quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Camisa engomada

Pela manhã, meu filho teria que fazer um trabalho escolar onde ele seria o apresentador de um telejornal.
Enquanto tomava banho, fui passar sua camisa. Queria que estivesse impecável.
E de casa sai o menino, todo empertigado, segurando uma pequena pastinha de couro com seu tablet.
Deixei-o na porta do colégio e combinamos um horário para eu ir buscá-lo, não sem antes entonar uma lista de recomendações. Postura, olhar firme para a câmera, domínio do assunto.
Saí de lá inflada de orgulho: meu menino, um apresentador de jornal.
Já pude imaginá-lo no dia de sua formatura na faculdade de jornalismo e logo após, ele sentado numa bancada, como Willian Corrêa, o âncora do Jornal da Cultura, articulado, simpático, comandando por uma hora o principal jornal do país.

Fui buscá-lo antes do horário combinado, com uma câmera nas mãos; queria surpreendê-lo ali na sua bancada, sob os holofotes e filmadoras, desinibido, articulado, voz agradável.
Discretamente o filmaria, para mostrar orgulhosa, o meu menino. Um talento descoberto durante um trabalho escolar. Ah! Meu moleque apresentador de telejornal, camisa e gravata impecáveis.

[...]


No meio do caminho havia uma bola.
Havia uma bola no meio do caminho.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Flor de amizade


Esta flor para mim, a partir de hoje, é uma flor de amizade.
Por acaso eu fui parar no Google+; por acaso lá encontrei um nome conhecido e uma indicação de blog.
Por acaso cliquei e a surpresa não poderia ter sido melhor!
Nair, pessoa querida, que há pouco entrou em nossas vidas, estava ali com um blog lindo e justamente eu acessei a postagem com fotos que ela fez desta mesma flor.
Todos os dias eu passo no caminho desta flor e ela também, trocamos sorrisos, conversas, mas nunca imaginei que tivesse um blog.
Estou feliz! Do pessoal para o virtual!
E a flor selou nossos caminhos.
Convido-os a conhecer o cantinho da Nair. Vem por aqui!

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Pipoca no tacho

Estive no aeroporto este final de semana. Fui recepcionar o carinho que nos chegava dentro de uma caixa. E quase não cabia lá!
Vou voltar ao aeroporto em breve.
Não será para viajar nem para recepcionar.
Será por um misto de curiosidade, espanto, vontade.
Olhem só:


É a fachada de uma loja que será inaugurada.
Não sei se através da foto é possível dimensionar o tamanho da loja. Estando ali, frente a ela, posso afirmar: é grande.
Começa aí o meu espanto.
Pipoca para mim é aquela do pipoqueiro, aquele mesmo que eu fiz carta e todo o mundo tem uma história boa com seu pipoqueiro.
A panelinha do pipoqueiro é pequena, a de casa também; mesmo no cinema, a máquina que faz as pipocas é pequena comparando com o tamanho da loja, microondas também. Então esse tamanho grandioso da loja aguçou até as lombrigas que eu espero não ter.
Talvez a explicação seja que as tais pipocas sejam feitas em tachos de cobre.
Tachos são grandes, logo o tamanho da loja ser compatível com tachos.
( Será que as pipocas não pulam para fora do tacho? )




Tudo o que sei, por enquanto, é que aqui no Brasil, a primeira loja da América Latina, teremos o sabor castanha do pará.
Bom agora é esperar inaugurar e torcer para o preço não ser do tamanho da loja!
Alguém já comeu delas lá no estrangeiro? Conta aí!

Site oficial aqui.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Carinho de vento




Apressada, chaveou o portão e entre guardar as chaves na bolsa, olhar para os lados para atravessar a rua, deparou-se com o que chamou de “uma cena a ser retratada num quadro”.
Sentado, com as costas recostadas num muro pichado, estava um homem. Precisar sua idade era difícil; tinha na pele todas as intempéries do tempo e talvez carências de afeto. Talvez...
Tirou a pressa dos passos e passou por ele vagarosamente.
Comia bolachas recheadas de uma marca vagabunda e ao seu lado, também apoiado no muro, um maço de bambus.
Era um vendedor de bambus. Possibilitava que cordas, pregadores e roupas fossem alçados para mais perto do sol. Era um homem que ajudava o vento a acariciar roupas, cobertas, cortinas, toalhas.
A moça entrou no mercado. Passou pelo setor de máquinas de lavar e constatou como estavam avançadas. Trouxeram o vento e o sol para dentro delas. Eram máquinas modernas que além de lavar, também secavam toda a roupa.
As bolachas reachadas vagabundas que aquele homem comia não eram vendidas naquele mercado. É provável que ele nunca entrara ali. Não conhecia as modernas máquinas que aniquilavam seus bambus.
Sentiu um lamento dentro do peito. Um homem que tira seu sustento de vender bambus em ruas onde se erguem edifícios que não há lugar para bambus, apenas para máquinas que devolvem a roupa seca? E nas casas? Alguém na cidade compraria um bambu?
Retornou do mercado e ele não estava mais ali.
Entrou em casa, deixou as compras sobre a mesa e foi até o quintal.
Olhou demoradamente para o seu varal. Já estava bem curvado, feito sorriso em desenho de criança. Sorriu. Naquele momento soube que precisava de um bambu para o seu varal.
O homem estava certo em seu caminho: entre prédios, casas com máquinas modernas, haviam varais esperando para serem içados.

Tempos depois avistou o homem já longe, subindo uma ladeira, com seu feixe de bambus apoiado nas costas, ali pelos arredores. Deve ter voltado porque ouviu o chamado de algum varal, de algum lençol que desejava esvoaçar lá do alto.


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Tomates, corredores e smatphones

Irritação à primeira vista, foi o que eu senti.
"À primeira vista"é modo de dizer, porque não vi nada, e sim, ouvi. Então foi a voz do sujeito que me irritou.
Era uma manhã de céu cinza e eu escolhia tomates esverdeados porque não haviam os vermelhinhos, a safra não era das boas, não me lembro se era excesso de chuva, ausência da mesma, geada, enfim, os eventos climáticos sempre determinam a tonalidade dos tomates.
E foi durante a escolha dos tomates que ecoou aquela voz por todo o mercado "Mas corra porque são as últimas unidades e tem cliente aproveitando e é aqui no corredor de número doze".
O encontro com aquela voz se deu muitas outras vezes "aqui no corredor de número seis; está friozinho então vai muito bem um capuccino; aqui você encontra o capuccino sabor canela por apenas oito reais, eu disse, oito reais e você ainda ganha uma colher para mexer, mas corra porque a colher roxa já acabou; agora só tem nas cores amarelo e azul e são as últimas unidades. Você leva o capuccino e ganha a colher colorida".

Neste dia da colher roxa eu não resisti: fui ver quem era aquele sujeito que falava de maneira pausada, insistente e irritante.
Alto, magro, meia idade, calça jeans, camisa de manga comprida dobrada quase à altura do cotovelo.
Nada para mim mudou. Apenas que a voz irritante agora tinha um rosto.

Numa tarde de céu azul, eu caminhava até o mercado quando vi o sujeito da voz no ponto de ônibus. Segurava um guarda-chuva preto na mão.
Naquela tarde, o mercado estava silencioso.
Pus-me a imaginar se no ônibus o sujeito conversava com o cobrador ou o passageiro a seu lado. Em casa, se conversava com a mulher sobre as promoções que anunciara nos corredores numerados do mercado. Será que comprava alguma oferta por ele mesmo anunciada?

A simpatia pelo homem só veio quando li no jornal que está chegando uma nova tecnologia que permite que os varejistas encaminhem mensagens personalizadas ao smartphone de um consumidor.
Será comum bolos enviarem mensagens aos smatphones de consumidores famintos que estão esperando um café num balcão, apenas uma maneira de "estimular" o consumo.
Ou quando você estiver no corredor dos cereais em um supermercado, receber uma mensagem avisando da promoção de cornflakes.
De repente passei a achar mais irritante os celulares apitando, acendendo... O homem das promoções agora me é simpático, bem ao menos devo reconhecer que ele é bastante criativo com seu roteiro de promoções.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

8/52


Não coube na fotografia as quatro grandes avenidas que circundam o pequeno canteiro.
Não coube as pessoas, em sua maioria, solitárias em seus carros.
A poluição no ar, a sonora, a irritação no trânsito, os poucos sorrisos dos que passam a pé, o lixo que está nas ruas... Tudo isso não coube.
Coube a insistência da Natureza em se transbordar em delicadezas para amaciar o viver.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Bonitão da Bala Chita

Tempos atrás, Tina explicou a expressão tão utilizada e talvez pouco conhecida pelos mais jovens: a ficha caiu - confere lá!
Trago outra expressão que comecei a ouvir nos tempos de namoro com meu marido - O bonitão da bala chita.

A primeira vez que ouvi, saída de dentro do sotaque mineirês, meu cérebro grafou algo como bonitão da bauxita. Dei aquele sorriso de quem entende sem nada entender.
E depois foi ficando constante a tal fala. Recebi uma explicação ligeira de que era uma expressão típica mineira relacionada a uma bala.

Numa noite recente, assistindo a um programa com o Pe Fábio de Melo, ele mesmo disse o tal "Bonitão  da Bala Chita".
Só então resolvi pesquisar mais detalhes!




Na embalagem da bala Chita está a foto de uma macaca, provavelmente a que deu o nome ao doce. Quando alguém tirava onda, ou dizia ser bonito mesmo não tendo tantos atributos as pessoas o chamavam de ''o bonitão da bala Chita''.


Então quando alguém se acha o tal, o bom, soltam essa : Tá se achando o Bonitão da Bala Chita hein?!

E você conhece o Bonitão da Bala Chita? Conta aí!

Caligrafia

O tema desta semana para a blogagem coletiva de fotos no Moça de Família é uma frase escrita com sua letra.





Não sei se esta letra é mesmo minha.
Claro que fui eu quem escreveu ( aproveitei um sopro que me chegou com cheiro de maresia para inspirar a foto! ), mas esta é a dúvida que carrego comigo.
Na infância tive uma letra muito diferente e que depois, quando fiz a escolha por fazer o curso de "Magistério com especialização em educação infantil", foi moldada por quatro anos de caderno de caligrafia e aulas semanais de "escrever na lousa".  A letra tinha que ser grande e redondinha.
Grande e redonda já foi mais. Somente exerci o magistério por dois anos e depois disto a letra ficou livre, porém nunca tomou outra forma. Talvez mais corrida, apressada, mas ainda mantendo resquícios do caderno de caligrafia.
Se nunca tivesse frequentado as linhas pautadas, ora largas, ora espremidas, seria a minha letra assim mesmo?

A frase escolhida é do meu livro Crônicas Gris.
Eu o escrevi inteirinho à mão. Lápis, borracha e papel e minha letra que só depois foi passada ao computador.

"Tantos amigos e uma só xícara para o café". Da crônica "Uma xícara"- uma cutucada sobre o antagonismo dos dias virtuais onde o número de amigos do seu perfil pode esbarrar na solidão.




segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Hospice



Eu desconhecia esta palavra - hospice.
Usada na Idade Média para designar hospedagem de monges e peregrinos, hoje significa muito mais que um lugar. Significa uma filosofia de cuidados integrais - físico, mental e espiritual para pacientes com doenças graves e sem possibilidade de cura.
Muitos de nós conhecemos as casas de apoio a pacientes com câncer, principalmente crianças que vêem de outras regiões para tratamento longo e passam a morar nestas casas. Campanhas de grandes redes de fast food arrecadam e fazem doações para manter estas casas de apoio funcionando e talvez por isso sejam mais conhecidas.
O primeiro hospice inaugurado em Itaquera, bairro de São Paulo, visa atender crianças em fase terminal que não precisam ficar no hospital. Precisam de cuidados paliativos para a dor, mas podem receber estes cuidados num ambiente com menos rigor em relação a horários e visitas como são os hospitais. 
Ali a criança e a família terão apoio para esta fase tão difícil.
Pudera não ser preciso iniciativas como esta. Pudera...

Queria mesmo divulgar o conceito, a filosofia, o nome. Sabendo como funciona, havendo possibilidade de um livro infantil, um bilhetinho para a mãe, o pai, um sorriso.

Se quiser conhecer a matéria, que relata inclusive uma atitude do executivo da empresa de produtos de limpeza Ipê, que doou a quantia em poupança após perder um filho com câncer, clique aqui para ler.

"O sofrimento humano suscita de compaixão, inspira respeito e, a seu modo, intimida. Nele efetivamente, está contida a grandeza de um mistério específico". ( João Paulo II )

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Aquecimento global


O dia hoje não está assim.
Ventos sopraram, o galinho rodopiou e finalmente choveu.
Ainda bem.
Nossos reservatórios de água estão em situação crítica, estamos com racionamento de água, mesmo com nossos políticos negando o fato, depois de um janeiro atípico sem chuvas e de um calor que, fazia anos, não se sentia.
Cientistas ainda debatem se existe mesmo o aquecimento global. Como na brincadeira infantil de cabo de guerra, de um lado os que acreditam, do outro, os que afirmam não existir.
Fico com as palavras da filósofa e escritora Viviane Mosé - ainda que não tivesse aquecimento global seria preciso inventar um boato de que ele existe; precisamos do aquecimento global.
Com todo o desconforto que se espalha por vários cantos do planeta seja o excesso de neve ou o excesso de calor, só para citar os que estão em pauta, é preciso sim tomar atitudes, fazer.
Algumas décadas atrás, os  "ecochatos" eram olhados com desdém. Acho que precisamos resgatá-los e incorporá-los na mesma ladainha do fechar torneiras, desligar luzes aparelhos de tomadas, levar sacola ao supermercado, andar mais a pé e deixar o carro em casa, reciclar o lixo e usar o lado bom da internet para pressionar governos sobre controle de poluentes, agrotóxicos, incentivos à energia solar para as casas.
Há muitas pequenas coisas possíveis de serem feitas e há grandes coisas que podem dar mais trabalho, mas ainda assim vale a pena tentar.

7/52


Sou filha única e é também com eles, meus filhos, que observo e aprendo o que é um irmão , o que é ser irmão.
O "nunca mais" dito por um irmão seja para: pegue isto, mexa nas minhas coisas, fale comigo... não dura a eternidade prometida. Passa tão rápido.
Depois de coisas ruins, brigas, num outro momento um deles pega um dinheiro economizado e dá de bom grado ao outro?
Dizem não queriam ter irmãos, mas quando se vêem sozinhos, bate uma saudade do outro...

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Detalhes orientais

Numa postagem anterior, trouxe uma foto com detalhe de um semáforo para pedestre, que eu achei fosse moda Brasil afora!
E como muitos se surpreenderam e não conheciam, trago agora um outro semáforo para pedestre diferente. 
Bairro da Liberdade - São Paulo. O mais oriental dos bairros!






Fachada de um famoso banco sendo reformada. Alguém se arrisca na tradução? Sem espiar no google, hein?!

Aproveitando, divulgo o projeto da Mirys do blog Uma Bagunça Deliciosa que vai mostrar e te inspirar a conhecer novos lugares. Passa lá para ver!



E para combinar com esta postagem com ares "zen", uma música que conheci na programação de 
uma rádio como música de ninar.
Abaixe o volume, você vai gostar!
Clica aqui!


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

6/52


Este é um detalhe que gosto de apreciar nas casas: a caixa de correspondências.
Pouco utilizada hoje, quase ganhando status de caixa de contas...
Alegrei-me em saber através de postagens e comentários em blogs que muitas pessoas escrevem cartas!
Há quem até aprendeu um outro idioma para se corresponder; há quem garanta que para certos assuntos não adianta e-mail nem twitter e sim uma boa carta, com mais de uma página!
Quero falar aos meus filhos que já houve um tempo em que era possível fazer uma coisa muito feia: abrir cartas alheias com o vapor da chaleira e também os envelopes eram fechados com uma lambida longa, comprida, de uma extremidade a outra e ficava-se na boca com um gosto misturado de ansiedade com saudade.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O menino que roubou livros

Não havia expectativa alguma. Nada de material novo, mochila, cadernos, caneta para a volta às aulas.
Já sabia de antemão o que encontraria - uma escola sucateada.
E não foi diferente. Foi pior, mas por estudar à noite, os olhos nem se esforçaram por ver o quebrado, o pichado, o destruído.
Mas, havia sim uma esperança módica de que alguém, um professor ou professora de língua portuguesa, literatura, não se assustasse, não temesse ficar na escola dando a aula de que mais apreciava. Tão difícil era um professor permanecer ali...

E a esperança parca ganhou brilho e volume. Um jovem professor, Luís Fellipe, abraçou o desafio.
Não se importava em dar sua aula para três ou quatro jovens que ficavam ali na frente enquanto os outros faziam qualquer outra coisa que não fosse estar na aula.

Assim, o professor, em poucas semanas, inflamou o amor pelos livros, pela literatura no jovem.
Final de semana era difícil ficar na comunidade, nome bonito que em nada modificava o significado de um barraco na favela.
Numa tarde de tédio, foi andar num shopping. De lá iria direto para a aula à noite.
Não foi. De lá foi direto para a cadeia.
Roubou livros na grande e famosa livraria. Num ato insano, onde tédio e desejo se misturavam, pegou quatro títulos e colocou na mochila.
Na saída foi abordado. Cumpriu-se o protocolo de segurança.

No tempo em que aguardava julgamento, alguém o viu chorar e enxergou um brilho diferente em suas lágrimas.
Precisava saber do acontecido. Entregaram-lhe um jornal que relatava o ocorrido.
Pouco, era muito pouco o que a matéria dizia. Matéria aliás que nem deve ter sido lida, afinal perder tempo com mais um jovem que rouba?
Ele perderia, estava disposto a isto.
Falou com amigos, foi até à escola, voltou lá à noite, ouviu do professor de literatura exatamente o que imaginava ter lido nas lágrimas do rapaz.

No dia do julgamento, o dono da livraria, que à época estava em viagem internacional, deu o seu depoimento. Foi duro e correto ao afirmar que nunca o jovem deveria ter cometido o roubo, mas ele foi conhecer a escola em que o jovem estudava, a sua moradia, questionou sobre bibliotecas e entendeu o anseio do jovem por um livro.

A pena de reclusão foi revertida para uma medida sócio-educativa. Saiu do tribunal empregado na grande livraria. Abaixou a cabeça e chorou novamente.
Trabalharia no estoque e a depender do seu desempenho teria outras oportunidades. Junto ao primeiro salário, recebeu o cartão vale-cultura. Estava ainda indeciso de compraria o livro ou assistiria ao filme "A menina que roubava livros". Agora tinha possibilidades.




*Amigos queridos da blogosfera me inspiraram a escrever esta crônica que é baseada em fatos reais e é realmente como eu sonho que poderia ser o desfecho dela.

PS. Dois anos se passaram, e numa tarde o professor Luís Fellipe entrou na livraria. Prontamente atendido pelo jovem que fora seu aluno e agora já trabalha sob os holofotes das prateleiras abarrotadas da sua mais pura paixão, tiveram tempo para um café.
Desta vez foi o jovem que viu uma lágrima com um brilho diferente descer pela face do professor.

Imperdível a crônica de Luís Fellipe Alves. Passa lá!

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Volta às aulas


#BCfotos com o tema volta às aulas organizado pelo blog Moça de Família. Participe também!



Algumas crianças já começaram as aulas, outras ainda vão começar e embora existam muitas críticas em relação às escolas, ela é ou deveria ser uma realidade na vida das crianças, embora eu gostaria muito que tivéssemos a opção da educação domiciliar, o homeschooling, mas aqui, por enquanto, ele é proibido.
E é dentro desta realidade, desta instituição e com a participação da família que a criança deve encontrar, descobrir o seu dom. O que ela vai oferecer ao mundo. O seu talento.
Bem, eu acredito nós temos um dom, ou até mais de um.
A escola deveria ser um solo fértil para que esse dom florescesse. Nem sempre o é, principalmente para as crianças artísticas, musicais, esportistas.
Muitas escolas hoje já incrementam o currículo com várias destas atividades, mas o olhar principal deve ser o da família. Muitas escolas sofrem ainda com severas questões materiais.
Quantas boas histórias protagonizadas por professores que enxergam e ajudam a desenvolver talentos!
Nesta volta às aulas parceria escola-família-professores-crianças.

Aproveitando o tema, fiz outras fotos seguindo algumas dicas sugeridas pela Mirys do Uma Bagunça Deliciosa


A novidade deste início de ano: o uso da caneta!





Minha filha Júlia agora no quinto ano.

Deixo a dica de um vídeo de Mario Sérgio Cortella com duração de 30 min e boas reflexões, especialmente para nossos adolescentes.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Concurso Cultural Semeando Poesia

Plantado lá no "Meu Blog e Eu" junto com os semeadores poéticos Alexandre Reis e Poeme-se, brota um delicioso concurso para espalhar poesia por aí!
Todo mundo pode poetar.
E para participar do concurso tem que poetar, 7 palavras usar e rimar
Tem que a palavrinha Poeme-se usar.

E eu vou tentar!




Poeme-se
para a vida florescer
mundo bem-querer.






Participa também, espalhe poesia!
Tudo bem explicadinho clicando aqui.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Antes das borboletas

* Atenção: este post contém fotos que podem causar nojinho.

"Se tiver de suportar duas ou três lagartas, para chegar a conhecer as borboletas, não faz mal. Dizem que é tão bonito..." Pequeno Príncipe

Eu sou uma pessoa urbana. Nasci em apartamento, tive infância nos concretos da cidade. 
Mas foi justamente dos concretos cinzentos que fui resgatada dos excessos de urbanices.
Devia ter uns cinco anos de idade e a casa em que morava, ficava num quintal em forma de ladeira, todo cimentado, e lá também ficava a pequena casa de meu tio João.
Da fenda, inicialmente pequena que surgiu próxima a um muro, brotou algo verde, que vingou, amoleceu o coração do tio João e criou-se. Um limoeiro.
Ele, o pé de limão, ensinou-me a não chorar quando vi todas a s suas folhas caírem e achei tivesse morrido a pequena árvore. Apreciei suas flores e olhei encantada os filhotes limõezinhos.
Uma certa tarde tive que gritar para o tio João: encontrei no tronco do limoeiro uns bichos feios.
Tio João viu e enquanto corria para buscar algo dentro de sua casa, me respondeu preocupado: é mandrová.
O nome combinava com a feiura do bicho.

 Com a bomba de detefon em mãos, explicou-me como eram perigosos os mandrovás para os limoeiros e pôs-se a pulverizar o tronco.
O cheiro era nauseante. Não do detefon, mas dos mandrovás morrendo.
Nunca mais me esqueci - eram feios, maléficos e extremamente fétidos.

Cresci, dei para me apaixonar e escrever em cartões aquela frase ali de cima sobre suportar lagartas e apreciar borboletas.
A poesia da frase me tocava. A realidade da frase era algo distante de mim. Li outras coisas sobre borboletas como não assoprá-las para sair do casulo e achei ainda mais poético.
Ajudei meus filhos a descreverem o conceito da metamorfose porque cairia na prova. Tudo não passava de um conceito ou de poesia.
Até que...
Na árvore da minha vizinha eu avistei os mandrovás. Lembrei com saudades do tio João e com tristeza da morte dos mandrovás. Achei melhor nem falar para a vizinha.
Ficaram em paz os bichinhos e logo cresceram e engordaram.


Numa manhã, ainda nas férias das crianças, um dos mandrovás desgarrou-se do coletivo de mandrovás ( que eu não sei o nome ) e veio parar no meu muro.
Imediatamente chamei meu filho Bernardo e dei-lhe uma folha de papel para que ele resgatasse o bicho e o colocasse de volta na árvore da vizinha. Porque eu como frango mas não tenho coragem de matar mandrovás...

Não se passou mais que três minutos e vem o Bernardo reclamando que além de ser difícil de pegar o bicho, ele estava fedendo um cheiro horrível. Não sabia o que tinha acontecido, mas era alguma coisa do bicho.
A criança fedia mesmo. Dos cabelos aos pés, passando pela roupa. Não resgatou o bicho e foi direto para o banho.
Salvei o mandrová mais tarde com um graveto.

Numa dessas noites abafadas, inesperadamente entrou o cheiro do mandrová dentro de casa. Muito forte. Olhamos nas janelas, sofá, nada.
Dia seguinte encontrei o bicho curvado na parede e sustentado por um ínfimo fio em cada lado.


Fiquei eufórica! Então era isto: suportar as lagartas ou mandrovás.

Na outra manhã, já estava assim:


Parecia inerte e sem vida.
Esperamos dia após dia. O futebol individual ficou suspenso.
Dez dias quando as crianças notaram uma um líquido viscoso escorrendo dali, parecia ter sangue também.
E assim encontramos na outra manhã:


A metamorfose se dera durante a noite enquanto a casa dormia.
Continuo urbana, não sei dizer se dali de dentro a borboleta que saiu é  colorida ou uma mariposa; não sei se lagartas mais coloridas dão borboletas mais bonitas ou se as mais fedidas, bem, não importa.

Só que agora poderei escrever nos cartões sobre suportar lagartas, mandrovás para se ter borboletas!




sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Recreio, recreativo

"... Compotas de pêssego e tangerina, drops de melancia, trufas de chocolate, barras de menta, biscoitos amanteigados, bolos, pirulitos e outros doces, todos enriquecidos em sua preparação com uma calda de maconha."

Não se trata de brincadeira, imaginação. Sugiro a leitura do texto na íntegra aqui.

Recreio, palavra que traz para mim e, creio que para muitos, uma lembrança, uma sensação, um tempo gostoso. Hora do recreio! Era um momento muito esperado nos tempos de escola!
Mudou. São agora chamados de "intervalo".
Jogaram fora a palavra recreio. Desprezaram-na.
Mas aí, resgataram a palavra, deram um polimento e ela tornou-se "recreativo/recreativa" e está sendo usada agora para um dos usos da maconha: uso recreativo da maconha ou maconha recreativa.
E se já está sendo colocada em pirulitos, trufas de chocolate, tenho receio de pensar que a tal recreativa possa ir parar nos intervalos... melhor nem pensar.

Gosto da maneira como de deu a trajetória da conscientização do cigarro. Fomos das propagandas belíssimas na tv com os cowboys ( dia desses foi anunciada a morte de um desses famosos que fizeram publicidade para campanhas de cigarros ) até a proibição das mesmas, o aumento dos preços, a exposição dos problemas de saúde, embalagens genéricas, campanhas de saúde pública para esclarecimentos, tratamentos disponíveis para quem quer deixar o vício, leis proibindo o fumo em locais fechados e novas frentes de combate e restrições estão em andamento, por exemplo, a questão da entrada ilegal do cigarro, a substituição do plantio de fumo por outras culturas, para que as famílias envolvidas com este trabalho continuem a ter seu sustento e o maior embate agora é em relação aos aditivos de sabor.

A pessoa que escolhe hoje fumar, está ciente (ou tem como estar) sobre o que pode lhe ocasionar este hábito.
A impressão que tenho é que estão fazendo nossos ouvidos se acostumarem com a ideia do uso recreativo, que soa bonito, inofensivo.
No artigo de Ruy Castro para o jornal Folha de S.Paulo de hoje, pais relataram o que aconteceu com as crianças que usaram a maconha comestível. Ela não é inofensiva como querem nos fazer acreditar.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Não me representa


Este é o símbolo utilizado nos transportes públicos, placas de bancos, mercados, enfim, indicam o atendimento preferencial para as pessoas com mais de 60 anos.
Indicam não, indicavam.
Uma mudança começa a tomar forma, já que com as melhorias na qualidade de vida, mais informações, políticas de saúde pública, os idosos hoje, principalmente os na faixa dos 60 anos em nada se assemelham ao do símbolo. Cada vez menos encurvados e raramente com bengalas.


Um senhor ou senhora empertigado combina mais!
O que acham? Gostaram do novo símbolo?

A vizinhança

Comprou uma casa.
Contrariou a todos: família, amigos, palpiteiros, desconhecidos, redes sociais.
"Moça solteira comprar casa? Onde já se viu. Como vai morar lá sozinha? Tinha que ser apartamento."
"Vó, eu não vou morar sozinha, eu vou com o Bartolomeu."
"Cachorro peludo e fedorento; estou falando é de gente."

Mudou-se. Depois de alguns dias, com a casa já organizada, foi buscar o cachorro.
Trabalhava em casa mesmo. Arquiteta.
Adorava o horário de verão e na primeira tarde em companhia do Bartolomeu na casa nova, saiu para passear.
Queria conhecer os vizinhos, dizer o seu nome, dizer que morava ali na casa amarela.
Trazia no coração aquela vontade que herdara da avó de levar uma bandeijinha, coberta por papel toalha decorado, com queijadinha que ela mesma aprendera a fazer ou mesmo a torta de atum.

Apesar da tarde agradabilíssima, com uma luz dourada se esparramando pelo chão, um calor forte mas que não castigava a pele, não encontrou ninguém pelas ruas.
Bartô encostou-se num saco de lixo para aliviar-se e ela aprendeu que era dia do coletor; tinha que colocar o lixo para fora.
Naquele saco de lixo grande e translúcido, havia uma caixa de pizza, embalagem de refrigerante tamanho família, uma embalagem de brinquedo; duas na verdade: uma caixa de boneca e caixa de um caminhão.
Uma família! Como a que ela queria um dia formar! Um casal de filhos, uma família que come pizza aos sábados!
A casa era linda com vidraças enormes e a porta da entrada também em vidro deixando-se ver o hall de entrada.
Por várias tardes passou por ali. Com Bartô, seria mais fácil puxar uma conversa, deixar as crianças acariciarem o pescoço peludão do bicho.
Certo dia viu as crianças na garagem brincando! O menino com o caminhão, do mesmo desenho que estava na caixa dentro do lixo.
Demorou-se um pouco ali na calçada. Quando olharam, acenou com a mão e um sorriso.
Ouviu uma voz mandando entrarem.
Três dias depois, funcionários descarregavam de uma caminhonete uma chapa de alumínio. No dia seguinte pela manhã ouvia barulho de furadeira.
Vou até lá sozinha. Estavam fechando a garagem, que antes era um portão de ferro com arabescos e podia-se ver o carro, os brinquedos espalhados, as crianças.
Naquele dia não conseguiu produzir muito. Não tinha criatividade para seus projetos.
Levou queijadinha para a avó e ao retornar a pé, viu dois táxis do aeroporto parados em frente à casa.
As crianças estavam sorridentes. As malas eram muitas e grandes.
De dentro de um táxis o homem perguntou à mulher sobre os passaportes. Estavam com ela.
Viagem internacional.
Sorriu e acenou para as crianças desejando que aproveitassem o passeio.
A mãe impediu a retribuição. Ainda assim, um sorriso escapou dos lábios da menina.

Ela aprendeu a fazer bolo formigueiro.
Faz tempo, no lixo defronte a casa, somente produtos de limpeza.

Fez tantos trabalhos, maquetes em seu curso de arquitetura, defendeu tese da arquitetura e vizinhança e nunca conseguiu entregar uma bandeija com queijadinhas. Sempre havia uma placa metalizada blindando a presença das pessoas.

Segue em sua casa entre decepciona e preocupada com a ausência prolongada daquela família que comia pizza aos finais de semana.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

7 bilhões de nós

"Viver o tempo presente com intensidade seja sua escolha... sempre."
Palavras escritas carinhosamente por Rita Maçaneiro autora do livro 7 bilhões, linda e coloridamente ilustrado por Davi e Ju Maçaneiro, que recebi como uma surpresa ao participar de um projeto chamado livro viajante.
O livro chegou na casa de vários blogueiros amigos junto com um caderno para anotarmos nossas impressões sobre o livro.
Só que foi muito mais que isso! No caderno havia a caligrafia, a cor da tinta da caneta, fitinhas, dobraduras, foi maravilhoso compartilhar tudo isso.
No livro, as pessoas deixam de viver no presente, deixam de sentir o sabor de um abraço, de um sorriso, do sol ou da chuva.
Tão fácil ler levado pela enxurrada do futuro, do lá na frente e esquecer do agora.
Foi uma experiência gratificante participar deste projeto.
E se você quiser participar do próximo é só enviar um e-mail para a idealizadora do projeto, a Ana Virgínia no endereço filhadejose@gmail.com
Passa lá no blog dela para conhecer melhor. Filha de José.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Detalhes


Na minha participação desta blogagem coletiva de fotos, na semana passada falei sobre elástico de pular.
Na desta semana com o tema detalhes também vou falar de elástico!


Ganhei pamonhas ontem da minha cunhada e este detalhe do elástico aguçou a memória!
As cunhadas mineiras ou as que moram por aqui, todas têm em suas casas um saco de elástico para quando se reúnem na pamonhada.
Seja pamonha doce ou salgada, todas ganham cintura de pilão com o elástico!
É mais prático do que barbante, elas dizem.
Lembrei daquele tempo que meu pai fazia "bolinhos" de dinheiro tudo amarradinho com elástico e levava ao banco. ( Não vamos falar de
pessoas más porque a pamonha aí é doce! )
Acho que os cartões de crédito/débito são os responsáveis pela quase extinção do elástico de amarrar dinheiro!
Ah tinha também as pessoas que faziam uma bola de elástico. Ficava bonito, tudo colorido!

Minha participação com o Moça de Família nesta #BCfotos. Passa lá que mais detalhes!

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Vacina HPV

Este ano um novo assunto deverá estar também no âmbito escolar, que é a vacinação de meninas entre 11 e  13 anos de idade.
A partir de 10 de março a campanha de vacinação contra o vírus HPV (alguns tipos) será realizada nas escolas públicas, particulares, postos de saúde e clínicas particulares.
Como é uma vacina nova ( apesar de já existir há algum tempo, agora vem a público ) esse é um assunto polêmico.
Começa-se a delinear os prós e contras.
Com o início das aulas, seria interessante perguntar e também sugerir que a escola traga profissionais da saúde para maiores esclarecimentos.
Nem todos têm acesso fácil ao serviço médico para estes esclarecimentos.
Há inclusive especialistas que sugerem a vacina para os meninos; neste caso ela é exclusivamente particular.
Deixo aqui um link com uma matéria bastante abrangente sobre a vacina da jornalista Cristiane Segatto.
Quanto mais informações tivermos, mais embasamento para a decisão.
Leia a matéria clicando aqui.

5/52


As férias escolares terminaram.
A combinação dos ingredientes até passou da medida: férias, verão, sol e calor! (este é que está excedente)
Embora alguns relutem em voltar à rotina, talvez se as férias se prolongassem pelo ano inteiro, não teria o mesmo sabor.
Saber equilibrar rotina e descanso é um tempero ideal ao viver!