quarta-feira, 25 de abril de 2012

O pote


Sábado pela manhã é o dia que o entregador faz voar por cima do portão a revista semanal. Neste dia eu estava especialmente ansiosa por causa da revista, sentimento este que nunca me ocorrera anteriormente.
Pensei que talvez fosse o dia chuvoso. Chuva grossa que poderia molhar suas páginas.
Quando ouvi o som do impacto contra o chão, corri.
Abri a revista à procura de uma cronista que estava estranhamente ausente nas edições anteriores.
Ela havia comparecido nesta semana! E esse era o motivo da minha ansiedade. Reencontrá-la.
Havia adoecido de uma tristeza que não se ia. Fez exames médicos: tudo perfeito, longa vida pela frente. Fez exame de consciência: também nada fora dos eixos; marido, filhos, netos, todos bem.
Foi-lhe então recomendado que se afastasse de sua rotina. Novos ares para ventar a tristeza para longe.
E assim ela o fez e a melhora chegou.
Sua rotina incluía acordar cedo e ir direto para os noticiários: corrupção, crise econômica, ambiental, violência... Alegria envenedada.

À medida em que eu lia, surgia em meus pensamentos imagens de uma novela que apresentou de maneira até divertida, alguns costumes indianos.
Um desses costumes relacionava-se à primeira visão do marido ao sair de casa. Caso seus olhos encontrassem uma imagem negativa, que não fosse auspiciosa, voltava para dentro de casa para recomeçar ( não sem antes esbravejar! . Em seu socorro, a esposa corria para trazer um pote com leite a frente da casa para que esta boa imagem fosse então a primeira do seu dia.

A cronista da revista disse que aprendeu a higienizar o seu dia, o seu amanhecer e voltou a sorrir.
Ainda que não haja nenhum sol brilhando lá fora, podemos colocar um pote de leite a nossa frente.
E então, o que tem no seu pote?

terça-feira, 24 de abril de 2012

Vários acontecimentos

O post de hoje é para falar de muitas novidades!
Ganhei selinho que veio lá da Lívia do Diversão em Família! Obrigada pelo carinho, por se lembrar de mim!




A Lívia também está organizando e convidando para uma blogagem coletiva sobre: A maternidade tem gosto de quê?
Vamos participar? Para o dia 03/05.
Para as mamães de filhos com fraldas ou filhos com barbas! As intermediárias também!



Clica aqui para mais informações e prepare seu texto!

E lembram que a Luma me convidou para participar do "liberte um livro"?


Foi muito agradável e surpreendente porque desta vez eu libertei pelos correios e a amiga que recebeu e estava sumida, deixando todo mundo preocupado, apareceu com a caixinha dos livros!
Beijo querida Carol, a saudade estava imensa!

E a Luma já deixa o convite para o próximo BookCrossing Blogueiro que será em novembro. Dá tempo de comprar um livro, ler, fazer bilhetinhos legais e mandá-lo voar. Será de 08 a 16 de novembro. Não esquece!

E para ir entrando no clima da blogagem coletiva e escrever um texto bem emocionante, deixo um vídeo que está passando na tv, publicidade para os jogos olímpicos.
Beijo



sexta-feira, 20 de abril de 2012

A menina e a lagartixa

Mãe, você acha que eu devo pegar a lagartixa que está morta na escada?
A mãe responde:
Acho que você deve. Use um pedaço de papel para pegá-la.
Mudando de ideia:
Mas mãe, eu acho que é melhor você pegar a lagartixa.
A mãe insiste:
Não, melhor você; você consegue.
Voltando com um pedaço de papel na mão a menininha pede:
Mãe fica perto de mim?
A mãe se aproxima e logo nota o pé da menininha...
Então pede:
Espere um pouco, será que posso fotografar este momento?
Ela responde indecisa entre terminar logo com aquilo ou ficar aliviada alguns segundos até a mãe retornar com a máquina fotográfica:
Pode sim mãe.





Assim que desvira a lagartixa, vê um osso exposto.
Chora com sentimento de dor, de tristeza.
A mãe para de fotografar e corre abraçar.
Precisa absorver a sensibilidade da criança há tempo esquecida.



O carro do papai

Os domingos da minha infância foram marcados por uma cena, que se repetiu exaustivamente: meu pai, seu carro e os cuidados a ele dispensado.
Cuidados este de fazer inveja. E motivos de muitas desavenças entre papai e mamãe - "Você parece gostar mais do carro do que da própria família..."
Algumas vezes eu chegava perto, mas não podia encostar em nada e logo percebia que eu atrapalhava aquele momento íntimo entre o papai e seu carro.
E que momento longo! Cedo, lá estava ele com o possante estacionado em frente de casa. Parava para almoçar, porém não elogiava a sobremesa, e voltava apressado para perto daquele objeto que nos "roubava"o papai.
Terminava no final da tarde, a tempo de assistir ao futebol no televisor preto e branco.
Lembro-me do pó de grafite que ele colocava nas manivelas do vidro para ficarem macias e fácil de subir e descer sem ter que fazer muito esforço com o braço. Sempre algum reparo no quebra-vento, os pneus mais escuros que noite sem lua. E o teto? Ele sempre inventava de pintar e depois passava a semana clamando de dor no pescoço.
Ficava visivelmente triste a cada venda e quando chegava em casa mostrando a nova aquisição, já não se lembrava mais da dor antiga. A voz orgulhosa: "este é um 68, direção original"e já discorria sobre a lista de cuidados que dispensaria ao novo carro, não tão novo assim, porque o dono anterior não lhe dispensava os devidos cuidados como papai.
Claro que tinha um pedido de passeio, uma volta pelo bairro apenas.
Claro que não. E se chove? e se algum pombo castiga o polimento feito com cera especial?
Depois de todo este cuidado, ia para a garagem embalado numa capa, esperando o próximo domingo, porque papai trabalhava de segunda a sábado de ônibus.
Expor aquela belezura às garras da cidade grande, lotada de barbeiros que poderiam danificar seu quase filho?
Não, o seu José Augusto, barbeiro, ia de ônibus e abria pontualmente a sua barbearia às 7 da manhã!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Colher o dia

Já li belas postagens sob este título: colher o dia.
E hoje no meu dia, uma colheita inusitada.
Uma amiga tocou a campanhia já para o final da tarde convidando a mim e à Júlia para colhermos mexericas.
Tanto insistiu, que entramos no carro.
"É ali, num outro bairro".
Confesso que imaginei um cenário mais bucólico...


Este não era exatamente o cenário de um pomar, mas pensando melhor, chega a ser poético.




Ficava a lembrar das belíssimas imagens que vira nos blogs amigos sobre colher o dia.
Em nada se pareciam com a minha colheita.


Equipamento específico para colher o dia!





Lembrei-me do aniversário do céu e palavras!





Amiga adorei esta tarde inusitada! Nossas gargalhadas, a dor no pescoço. Tudo vale para adocicar nossa amizade, até mexericas!

terça-feira, 17 de abril de 2012

A borracha

Já tinha me habituado a ausência dos imensos painéis publicitários, os "outdoors" depois da lei Cidade Limpa em São Paulo e quando me mudei, chamou-me a atenção logo na entrada da cidade, um destes gigantes que anunciava uma escola, com os seguintes dizeres: "Aqui se usa pouco a borracha".
Era ilustrado com a imagem de umas três borrachas, novinhas, aparentemente sem uso.


O carro levou apenas alguns segundos para deixar aquela imagem para trás.
Eu a carreguei comigo, sem mesmo saber o por quê. Aquela borracha macia me cutucou, arranhou, incomodou.
Era algo muito além dos métodos pedagógicos adotados por aquela escola.


E foi durante as férias escolares de verão que meu filho me pediu para apagar toda a lição que ele havia escolhido fazer neste período, porque fizera de modo desatento e provavelmente haveria mais erros do que acertos. Preferiu recomeçar.
Usei uma borracha inteira. O braço doeu. Apesar de dizerem que coração não dói, o coração também doeu.


Cada restrição que é necessária colocar na vida de uma criança, é uma borracha que se usa. Cada arrumação em uma gaveta, em um guarda-roupa, outra borracha.
Talvez a infância e a juventude sejam períodos que mais borrachas usamos, para depois seguirem, pela escola da vida e lá, usar cada vez menos a borracha.
E que na escola de vida, a borracha tenha outro nome: sabedoria.
Apagar, aprender, refazer...
Sem tantos farelos, mas com o sol que raia a cada manhã e nos acaricia, com a maciez que convida a recomeçar.


domingo, 15 de abril de 2012

Liberte um livro


Eu já estava esquecendo! Foi uma surpresa boa, a Luma, uma incentivadora desta prática tão legal vir aqui e me convidar a participar da 4 edição do Book crossing blogueiro! Obrigada Luma!


Há um tempo atrás, li num blog de uma amiga, seu desejo de montar uma biblioteca infantil para atender à criançada que por lá está sem acesso.
Logo depois, ela fez um sorteio e eu ganhei! Adoro ganhar sorteios porque além do presente eu ganho também o endereço do amigo virtual, e ele é muito útil!
Então nesta edição, os livros vão passear via correio. É uma pequena ajuda, um grande incentivo.




Que sigam felizes os livros.
E aí vamos participar?!
Chica, vamos repetir a dose? Convida o Neno!
Quem mais?


Lá na Luma tem vários modelos de selinhos para escolher. Pega o seu!

sexta-feira, 13 de abril de 2012

O sonho da riqueza

O sonho da fortuna fácil, fama, ascensão meteórica para um filho, uma filha, a cada época tem uma roupagem. 
Pais já sonharam com o filho doutor, estudado na capital. Gisele Bundchen fez muitas mães sonharem com as passarelas no caminho das filhas. E o que dizer do futebol? Um filho Neymar... E lá vão os pais para as escolinhas de futebol, adubando promessas.
Bom, deve haver algum pai com o sonho de filho político.
E sonho não se discute.
Mas os sonhos atuais estão deixando um pouco de lado os saltos, as chuteiras, diplomas e gabinetes e ingressando na era digital.
Sonhos virtuais que, em questão de algumas semanas, podem tornar os pimpolhos milionários
Milionários não. Isso é coisa do passado.
Sonhos bilionários.
Basta o garoto ou garota traduzir uma ideia boa, por vezes simples, porém criativa, para o idioma do computador e lá está ele/ela - o bilionário da vez.
Linguagem de celular, também garante cifras em alta, são os tais aplicativos.


Os garotos da minha época tiravam a carteira profissional aos 14 anos. E ali começavam a ascensão lenta e gradual - de contínuo, office-boy à diretor da empresa.
Tem garoto hoje começando aos 11 e acho que nem deve ter a profissional, mas é um profissional de bilhões.
A mídia tem mostrado esses garotos fantásticos que passam noites em claro no lado de dentro dos computadores, enquanto os pais não sabem se sonham ou se estão num pesadelo.
Sim, porque somos envolvidos por todo tipo de informação nos orientando para limitar, proibir, para não deixar que o mundo virtual torne nossos filhos sedentários, obesos. Que pesadelo!
E se ele de tanto ficar ali, cria algo fantástico que desperte todo o Vale do Silício e você acorde com qualquer bilhão na sua conta ( porque seu filho ainda é menor de idade), que sonho, não?
Existe um método de alfabetização de bebês que deve começar lá pelos três ou quatro meses de vida e antes mesmo do rebento começar a andar, deve estar lendo palavras; palavras simple, mas lê.
E se fosse criado um método para bebês saberem a linguagem dos computadores e celulares? Com três ou quatro anos estariam fazendo aplicativos e ganhando milhões. 
E lembre-se: quem desenvolver este método, eu quero a minha participação nos lucros porque eu tive a ideia, ok?
Agora deixe-me recostar a cabeça e sonhar com o meu bilhãozinho. Fácil, não?!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Faxina número 09

Faxina número 09 - última






O artista finalizava a sua obra. Mantinha ainda a máscara na face e as muitas latas de tinta em spray espalhadas pela calçada ou pelo passeio da avenida Paulista.
Deslumbrou-me cada detalhe dos tempos idos. Entre o intervalo de um transeunte e outro, uma rápida foto.
Percorri uma parte do tapume de metal que resguarda alguma obra deixando o tempo passar devagar.


Algumas semanas depois, soube que todo aquele colorido, as belas imagens resguardam a construção de um shopping center. Mais um.
Nasce um gigante. Milhares de empregos criados.
Morrerá algum comércio de rua, ou vários.
Fachadas antigas vão se deteriorar, porque o gigante nasce lustroso.
Ruas ficarão abandonadas porque o movimento será do lado de dentro dos tapumes.
Trânsito, segurança...
Melhor apreciar a arte, latinhas de spray, mãos habilidosas.


A faxina terminou. E vamos continuar!

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Faxina número 08

Faxima número 08 -  O campo e a cidade


Estas fotos seriam apenas fotos.
Eu não tinha a intenção de escrever nada sobre elas. Porém depois que li uma entrevista uma entrevista com um economista americano, fui tomada de indignação e mesmo confusão. Então quero que estas fotos ilustrem a reflexão de vocês nos comentários.


O senhor economista americano se baseia em cálculos e estatísticas para provar que o mais desejável para o ser humano é viver nas cidades.
Ele diz que as pessoas têm uma idílica do campo, uma visão romanceada da vida longe das zonas urbanas.
Eu sou tipicamente  urbana, mas depois de quarenta anos de trânsito ( sim eles sempre houveram, antigamente era no de manhã e à noite, agora dura o dia inteiro, até nos feriados! ), quarenta anos de rio Tietê fétido, de metrô lotado, manifesto uma vontade titubeante, é bem verdade, mas ela existe, de uma vida mais interiorana.
Será que é uma ingenuidade bucólica?
Tentei me colocar dentro do contexto deste sujeito, que daria ( a estas alturas já deu) uma conferência sobre arquitetura. Não estou me enquadrando bem dentro de contexto.
Quando ele diz que muitas vezes as autoridades atrapalham o desenvolvimento urbano, quando consideram lugares ditos históricos. E termina: "cidades não são museus".


Tenho outros sonhos romanceados, como o de jogar moedinhas nas fontes italianas, tirar foto do Arco de Triunfo, comer chocolate em Óbidos...
Se este sujeito se tornar prefeito de algum destes lugares - adeus minha visão romanceada da vida.
E também penso no que vou comer, porque do que bem me lembro, minha comida vem do campo...
Como você vê a vida rural, ou a urbana?

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Manutenção

Estou com problemas no computador e precisarei levá-lo à manutenção. Vou me ausentar por uns dias.
Logo volto. Abraços a todos, até bem breve!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Interrompendo

Interrompendo a faxina para contar que os nossos problemas judiciais escolares acabaram ( espero realmente que a outra parte não recorra, a Secretaria de Estado da Educação ) quem gostar de ler sentenças,  pode ler aqui.
E ontem dia 03, foi aniversário de sete anos da minha menina! Parabéns atrasado filha! Cheio de carinho e alegria!






segunda-feira, 2 de abril de 2012

Faxina número 07

Faxina número 07 - ouro líquido



Ouro líquido a escorrer dos céus.
Telheiros doirados, caminhos que regressam da labuta atapetados, suavizando a exaustão dos pés.
Faces iluminadas desfilam coradas seus sorrisos.
Vestir-se desta luz para esperar os braços da noite.