Quando nos tornamos avós?
Esta pergunta esvoaça em mim com bastante força e constância.
Motivo? Uma dessas sábias conversas que tenho com minha filha ao pé do fogão, quando ela chega sorrateira, pergunta se podemos conversar e quando dou o meu sim, ela fala imediatamente: então vou desligar o rádio.
Claro! É o nosso momento, só nosso. Tenho que estar inteira nele, porque ela está!
Então ela começa com aquela voz de criança pequena que traz beleza aos ouvidos: “Mãe, você é uma ótima mãe, você cuida muito bem da gente e é muito rigorosa. Eu gostaria que você cuidasse do meu filho enquanto eu trabalho porque eu ficarei tranquila com você cuidando dele, não quero uma babá cuidando dele, quero que você cuide com seu amor e seu jeito rigoroso que é muito importante para a gente ser feliz”.
Ah! E acrescentou - “claro, se você estiver viva”.
Eu fiquei por alguns momentos sem palavras diante daquele ser de 6 anos me transformando em avó naquele momento e esperando que eu esteja viva, mas também sabendo que posso não estar.
Há um momento em que nasce uma avó? Antes a essa conversa eu achava que quando sua filha ou filho anunciasse a gravidez é que nascia você, avó.
Agora estou achando que é muito anterior a isto e estou rigorosamente confusa porque o pedido veio de uma garotinha!
Esta é uma maneira divertida de abordar esse assunto, tão rico, tão controverso, porque muitas histórias e relatos eu já ouvi sobre avós que são consideradas 'atrevidas', enfim tenho muito a refletir e quero contar com o apoio de vocês! Caso achem que em um comentário não é possível responder e fizerem um post inteiro (mesmo que ainda não seja o dia dos avós) deixem o link lá nos comentários que eu quero alimentar a avó potencial, a semente-avó que existe em mim!
Eu era uma criança quando minha mãe morreu e evidente que a falta dela foi imensurável. A gestação foi um período em que eu ficava pensando como seria ter uma mãe partilhando aquele momento? Tive momentos difíceis depois do parto e tenho um texto guardado com muito carinho há quase dez anos que eu considero para mim um sonho cor de rosa que eu gostaria de ser para a minha filha e por que não para a minha nora...
Talvez seja exageradamente cor de rosa cor de rosa. E isso só o tempo poderá me mostrar. E eu desejo realmente que ele me mostre.
O texto:
Prometo apoiá-la em suas novas conquistas
Um dos momentos mais especiais da minha vida foi o mês após o nascimento de Tara. Descobrir minha filhinha era observar o milagre do desabrochar diante dos meus olhos. Ela era o ser mais precioso, bonito e divino que eu jamais vira.
Mas havia um outro aspecto desse tempo que guardarei para sempre como um tesouro.Numa tradição seguida por muitos indianos, a parturiente e seu bebê recém-nascido ficam na casa dos pais durante 40 dias após o nascimento. Esta tradição se explica pelo fato de tanto a mãe quanto o bebê necessitarem de cuidados e carinho nessas primeiras semanas. Cuidada por sua própria mãe , a recém-mamãe pode então se concentrar nos desafios e descobertas desse primeiro momento e dar início ao relacionamento com seu bebê num ambiente estável.
Voltar com minha filha recém-nascida para a casa de meus pais foi uma experiência comovente e tocante. Passei com eles um tempo lindo e emocionante nessa nova fase da minha vida, com meu bebê nos braços. Eu era agora uma mulher adulta, expandindo a nossa família e despertando em todos sentimentos de um amor ilimitado. O amor e o orgulho nos olhos de meus pais tanto por mim quanto por sua neta me fizeram descobrir que Tara era não só um dom para Sumant e para mim como também o presente mais sagrado que eles haviam recebido.
Nas semanas seguintes, eu me liguei à minha mãe como nunca fizera antes. Sua sabedoria, sua habilidade em cuidar de mim e do meu bebê e seu incansável carinho por nós duas me deixavam em total encantamento. No meio da noite, se Tara continuava a reclamar depois de ter mamado, minha mãe logo estava ao nosso lado calmamente, zelando por nós. Com seu modo suave, ela soube dar a Sumant e a mim o espaço que precisávamos como pais inexperientes, mas também aliviou os temores que nos assaltavam nessa nova fase de nossas vidas. Nani, minha avó, tinha cuidado de cada filha sempre que nascia um bebê. Agora minha mãe fazia o mesmo.
Na mesma época, uma amiga deu à luz. Era mãe solteira e não tinha um bom relacionamento com a mãe. Contou-me das suas dificuldades nesses primeiros tempos, em que teve de depender de amigos e parentes distantes. Quando descrevi minha experiência com minha mãe, e o novo relacionamento que desenvolvera com ela, minha amiga comentou, cheia de esperança, que iria fazer o mesmo quando chegasse o tempo de cuidar de sua filha e neta.
Esses primeiros momentos de amor com os nossos recém-nascidos são fundamentais para criar as bases dos vínculos que estabeleceremos com eles ao longo da vida e que permitirão um crescimento mútuo e harmonioso.
Livro: 100 promessas para o meu bebê de Mallika Chopra