Venho me despedindo aos poucos. Vamos nos mudar de cidade no início de dezembro.
Quando minha filha ouviu minha conversa de elevador falando da mudança, assim que ficou sozinha comigo, mostrou sua indignação:
"Mãe, que mico! Pra quê você está falando para essas pessoas que a gente vai se mudar? Ai que vergonha..."
É bem verdade que não fazer diferença na vida dessas pessoas. Sabendo ou não sabendo, tudo seguirá.
Ao longo dos cinco anos em que morei neste prédio, fui dando falta de pessoas, fui percebendo que aquelas conversar de elevador, o bom dia, o se vai chover hoje, que frio hein, vai gerando um carinho, uma preocupação, um querer bem. E isso me moveu a fazer as despedidas.
Comecei a dois meses atrás. Falava que logo não nos veríamos mais por conta da mudança e eu queria agradecer todos os sorrisos e bons dias que recebemos!
E foi incrível as expressões de surpresa e carinho que recebemos!
Minha filha, que inicialmente tinha achado tudo um mico, chegou um dia em casa maravilhada!
"Mãe, me pararam na rua para falar que vão sentir muito a minha falta e desejar que eu seja muito feliz na nova vida!"
Despedi-me de pessoas que encontrava na rua enquanto eu passeava com o cachorro e elas estavam a varrer suas calçadas. Foi gostoso, foi divertido!
Lembrei-me também de um livro sobre a vida dos feirantes de São Paulo e alguns relatos da preocupação e até mesmo tristeza deles em ter um freguês "sumido".
"Toda semana ele estava aqui, gostava de vir nas primeiras horas da manhã, dizia que as frutas não estavam apertadas e de repente sumiu. A gente fica pensando né, no que aconteceu e torce para um dia voltar".
As pessoas começaram a me dar papeizinhos com seus telefones - olha tá aqui, se você precisar de alguma coisa para o teu filho, eu tô à disposição.
Nosso filho ficará na cidade, ele mora no campus da faculdade e eu realmente posso ir tranquila! Vários guardiões estão à disposição!
No mercado encontrei uma senhora, a quem sempre cumprimento e elogio a bonita casa em forma de chalé de madeira com o jardim bem cuidado. Sempre paro para um dedo de prosa no portão dela.
Quando soube, foi logo tirando da bolsa um pedaço de papel e caneta, me deu seu telefone e a recomendação: " Olha, eu sei que seu filho que vai ficar aqui, então quando você vier visitá-lo, nada de ficar em hotel, eu moro sozinha aqui, tem quarto sobrando, você é minha convidada!"
É uma surpresa atrás da outra!
Júlio, um morador idoso, é encantado pela minha Júlia. Chorou no elevador ao saber e disse que não segue religião, mas queria oferecer-nos um verso da bíblia e o recitou com a voz embargada. Foi lindo!
A gente acha que as conversar de elevador são apenas superficiais, mas talvez exista algo a mais ali...
Na despedida mais recente, uma mãe nos contou orgulhosa "ah com os filhos é assim mesmo, eles vão encontrando o caminho deles. Olha a minha: termina agora a faculdade, vai fazer mestrado em gestão de escola pública e depois quer ir para a Finlândia estudar lá e trazer melhoras para o ensino público do Brasil".
Ah! Que magnífico isto! Uma jovem que que mudar, melhorar as nossas escolas públicas! Tudo isso só pude saber pela nossa singela despedida!
E agora eu me despeço de vocês, mas é só um pouquinho!
Só o tempo de eu encaixotar as coisas, desencaixotar, contratar outro serviço de internet.
Como não sei quanto tempo isso vai levar, quero deixar meu abraço apertado, não de despedida aqui, só de umas férias! Se eu não voltar a tempo do Natal, celebrem o encontro de pessoas, sem se importar em quem elas e nós, votamos. Celebrem o amor, o melhor que temos a oferecer!
Peço paciência e desculpas a todos os blogs que ainda não visitei. Amanhã encerraremos o serviço de internet daqui, então escrevo às pressas, com erros certamente, mas com o coração feliz em ter-vos como companhia em mais esse ano aqui neste blog.
Fiquem em paz e até bem breve eu espero!
domingo, 24 de novembro de 2019
terça-feira, 19 de novembro de 2019
Podosfera
Uma das coisas que eu mais gostava de quando eu frequentava a escola primária, eram os livros de Língua Portuguesa. O capítulo era aberto com um texto, seguia-se questões de interpretação deste texto e depois a parte referente à gramática.
Ficava logo abaixo do texto o que eu mais apreciava: vocabulário.
Algumas palavras, diferentes, novas, complexas, eram destacadas abaixo do texto com o seu significado.
Ah! Como eu gostava daquilo! Aquela explicação que clareava, que fazia tudo ganhar sentido.
Os anos iam passando, os livros mudavam de editora, de coleções e o "vocabulário" seguia ganhando outras versões - para entender o texto ou glossário, ou mesmo, vamos aprender mais?
Deixado o banco de escola há muito tempo, sinto falta desse glossário, desse vocabulário explicativo na vida, que os dicionários não dão conta.
Podosfera é uma dessas palavras. Deparei-me com ela e pensei em algo mais elaborado para podólogo. Logo percebi que não tinha ligação nenhuma com pés...
Recente podosfera. Assim dizia o texto que eu estava lendo e só aos poucos fui me dando conta.
E a memória foi me trazendo vovô com seu rádio de pilhas grandes e amarelas. Um retângulo envolvido por uma capa de couro ( bem ensebada! ) que se acomodava tanto num criado-mudo como ao pé do ouvido. Todas as tardes, religiosamente um minuto antes das seis horas, eu ficava ao lado dele, de vovó e um copo com água próximo ao rádio. Hora da Ave-Maria. Uma oração, um gole de água e eu já voltava para as brincadeiras.
Eu, adolescente, já com rádio movido à energia, não perdia o programa de músicas francesas de Monsieur Gilbert, Chandon D'Amour e também o romântico Sérgio Boca com seu "Na boca da noite".
Então chega a recente podosfera. O novo rádio, o formato inovador. De músicas a bate-papos dos mais variados assuntos. Ouve-se a hora que quer, onde quiser.
Os responsáveis por esta nova mania são os podcasters que já têm até sigla: Abpod - associação brasileira de podcasters.
Eu demorei para saber o que era isto, demorei para ouvir um podcast, mas não é que fui fisgada?!
Já ouvi podcast falando de emoções, de política, de luto, de livros e estou gostando desta tal podosfera.
Agora quero saber de você. Você embarcou na podosfera? Gosta?
Tem algum podcast para nos sugerir?
Já é um produtor de podcast ou pensa em ser?
E rádio, você ouve? Músicas, programas?
Ah conta tudo que estou curiosa!
Ficava logo abaixo do texto o que eu mais apreciava: vocabulário.
Algumas palavras, diferentes, novas, complexas, eram destacadas abaixo do texto com o seu significado.
Ah! Como eu gostava daquilo! Aquela explicação que clareava, que fazia tudo ganhar sentido.
Os anos iam passando, os livros mudavam de editora, de coleções e o "vocabulário" seguia ganhando outras versões - para entender o texto ou glossário, ou mesmo, vamos aprender mais?
Deixado o banco de escola há muito tempo, sinto falta desse glossário, desse vocabulário explicativo na vida, que os dicionários não dão conta.
Podosfera é uma dessas palavras. Deparei-me com ela e pensei em algo mais elaborado para podólogo. Logo percebi que não tinha ligação nenhuma com pés...
Recente podosfera. Assim dizia o texto que eu estava lendo e só aos poucos fui me dando conta.
E a memória foi me trazendo vovô com seu rádio de pilhas grandes e amarelas. Um retângulo envolvido por uma capa de couro ( bem ensebada! ) que se acomodava tanto num criado-mudo como ao pé do ouvido. Todas as tardes, religiosamente um minuto antes das seis horas, eu ficava ao lado dele, de vovó e um copo com água próximo ao rádio. Hora da Ave-Maria. Uma oração, um gole de água e eu já voltava para as brincadeiras.
Eu, adolescente, já com rádio movido à energia, não perdia o programa de músicas francesas de Monsieur Gilbert, Chandon D'Amour e também o romântico Sérgio Boca com seu "Na boca da noite".
Então chega a recente podosfera. O novo rádio, o formato inovador. De músicas a bate-papos dos mais variados assuntos. Ouve-se a hora que quer, onde quiser.
Os responsáveis por esta nova mania são os podcasters que já têm até sigla: Abpod - associação brasileira de podcasters.
Eu demorei para saber o que era isto, demorei para ouvir um podcast, mas não é que fui fisgada?!
Já ouvi podcast falando de emoções, de política, de luto, de livros e estou gostando desta tal podosfera.
Agora quero saber de você. Você embarcou na podosfera? Gosta?
Tem algum podcast para nos sugerir?
Já é um produtor de podcast ou pensa em ser?
E rádio, você ouve? Músicas, programas?
Ah conta tudo que estou curiosa!
terça-feira, 5 de novembro de 2019
Páginas e lágrimas
Eu me emociono ao ler livros, adentrar a vida, a história das personagens. Chorar é raro.
Aconteceu com livros que li sobre os campos de concentração, um choro de apertar mesmo o peito.
Mas eu quero falar de um livro que finalizei a leitura recentemente. Chorei em cada página. Chorei o livro todo.
Um choro de alegria, de encher o peito de um calor confortante!
Quero mostrar-lhes a foto que está lá no finalzinho do livro, na chamada quarta capa:
Aconteceu com livros que li sobre os campos de concentração, um choro de apertar mesmo o peito.
Mas eu quero falar de um livro que finalizei a leitura recentemente. Chorei em cada página. Chorei o livro todo.
Um choro de alegria, de encher o peito de um calor confortante!
Quero mostrar-lhes a foto que está lá no finalzinho do livro, na chamada quarta capa:
Dois líderes espirituais.
Dois ganhadores do Nobel da Paz.
Dois amigos. Dois irmãos de tradições diferentes.
Olhar para esta foto já me emociona.
Não é uma foto de dois velhinhos fofos dançando meio desengonçados.
Arcebispo Desmond Tutu e Sua Santidade O Dalai Lama.
Ambos dentro de suas tradições espirituais fazem votos, ou juramentos. Algo de muita seriedade e que deve ser rigorosamente cumprido.
Sua Santidade o Dalai Lama tem o voto de nunca dançar.
E aqui, numa demonstração de pura amizade, amor, ele simplesmente quebra o seu voto e dança para acompanhar o Arcebispo Tutu.
Tutu igualmente quebra um voto sagrado por ele feito. Na tradição cristã, a eucaristia é oferecida para cristãos e ele celebra a eucaristia e a oferece ao Dalai Lama que o tempo todo mantém suas mãos em prece no mais profundo respeito pela religião do amigo.
Esse livro, Contentamento, nasce do desejo de ambos líderes e amigos, de comemorarem seus aniversários juntos num encontro de uma semana e oferecer ao público o presente desse encontro - o próprio livro nascido das longas conversas entre eles. Tudo foi filmado para que posteriormente se transformasse no livro.
As dificuldades foram inúmeras. Primeiramente seria o Dalai Lama a ir para a África do Sul, porém o governo africano foi alertado pelo governo chinês que, caso concedesse o visto de entrada para o Dalai Lama, sofreria sérias retaliações ( esse também é um dos motivos pelo qual o Dalai Lama não se encontra com o Papa ).
Então o Arcebispo teria que ir à residência do Dalai Lama na Índia.
Ele estava passando por um tratamento de quimioterapia para o câncer de próstata e mesmo assim, ele foi.
O livro descreve com uma delicadeza, uma ternura, cada momento deles, desde a chegada ao aeroporto até a partida.
Frases como " O Dalai Lama segurou a mão do Arcebispo entre as suas" "Tocaram suas testas e assim ficaram demoradamente".
Num determinado momento, eles entram no assunto "morte". E o Arcebispo diz - "Ah mas para você não há problema, você tem a reencarnação."
Ao que o Dalai Lama responde: "E você tem o Reino do Céu, me conte, me ensine, o que é o reino do céu, o que você espera encontrar lá?"
Nenhum dos dois tenta convencer o outro que está errado. Simplesmente há um profundo respeito pela fé e crença do outro.
Não argumentam, não discutem se aquilo existe ou não faz sentido. Apenas se ouvem e mostram interesse cada um pela crença do outro.
Não é preciso concordar para respeitar.
Lindo, lindo, lindo.
Eu fico pensando o quanto poderíamos aprender com eles...
Não conseguimos conversar com quem pensa diferente de nós. Se adentrarmos o campo da política então... resulta em rompimentos de amizades, brigas em família, só discórdias.
Para tantas outras coisas, será que conseguiríamos abrir nosso coração e ouvir sem julgar?
Esse livro me tocou profundamente. É uma escrita leve, as lágrimas são de alegria, o riso vem fácil -
"Você Dalai Lama tem um inglês tão ruim, mas tão ruim que eu não entendo como pode lotar estádios de gente para te ouvir. Ah! ainda quero ser famoso como você! "
quinta-feira, 17 de outubro de 2019
Mãos em prece
Nossas mãos, quando estão unidas, palma com palma
Mãos em prece
Não estamos roubando
Nem fazendo nada que seja perverso
Lado direito e esquerdo unidos
Inteiras e inteiros
Naquilo que estamos fazendo
Estamos juntos.
Monja Coen
quinta-feira, 26 de setembro de 2019
Ser presente
Presenteei uma amiga. Ah... logo as crianças sentirão como é imenso presentear alguém!
Foi um presente sem datas. Veio a vontade de presentear, o momento estava propício e eu lhe comprei um livro, que há muito tempo ela queria.
A encomenda chegou, trazendo livros de escola, um livro para mim e o da amiga.
Separei um papel de presente bem bonito e na hora que eu fui fazer o embrulho, eu abri o livro pois percebi que haviam fotos nele.
Não consegui embrulhar o presente; aliás eu usei o presente da amiga.
Mas confessei tudinho à ela em extensa carta!
Eu, até então, não conhecia absolutamente nada a respeito do livro, da autora, da história que a motivou a escrever.
Comecei olhando as fotografias do livro e aquilo aguçou a minha curiosidade e de repente eu estava fazendo a leitura de toda aquela intensa história.
O livro é o "Para Francisco" da Cris Guerra.
Cris estava grávida de sete meses quando seu marido morreu repentinamente e a escrita foi a maneira que ela encontrou para dizer ao filho quem era o pai que ele não conhecera.
É tudo tão simples, tão cotidiano como fazer um ovo cantarolando, como a troca de e-mails entre o casal para se desejarem um bom-dia, porém ela escreve com tanta sensibilidade, com tanta poesia que essa leveza foi um chacoalhão, um estrondo necessário ouvir.
Como há coisinhas acontecendo no nosso dia a dia, tão simples como um copo de água que nos é oferecido e a gene esquece de acrescentar poesia neste gesto.
Ler o livro assim, sorrateiramente, foi um colírio a refrescar o olhar.
Escrevi tudo isso, com meu pedido de desculpas à minha amiga e disse-lhe que na verdade, foi ela quem me deu um presente!
Nesta semana de dias chuvosos e sem a aparição solar por aqui, chegou em meu whatsaap um bom dia com essa foto:
Foi um presente sem datas. Veio a vontade de presentear, o momento estava propício e eu lhe comprei um livro, que há muito tempo ela queria.
A encomenda chegou, trazendo livros de escola, um livro para mim e o da amiga.
Separei um papel de presente bem bonito e na hora que eu fui fazer o embrulho, eu abri o livro pois percebi que haviam fotos nele.
Não consegui embrulhar o presente; aliás eu usei o presente da amiga.
Mas confessei tudinho à ela em extensa carta!
Eu, até então, não conhecia absolutamente nada a respeito do livro, da autora, da história que a motivou a escrever.
Comecei olhando as fotografias do livro e aquilo aguçou a minha curiosidade e de repente eu estava fazendo a leitura de toda aquela intensa história.
O livro é o "Para Francisco" da Cris Guerra.
Cris estava grávida de sete meses quando seu marido morreu repentinamente e a escrita foi a maneira que ela encontrou para dizer ao filho quem era o pai que ele não conhecera.
É tudo tão simples, tão cotidiano como fazer um ovo cantarolando, como a troca de e-mails entre o casal para se desejarem um bom-dia, porém ela escreve com tanta sensibilidade, com tanta poesia que essa leveza foi um chacoalhão, um estrondo necessário ouvir.
Como há coisinhas acontecendo no nosso dia a dia, tão simples como um copo de água que nos é oferecido e a gene esquece de acrescentar poesia neste gesto.
Ler o livro assim, sorrateiramente, foi um colírio a refrescar o olhar.
Escrevi tudo isso, com meu pedido de desculpas à minha amiga e disse-lhe que na verdade, foi ela quem me deu um presente!
Nesta semana de dias chuvosos e sem a aparição solar por aqui, chegou em meu whatsaap um bom dia com essa foto:
Era de meu marido em um de seus locais de trabalho.
Ele olhou, fez uma pausa, fez uma fotografia e me enviou com um bom dia.
É estar presente, encurtar a distância daquela manhã, oferecer poesia em forma de imagem, enfim é tanta coisa, é tão imenso essa forma de cultivar o amor, o companheirismo.
Todos os dias temos poesia, delicadezas derramadas sobre nós. Precisamos trazer frescor ao olhar, aos ouvidos e precisamos oferecer também esses delicadezas.
Não deixe de enxergar um pequeno detalhe no seu dia. Ofereça também!
terça-feira, 24 de setembro de 2019
Um novo blog
Uma das coisas que eu mais gostava nas "épocas antigas" dos blogs era quando havia uma lista de blogs para a gente conhecer!
Geralmente, listava-se dez blogs e a gente clicava em cada um, conhecia pessoas novas, novos assuntos, fotografias, enfim, era uma delícia conhecer um novo blog.
Essa prática se esvaiu.
Ou não!
Bem, eu não vou indicar dez blogs.
Mas quero indicar um, que acabou de nascer!
Geralmente, listava-se dez blogs e a gente clicava em cada um, conhecia pessoas novas, novos assuntos, fotografias, enfim, era uma delícia conhecer um novo blog.
Essa prática se esvaiu.
Ou não!
Bem, eu não vou indicar dez blogs.
Mas quero indicar um, que acabou de nascer!
É o blog da Nine, o Desanuviando.
De uma leveza, cheio de poesia nas entrelinhas, nas fotografias, nas palavras dela. Mesmo para falar de um assunto difícil, Nine tem suavidade.
Em tempos de notícias tão difíceis, de blogs acabando, conhecer um blog fresquinho é mesmo especial!
Pega um café, um chá, um chimarrão e corre lá para conhecer o Desanuviando.
Ah! Lá no final da página, tem lugar para colocar o e-mail e não perder nenhuma postagem saindo do forno!
Beijo.
terça-feira, 17 de setembro de 2019
Verde notícia boa
Etiópia.
Sempre associei esse país às imagens tão cruéis de crianças, e mesmo adultos, no mais alto grau de desnutrição.
E foi com imensa alegria que vi essa notícia, que já nem é tão nova pois aconteceu em julho, mas merece ser conhecida e celebrada.
A Etiópia bateu um verdejante recorde no final de julho plantando, em um único dia, 350 milhões de árvores em um único dia!
Que vinguem e floresçam essas mudas, essas pequenas árvores para que cheguem à vida adulta.
Que as pessoas ao cuidarem, ao cultivarem, ao regarem, estabeleçam uma profunda conexão com cada plantinha porque tão bem nos faz a natureza.
Que o verde espalhe esperança para todo o planeta que tanto precisa de cuidados para que continue a nos nutrir saudavelmente!
sexta-feira, 23 de agosto de 2019
A avó-bomba
Homem-bomba eu sabia que existia, agora, avó-bomba? Fui pega totalmente de surpresa ao descobrir.
Deu-se da seguinte forma o meu conhecimento:
Numa manhã qualquer, eu adentro o elevador no andar em que moro, o décimo-sexto. Estou só. Logo no andar abaixo, um casal discutindo ( aqui faz-se necessário saber que essa discussão beira à uma briga ).
Dizem que certas emoções, como a raiva por exemplo, nos deixam cegos.
Bem, eles não me viram ali no canto. Nem um bom dia, nem um sorriso ou menear de cabeça.
O jovem homem, era alto e forte e segurava em seu grande braço direito seu bebê de oito meses ( ouvi isso durante a discussão ). A jovem mulher, esposa e mãe e nora, segurava uma sacola na dobra que se faz ali na região do cotovelo e conseguia gesticular com ambas mãos enquanto falava.
"Ele não vai ficar na sua mãe e ponto. Não quero saber dela dando bomba para o menino".
A mulher discutia, o homem tentava amainar as coisas colocando docilidade nas palavras.
"Amoooor, que bomba? É só um suquinho? Você acha que minha mãe faria mal ao nosso filho?"
"Não quero saber, lá ele não fica, ele não vai tomar bomba que ela faz".
Desci me esgueirando entre as lanças afiadas e os corpos deles, sem saber de dizia um tchau e fui calada mesmo e assim que saí do elevador, já tinha espadas lá dentro tilintando e eles foram para a garagem brigando.
Enquanto eu estava na rua, fiquei com aquele diálogo bombástico na cabeça.
Algum tempo depois, vi na tv uma pediatra falando sobre alimentação de bebês e ela usou esse mesmo termo - bomba, referindo-se ao suco.
Eu queria ter escrito sobre a avó-bomba no dia dos avós, 26 de julho.
Não deu e foi bom assim. Hoje inspirei-me a falar sobre as avós-bombas depois que li um trecho de um livro.
A narradora queria muito que o filho tivesse conhecido a sua avó Juju, que seria a bisa dele.
Então ela passa a descrever essa avó para que ele saiba como ela foi encantadora.
"Ela foi professora durante a juventude - não por escolha própria. Queria mesmo era ter sido pintora, mas o pai dela nunca permitiu. Na década de 1930, assumiu uma turma de alunos da escola pública, os mais atrasados nas notas. Com o primeiro salário comprou livros, cadernos e roupas para as crianças. Não tardou que essa turma virasse a primeira." *
A avó Juju cultivava um belo jardim.
"Eu me lembro de um dia em que fomos posar para uma foto em frente a uma árvore - vovó, minha mãe e eu. Depois de várias tentativas em vão, desisti de subir na árvore. Quando olhei, Juju já estava lá em cima. E já passava dos seus 80 anos."
Eu fui me encantando com essa narrativa, com esse olhar tão carregado de amor por uma avó.
E fiquei pensando na avó-bomba. Quais histórias talvez seu neto seja privado de conhecer por causa de um suco?
Pensei em todas as avós que acordam cedinho e vão para a feira buscar as laranjas-limas mais bonitas, antes que sejam apertadas por muitas mãos se forem depois da 10h.
A ciência e o conhecimento são maravilhosos com suas descobertas para o nosso bem estar. Um pouco de flexibilidade nesse caminho também faz bem.
Quantos bebês não tomaram seus suquinho rigorosamente às 10 da manhã e hoje estão aí no mundo fortes e saudáveis?
Talvez uma conversa amorosa com a avó-bomba para que ela insistisse me frutas picadinhas.
Talvez uma flexibilidade ao pensar no amor naquele suco feita por uma avó que é só amor pelo neto?
Queremos um mundo de paz, de não destruição mas estamos armados em nossa alma.
Nossa rigidez está nos privando de ter o que mais queremos - o amor.
Estamos fazendo tempestade em copo de suco.
Abençoadas sejam as avós-bomba, ou melhor, as avós-amor.
*para Francisco livro de Cris Guerra
Deu-se da seguinte forma o meu conhecimento:
Numa manhã qualquer, eu adentro o elevador no andar em que moro, o décimo-sexto. Estou só. Logo no andar abaixo, um casal discutindo ( aqui faz-se necessário saber que essa discussão beira à uma briga ).
Dizem que certas emoções, como a raiva por exemplo, nos deixam cegos.
Bem, eles não me viram ali no canto. Nem um bom dia, nem um sorriso ou menear de cabeça.
O jovem homem, era alto e forte e segurava em seu grande braço direito seu bebê de oito meses ( ouvi isso durante a discussão ). A jovem mulher, esposa e mãe e nora, segurava uma sacola na dobra que se faz ali na região do cotovelo e conseguia gesticular com ambas mãos enquanto falava.
"Ele não vai ficar na sua mãe e ponto. Não quero saber dela dando bomba para o menino".
A mulher discutia, o homem tentava amainar as coisas colocando docilidade nas palavras.
"Amoooor, que bomba? É só um suquinho? Você acha que minha mãe faria mal ao nosso filho?"
"Não quero saber, lá ele não fica, ele não vai tomar bomba que ela faz".
Desci me esgueirando entre as lanças afiadas e os corpos deles, sem saber de dizia um tchau e fui calada mesmo e assim que saí do elevador, já tinha espadas lá dentro tilintando e eles foram para a garagem brigando.
Enquanto eu estava na rua, fiquei com aquele diálogo bombástico na cabeça.
Algum tempo depois, vi na tv uma pediatra falando sobre alimentação de bebês e ela usou esse mesmo termo - bomba, referindo-se ao suco.
Eu queria ter escrito sobre a avó-bomba no dia dos avós, 26 de julho.
Não deu e foi bom assim. Hoje inspirei-me a falar sobre as avós-bombas depois que li um trecho de um livro.
A narradora queria muito que o filho tivesse conhecido a sua avó Juju, que seria a bisa dele.
Então ela passa a descrever essa avó para que ele saiba como ela foi encantadora.
"Ela foi professora durante a juventude - não por escolha própria. Queria mesmo era ter sido pintora, mas o pai dela nunca permitiu. Na década de 1930, assumiu uma turma de alunos da escola pública, os mais atrasados nas notas. Com o primeiro salário comprou livros, cadernos e roupas para as crianças. Não tardou que essa turma virasse a primeira." *
A avó Juju cultivava um belo jardim.
"Eu me lembro de um dia em que fomos posar para uma foto em frente a uma árvore - vovó, minha mãe e eu. Depois de várias tentativas em vão, desisti de subir na árvore. Quando olhei, Juju já estava lá em cima. E já passava dos seus 80 anos."
Eu fui me encantando com essa narrativa, com esse olhar tão carregado de amor por uma avó.
E fiquei pensando na avó-bomba. Quais histórias talvez seu neto seja privado de conhecer por causa de um suco?
Pensei em todas as avós que acordam cedinho e vão para a feira buscar as laranjas-limas mais bonitas, antes que sejam apertadas por muitas mãos se forem depois da 10h.
A ciência e o conhecimento são maravilhosos com suas descobertas para o nosso bem estar. Um pouco de flexibilidade nesse caminho também faz bem.
Quantos bebês não tomaram seus suquinho rigorosamente às 10 da manhã e hoje estão aí no mundo fortes e saudáveis?
Talvez uma conversa amorosa com a avó-bomba para que ela insistisse me frutas picadinhas.
Talvez uma flexibilidade ao pensar no amor naquele suco feita por uma avó que é só amor pelo neto?
Queremos um mundo de paz, de não destruição mas estamos armados em nossa alma.
Nossa rigidez está nos privando de ter o que mais queremos - o amor.
Estamos fazendo tempestade em copo de suco.
Abençoadas sejam as avós-bomba, ou melhor, as avós-amor.
*para Francisco livro de Cris Guerra
quarta-feira, 14 de agosto de 2019
Memórias de blog
Escrever o post em comemoração aos 10 anos de blog da amiga Rosélia, trouxe-me várias lembranças do início do meu blog.
Claro, há blogues e blogueiras há mais tempo nesta caminhada e que poderão me ajudar com estas memórias de blogs!
Quando comecei, no ano de 2011, sem quase nada saber a respeito dos blogs, mas com uma vontade enorme de escrever, fui aos poucos " pegando o jeito da coisa ".
Aprendi que era deselegante pedir para alguém te seguir. O melhor caminho para isso é fazer bons comentários, que desse modo, a pessoa se interessaria pelo seu blog.
Também era descabido o tal "copia e cola um comentário ". Não tínhamos tantas redes sociais, tínhamos mesmo era um mundo de blogs a ler, seguir e comentar!
Uma coisa legal eram as postagens que indicavam dez blogues a conhecer! Era muito bom ser indicada e era gostoso também, a partir daquela lista, ir buscando novas amizades. A partir dessas listas fui conhecendo blogues ligados à fotografia, à culinária, enfim, uma riqueza!
As blogagens coletivas eram constantes, assim como eram constantes as postagens, diárias, eu diria!
Quando comecei o blog, fiz em um ano 224 postagens e por esses tempos está difícil chegar a 20 :(
O meu amor pela escrita e pelos blogs não mudou, assim como o amor daqueles que continuam por aqui.
As mudanças que eu fui percebendo?
Teve gente que à época não trabalhava fora e depois começou.
Teve gente que não tinha filhos e depois os teve.
Teve gente que migrou para outras plataformas/ redes sociais como facebook.
Teve gente que depois que migrou, voltou.
Teve quem cansou, desanimou.
Os que ficaram têm uma dedicação linda que eu tanto admiro!
Alguns conseguem manter uma constância nas postagens, outros ( euzinha ) são mais esporádicos, mesmo assim persistem!
E você, o que lembra do "antigamente nos blogues"?!
E para o agora, tem alguma opinião, sugestão?
Conta aí pra gente há quanto tempo você tem um blog e deixa umas dicas também!
Claro, há blogues e blogueiras há mais tempo nesta caminhada e que poderão me ajudar com estas memórias de blogs!
Quando comecei, no ano de 2011, sem quase nada saber a respeito dos blogs, mas com uma vontade enorme de escrever, fui aos poucos " pegando o jeito da coisa ".
Aprendi que era deselegante pedir para alguém te seguir. O melhor caminho para isso é fazer bons comentários, que desse modo, a pessoa se interessaria pelo seu blog.
Também era descabido o tal "copia e cola um comentário ". Não tínhamos tantas redes sociais, tínhamos mesmo era um mundo de blogs a ler, seguir e comentar!
Uma coisa legal eram as postagens que indicavam dez blogues a conhecer! Era muito bom ser indicada e era gostoso também, a partir daquela lista, ir buscando novas amizades. A partir dessas listas fui conhecendo blogues ligados à fotografia, à culinária, enfim, uma riqueza!
As blogagens coletivas eram constantes, assim como eram constantes as postagens, diárias, eu diria!
Quando comecei o blog, fiz em um ano 224 postagens e por esses tempos está difícil chegar a 20 :(
O meu amor pela escrita e pelos blogs não mudou, assim como o amor daqueles que continuam por aqui.
As mudanças que eu fui percebendo?
Teve gente que à época não trabalhava fora e depois começou.
Teve gente que não tinha filhos e depois os teve.
Teve gente que migrou para outras plataformas/ redes sociais como facebook.
Teve gente que depois que migrou, voltou.
Teve quem cansou, desanimou.
Os que ficaram têm uma dedicação linda que eu tanto admiro!
Alguns conseguem manter uma constância nas postagens, outros ( euzinha ) são mais esporádicos, mesmo assim persistem!
E você, o que lembra do "antigamente nos blogues"?!
E para o agora, tem alguma opinião, sugestão?
Conta aí pra gente há quanto tempo você tem um blog e deixa umas dicas também!
terça-feira, 13 de agosto de 2019
Uma década de blog!
Dez anos de blog da amiga Rosélia!
É para celebrar com muita alegria!
Eu tenho grande admiração pela persistência da Rosélia nessa década blogando.
Seu estilo vai muito além de postar em seu blog.
Rosélia tem esmero para com seus seguidores que se tornaram amigos. Visita-os em leituras e comentários, participa e organiza temas coletivos para que haja mais interação e assim nos estimula a escrever e não desistir desse espaço virtual tão frutífero.
Sem falar, que vez por outra, ela viaja, e encontra pessoalmente amigos de blog!
Que sua disposição continue por muitas décadas espalhando amor pelos caminhos virtuais!
É para celebrar com muita alegria!
Eu tenho grande admiração pela persistência da Rosélia nessa década blogando.
Seu estilo vai muito além de postar em seu blog.
Rosélia tem esmero para com seus seguidores que se tornaram amigos. Visita-os em leituras e comentários, participa e organiza temas coletivos para que haja mais interação e assim nos estimula a escrever e não desistir desse espaço virtual tão frutífero.
Sem falar, que vez por outra, ela viaja, e encontra pessoalmente amigos de blog!
Que sua disposição continue por muitas décadas espalhando amor pelos caminhos virtuais!
Quero pedir à Rosélia que, com sua experiência, traga-nos algumas palavras para os tempos em que estamos completamente desanimados com nossos blogs, sem inspiração para escrever. Nada nos ocorre e nos vem a vontade de desistir, encerrar nosso cantinho.
E deixo aqui minha homenagem com flores, que fotografei lá na França, para essa festa tão bonita!
Parabéns!
terça-feira, 6 de agosto de 2019
O primeiro castelo
Abri a janela do quarto do hotel e me deparei com um castelo!
Nunca fui uma garota sonhadora com castelos. Filmes da Disney não fizeram sucesso comigo!
E o único castelo que tinha visto, era uma miniatura lá no Mini-Mundo em Gramado-RS.
Confesso que ver a grandiosidade desse castelo em Carcassone, foi mesmo admirável.
Há pouco romantismo na história desse castelo: construído por prisioneiros de guerras que trabalhavam na maioria das vezes até sua morte.
E ali nas suas muralhas, mais guerras...
Outra surpresa para mim, além da beleza e tristeza das construções, foi que, em determinado momento, o guia que nos contava a história, pediu que nos afastássemos um pouco porque era a hora da abertura...
Repentinamente começou um movimento de carros, pessoas, bicicletas e eu pensando o que será que todo esse povo faz dentro de um castelo?
Ainda não tínhamos entrado, estávamos nas muralhas e eu não havia pesquisado nada a respeito antes de viajar.
Só quando entramos, é que compreendi o que se passava:
Tudo lá dentro é um comércio. Fiquei inicialmente decepcionada, mas pensando melhoro que se faz com um espaço tão grande?
Há hóteis, sorveterias, lojas e também uma igreja, uma bela igreja cheia de silêncio e tranquilidade.
Sugeri ao meu marido que, quem sabe um dia, poderíamos nos hospedar ali no castelo.
"Larga mão disso, o tanto de assombração que deve ter aí dentro, eu é que não fico aí de noite."
Dei muita risada com a resposta de marido!
domingo, 28 de julho de 2019
Uma pessoa especial
Uma viagem não é só feita de lugares bonitos, comidas diferentes, compras.
Pessoas nos inspiram, acrescentam algo especial.
E assim se deu na nossa viagem - uma pessoa especial faz morada em nossos corações!
Nosso primeiro café da manhã em Paris.
Entre pegar a bandeja, talheres, guardanapo, marido ao trazer a xícara para próximo de si, examinou e exclamou em voz alta: "Nossa! Que xícara larga!"
A resposta veio de imediato:
"Francês gosta muito de molhar o pão no café com leite, por isso a boca é bem larga".
Eu, marido e nossa amiga viramos ao mesmo tempo em direção ao salão do café para ver de onde vinha a voz daquela resposta.
Não foi difícil encontrar. Por ainda ser bem cedo, estava vazio o salão. Uma senhora sentada ao centro mas bem à frente era a dona da resposta. Agradecemos com um sorriso e um bom dia.
Até então nós não sabíamos nem quem eram as pessoas que fariam o roteiro pelo interior da França conosco. Somente dois dias depois é que o grupo de 14 pessoas entrava no ônibus de cor azul para começar a viajar pelas cidades do sul da França.
E ela estava lá! A senhora que nos ensinou sobre o tamanho da boca da xícara!
Sentou-se sozinha e ao longo do trajeto, falava algo a mais que o guia do passeio, acrescentava, só para nós que estávamos sentados próximos a ela. Não era intrometida, muito pelo contrário, com educação e gentileza.
Na primeira parada do ônibus, marido ajudou-a a descer e logo depois ela disse a todos que poderiam ir tranquilos ao passeio com o guia que ela ficaria por ali que estaria de volta no horário combinado.
Saímos todos achando que aquilo não ia dar certo. Era quase certo que ela se perderia.
Perdeu-se foi um outro casal! Ela estava lá no antes mesmo do horário limite, faceira, exibindo postais da pequena cidade tão lindos que deixava qualquer fotografia na dúvida!
Entre uma cidade, uma ajuda, fomos aos poucos nos encantando com aquela senhora que nos arrepiava por estar sozinha em uma viagem para outro país.
Marido, depois de um café de máquina tomado ao lado dela, depois veio nos dizendo: "Quantos anos vocês acham que a dona Anna tem? "
Eu já ia soltando o meu palpite quando ele deu uma pista - "a filha dela tem 66 anos"
Uau! Isso fez ir por água abaixo meu palpite...
Pessoas nos inspiram, acrescentam algo especial.
E assim se deu na nossa viagem - uma pessoa especial faz morada em nossos corações!
Nosso primeiro café da manhã em Paris.
Entre pegar a bandeja, talheres, guardanapo, marido ao trazer a xícara para próximo de si, examinou e exclamou em voz alta: "Nossa! Que xícara larga!"
A resposta veio de imediato:
"Francês gosta muito de molhar o pão no café com leite, por isso a boca é bem larga".
Eu, marido e nossa amiga viramos ao mesmo tempo em direção ao salão do café para ver de onde vinha a voz daquela resposta.
Não foi difícil encontrar. Por ainda ser bem cedo, estava vazio o salão. Uma senhora sentada ao centro mas bem à frente era a dona da resposta. Agradecemos com um sorriso e um bom dia.
Até então nós não sabíamos nem quem eram as pessoas que fariam o roteiro pelo interior da França conosco. Somente dois dias depois é que o grupo de 14 pessoas entrava no ônibus de cor azul para começar a viajar pelas cidades do sul da França.
E ela estava lá! A senhora que nos ensinou sobre o tamanho da boca da xícara!
Sentou-se sozinha e ao longo do trajeto, falava algo a mais que o guia do passeio, acrescentava, só para nós que estávamos sentados próximos a ela. Não era intrometida, muito pelo contrário, com educação e gentileza.
Na primeira parada do ônibus, marido ajudou-a a descer e logo depois ela disse a todos que poderiam ir tranquilos ao passeio com o guia que ela ficaria por ali que estaria de volta no horário combinado.
Saímos todos achando que aquilo não ia dar certo. Era quase certo que ela se perderia.
Perdeu-se foi um outro casal! Ela estava lá no antes mesmo do horário limite, faceira, exibindo postais da pequena cidade tão lindos que deixava qualquer fotografia na dúvida!
Entre uma cidade, uma ajuda, fomos aos poucos nos encantando com aquela senhora que nos arrepiava por estar sozinha em uma viagem para outro país.
Marido, depois de um café de máquina tomado ao lado dela, depois veio nos dizendo: "Quantos anos vocês acham que a dona Anna tem? "
Eu já ia soltando o meu palpite quando ele deu uma pista - "a filha dela tem 66 anos"
Uau! Isso fez ir por água abaixo meu palpite...
Dona Anna e marido
Oitenta e cinco anos. Uma francesa que ficou marcada pelos horrores da guerra, vendo seu pai ser levado e nunca mais voltar e ser levada, sem opção de escolha, com a mãe para o Brasil quando tinha nove anos de idade.
Fala fluente francês e alemão. E depois começou a falar em japonês com minha amiga!
Amiga Sílvia, eu e dona Anna
no Museu das Lavandas
A nossa viagem foi de 11 dias. A dela duraria 31. Depois da França iria para a Croácia, Praga, e nem sei mais para onde.
Todos os anos sai para mais de mês viajando. "Ficar em casa para quê filha?
Dicas de viagem de dona Anna? Várias!
Três saias, todas pretas. Cinco blusas e o casaco que comprou há 20 anos na Alemanha.
Todas as noites ferve água na chaleira elétrica do quarto do hotel, para cedo colocar a água já fria numa garrafa.
No café da manhã, enrola um pedaço de pão num guardanapo, caso não dê para jantar, uma fatia de pão e um chá são suficientes.
Enquanto nós corríamos para acompanhar os passos do guia de viagem para algum lugar, dona Anna estava na casa de algum amigo almoçando, ou tomando um chá da tarde. Antes de ir, sempre nos deixava uma recomendação de um lugar para ir, ou algo para comprar.
Marido, certo dia se pôs a carregar a mala dela para o ônibus. Não deu conta, precisou da ajuda do motorista e os dois quase "desconjuntaram".
Dona Anna só fez rir. "A cada cidade sempre compro um livro! E quando eu parar na última cidade, comprarei uma mala para dividir o peso".
Nas igrejas com escadaria, ela não subia, mas nos descrevia algum detalhe que não podia deixar de ser olhado.
Era a terceira vez que fazia o mesmo roteiro! Viaja sozinha há vinte anos. Se enrola com o celular, apenas isso. Mas, da mesma maneira que ela nos ensina, nos inspira, alguém sempre está disposto a desenrolar o celular dela. Minha amiga foi quem o fez!
Hora ou outra lembramos de dona Anna em nossas conversas. "E pensar que dona Anna ainda não chegou em casa hein?! - marido me falou ainda ontem.
Que bom ter uma pessoa tão inspiradora morando em nossos corações!
Obrigada dona Anna. Muitas viagens em seu roteiro neste planeta!
Como tudo começou - clique aqui
terça-feira, 23 de julho de 2019
Sonho realizado
Essa é a fotografia que retrata o sonho que realizei!
Se você colocar no google - Abadia de Sénanque, verá fotos belíssimas. Mas deixo aqui essa mesma que fiz com o coração carregado de emoção e alegria!
Quando menina adolescente, numa aula de Geografia me deparei com esse lugar em alguma página do livro didático. Encantei-me e naquele momento sonhei um sonho que fazia fronteira com o impossível.
As viagens internacionais eram algo que só acontecia nas novelas, filmes e não na nossa realidade de um bairro de periferia. Ninguém de nossa vizinhança havia feito um viagem para outro continente.
Dizem porém que essa é a graça dos sonhos - dar-lhes liberdade para acontecer.
Sonhei muito em estar nesse lugar. Depois de um certo tempo, adormeci o sonho em uma caixinha. Mais adiante ainda tirei-lhe a importância sem qualquer tristeza para o coração. Tudo bem não ir. Saber que o lugar existia já era motivo de alegria.
Casamento, filhos, e embora a vida tivesse melhorado materialmente, não dava para planejar uma viagem.
Filhos pequenos, compromissos escolares... até que um dia um vento auspicioso sussurrou que já se podia despertar sonhos adormecidos.
E com muita leveza, as coisas foram se mostrando numa cadência tão agradável que no começo deste ano começamos a preparar nossa viagem para o sul da França.
Há ainda algo mais especial na realização deste sonho! Minha grande amiga, uma amizade de 30 anos, que mora tão distante e por isso tão pouco nos vemos ( mas nos falamos toda semana ) foi conosco!
Marido, eu e Sílvia!
Que alegria!
Foram dez dias perambulando, rindo, se encantando com uma cultura diferente, com lugares tão bonitos, incluindo o do meu sonho!
Quero partilhar minha alegria com vocês, meus amigos de blog, que, alguns, já realizaram meu sonho de abraçá-los pessoalmente e sonho ainda com outros abraços!
Vem comigo? Farei outras postagens para mostrar um pouquinho do que encantou nossos olhos.
Começamos o dia em Paris! Com o ícone de lá visto de manhã e à noite.
Passeamos tanto pela clássica Paris quanto pela moderna Paris.
Grande Arco de La Défense
Embarquem nesta viagem, acompanhem os próximos posts!
Agradeço a presença de vocês. Beijos!
domingo, 30 de junho de 2019
Licença para sonhos
Meus queridos amigos, estou saindo para uns dias de férias! Espero realizar um lindo e longo sonho!
Volto com novidades. Fiquem em paz!
Volto com novidades. Fiquem em paz!
sexta-feira, 7 de junho de 2019
O sino
Faço um esforço exaustivo, minucioso e também silencioso para recordar a primeira vez que ouvi um sino. Sendo ineficaz meu esforço, volto-me para meu marido e entrego a ele a minha vontade de saber : "você se lembra da primeira vez que ouviu um sino?"
"Ixi... claro que lembro. O sininho do Bom Jesus. Lembro até da batida triste que era pra avisar que alguém tinha morrido."
Marido passou a infância em área rural de Minas Gerais. Lugarejos bem afastados, onde o sino era uma forma de comunicação.
"Ixi... claro que lembro. O sininho do Bom Jesus. Lembro até da batida triste que era pra avisar que alguém tinha morrido."
Marido passou a infância em área rural de Minas Gerais. Lugarejos bem afastados, onde o sino era uma forma de comunicação.
Digo a ele que essa primeira lembrança do som de um sino, eu não tenho.
Mas...
Tenho uma boa história com um sino.
Eu toquei um sino de igreja!
Essa frase não poderia ter exatamente uma exclamação. Por que? Porque foi um tanto decepcionante meu "tocar o sino"...
Nos desenhos animados da televisão, eu tenho lembrança de algum personagem vestido de frade, pendurado em uma corda, puxando com força, ou mesmo balançando de um lado para o outro tal a força do sino.
Eu era uma adolescente quando minha doce vizinha foi pedir permissão ao meu pai para que eu passasse uns dias de férias na casa da irmã dela, no Paraná, que era uma freira. Eu iria com a filha de dona Rosa e seria bom sair um pouco de casa; era recente a perda de minha mãe.
No segundo dia, irmã Suzana fez-me o convite inusitado logo pela manhã. "Você quer tocar o sino da igreja hoje à tarde? Temos que estar lá quinze minutos antes das seis, não se pode atrasar"
Não saí pulando e gritando de alegria porque o ambiente era mesmo reservado e silencioso.
Eu iria tocar um sino. Nem conseguia acreditar!
Será que eu teria forças? As cordas, será que havia uma só ou várias? E a melodia, eu saberia tocar, ou era só bater seis vezes? E se eu errasse e soassem sete badaladas?
Achei melhor não importunar a tão acolhedora freira e deixar todas as surpresas para o final da tarde.
Como demorou para o sol baixar naquele dia.
Segui a passos apressados ao lado da freira pelo calçadão principal da cidade. Meu coração é que parecia um sino.
Subimos uma escada caracol. A freira ia na frente. Lá no alto enquanto ela olhava fixamente para seu relógio de pulso, eu procurava as cordas.
De repente, ela me fala "Está na hora, aqui, aqui. Aperta".
Um pequeno painel com um botão. Apertei-o e vi e ouvi o sino soar, movendo-se harmoniosamente.
As cordas e as pessoas penduradas eram coisas do passado. Bastava olhar as horas no relógio de pulso e pressionar um botão.
Desci as escadas caracol um tanto atordoada. Não sei se pelo som alto do sino ou pela ausência de cordas.
Bem, eu toquei um sino!
E você, tem uma história de sino para me contar?
Beijo!
domingo, 12 de maio de 2019
A doçura das mães
É final de domingo, dia das mães, e eu queria muito escrever algo aqui no blog. Durante o dia, chegaram-me mensagens de pessoas queridas, olhei um pouco as redes sociais inundadas desse carinho lindo para com as mães. Tudo já foi escrito, pensei. E talvez já tenha mesmo e isso é tão bom!
Então, lembrei-me de algumas coisas que queria escrever já faz algum tempo.
Uma fotografia:
Então, lembrei-me de algumas coisas que queria escrever já faz algum tempo.
Uma fotografia:
A data em que foi tirada esta fotografia foi dia 11 de fevereiro de 2015.
É um quadro e me lembro exatamente do que senti ao me deparar com ele: uma simplicidade, uma ternura; eu realmente enxerguei ali, não a santidade que talvez fosse a expressão maior da pintura. Mas enxerguei uma maternidade tão delicada, tão presente.
Aproximei o máximo que pude o celular da tela para fotografá-la e tentar capturar algum detalhe.
Eu mantive durante todos esses anos a fotografia em meu celular pelo encanto que ela me proporciona toda vez que a admiro.
Há presença ali. Há uma mãe, com feição cansada, mas inteiramente presente ao segurar o seu bebê e ele, o bebê completamente aconchegado nesse colo de amor.
Lembro de quando eu olhava para o quadro e pensava na mãe cansada, porém serena, livre para ser mãe e confrontava o pensamento com o que estamos a viver hoje nas grandes cidades especialmente:
mães que não estão presentes porque é preciso dividir a atenção com tantas outras demandas, incluindo o celular ( sim, vejo muitas mães empurrando carrinhos de bebê com uma mão e a outra grudada no celular ), uma presença fragmentada.
Muitas mães seguindo regras tão rígidas, tão desnecessárias - não pegar o bebê no colo para ele não se acostumar...
Há tantas imposições para as mães... que pode nos faltar coragem para seguir o nosso coração.
E a ternura da pintura lembrou-me também de um texto que li há muitos anos que falava da simplicidade das pessoas que viviam na área rural do Vietnã. Essas pessoas não entendiam quando se dizia "uma mãe é um tesouro".
No Vietnã, as pessoas do campo comparam suas mães às melhores qualidades de banana ou mel, arroz-doce ou cana-de-açúcar.
"Para mim, mãe é como uma banana ba huong da melhor qualidade, como neo mot, o melhor arroz-doce e como mia laua, a mais doce cana-de-açúcar.
Ter a delicadeza e simplicidade de uma mãe, não é sobre falar baixinho e ter gestos comedidos. Eu não falo baixo, nem tampouco tenho delicadezas nos gestos!
Mas são tantos rótulos e exigências que a sociedade quer que sigamos para criar filhos dessa maneira que é a melhor, ou a outra que tanta gente seguindo e fazendo no instagram...
O amor é tão simples como apenas um colo de mãe que pode ser silêncio e calor que acolhe e serena o coração.
À todas as mães, às avós, às filhas e filhos de mães que estão aqui e também daquelas que já se foram mas que sempre estarão em nós - que a gente nunca deixe de oferecer e sentir um abraço demorado.
Feliz Dia das Mães.
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