"... O assunto parecia sério, exigia cautela pelo modo de me abraçar. Disse-me que, embora fosse inteligente e perceptiva, tinha a linguagem precária e pobre, que deixava a desejar."
A frase acima foi dita por uma mãe. Uma mãe afetuosa e atenta. Abraçou a filha, foi delicada, mas não deixou de chamar-lhe atenção a este fato. O vocabulário pobre.
Nélida Piñon, escritora brasileira relata esse fato em seu livro de memórias Coração andarilho. Era uma criança quando foi advertida pela mãe e acatou aquelas palavras e enriqueceu seu vocabulário. Tornou-se grande escritora.
Lia dicionários. Preocupava-se com suas palavras proferidas. Ouvia atenta novas palavras.
Foi a partir de uma reunião escolar agora no início do ano letivo que me pus a repensar mais o assunto.
O coordenador foi duro em suas palavras: "nossos adolescentes estão usando vocabulário cadeeiro; sim, o mesmo vocabulário usado nas cadeias 'mano, véio...' E não se pode atribuir à classe econômica menos favorecida, estamos dentro de uma instituição particular.
E alguém levantou a questão da leitura e disse que os jovens estão lendo muito.
O coordenador confirmou, porém destacou "lêem sim, mas são leituras fáceis, não acrescentam em termos de vocabulário, eles já se habituaram ao mesmo estilo de livros e aí o papel da escola com os clássicos, com outros estilos literários que não os de massa".
É fato: só prestar um pouco de atenção à palavra falada no geral e notamos sua decadência.
Sei que um idioma é vivo e passa por transformações. A palavra blog no passado, não faria sentido, assim como face, insta, twitter.
Mas quando escuto o é nóis, é de doer.
E percebo que essas expressões ganham uma força tremenda e "nascem" como novas palavras.
Estamos empobrecendo nossa língua.
Poderíamos sim escolher vez em quando, uma nova palavra e sair por aí com ela!
Em pouco tempo seríamos bilingues em nosso próprio idioma!
No Meu blog e eu há um trecho maravilhoso de Graciliano Ramos sobre lavar e quarar nossas palavras. Confere lá!
Olá Ana Paula,
ResponderExcluirAqui em Portugal também tem se observado esse desmembrar do idioma pela faixa etária mais jovem, como se com isso estivessem afirmando sua força, sua vontade para além das regras. É um fenómeno curioso, que os educadores têm combatido e onde o recurso à leitura saudável é importante, e necessita ser usado desde muito cedo, ainda na pré-primária, para que se obtenha frutos.
um bj amg
Concordo plenamente com tuas ideias e como temos visto pessoas falando errado, comendo as sílabas,abreviando, já não basta a mania de escrever encurtada nas mensagens de texto, ainda falar gírias por todo lado. Me preocupo com Alice, e com minhas crianças na escola, a gente usa muitas atividades a fim de desenvolver a oralidade, mas em casa será que os pais tbm dão esta atenção? Li o texto da Tina e amei. No meu blog tem um ensaio e uma reflexão, no anterior maneiras de ajudar as crianças a ler e escrever usando as marchinhas e por que não falar melhor hehe. bjs
ResponderExcluirAna Paula, essa é uma triste constatação! Quando vemos as saudações dadas pelos colegas no início do dia nas escolas, já isso pode ser constatado.Chega a doer na alma. Parecem vindo lá dos cafundó do judas, onde acesso nenhum à cultura tem. Pena! E o texto lá da Tina foi lindo mesmo! Valeu! bjs às duas,chica
ResponderExcluirOi Ana Paula,
ResponderExcluirAcho que o fato dos jovens usarem essa linguagem não tem a ver com as leituras e sim com um estilo de comportamento, para marcar diferença em relação aos adultos.
Eles poderão ler todos os clássicos e falar corretamente com os professores, mas entre eles continuarão a se tratar por mano, véio e etc.
Não estou aqui diminuindo o valor da leitura, mas é o que vejo com os adolescentes que atendo e inclusive com meu filho, que já leu até a Divina Comédia de Dante e tem um vocabulário incrível, mas quando encontra os amigos é só véio prá cá e véio prá lá...
Cada geração tem seus códigos, cabe a nós entendê-los.
Bjs
P.S.: E por falar em livros, estou sorteando um livro da Martha Medeiros lá no blog, quem sabe você ganha
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ResponderExcluirE o vento soprou do meu varal Graciliano e eu para cá
ResponderExcluirQuarada
Corada
Grata
Sobre a pobreza do vocabulário falado e escrito da nova geração e regressão das velhas é lastimável
Erros crasos disfarçados de modinha
Modinhas que atendem aos desatentos
Gírias demais
Conhecimento de menos
E a incoerência absal de Paulo Coelho não ser considerado literatura e outras tantas leituras até premiadas, permeadas de rasos serem as leituras indicadas pelas escolas, compradas pelo modismo pelos pais
Muito espaço ao livre e a boa e velha leitura obrigatória da coleção Vaga lume, de Sabino, Machado, Monteiro Lobato, questionadas, subjugadas...
Nota de pesar:
Parece cômico mas é trágico
Eu num papo com a esposa novinha de um amigo disse é como se fôssemos uma raça ariana
Ela disse: Não sou do signo de aries
Respirei
Pensei
Deu uma preguiça e eupdisse que depois explicava
Falta vocabulário
Cultura
Curiosidade
Consulta ao dicionário
O Google responde td e aposto recebe mais buscas de produtos e fofocas que de explicações
Complementando remendado no comentário de Cris eu acho pertinente e permissivo o línguajar entre as tribos, seja entre os jovens, seja entre determinadas categorias: futebolística, musical e tal
ResponderExcluirTem ainda a tal linguagem da net
Mas com exceções, pelo menos em minhas imediações, está habitual e cada vez mais usual, as gírias, abreviações e jargões com os avós, professores e afins que por muitas vezes fazem uso dessa comunicação para se comunicarem
E assim na oralidade e na escrita empobrece-se a linguagem
Não adianta ler Camões e falar como Seu Creisson