Mas não é sobre o cachorro Toninho que quero falar. É sobre o que estamos a aprender com o vírus da pandemia.
Logo que tudo isso começou, começaram também as reflexões - o que esse vírus quer nos ensinar, o que ele quer nos mostrar.
E não demorou para que surgissem inúmeras interpretações. E fui, inicialmente, lendo algumas, refletindo junto.
Família... estávamos desconectados de nossas famílias dentro da mesma casa? Trabalho? Tudo excessivo? Manipulação política? E quando me dei conta, já não conseguia mais refletir sobre nada, não conseguia ouvir o que o vírus gritava.
Tudo questão ambiental. Políticos de olho não nas vidas mas nas próximas eleições. Homescholling, como assim, com crianças pequenas que deviam passar longe de celulares e tablets? A indústria da vacina, a farmacêutica? Os muitos testes para covil-19 que mais confundem do que elucidam. A subnotificação?
Se eu achava, lá no início que sabia qual era o recado do vírus, fiquei imersa em confusão, atordoamento, coisa demais para pensar, para ouvir, muita matéria para aprender.
Então agora eu quero falar sobre o cachorro Toninho.
O cachorro Toninho, eu o conheci antes dessa pandemia, na verdade logo que me mudei. Ele estava deitado debaixo da carroça, com seu dono a aparar-lhe os pêlos. Estavam na esquina duas grandes e movimentadas ruas e de tão interessante observá-los ali, em meio àquela multidão passando apressada entre entrar e sair de academias, bancos, eu, voltando do mercado, o comércio de rua ali todo concorrido, eu parei entre os semáforos piscando e perguntei o nome do cachorro.
Toninho. E eu sou o Renato.
Voltei para casa já contando: conheci o cachorro Toninho!
Dia desses na pandemia, eles estavam lá, no mesmo cruzamento, os semáforos trabalhando incessante entre verde, amarelo, vermelho. Desnecessário. Poucos carros na rua, quase nenhum pedestre para atravessar. Tudo deserto, tudo estranho. Homem e cachorro e carroça ali, estacionados. Comércio fechado. Eu que ia a passos rápidos e só com os olhos descobertos, parei. Nem sei ao certo se queria parar, o que me fez parar, mas parei.
"Seu Roberto, eu vou ao mercado, o senhor quer que eu traga alguma coisa?"
"É Renato. Eu sou o Renato e ele é o Toninho.
O homem virou-se para a sua carroça e com uma das mãos ( depois percebi que o outro braço é paralisado ) levantou um pedaço de lona e disse-me: pão eu tenho, tenho arroz com carne, tem um pouco de leite. Obrigado, não preciso de nada não.
Eu não queria chorar, eu tentei segurar uma ou outra lágrima, usei como argumento que é ruim chorar de máscara, mas meu coração não atendeu.
Um homem, o cachorro Toninho, a carroça. Simplicidade.
* Peço desculpas por não estar conseguindo interagir nesse tempo em que temos tempo de sobra. Porém com as aulas online das crianças, o computador é utilizado o dia todo e eu realmente ainda não consigo fazer pelo celular. Sempre que der apareço! Fiquem bem, cuidem-se e fiquem em casa. Beijo!
domingo, 17 de maio de 2020
domingo, 10 de maio de 2020
Mãe
Tivemos ou temos, todos nós uma mãe.
Mães maravilhosas, ou se não tanto assim,
através da mãe chegamos ao mundo.
Nosso corpo, nossa vida hoje nos foi dada por ela.
Minha homenagem às mães.
Que não se perca nunca a virtude de acolher,
Ouvir, ninar, alimentar, compreender.
Um dia das mães em meio à pandemia
certamente será diferente.
Talvez tenha mais essência
Seja verdadeiramente mais amor.
Um feliz dia das mães!
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