nós guardamos gestos, toques e fotografias"

"Em um mundo que já está se afastando, das as mãos se torna uma oração silenciosa."

Eu me dei conta que não tenho uma foto do meu filho e seu pai de mãos dadas, agora na fase adulta e quero muito fazê-la.

Tiramos muitas fotografias e acho isso muito bom. Antigamente era um artigo de luxo, era restrito, trabalhoso, caro. Hoje com nossos aparelhos celulares, os registros são muitos fáceis. E podemos nos valer dessa facilidade para colocar um significado profundo em nossas fotografias.

O que acham?!

Essa história eu fiquei conhecendo graças a uma empresa que faz álbuns de fotografia artesanais.

Deixo aqui o link da Mim Papelaria

E claro, visitem e se demorem no site do fotógrafo Valery Poshtarov. Vale colocar a tradução automática do google ou apenas apreciar as fotografias.

Tenham um bom final de semana e fotografem bastante!

Beijos 📸 🎞️







sexta-feira, 18 de julho de 2025

🍀 Curtinhas da Chica 6 🍀

 Vamos interagir e brincar com a Chica lá no Sementes Diárias?!



Com as palavras 

colo- abraço- amigos


Nessa interação eu quero expressar o meu carinho, minha gratidão, o meu muito obrigada a vocês amigos que durante os momentos desafiadores na minha cirurgia e tratamento, me ofereceram colo e abraço. Cada comentário que eu recebia aqui no blog, por e-mail também dessa rede tão querida que é a dos blogs, era um incentivo, uma força. Como foi importante saber que haviam pessoas torcendo pela minha recuperação!

sábado, 12 de julho de 2025

O pão azul

 Eu já tinha feito de um tudo: tomei café, dei voltinha pelo corredor, mexi no celular, olhei a rua.

"A senhora realmente nos desculpe, o doutor está bem atrasado, mas já já ele vai chamar a senhora."

Eu estava em outra cidade, então demorar pouco ou muito para ser atendida, não significava coisa alguma. Foram quase 150 km, então o jeito era mesmo esperar.

E foi nesse ponto, tentando não deixar a impaciência ganhar espaço, que eu comecei a ouvir uma conversa entre um homem e uma mulher.

Eles estavam em pé. Vi o momento em que um cumprimentou o outro, pareciam se conhecer. Nitidamente não eram pacientes.

Poderiam ser representantes de laboratórios, ou outra coisa.

Conversavam sobre comida. O homem gostava de cozinhar e foi na pandemia que começou a fazer pães de fermentação natural.

Ele então falou de um pão azul que fez muito sucesso.

Ela riu e retrucou - "ah mas é com corante né?!"

Nesse momento eu me lembrei de um pão azul da minha infância ou adolescência.

Era um saco de pão de forma que tinha sido esquecido no fundo de um armário e saiu de lá um autêntico pão azul!

O homem ao corrigi-la revelou o segredo mostrando-lhes as fotos de seu pão azul.

Seus olhos fitavam a tela do celular incrédula. Ela estava de queixo caído, ela mesma o disse para o homem. Ele cada vez mais orgulhoso do seu pão azul.

Tive tempo de ouvir o segredo para produzir tal iguaria antes do doutor me chamar, ainda bem!

Jenipapo.

Eu não sabia como se escrevia jenipapo, com gê ou jota? Lembrei das provas primárias que vinham assim:  _enipapo para a gente completar. Acho que desde os tempos escolares eu nunca mais escrevi jenipapo!

Por uma coincidência do destino, o Toninho colocou no comentário da postagem anterior sobre as festas juninas lá para as bandas do nordeste, que tem muito licor de jenipapo. Vou aproveitar e perguntar para ele se custa muito caro um jenipapo, porque o homem do pão azul falou que por aqui ( São Paulo ) é muito difícil de achar, só no mercado municipal e é bem caro, uns cinquenta reais.

Cheguei em casa e fui procurar na internet sobre pão azul feito com jenipapo.

E, uau!!!



Não é que tem mesmo?! E o segredo é ferver jenipapo com leite que depois, em contato com a farinha deixa essa coloração.

Quem fizer vem aqui me contar. Se um dia eu esbarrar no jenipapo, compro e tento fazer o pão!

Vou deixar o link da receita:

Pão azul com jenipapo




domingo, 29 de junho de 2025

O mês junino

 Está findando o mês, nosso junho das festas com quadrilha, fogueira, quentão!

Vou encerrá-lo participando da iniciativa da Mari lá do blog Devaneios e Desvarios, com o desafio 1 imagem, 140 caracteres #602



São João, Santo Antônio, São Pedro e São Paulo! Da devoção à festa, tem alegria, procissão, sanfona, saia rodada de chita e muita comida!


Nunca participei de festa junina grande, dessas que vejo na tv que acontecem lá no nordeste, grupos enormes dançando, roupas coloridas e tão lindas.

Aqui em São Paulo temos as quermesses em várias igrejas, agora também parques realizam a festa, escolas, muitas ruas com suas barraquinhas.

Mas... esse ano em especial conversei e ouvi muitas pessoas percebendo que os preços praticados nessas festas estão abusivos. Tudo ficou muito comercial, turístico, enfim, gostaria de saber também a opinião de vocês.

Eu participei de um "Viva São Pedro e São Paulo", no sítio da cunhada! E vou contar: gastei pouco e comi muito!!!

Festa caseira tem esse lado tão gostoso; todos se juntam, cada um trazendo um prato e essa soma se traduz em alegria, risos e muita fartura.

Quero destacar uma pipoca que apareceu por lá vinda de um milho vermelho do Rio Grande do Sul que... bah! Uma delícia! Um milho pequenino, a pipoca estourada também pequenina e uma verdadeira delícia.

Fogueira? Teve também!

Querem ver?





eu, marido e cunhada
Fazia muito tempo que eu ficava ao redor de uma fogueira, foi muito gostoso!






sábado, 14 de junho de 2025

O perrengue do biticoin

No capítulo anterior...

Eu disse que contaria sobre um perrengue que passei lá nos meus dias em Belo Horizonte.

São muitas "coisinhas", vários detalhes durante uma mudança em que se tem que organizar uma casa, ainda que pequenina.

Minha filha Júlia alugava um quarto em um apartamento, lá tinha de tudo o que era necessário, então ela levou apenas suas roupas, comprou uma cama e colocou dois ou três livros na mala com um porta-retrato da família e a mudança estava feita.

Não era preciso se preocupar com pratos ou prendedor de roupas. Colher para tomar sopa, tinha. Até para sorvete tinha pegador.

Então na mudança, que fui ajudá-la a fazer, ela trouxe a cama, as roupas, o porta-retrato e alguns livros a mais que se somaram aos já existentes.

Quando o apartamento se mostrou pronto para dormirmos, iniciou-se a labuta de ir preenchendo as necessidades. Vamos começar pelo café - disse eu resoluta a tomar um café da manhã feito em casa. Hoje eu compro um filtro, leiteira, já temos colher e assim foi.

De supermercado a lojinhas populares de utilidades domésticas, eu ia umas cinco vezes por dia.

Pegava meu dinheiro eletrônico, conhecido como cartão, e falava - "débito por favor".

Passei conta de R$ 2,86. Um pouco envergonhada de ser tão pouco, mas acreditando que seria pior exigir troco. Paguei contas de 60, 90. E assim o lar foi ganhando aroma de café nas manhãs, iogurte na cumbuca de plástico que estava na promoção, lixeira pro banheiro. Pratos, copos, um sanduíche, banana prata a 3,99 que eu quase enchi uma mala para trazer para São Paulo onde custa uma dúzia de reais.

Até que, certa noite, exausta das idas e vindas, olho no celular uma notificação:

Compra de Biticoin aprovada no débito.

Estava sozinha. Naquela noite a filha tinha decidido dormir na casa de uma amiga, pois não tínhamos ainda cortinas e a luz de iluminação da rua acendia era dentro do quarto! ( as janelas lá são somente vidro ).

Sozinha, engoli em seco, senti o chão tremer, o coração descompassou. Clonaram meu cartão, tanto que passo aqui e ali, devia mesmo ter tirado dinheiro vivo e agora? Os pensamentos rodopiavam.

Pior de tudo que é um cartão de banco virtual também, como falar com alguém?

Entrava no aplicativo do banco pelo celular, lia as instruções pré fabricadas para esses casos. Sugeria-se bloquear o cartão.

E a frigideira que eu tinha pensado em comprar no dia seguinte para fazermos pão na chapa com o nosso cafézin?

Bloqueando o cartão nada feito. A menina só voltaria a noite. Eu precisaria comer, sem um tostão no bolso, ah esse mundo virtual...

Bloqueei. Olhava novamente sem acreditar. Alguém comprou 5 biticoins com meu cartão.

A cabeça parecia um trem. Uma maria-fumaça. Teria sido uma facção criminosa? Que tipo de golpe era aquele que nunca tinha ouvido falar?

Entrei no aplicativo novamente. A instrução era procurar uma delegacia nesses casos tão graves e fazer um boletim de ocorrência.

Não quis incomodar o marido, deixá-lo com a cabeça esfumaçada também, afinal ele teria que trabalhar no dia seguinte, merecia uma noite serena de sono.

Cheguei a pesquisar a delegacia mais próxima. Já passava das onze da noite.

Então decidi que, uma vez que já tinha bloqueado o cartão, não seria possível o golpista, o gatuno, comprar mais biticoins na minha conta. Era melhor eu relaxar, dormir e na manhã seguinte eu pensaria no que fazer.

Mas foi inevitável, já na cama, estiquei o braço peguei o celular e olhei novamente a compra aprovada no débito em biticoins.

Aí quase tive um treco.


Eu ria, mas eu ria...

Olhou bem no que está escrito?!
Ah esse idioma mineirês, esse cafézin, esse jeitim, essa língua tão peculiar dos mineiros.

Naquela tarde eu tinha passado lá na esquina e comprado dois pães de queijo para comer a noite.

Dia seguinte liguei para meu filho que nem se deu ao trabalho de ouvir toda a história.

"Mãe, nem começa. A senhora não tem dinheiro nem para passar do lado de um biticoin, que dirá de cinco. Sabe quanto custa um biticoin?"

Claro que eu não sabia. Então meu filho consultou e disse 599 mil, oitocentos, arredondando mãe, são 600 mil reais um biticoin.

É, realmente nem poeira de biticoin posso comprar.

Desbloqueei o cartão, me senti um cachorrinho com o rabinho entre as pernas e fui na loja de nome Biscoitim comprar dois pães de queijo por cinco reais para tomar café da manhã.

Aproveitei para fotografar o perrengue!
Ah, e bitcoin se escreve com o "t" mudo!





terça-feira, 10 de junho de 2025

Mês de maio em BH

 Durante o mês de maio, e um pedacinho de junho, estive em Belo Horizonte fazendo a mudança da minha filha que estuda lá na capital mineira.

Entre agruras e muito riso, muito quiabo, jiló, pão de queijo, voltei sem ter deixado tudo ajeitado, mas ficou encaminhado.

Carreguei meu computador para lá, esse mesmo no qual estou escrevendo, no intuito de blogar naquela atmosfera meia turista e eis que a internet demorou um mês para conseguir ser instalada - prédio antigo, cabos que não passavam, e a pouca internet do celular foi usada para a menina estudar para as provas.

Vou deixá-los com algumas fotografias de nossos bons momentos, tenho também fotos de perrengue, mas isso vai virar história em breve!

Já estou com cabelo crescidinho o que ajuda muito nesse frio!

Cortei as unhas duas vezes, recebi visita do meu marido e meu filho, ou seja, fiquei foi muito tempo por lá!

Chega de palavras e vamos para as imagens!

Foi preciso morar num hotel por uma semana e ficamos lá no alto tendo o Santuário de São José numa vista privilegiada!

Vi até um casamento da "minha janela" , além de ter os sinos logo ao amanhecer. Um encanto sonoro!



Passeio no parque municipal com seus gatinhos, vacina, muito verde e decoração festiva.







Eu não conhecia a feirinha de domingo e uau! Que energia, quanta alegria, encontros, adorei!


Aqui já tínhamos nos mudado! Faltando quase tudo mas tínhamos onde dormir!!!


A próxima imagem é um registro do tanto que eu andava por conta da mudança. Cada hora uma coisa surgia a ser resolvida.
Chegou um momento em que achei que tivesse pego dengue porque meu corpo inteiro doía, ainda bem que eram só os quilômetros andados a pé!



Visita de marido e filho e fui carregada para o Mineirão no clássico jogo de futebol entre Atlético e Cruzeiro.

Antes da partida, marido no tropeiro! Eu também comi, sejamos sinceros, e estava uma delícia!



Num dos sábados, fui com a filha para a Pampulha para almoçar na faculdade! No bandejão!



E eu adorei esse outono/inverno lá do Beagá. Pouco frio e céu azulzinho!




Assim me despeço e já deixo o convite para voltarem para ler o sobre o perrengue maior! Até o final da semana escrevo.

Um beijo e eu estava com saudades daqui!









sexta-feira, 9 de maio de 2025

Muita gratidão!

 Eu estava na estrada, longas dez horas de viagem e foi logo no início que eu vi a notificação de um e-mail da Chica.

Não tenho costume de olhar o celular porque o movimento de carro, ônibus me causa tontura, mas aproveitei um momento de lentidão no trânsito e abri aquela mensagem que chegava inesperada, afinal eu não havia feito nenhuma  publicação.

Assim que li aquelas palavras, minha reação imediata foi olhar para o céu, os olhos querendo conter o marejar para não ser lágrima.



Chica me ensinou a olhar para o céu, em sua maioria assim azul, aberto, bonito! Mas também aprendi com ela a olhar para o céu assustador, fechado, porque em algum momento a luz surge.

E foi assim, olhando para aquela nuvem tão diferente que se assemelhava a uma pluma, leve, pairando no azul, que a alegria, a gratidão e a tristeza se puseram juntas.

Claro que eu desejei muito mais um post, só mais um mês, só mais um pouco dos blogs da Chica.

Esse caldo de gratidão, alegria e tristeza me fizeram compreender. Chica sempre foi um exemplo de blogueira, intensa, comprometida.
Escrevia seus textos, interagia em muitos blogs, criava brincadeiras que nos agregavam, cada comentário seu era um incentivo a continuar. Seu ritmo é incrível e claro que toda essa dedicação exige tempo, muito tempo.
Foi, não sem tristeza, que aceitei... Li homenagens tão lindas de despedida para Chica e queria muito escrever a minha que, não saía. É, eu estou longe da disciplina e organização da nossa querida joaninha.

E quer saber?! Foi bom não ter conseguido escrever antes porque agora, o céu que estava totalmente em trevas com sua despedida, se abre, se ilumina com mais essa entrega da Chica!

Foi uma semana importante, tivemos o novo Papa e foi contagiante a alegria de ver todas aquelas pessoas lá na Praça de São Pedro!


E depois dessa onda de alegria vinda lá do país da bota, chega voando feito as gaivotas, outra notícia que nos imunda de felicidade!

Chica repensou e está de volta!

Gratidão a você Chica que ultrapassou as telas, esse mundo virtual, e se tornou uma amiga que está sempre presente em nossos corações!

Esses bichinhos foram alvissareiros! Vou celebrar com fotografias deles e habemus papam e habemus chica!