Ele, porém, não chega abrupto.
Traz mansidão, por vezes deixando notar, por vezes completamente invisível.
A luz que tinge os céus e se derrama pela paisagem, desnudou-se tímida. Por vezes um vento mais fresco nos fazia lembrar do tempo outonal.
Tenho notado que ao longo das minhas muitas primaveras, que sempre me deparo com o prenúncio do outono, seja no calendário, seja no amarelas das folhas, que há um pequeno sobressalto em meu peito, um titubeio.
Embora a pele já se mostre cansada ao final de um verão, os banhos refresquem por tão pouco tempo, e as noites não sejam tão relaxantes, o outono me sopra certa insegurança. E se for tão difícil os dias frios? Não é preferível ficar com o já conhecido?
Lembro-me de uma fala de Monja Coen, onde ela relatava o rigoroso inverno passado quando residia no Japão e ela disse que o outono era um preparar-se. "Nosso corpo vai esfriando com a terra no outono e assim somos preparados para o inverno".
O outono é mais que uma lição térmica, ou de moda, ou de vinhos e queijos.
Há muitos outonos em nossas vidas para além dos calendários. E embora possamos um certo medo do que virá, ele também, o outono da vida nos prepara.
É lindo o outono derrramado na natureza do sol, das árvores. E quando ele se derramar em nossas vidas, independente de que idade tenhamos, que possamos nos aconchegar e sentir que há uma sabedoria em todo outono, uma sabedoria que nos prepara para o acolhimento, para o recolhimento.
Porque tudo é cíclico e novas noites quentes nos chegarão!
Bom início de outono por cá e uma florida primavera lá no outro hemisfério!