Li num caderno literário de jornal a seguinte nota:
"Comemorada no dia de São Jerônimo (30) a data será lembrada pelo Instituto Goethe com laboratório de tradução..."
Achei instigante o santo estar ali mencionado numa agenda de eventos literários e fui atrás de saber.
São Jerônimo faleceu no dia 30 de setembro, então o porquê da data, e era considerado um exegeta, ou seja um intérprete de textos, palavras, leis, gramática.
Estudioso de idiomas, inscrições em catacumbas, traduziu com precisão a Bíblia para o latim.
Hoje, então é comemorado o dia do Tradutor, que fica nas maiorias de nossas leituras estrangeiras, tão renegado ou mesmo nem lembrado.
E que nossa Literatura Brasileira ganhe através do maravilho dom dos tradutores, cada vez mais o mundo.
Sem deixar de lembrar que São Jerônimo é o padroeiro das secretárias, que infelizmente e de forma não merecida comemoram a data cheia de piadas de mal gosto.
E que São Jerônimo, exegeta, aquele que faz exegese - comentário e interpretação de textos, inspire os muitos internautas que insistem em lançar lixo, dejetos podres em comentários que espalham sob o manto do anonimato.
terça-feira, 30 de setembro de 2014
domingo, 28 de setembro de 2014
A beleza do feijão
Estavam no corredor aguardando o elevador. As três amigas desfrutavam sempre com muita conversa, risos, o horário de almoço. Desciam juntas e escolhiam o mesmo restaurante.
Viram pelo painel que o elevador estava parado no penúltimo andar, mas já vinha descendo.
Ficaram paralisadas quando a porta se abriu.
Quem era aquele deus grego deslumbrante, que deu uns passos para trás, para que pudessem entrar?
Que olhos, que músculos que a camisa social justa sugeria. Aquilo não podia ser verdade...
E o perfume, o cabelo, o relógio. Da onde caiu aquela belezura?
O silêncio até o térreo estava mesmo engraçado. Saíram e começaram a caminhar devagar até que viram que o rapaz as ultrapassava.
Não tiveram nem tempo de começar os comentários e as impressões sobre aquela perfeição quando viram que a beldade entrava justamente no restaurante para onde estavam indo.
Só podia ser um golpe do destino. Era muita sorte.
Esses eram os pensamentos da Carla, a única sem namorado das três.
Portanto, ela apertou o passo, passou álcool gel nas mãos e rapidamente pegou seu prato e viu-se exatamente atrás do bonitão.
Ambos segurando o branco prato vazio, foram circulando o balcão onde estavam as saladas, massas, carnes, sobremesas.
Ele dirigiu-se firme, inclinou o corpo e preencheu todo o prato com melancia. Muita melancia. Melancia picada em cubos, algumas formas saiam triangulares, enfim todo o prato cheio de melancia.
Céus - ela pensou - além desse excesso de beleza, ele cuida da alimentação. Começa o prato com melancias...
Então aconteceu.
O moço segurando firme suas melancias acomodadas no prato branco, ultrapassou a mocinha que suspirava desde que o vira no elevador, e parou em frente ao caldeirão de cerâmica vermelha onde borbulhava o feijão.
Encheu a concha e despejou-a em cima das melancias.
Até o cupido que os sobrevoava, esperando o momento derradeiro de lançar a flecha do amor, desmaiou ao ver os cubos de melancia nadando no feijão.
Fim.
Tudo isso é só para perguntar qual é e como é o seu feijão?!
Certa vez eu li sobre um homem que espantava clientes de um restaurante a quilo por mergulhar pedaços de melancia no feijão!
Viram pelo painel que o elevador estava parado no penúltimo andar, mas já vinha descendo.
Ficaram paralisadas quando a porta se abriu.
Quem era aquele deus grego deslumbrante, que deu uns passos para trás, para que pudessem entrar?
Que olhos, que músculos que a camisa social justa sugeria. Aquilo não podia ser verdade...
E o perfume, o cabelo, o relógio. Da onde caiu aquela belezura?
O silêncio até o térreo estava mesmo engraçado. Saíram e começaram a caminhar devagar até que viram que o rapaz as ultrapassava.
Não tiveram nem tempo de começar os comentários e as impressões sobre aquela perfeição quando viram que a beldade entrava justamente no restaurante para onde estavam indo.
Só podia ser um golpe do destino. Era muita sorte.
Esses eram os pensamentos da Carla, a única sem namorado das três.
Portanto, ela apertou o passo, passou álcool gel nas mãos e rapidamente pegou seu prato e viu-se exatamente atrás do bonitão.
Ambos segurando o branco prato vazio, foram circulando o balcão onde estavam as saladas, massas, carnes, sobremesas.
Ele dirigiu-se firme, inclinou o corpo e preencheu todo o prato com melancia. Muita melancia. Melancia picada em cubos, algumas formas saiam triangulares, enfim todo o prato cheio de melancia.
Céus - ela pensou - além desse excesso de beleza, ele cuida da alimentação. Começa o prato com melancias...
Então aconteceu.
O moço segurando firme suas melancias acomodadas no prato branco, ultrapassou a mocinha que suspirava desde que o vira no elevador, e parou em frente ao caldeirão de cerâmica vermelha onde borbulhava o feijão.
Encheu a concha e despejou-a em cima das melancias.
Até o cupido que os sobrevoava, esperando o momento derradeiro de lançar a flecha do amor, desmaiou ao ver os cubos de melancia nadando no feijão.
Fim.
Tudo isso é só para perguntar qual é e como é o seu feijão?!
Certa vez eu li sobre um homem que espantava clientes de um restaurante a quilo por mergulhar pedaços de melancia no feijão!
Usamos rotineiramente feijão carioca ou o que nos vem da roça temperado com bastante alho e orégano, que aprendi com uma amiga, e realmente dá um sabor especial ao feijão.
Uma outra amiga, um dia recordando de quando era criança e ia para a casa da dona Lourdes que fazia feijão de corda, colocava numa bacia com farinha e fazia bolinhas com a mão e ia colocando nas boquinhas famintas ali ao redor dela. Eram oito filhos em escadinha e mais a minha amiga.
Lembrando dessa história que ela contava, um dia na feira encontrei o feijão de corda, comprei, fiz conforme a história que ela me contou, mas confesso que não ficou gostoso. Acho que faltou o sabor da minha participação na história... Eu não vivi aquilo. O sabor nunca seria o mesmo.
E então, qual é, como é o seu feijão?
E por falar em melancia, experimentar novos sabores é sempre bom!
Foto instagram - @olivesundays
quarta-feira, 24 de setembro de 2014
Jovens e alcoolizados
imagens Google
Estas imagens estavam salvas no meu computador desde o final do ano passado. Eu tinha idealizado fazer uma postagem próximo ao Natal; acabei desanimando pela baixa interação da época e até mesmo pela falta de tempo que deve ter me envolvido.
A ideia era escrever exatamente de acordo com as imagens - espumante para crianças, o que você acha.
Hoje não quero escrever sobre crianças e espumantes, mas sobre jovens e o álcool ( ou, no fundo, é a mesma coisa? ).
Motivada pela triste notícia de um jovem de 20 anos encontrado morto em uma festa dentro do campus da Universidade de São Paulo. Especificamente, motivada pelas lágrimas do pai do garoto, antes de saber do ocorrido, com aquela esperança que intimamente já não se encontrava com ele.
Não se sabe ainda sobre a causa da morte e nem é momento para especulações.
Quero falar de números. Cinco mil jovens estavam no local da festa, que mediante pagamento de convite, tinham direito a bebida à vontade.
e foi este dado que me chamou a atenção: 40% desses jovens tiveram que ser atendidos na enfermaria do local; estavam passando mal de tanta bebida.
Não é preciso citar uma festa para ilustrar. Basta ver um grupo de jovens num mercado e observar o que eles compram. É clássico: um litro de vodca, energético e refrigerante. E sim, a funcionária do caixa segue rigorosamente a lei solicitando um documento de identificação, afinal é proibido vender bebida alcoólica para memores. E sim, é claro que num grupo de cinco ou seis, sempre há o habilitado a efetuar a compra.
Da onde vem o incentivo a beber tão cedo? Por que? O que se busca? O grupo, ser bacana, uma sensação?
Enquanto as perguntas se multiplicam, leio notícia de hoje ( 24/09 ) que o governo adia para 2015 o aumento de imposto para cervejas e refrigerantes. Não seria nada bom uma notícia dessas chegando a caminho da eleição. Não desceria redondo.
Você já viu uma propaganda mostrando um ( a ) jovem bêbado? No sentido literal, ou seja, vomitando, com baba na cara, no nariz, talvez as calças urinadas ou evacuadas, caído pelas ruas imundas?
Não, você não viu. O que você vê é idílico, é maravilhoso.
O dia é ensolarado e quente, piscina ou praia, garotos musculosos com um magricelas para fazer o papel do idiota que não bebe, e em abundância, garotas, muitas garotas com trajes diminutos.
É só alegria; é sinônimo de amigos, de festa, juventude.
Não se trata de não beber. Trata-se dos excessos.
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
domingo, 21 de setembro de 2014
Dia Mundial Sem Carro
Será apenas uma data; nas capitais, uma faixa, alguns voluntários e esforçados defensores.
E é com lamento, que eu fui ao longo do tempo tendo que admitir, que a maior responsabilidade pelo caos na mobilidade urbana causado pelo excesso de carros não é exclusiva dos donos de automóveis.
Neste dia mundial sem carro, observe atentamente na sua tv, as propagandas, a publicidade. É esmagador o número de publicidade de carros, sejam modelos novos, novas marcas, descontos exclusivos, enfim, além do excesso nas ruas, excesso nas telas de tvs.
Transporte público, que seria a alternativa viável, aqui em São Paulo, afirmo que é inviável. Nos horários de "pico" então, é surreal.
Nossa economia gira em torno das indústrias automobilísticas e construção. Cidade cada vez mais verticalizada com os carros tentando encontrar seu horizonte.
Uma urbanista defende a ideia de mostrar o carro como um cigarro e todos os malefícios, melhorando antes disso o transporte público.
Para melhorar esse sufocante assunto cheio de stress, poluição, vamos celebrar, cuidando de nossas árvores, admirando a exuberância da Primavera que insiste em estar por todas as partes!
sábado, 20 de setembro de 2014
sexta-feira, 19 de setembro de 2014
Colorido Concurso Cultural
Há um livro aqui em casa, surrado, manuseado, lido e relido, que o tempo se encarregou de lhe impingir cores, tons amarelados e também o perfumou, com o perfume que só os livros conhecem.
Sua história começa com um sopro frio de um vento e Dona Mãe pedindo ao filho que lhe traga um casaco verde. Ele lhe traz o azul. Sempre confundindo as cores, é levado ao médico que sentencia: esse menino apenas enxerga do branco ao preto, todos os matizes de cinza e de luz e de sombra. Cor nenhuma.
Dona Mãe fica sem cor e aí entra em cena a avó, Dona Olívia, que vai ensinar o neto a sentir as cores.
Quindim, buraco na terra com água, joaninha passeando na mão, brisa do mar salgando o rosto, sentar-se nas pedras num final de tarde para sentir o calor do pôr do sol e assim aprender o laranja...
É com toda essa poesia e dedicação que Jonas aprende as cores.
Esse livro, a cada reencontro, numa gaveta de um quarto ou de outro, ainda me encanta e foi por esse encantamento que fiz essa introdução para mostrar em cores e palavras os ganhadores do Colorido Concurso Cultural que a Tina e eu organizamos.
Foi uma semana deliciosa, inundada de cores, lindas fotos, poesia de todas as formas. Todos mereciam ganhar! Como não seria possível, três participações:
Sua história começa com um sopro frio de um vento e Dona Mãe pedindo ao filho que lhe traga um casaco verde. Ele lhe traz o azul. Sempre confundindo as cores, é levado ao médico que sentencia: esse menino apenas enxerga do branco ao preto, todos os matizes de cinza e de luz e de sombra. Cor nenhuma.
Dona Mãe fica sem cor e aí entra em cena a avó, Dona Olívia, que vai ensinar o neto a sentir as cores.
Quindim, buraco na terra com água, joaninha passeando na mão, brisa do mar salgando o rosto, sentar-se nas pedras num final de tarde para sentir o calor do pôr do sol e assim aprender o laranja...
É com toda essa poesia e dedicação que Jonas aprende as cores.
Esse livro, a cada reencontro, numa gaveta de um quarto ou de outro, ainda me encanta e foi por esse encantamento que fiz essa introdução para mostrar em cores e palavras os ganhadores do Colorido Concurso Cultural que a Tina e eu organizamos.
Foi uma semana deliciosa, inundada de cores, lindas fotos, poesia de todas as formas. Todos mereciam ganhar! Como não seria possível, três participações:
"Uma máquina de escrever, um papel, uma parede verde e, um pouco de inspiração" por Nina e suas letras.
"As sombras denotam a existência de algo verdadeiramente iluminado que está logo a frente" por Luís Fellipe.
"Estão vivos, na lembrança, meus tempos de criança, adolescência e juventude. Posso ver-me na varanda e sentir a brisa do vento, admirar o azul do firmamento" por Majoli.
Luz, cores, sombras, palavras... obrigada a todos os que participaram, divulgaram o concurso!
Já está dando saudade dessa semana cheia de cores e poesia.
E por falar em saudade...
- Vó... E o lilás?
Dona Olívia se virou para o neto e deu um suspiro.
- Ah, o lilás... essa é uma cor especial, Jonas. Alegre e triste, suave e forte, tudo ao mesmo tempo.
E com um sorriso que não era bem um sorriso acrescentou:
- Lilás é a cor da saudade.
E lá se foi Jonas de volta para casa, no banco de trás do carro, rodeado de sacolas e travesseiros, seu cachorro de pelúcia ( macio e marrom ) no colo.
E aquela explosão de lilás no peito.
* livro: Jonas e as cores, de Regina Berlim com ilustrações de Taisa Borges. Editora Peirópolis
quinta-feira, 18 de setembro de 2014
34/52
"Também trocamos mensagens por baixo da terra. Assim, todas as árvores do mundo formam uma única e grande rede. É graças a isso que sabemos de tudo, de absolutamente tudo o que se passa em cada canto do planeta. As pessoas, hoje em dia, acham que é uma grande revolução, uma absoluta novidade estarem conectadas em rede umas às outras. Quanta ingenuidade! Nós, árvores, fazemos isso há milhões de anos... E, repito, nos entendemos muito bem. Mas as pessoas..."
do livro: As memórias de Eugênia
terça-feira, 16 de setembro de 2014
Sem desculpas
Vamos tirar uma foto, uma selfie?
Ah não ! Nada de desculpa por causa do cabelo despenteado, descabelado.
Olha só!
Ah não ! Nada de desculpa por causa do cabelo despenteado, descabelado.
Olha só!
Sorria! E diga selfie!
segunda-feira, 15 de setembro de 2014
Gola molhada
presente da Tina
Ainda não se acostumara. Ao longo de décadas, o jornal nacional, o qual não deixara de assistir um dia sequer, de tempos em tempos alterava seu horário de exibição, terminando agora bem mais tarde que há quarenta anos.
Esforçava-se para não cochilar. e o ritual repetia-se dia após dia: ao "boa noite" do apresentador, apertava o botão do controle remoto para desligar a televisão, levantava-se, tirava o fio da tomada e ia deitar.
Naquela noite porém, fez diferente. Ao ouvir a notícia de que o dia amanheceria chovendo, desligou a tv e foi até o varal que ficava nos fundos da casa para recolher a roupa e os pregadores. A estiagem prolongava-se atipicamente e ele já não se importava de deixar a roupa dormir ao luar.
A chuva, enfim, era prenunciada e foi com certo conforto que alterou sua rotina naquela noite.
Era fina a chuva que caía no início da manhã, mas suficiente para molhar roupa esquecida na corda.
Preocupou-se.
Da porta da cozinha viu a roupa do Seu Olavo esquecida na chuva.
Não precisava acrescentar ao nome do vizinho o pronome possessivo, afinal Seu Olavo e ele tinham a mesma idade. Era respeito mesmo.
Demorou o olhar na roupa alheia que o vento úmido chacoalhava.
Como Seu Olavo, que também não deixava de assistir uma noite sequer ao jornal, não deu atenção ao aviso de chuva certa chegando ainda no final da madrugada? Por que não recolhera a roupa do varal?
Tinham amizade feito casas de cidade grande, com enormes muros e grades nas janelas.
Um aceno, um bom dia, uma reclamação do lixo jogado na rua ou o aumento do imposto. Não conseguiria transcender portões, muros e grades para falar com Seu Olavo naquela ocasião.
Ainda olhando para a casa do vizinho, incomodou-se quando o vento mudou de direção e trouxe algumas gotas da chuva a seu rosto que misturou-se com as lágrimas há tanto tempo estiadas de sua alma. Deixou-as escorrer com a chuva.
E então recordou que houve uma noite em que não assistira ao jornal nacional. A noite do velório de sua esposa. Dona Teresinha morreu deixando as camisas com os punhos e a gola ainda molhados pendurados no varal.
Preocupou-se com Seu Olavo.
A chuva agora engrossava.
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
Esqisito
Está achando esqisito? Melhor ir refletindo porque a ortografia pode ficar ainda mais esqizita.
Vem aí a Reforma da Reforma.
Essa notícia, tomei conhecimento, assistindo a um telejornal e confesso que nem dei-lhe importância e achei-a até simpática ao ouvir o entrevisado dizendo que "estavam trabalhando em ajustes para facilitar a alfabetização e o domínio da escrita". Num país ainda com tantos analfabetos, soou-me bonito.
Porém, nesta semana eu li sobre esta reforma no jornal e aí...
Omem, aqilo, ezersísio, xave e caxorro - são apenas alguns exemplos.
Na internet as informações são desencontradas, é um tal de não é bem assim, não foi falado isso, que mais parece algo a estar sendo feito às escondidas.
O Professor titular de língua portuguesa da Universidade Federal da Bahia, Dante Lucchesi, num excelente artigo que pode ser lido aqui e do qual eu coloco alguns recortes, faz-nos refletir e a partir de nomes e sobrenomes buscarmos estar atentos para o que estar porvir.
"Em 2012, no entanto, a presidente Dilma prorrogou a transição para 1 de janeiro de 2016. Faltou a ela a devida avalizção. A sociedade já havia atacado e assimilado o acordo. Os livros didáticos, as editoras, a imprensa, todos já haviam adotado o novo sistema ortográfico. A decisão do governo não foi ao encontro do que a sociedade já havia ratificado e criou um vácuo em torno da ortografia vigente no país.
Esse vácuo talvez possa explicar a infeliz iniciativa do senador Cyro Miranda (PSDB-GO), presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, ao criar um grupo de trabalho com Ernani Pimentel e Pasquale Cipro Neto, propondo uma simplificação do sistema ortográfico brasileiro".
Vem aí a Reforma da Reforma.
Essa notícia, tomei conhecimento, assistindo a um telejornal e confesso que nem dei-lhe importância e achei-a até simpática ao ouvir o entrevisado dizendo que "estavam trabalhando em ajustes para facilitar a alfabetização e o domínio da escrita". Num país ainda com tantos analfabetos, soou-me bonito.
Porém, nesta semana eu li sobre esta reforma no jornal e aí...
Omem, aqilo, ezersísio, xave e caxorro - são apenas alguns exemplos.
Na internet as informações são desencontradas, é um tal de não é bem assim, não foi falado isso, que mais parece algo a estar sendo feito às escondidas.
O Professor titular de língua portuguesa da Universidade Federal da Bahia, Dante Lucchesi, num excelente artigo que pode ser lido aqui e do qual eu coloco alguns recortes, faz-nos refletir e a partir de nomes e sobrenomes buscarmos estar atentos para o que estar porvir.
"Em 2012, no entanto, a presidente Dilma prorrogou a transição para 1 de janeiro de 2016. Faltou a ela a devida avalizção. A sociedade já havia atacado e assimilado o acordo. Os livros didáticos, as editoras, a imprensa, todos já haviam adotado o novo sistema ortográfico. A decisão do governo não foi ao encontro do que a sociedade já havia ratificado e criou um vácuo em torno da ortografia vigente no país.
Esse vácuo talvez possa explicar a infeliz iniciativa do senador Cyro Miranda (PSDB-GO), presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, ao criar um grupo de trabalho com Ernani Pimentel e Pasquale Cipro Neto, propondo uma simplificação do sistema ortográfico brasileiro".
Dante Lucchesi
O artigo segue questionando o prejuízo que as gerações que forem alfabetizadas neste "novo"sistema ortográfico terão pois haverá grande dificuldade na leitura de obras do século 19.
Será que estamos exagerando e na verdade seria mesmo um facilitador essa reforma? Como se sentiram quando tiraram o ph da pharmacia para transformá-lo em farmácia?
Eu, reconheço a dificuldade da nossa ortografia, mas confesso que não quero essa simplificação. Gostaria sim de muitas formas de cultura acessíveis e que mostrasse a beleza e a riqueza da nossa língua.
Já está havendo uma simplificação em massa, por exemplo nas músicas, especialmente no funk.
"Nois vai e nois fica"e tantos outros "bagulho" com os quais muitos estão se expressando.
Eu sou contra essa reforma da reforma. Gostaria de saber a tua opinião.
Beijo!
quarta-feira, 10 de setembro de 2014
33/52
Na última foto que postei deste projeto, a versão feminina desta daqui ( clica aqui para rever ), houve palpites sobre o que havia nesta panela. Pipoca.
Errado!
Somente uma pessoa acertou.
Acho que deve ter sentido o cheiro do café torrando. Deve ser porque é mineira!
terça-feira, 9 de setembro de 2014
Até na igreja?
Estava resoluta. Não
esperaria a virada do ano para fazer mudanças em sua vida.
Quem
quer mudar, não espera calendário virar – repetia a si mesma.
Sentia-se
pesada, não dava mais para esperar. Sequer esperaria pela
segunda-feira.
Desejava
uma vida melhor. Tomou banho e foi para a missa de domingo. Final de
tarde.
Chegou
atrasada.
- Minha Nossa Senhora, isso não é um bom sinal – falou entredentes.
Deu
de cara com o padre na porta da igreja, que aguardava o momento de
entrar em uma pequena procissão.
Ele fez
um sinal áspero com a mão para que entrasse logo e não ficasse ali
atrapalhando.
Não
sabia se devia benzer-se primeiro ou pedir a benção do sacerdote.
Não fez nem um nem outro. Tratou de apressar o passo e foi procurar
um banco para sentar-se.
Acomodou
a bolsa com movimentos suaves e assim que o padre se posicionou no
altar de frente para os fiéis para iniciar o cerimonial ela não
acreditou no que viu.
Sentados
dois bancos à sua frente um casal. Não eram jovens. Deviam estar na
casa dos quarenta.
Era
bonito vê-los ali. Juntos, mãos dadas. Partilhavam o mesmo amor, a
mesma fé e pasmem, o mesmo celular.
Ela
ali, sentindo-se pesada de tantos pecados e aquele casal na maior
cara de pau usando o celular numa hora tão sagrada. Não, não era
possível uma coisa dessas.
Ambos
não desgrudavam os olhos daquela telinha brilhante.
Ela
também não desgrudou. Tentava a dois bancos atrás decifrar o que
estaria escrito ali.
Santo
Deus, que mensagem imensa. Isso sim é um pecado dos grandes.
E
por falar de pecado, ficou tão absorta em certificar-se daquela
aberração que perdeu o momento de dizer interiormente os seus
pecados e pedir clemência. Quando se deu conta, já era o momento da
leitura do evangelho. Momento esse muito importante.
Estava
tentando se concentrar. Era melhor não olhar para a frente. Inclinou
a cabeça ligeiramente para baixo e para a direita.
Teve
então outro sobressalto.
Agora
era uma moça muito bonita e bastante jovem com o celular na mão.
Ah,
que assim fica difícil seguir aquele mandamento de não julgar. Bem
naquele momento e ela ali só movendo o polegar rolando a tela. Pelo
jeito, outra mensagem dessas enormes.
Ela
sabia que não se deve fazer comparações, mas os pecados dela eram
fichinhas ali perante àquelas pessoas usando celular bem na hora da
missa.
E a
coisa não parava: era o casal da frente, era a moça do lado, e
chegou a hora da bênção final.
Ela
mesma nem percebera como passara rápido o tempo; percebera que não
tinha ouvido uma só palavra do padre tanto que foi importunada por
aquelas pessoas.
Na
saída, aquela pequena aglomeração afunilava-se na porta principal.
Pode ouvir de alguém atrás dela: “Obrigada pela dica! Baixei o
aplicativo e hoje pude acompanhar toda a missa pelo celular e agora
durante semana vou reler como uma reflexão. Muito bom esse app! Vai
em paz!”
Saiu
mais “pesada”do que entrou. Tinha na sua lista agora o pecado da
maledicência.
Bem,
agora já sabia: visse alguém com a cara enfiada num celular dentro
da igreja, sabia que era um sagrado digital.
Ficou
indignado? Pensando em escrever uma carta aos céus com o seu
desabafo?
Então
anota aí, que o endereço da Via Láctea foi alterado, ou melhor
acrescentado.
Laniakea
– palavra derivada do idioma nativo do Havaí e que significa “céu
imensurável”.
Sol,
Via Láctea, Grupo Local; Aglomerado de Virgem; Superaglomerado
Laniakea; Universo.
domingo, 7 de setembro de 2014
Pátria amada
"Como é a minha terra? Ah, minha terra é como uma moça muito bonita mas, com o vestido rasgado".
Foi com esta frase ( citação de um filme sobre imigração japonesa ) que a Prof. Nair fez a abertura do Projeto Mil Culturas na escola de minha filha.
Comemorando de maneira não-convencional a Semana da Pátria, o projeto recebe este nome para apresentar os vários "brasis"dentro do nosso Brasil, tão vasto, tão belo, tão colorido e sim com o vestido rasgado.
De maneira grandiosa e envolvente, o recado e o convite é um só: vamos trocar esse vestido!
Brasil Caboclo, Brasil Crioulo, Brasil Sertanejo, Brasil Caipira, Brasil Sulino.
Vem comigo! As cortinas estão abertas para vocês!
Foi com esta frase ( citação de um filme sobre imigração japonesa ) que a Prof. Nair fez a abertura do Projeto Mil Culturas na escola de minha filha.
Comemorando de maneira não-convencional a Semana da Pátria, o projeto recebe este nome para apresentar os vários "brasis"dentro do nosso Brasil, tão vasto, tão belo, tão colorido e sim com o vestido rasgado.
De maneira grandiosa e envolvente, o recado e o convite é um só: vamos trocar esse vestido!
Brasil Caboclo, Brasil Crioulo, Brasil Sertanejo, Brasil Caipira, Brasil Sulino.
Vem comigo! As cortinas estão abertas para vocês!
Tantas cores, tantas faces, toda essa mistura é o nosso Brasil.
Prof. Nair: quando a História deixa os livros e vêm para o palco.
O palco
O Brasil Indígena
O Tempo e o Vento
A Moreninha
O surpreendente final!
Alunos, professores, funcionários tornam esse projeto especial.
Tão lindo, tão rico nosso Brasil. Amá-lo é ajudá-lo a trocar o vestido rasgado.
Somos independentes, avante então!
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
Colorido concurso cultural
O selinho foi carinhosamente tecido pela Chica.
O concurso cultural é organizado lá no Blog da Tina.
Setembro chega trazendo cores, então vamos nos inspirar e fotografar colorido!Clica no selinho ou no Blog da Tina, espia as regrinhas mamão com açúcar e vamos colorir!
Eu já fiz minha foto!
#crônicasgris
#corepoesia
#coloridoconcursoculturaldomeublogeeu
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
Livros, leituras e bienal
Essa não era a foto que eu queria colocar sobre a Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que aconteceu no final de agosto.
Queria ter colocado a foto da fila para a Bienal, porém, ainda que tivesse recursos panorânicos na minha câmera, ainda não seria possível fotografar.
Um helicóptero seria necessário para que retratasse uma fila na qual levamos uns quinze minutos para alcançar-lhe o final e nos posicionarmos. Não acredita?!
Até procurei na internet alguma foto que mostrasse o tamanho da fila, mas acho que ninguém tinha helicóptero!
E por que estou falando tanto da fila?
Porque parece contraditório num país onde se repete "brasileiro não gosta de ler", filas tão gigantescas para um evento de livros e leitura.
"A frase parece até ensaiada, mas, felizmente está se tornando obsoleta"( Bianca Carvalho ).
Esta Bienal foi pensada e programada para o público jovem. Os eventos, os lançamentos, os autógrafos.
Sagas e trilogias seguem entre os mais vendidos e lidos por este público, o que na minha opinião é ótimo. Se antes éramos um país de não leitores, estamos sim lendo mais.
Muitos especialistas não consideram esses gêneros juvenis como literatura. Outros acreditam que sejam a porta de entrada para outros gêneros, inclusive os clássicos.
Já ouvi uma mãe numa "fila literária"dizendo que nunca antes a filha tinha lido um livro daquela grossura.
É uma boa reflexão: será que nós e nossos jovens estão lendo livros de "qualidade", ou toda leitura é válida?
Vou aproveitar esta postagem sobre livros e citar uma blogagem coletiva que está acontecendo sobre livros que marcaram a infância.
Foi no blog da Luma que eu vi; lá tem o link da blogueira organizadora para quem quiser participar. Achei a proposta muito legal, só não participarei pela dificuldade de interagir com os outros participantes e por isso não levarei meu link para lá, mas vou deixar meu depoimento!
Quando li a participação da Luma, imediatamente pensei "não me lembro, não tenho nenhum livro que me marcou".
Depois passei na participação da Pandora e foi lá que surgiram umas boas lembranças na minha memória.
Meus pais não eram leitores e eu tive pouquíssimos livros na infância. Não conseguia lembrar de nenhum livro, embora de alguma forma eu soubesse que tinha havido algum. Foi então que jorrou na minha mente a imagem de dois livrinhos da coleção "disquinho"- vinha um livrinho e o disco.
Ah! Até consegui ouvir o chiado da vitrola e o medo durante as pausas!
E a outra recordação foi a abertura de uma livraria no bairro vizinho ao nosso. Era uma "Ediouro" com livros apenas deste selo e foi surpreendente quando entrei lá pela primeira vez.
Diferente das livrarias mais escuras e abarrotadas de livros que ficavam no centro da cidade, esta era inovadora.
Clara, com portas de vidro e o chão era com carpete.
Minha mãe comprou a Branca de Neve. Poucas ilustrações e mais texto com os detalhes antes omitido pela coleção disquinho!
Tistu - o menino do de do verde foi marcante fazendo-me sonhar com um mundo melhor. Depois vieram os livros recomendados pela escola, a frequencia na biblioteca, livros emprestados, o primeiro salário, mais livros e não parei mais!
Em tempo: a fila da Bienal estava imensa, mas o encontro com amigas blogueiras de outros estados fez a fila andar como num passe de mágica!
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