sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Adeus Antônio

Uma tristeza suave
desce hoje de nossos olhos
Partiu Seu Antônio
levando em seu corpo
cansado e enfraquecido
uma longa vida
forte e saudável
fértil feito as terras
que ele arou, semeou
tanto caminhou
Ah! Como gostava 
de andar pelos pastos
pelas casas em sítios distantes
a ver um filho
e mais outro
Um boi, um bezerro
o chapéu
as rezas
a Sebastiana tão dele
As lágrimas, o silêncio no milharal
no cafezal
no pomar
em nossos corações são inevitáveis
De alguma forma
seus mais de noventa anos
nos ensinaram que há doçura
doçura até mesmo na tristeza
Vá em paz Antônio

Com sua Sebastiana
Alguns dos doze filhos
Festa do Divino que tanto gostava
Andar pelas ruas de terra
Os netos, o chapéu
 As ruas do cafezal
Meu sogro, vá em paz levando o amor da família
e de tantas pessoas que te admiram






quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A latinha

"Mãe, não acredito no que você fez. Você viu sua cara? Coitada da menina. Nossa, você me decepcionou. Eu tô até com vergonha da Camila. Juro que eu não te entendo".
Nossa, será que foi tão ruim assim? É acho que foi. Mas há coisas que minha filha nunca vai entender. Ela não viveu aquilo.

Bem, a Camila amiga da minha filha convidou-nos para a sua Primeira Comunhão. Não pudemos comparecer e enviamos uma lembrancinha para ela pela ocasião. Ela então veio em casa dias depois do evento trazer um recordação da festa que os pais ofereceram.


Este era o presentinho que ela trouxe.
Não exatamente assim: havia uma fita branca que se enlaçava em belo laço.
E quando ela entregou nas minhas mãos aquela latinha...
Reconheço mesmo que minha cara deve ter sido das piores.

Quando eu era mocinha, eu trabalhava.
Ah, naqueles tempos em que se podia trabalhar. Trabalhava e estudava à noite.
Trabalhava em uma clínica médica como recepcionista. Dois pediatras, dois clínicos, um oftalmo, uma desntista, duas psicólogas e um pequeno laboratório para exames simples.
Meu turno era o vespertino, começando às 13 horas. Devido ao meu bom desempenho, propuseram-me que passasse para o turno da manhã. Havia muito mais movimento e precisam de uma pessoa desenvolta feito eu. 
Aceitei, assim teria livre o período da tarde para estudar e não ter que sair correndo para a aula.
E foi logo no primeiro dia matutino do meu serviço que eu percebi que não devia ter aceitado.
Eu chegava para abrir a clínica e já uma fila grande. 
Entrava, abria as janelas e então começava a função de verificar agendas, pegar fichas nos enormes fichários de metal, atender telefones e receber latinhas.
Receber latinhas, como esta aí de cima.
Era o exame de fezes.

Sabe, minha filha e a amiguinha dela nasceram numa época em que nem mais é preciso jejum para fazer exame de sangue; exame de fezes então, não sabem o que isso.
Mas eu sei e sei muito bem.
Hemograma, urina e exame de fezes. Eram esses os exames mais solicitados pelos médicos da clínica e os pacientes vinham, geralmente no dia seguinte ao da consulta para tirarem o sangue e entregarem suas latinhas para mim.
Umas vinham em saquinhos plásticos cor de rosa, dos que tem nas feiras, outras embrulhadas em jornal, papel de pão, nua e crua, com elástico. Independente da meneira como se apresentavam, algo em comum: todas exalavam.
E ainda tinha a pergunta que eu precisava fazer já temendo a resposta - "O senhor colocou o nome?"
A fita crepe ficava ao meu lado no balcão. Cortava um pedaço sem estética mesmo, escrevia o nome do sujeito, desembalava a latinha, grudava ali o nome, implorava aos céus por uma ventania e chamava o próximo.
Eu não gosto dessa técnica, ou tática de olhar e procurar gente em pior situação para dizer "tá vendo, olha lá se fosse como ele". Mas nesse caso das latinhas, eu fazia. Pensava no Ronaldo, o cara do laborário que chegava às oito, tomava um café ali na cozinha da clínica e se trancava em seu laboratório com as latinhas enfileiradas.

Então, quando a Camila me entregou aquele presentinho sincero, todas aquelas manhãs saíram de recônditos da minha memória assim, de  sobressalto. Não pude evitar a cara,sei lá do quê, que eu fiz. Desculpe-me Camila; desculpe-me filha.

Já ia me esquecendo de uma parte daquele meu trabalho. Desenvolta eu era, mas não para tanto.
Sempre havia um alguém ou um telefonema a perguntar "moça, como faz pra colocar o exame de fezes na latinha?"
Ah não, isso era demais para mim, não respondia mesmo. Não sei, não faço a menor ideia e vou chamar o Ronaldo ou liga para ela no final da tarde.
Eu não poderia falar da desenvoltura da minha mãe para tais exames a mim solicitados.
Primeiro, tomar um sorvete chicabom e não, não jogue o palito fora. O resto da história, só quem viveu, sabe!

sábado, 21 de fevereiro de 2015

O romantismo do câncer

Era preciso que houvesse uma mesinha de centro, mesa da cozinha em fórmica, não servia. Levantar-se-iam até o batente mais próximo para ali ressoar as três batidinhas, uma espécie de amuleto sonoro.
Precisava ser madeira pura. Compensados não teriam essa força oculta de afastar coisas ruins.
A palavra câncer era pronunciada com cautela, ou melhor, na maioria das vezes era impronunciável, trocada por sinônimos inventados - doença maldita,"aquilo".
Três batatinhas, três benzeções em cruz, três vezes a mão à frente da boca.
E os tempos avançaram e com ele, como já falei aqui, câncer deixou de ser sentença de morte. Antes de bater na madeira, vem à mente as possibilidades de cura, muitas aliás, o tratamento, a força para enfrentar a doença.

Recente, bem recente vieram os livros voltados para o público juvenil e que agrada em cheio os adultos também, a exemplo de A culpa é das estrelas que virou filme de grande repercussão.
E agora, depois de admirar toda essa nova postura, começo a ver exageros, mal gosto.

Em abril, o livro que já virou filme vencedor, e que compara o autor estreante, Jesse Andrews à John Green, será lançado pela Rocco no selo Fábrica231. ( Garoto nerd e antissocial que é obrigado pela mãe a fazer amizade com uma garota com leucemia ).
Não é esse o exagero, nem o mal gosto. Isso é sacada comercial.

O mal gosto vem do médico britânico Richard Smith que afirma que a melhor maneira de morrer é pelo câncer.

"Você pode dizer adeus, refletir sobre a vida, deixar mensagens, visitar lugares especais pela última vez, ouvir as músicas favoritas, ler poemas e se preparar, de acordo com suas crenças, para encontrar seu criador ou curtir o esquecimento eterno" - as palavras são dele.

Bem, o cara é do meio científico, das revistas de publicações científicas e por isso dizem que ele quer polemizar para aparecer e tal.

O fato é que, nesta semana um outro médico, Oliver Sacks, publicou sua carta de despedida, inspiradora e poética. Está morrendo de câncer.

E o que há de inspirador e poético é que não precisamos ser diagnosticados com um câncer para começar a viver intensamente.
Não podemos esperar chegar a um extremo para começar a viver de verdade.
Estamos então todos, a grande maioria vivendo de mentirinha?
Teremos que desejar um câncer para enxergar a beleza da vida? Seremos felizes só lá em Marte?
Com tantos exemplos, depoimentos, com a sabedoria que fomos adquirindo, será que não é possível saber viver na saúde?

O que vocês acharam dessa declaração?




quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

O lar que habitaremos

Era ficção científica, imaginação fértil, como tantas outras coisas que hoje são realidade.
A maioria sensacional, útil. As grandes evoluções da tecnologia, não apenas de computadores, nas pesquisas, ciências. 
Mas há uma conquista que eu não gostaria que acontecesse. É difícil expressar que não  é desmerecimento do trabalho, do empenho.
Falo da conquista de outros planetas. Dos cientistas, astrônomos tão dedicados a isto. Não deve ser mal, errado. Há méritos e frutos em tantos anos de dedicação.
O problema nào está neles e sim em nós.
Assim como a internet revolucionou e nós é que muitas vezes damos destino incorreto ao uso dela, a possibilidade de conquista de outros planetas corre o mesmo risco.
Eu não gostaria que o ser humano tivesse a possibilidade de ir morar lá sei onde.
Destruímos dia a dia o nosso planeta Terra e seria diferente com os demais?
Sucateamos nosso ninho e agora poderíamos abandoná-lo e viver melhor?
Desculpem cientistas, mas não levem não gente, nós os humanos para lá.
A não ser que vire realidade a regeneração feita por nossas próprias mãos aqui, tornando isso aqui, nossa casa, nossa morada o que ela já foi antes, aí pode-se até pensar...

Muitas vezes desanimo, desanimo mesmo, acho que não vai ter jeito. E de repente me vejo acreditando novamente, mas acreditando que é aqui, os pés na terra que podemos fazer e revolucionar.

Ontem por uma sugestão virtual, cheguei a um vídeo que me disse muito, que me mostrou e reinaugurou esperanças.
É um vídeo de Sebastião Salgado ( 16 min ) e poderia ser um excelente relato sobre fotografia e um dos maiores fotógrafos do planeta. É mais, é além.
É possível sim, aqui mesmo.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Eu, você, bilingue

"... O assunto parecia sério, exigia cautela pelo modo de me abraçar. Disse-me que, embora fosse inteligente e perceptiva, tinha a linguagem precária e pobre, que deixava a desejar."

A frase acima foi dita por uma mãe. Uma mãe afetuosa e atenta. Abraçou a filha, foi delicada, mas não deixou de chamar-lhe atenção a este fato. O vocabulário pobre.
Nélida Piñon,  escritora brasileira relata esse fato em seu livro de memórias Coração andarilho. Era uma criança quando foi advertida pela mãe e acatou aquelas palavras e enriqueceu seu vocabulário. Tornou-se grande escritora.

Lia dicionários. Preocupava-se com suas palavras proferidas. Ouvia atenta novas palavras.

Foi a partir de uma reunião escolar agora no início do ano letivo que me pus a repensar mais o assunto.
O coordenador foi duro em suas palavras: "nossos adolescentes estão usando vocabulário cadeeiro; sim, o mesmo vocabulário usado nas cadeias 'mano, véio...' E não se pode atribuir à classe econômica menos favorecida, estamos dentro de uma instituição particular.
E alguém levantou a questão da leitura e disse que os jovens estão lendo muito.
O coordenador confirmou, porém destacou "lêem sim, mas são leituras fáceis, não acrescentam em termos de vocabulário, eles já se habituaram ao mesmo estilo de livros e aí o papel da escola com os clássicos, com outros estilos literários que não os de massa".

É fato: só prestar um pouco de atenção à palavra falada no geral e notamos sua decadência.
Sei que um idioma é vivo e passa por transformações. A palavra blog no passado, não faria sentido, assim como face, insta, twitter.
Mas quando escuto o é nóis, é de doer.
E percebo que essas expressões ganham uma força tremenda e "nascem" como novas palavras.
Estamos empobrecendo nossa língua.
Poderíamos sim escolher vez em quando, uma nova palavra e sair por aí com ela!
Em pouco tempo seríamos bilingues em nosso próprio idioma!

No Meu blog e eu há um trecho maravilhoso de Graciliano Ramos sobre lavar e quarar nossas palavras. Confere lá!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Desculpe, não vou

Chegou por e-mail o convite para o Impeachment de Dilma, desculpe, não vou.
Consultei o calendário para dar suporte à minha cisma e estava lá: domingo, 15/03.
O site da previsão do tempo não consultei; talvez seja um domingo de sol e ficará bonito as grandes praças, avenidas, tomadas de gente de cima a baixo no mapa do Brasil. E com toda essa beleza, não sentirei orgulho dessa vez.
Acho fantasioso imaginar que saindo às ruas teremos logo a seguir um outro alguém. Talvez um dos nanicos, aqueles dos 1% nas pesquisas, ou o terceiro colocado, ou a oposição e aí tudo ficará melhor. Nada disso, assume o vice e...?
Chega de corrupção, estará escrito em cartolinas, canelão pilot azul, preto ou vermelho. Chega, chega mesmo, mas quando parte do próprio governo uma medida drástica para reduzir custos e um tanto de sacanagem, como por exemplo o seguro desemprego, a maioria contra. Não queremos corrupção, mas fazemos as nossas pequenas, diárias, o "se vira nos trinta".
Haverá selfies, muitas selfies solitárias com o rosto pintado de verde e amarelo, com os amigos, as selfies diferentes tiradas com a GoPro.
Mesmo assim não irei. Na outra gigante manifestação, que se deu pelos vinte centavos e acabou se mostrando numa vitrine de pedidos: saúde, educação, mais educação.
O que é mais educação?
Falamos mal, reclamamos e o que fazemos pela educação? Ao menos na reunião da escola vamos?
Desculpe, mas eu não vou.
Nauseei com o que li pelo meu computador nas últimas eleições. Será que guerra define?
E muitos felizes por terem rompido com amigos, família, marcando o Natal com os similares de militância.
Eu precisei ir à escola do meu filho meter a boca, brigar mesmo, rodar a baiana. Nada disso foi preciso. O diretor confirmou - "É, eu estou tento problemas com os professores sabe? A maioria é formada na USP e aí né, eles estão mesmo empolgados.
Empolgados não. Eles deveriam ensinar cidadania, voto, política, formação do Congresso, das Câmaras e eles estão simplesmente, como disseram alguns adolescentes, "fazendo lavagem cerebral a favor do PT"
E eu achando que isso só ocorria na universidade. Ou, no último ano do ensino médio, quando eles já podem votar. Agora fazer isso no oitavo ano? 
Mesmo assim, sendo contra tudo isso, não vou.
Não me foi ensinado política, não tive pais envolvidos, vou indo, a duras penas, tentando compreender.
Será bonito o domingo, faça chuva ou sol. Mas, e os baderneiros? O spray de pimenta, bala de borracha, depredação. Vai ou não ter?
Gostaria que me chamassem, em São Paulo, para um manifestação em prol de renascimento do rio Tietê. Crise hídrica, nome pomposo, iminência de racionamento, algo assim, cinco dias sem água e dois com, com um rio de corta a cidade com águas podres. Estou saturada de vídeos fofos mandados para jornais locais com crianças fofas ajudando mamãe a economizar água. Temos sim que fazer a nossa parte, mas e a companhia de água e abastecimento. Faz vídeos fofos de todas as perdas que ela têm, e que gira em torno de 40% de água tratada, potável? E tentam colocar a culpa somente em nós? E ainda pedem que rezemos, esperando um milagre?

Democracia é isso - goste ou não, votou ou não, está aí e temos que gerenciar todas as crises que ainda virão.
Tomara, torço para eu estar errada quanto à minha cisma. 

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

De acrílico laranja


Era cedo e estava lá. Cedo de ainda não ter batido o sinal do colégio, mas os adolescentes apertavam o passo. Quase o sinal batendo. Ainda assim cedo.
Quis fotografar, mas tive vergonha. Havia movimento, mesmo sendo passos apressados, estavam lá e me julgariam por fotografar uma prancheta deixada no chão.
Voltei para casa e percebi que tinha trazido a prancheta comigo. Mentalmente, mas trouxe.
Apoiei os pensamentos ali e ficou bom para escrever. As ideias fluíram.
Tive, quando criança, dois de muitos desejos: ter uma prancheta e uma gravador.
O gravador não tive, o pai dizia que era muito caro.
A Neide teve o gravador. E a Neide era a mãe da minha amiga, que resolveu, quase perto dos 40 fazer faculdade de direito.
Já tinha enterrado um filho, o primeiro, com um aninho, meningite. Os outros dois, eram altos, saudáveis e meus amigos.
A Neide ganhou uma brasília zerinho e com ela ia para a faculdade e também comprava pacote fechado de fita Basf pro gravador lá no Makro.
Eu também queria ir no Makro, mas o pai disse que era muito caro e tinha que ter cartão especial para comprar. Então a gente ia no Malena mesmo e eles entregavam a compra do mês com uma kombi.
Eu me apaixonei pelo gravador da Neide: um retângulo preto, com os botões também retangulares prateados que ela apertava com o dedo gordo para abrir e colocar a fita Basf, tinha o de começar a gravar, o de acelerar e ir lá pro fim da fita, mas a maioria das vezes ela voltava para trás e ouvia novamente.
A Neide lia em voz alta e gravava as leis, que ela dizia serem muitas e difíceis.
Era muito inteligente a Neide: ela levava o gravador para quarto e passava gel nas pernas e na barriga e prendia algum aparelho que ficava dando choquinhos para emagrecer enquanto ela ouvia as leis.
Emagrecer nunca emagreceu, mas ficou rica depois que formou. Sempre acho que foi o gravador.
De acrílico laranja era minha prancheta, meu pai que comprou. Não me lembro como a usei; lembro-me apenas da felicidade de tê-la ali em meus braços.
No finzinho da tarde, levei o cachorro para passear. Ela ainda estava lá. Fotografei.
Não tinha ninguém a me vigiar, a não ser as câmeras de segurança que podem ter achado um movimento suspeito eu ali agachada com um cachorro em frente a uma prancheta.
A história eu já tinha escrito na prancheta mental que levei de manhã comigo. Fotografei e depois fiquei una instantes a contemplá-la. Inútil. Ninguém a quer.
Eu mesma, o que faria com uma prancheta?
Só que não achei digno que ela ficasse ali em abandono.
Um pouco mais a frente, fardos enormes aguardavam o caminhão da reciclagem.
Acho que ela não é reciclável, pensei, talvez alguém queira apoiar um papel ali e escreva uma história. Ainda que só no pensamento.


terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Você sabe doar?

Nos primeiros dias da nossa mudança, em meio àquela bagunça de caixas, decidi dar um tempo, e saí com as crianças para uma longa caminhada.
Sabia que havia um parque nos arredores.
Um lugar lindo de fazer esquecer as caixas que me aguardavam!
E dentre muitas boas surpresas e pernilongos também, encontramos uma estante para doação, troca de livros. Livre para receber livros libertos!


Passou logo a euforia.
Uma rápida mexida por ali e não encontrei nenhum livro de literatura.
A maioria, livros técnicos e apostilas e muitos, muitos livros escolares.
É certo que há diversas histórias com final feliz de pessoas, que encontrando esse tipo de livro, aprenderam um idioma, passaram no vestibular; mas acho que a proposta é a troca de livros de ler.
Fica nítido que muito espaço naquelas prateleiras era ocupado pelo que nos incomoda dentro de casa e não sabemos exatamente o que fazer. Especialmente no final de ano. O que se faz com os livros didáticos?
O parque tem um público grande. Gente caminhando, correndo, fazendo exercícios, passeando, namorando. A estante está cheia demais...
Ela fica num local aberto, bem visível, bem no caminho.
Será que faltam livros mais interessantes?
Qual sua opinião?
Bom, para o próximo BookCrossing Blogueiro já sei onde colocarei meus livros para baterem asas!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Só rugas

Deparei-me hoje com uma esquisitice daquelas na internet que me inspirou imediatamente a escrever.
A esquisitice é a mulher que não sorri há 40 anos para não ter rugas. E já tem famoso aderindo e médico confirmando os efeitos do não sorrir.

Minha filha tinha uns anos quando me falou que gostava muito de mim porque eu era uma mãe gargalhosa. Não me aguentei e caí na risada!
Esses dias, ela me disse que sempre se lembrará de mim por causa das minhas risadas.
Encheu-me de orgulho saber que esta é a marca que eu deixarei em minha filha ( e espero que assim seja! ).
A lembrança que tenho de minha mãe é de uma pessoa doce, meiga, com uma tristeza quase enevoada, uma doce melancolia a envolvia.
Transmitir isso a minha filha me deixa feliz. É dessas coisas que não tem como você forçar no dia a dia, acontece.

Então, enquanto lia a reportagem da tal mulher sem sorriso, recordei o que fizemos, eu e a Júlia ontem. Para falar a verdade, eu insisti, insisti e ela, mesmo atarefada, acabou concordando.
Ontem eu quis brincar! De sessão fotográfica!

Várias fotos tinham ido para a lixeira do celular, porque seriam, digamos, não próprias para publicação.
A dona anti-sorriso me acendeu uma vontade enorme de postar essas fotos!





"Mãe, para de me fazer rir.
"Mãe você não serve para ser fotógrafa"
"Mãe fica séria".

Tudo que eu espero é que esse sorriso nunca deixe de ser expressado.
As rugas... a gente dá um jeito!

Mas teve sim foto com seriedade!
Espia só:




Algumas vezes, a vida não nos dá motivos para sorrir. Quando os temos, é mesmo para aproveitar!



segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Adeus sono bom

Júlia e Bernardo, com três dias de vida

Ah esse soninho!
Antes mesmo de engravidar, eu já lia sobre como proporcionar o melhor dos repousos para meus futuros rebentos.
Já iluminei algum texto deste blog com luz lilás e azul, além de borrifar nas suas páginas, aroma de camomila e lavanda.

Nos primeiros dias de vida do Bernardo, já em casa, seu sono causou reboliço geral.
Havia uma "segunda" porta na cozinha, metade tela, metade madeira que separava os animais no quintal e permitia a entrada de luz e ar no ambiente. Seu trinco consistia em uma pequena esfera retrátil que a fechava com suave pressão.
Ocorre que ao fechar, fazia clek.
E foi esse clek que colocou as mentes engenheiras de avós, dono da venda da esquina, tio em terceiro grau, a buscar uma solução. A cada clek, um sobressalto incomodava o sono do recém nascido.
Sinto vergonha por isso até hoje, uma dúzia de anos depois.
Calaram o clek.

No recente novembro, fui sobressaltada na madrugada pelo celular do meu filho. Entre a sonolência e o susto, achei que o menino tivesse deixado, por engano, algum alarme. Mas, nem foi preciso que eu me levantasse, o silêncio voltou.
Na manhã seguinte, indaguei-o sobre o tal alarme por volta da meia-noite.
Ah não, mãe. Era mensagem do grupo da escola no WhatsApp, duas e cinco da manhã. Poxa e eu nem acordei para ajudar meus amigos. Eles ficaram de recuperação e queriam que eu ajudasse a resolver uma equação.

Nem esperei o fim da explicação e berrei todo o silêncio que busquei durante muitos anos, sufocando inclusive cleks cleks.
Eles estão de recuperação, querem que você resolva problemas às duas da madrugada e eles terão que levantar-se às seis da manhã e estão acordados e estão de recuperação e os pais deles...
Bem, não importa a ordem de relevância dos fatos. O fato é que isso não é hora de mandar mensagens, estão de recuperação, deveriam estar dormindo para renderem melhor na aula.

Vejo pais desesperados para oferecem o melhor dos sonos e sonhos aos pimpolhos e sinto realmente vontade de falar - esqueçam tudo isso, logo ele terá um celular e um grupo, e qualquer coisa que seja similar a um whatsaap e aí, clek pra você.

E por falar em aulas, a Paula Belmino preparou uma postagem muito interessante sobre volta às aulas. Confere lá!

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Amor de avó


Foi a capa que me fez comprá-lo.
Entrei no site da livraria para pesquisar um outro livro, e na página inicial estavam as sugestões e lançamentos em imagens pequenas.
Essa me chamou a atenção e o comprei.
Até hoje fico pensando na capa...
A história é dessas que não aparecem muito na literatura: temos os amores, as paixões de gente jovem e as separações,  divórcios e seus enredos de superação como em Comer, Rezar, Amar.
Aqui é uma avó que se apaixona.
Uma avó que leva sua netinha ao parque em algumas tardes da semana para ajudar a filha que trabalha. Nesse parque ela encontra um também avô a passear com o neto.
Entre os conflitos que ela está passando em seu casamento, a dúvida em mudar-se de cidade para levar uma vida mais pacata e de repente, naquele corpo de sessenta e poucos anos a paixão reacende por outro homem.

Nos tempos em que vivemos, onde uma mulher de sessenta anos pode estar tão bem quanto uma de quarenta, e tempos esses que vivemos mais e com muita lucidez, vivacidade por que não o amor, a sensualidade, o sex, a paixão?
Um livro que merecia estar nas listas dos mais vendidos e lidos e cinzentos títulos.
Beijo!