Esqueceram-no
dependurado numa cordinha de varal.
O
sol estonteante do meio do dia, incomodou mais pela luminosidade do
que pelo calor.
Acostumara-se
a altas temperaturas.
Esperava
ficar pouco tempo ali. O necessário para desprender a umidade, o que
no caloroso ambiente deveria ser coisa rápida.
E
foi mesmo rápido, porém ali ficou, esquecido.
Inebriou-se
ao ver o entardecer chegando feito gato sorrateiro e tingindo o céu
de cores que nunca antes vira. Nuvens vestiam-se de nuances infinitas
até o negro céu se impor.
Conhecia
tão bem a negritude do líquido que escorria de si, como o céu lhe
escorreu naquela noite de esquecimento.
Sobressaltou-se
com o clarão repentino e o estrondo. Ruídos fortes conhecia o de
tampas de panelas que eventualmente caíam ao chão e o esbravejar
numa voz feminina.
Lenta,
lentamente foi sentindo umedecer-se por inteiro.
Que
líquido era aquele? O líquido que lhe escoava era fervente, sempre
fervente.
O
dia amanheceu cinzento e o líquido gélido prosseguiu a lhe
envolver.
Observou
que advinham das nuvens, as mesmas vestidas de furta-cor, agora
cinzentas ,é que lhe derramavam a água que só vira jorrar da
torneira.
O
líquido precioso que lhe perpassava borbulhando, descia do alto dos
céus, das lindas damas envoltas em sedas de delicados tons.
Cedo
ou tarde, quando sentissem falta do perfumado líquido marrom,
levariam-no para dentro.
Porém,
agora conhecia as nuvens, conhecia a preciosidade das chuvas.
Era
um coador feliz. Fosse de papel ou uma máquina moderna, jamais
poderia apreciar gota a gota a preciosidade líquida que o preenchia
diariamente.
Ana Paula, que postagem bacana. Não acredito em transmissão de pensamento, mas a coisa de uma hora eu resolvi fazer um cafezinho. Só não o acho completo por causa do coador de papel e da maquininha, mas...
ResponderExcluirEstava pensando: Amanhã vou ao Mercadão e compro um coador de pano e um bule daqueles iguais aos das roças. Fiquei até sentindo o cheirinho gostoso do cafezinho de amanhã. Tudo bem... pode até não acontecer nada disso, todavia abro o micro e, de repente a Ana Paula exaltando o "meu" coador de café.
Coincidência???!!! Sei lá!!!
Beijo
Manoel
Ah!!! O layout do blog ficou super legal. Mais bem aproveitado e consequentemente mais rápido para navegar.
ResponderExcluirBeijo
Tu és demais e mereces aplausos. Dás vida à tudo.Incrível! Te ler faz bem. E cheguei a sentir pena do pobre coador! LINDO! beijos,chica
ResponderExcluirEncantadora essa sua reflexão do coador de pano. Creio que se ele pensasse, seria assim mesmo.
ResponderExcluirTenho vontade (às vezes) de comprar um desses coadores. Tem no supermercado aqui perto de casa, branquinho.
Depois é só chegar em casa e ferver com uma colher de pó de café (pra pegar o gosto) como faziam antigamente.
Mas logo esqueco, abro a embalagem do coador de papel e faço um cafezinho.
Essas nostalgias já não cabem mais hoje. Daria muito trabalho, ficar lavando na pia, sujeira...
Mas que dá vontade, isso dá...
Beijos querida, amei como sempre.
Que graça de texto Ana! Você baila com as palavras. Sou sua fã viu!
ResponderExcluirPobre do coador né? Fiquei com pena, mas o bom é que ele pôde entrar em contato com outra realidade. A propósito, ele não estava sozinho né? ... Provavelmente estava na companhia de um simpático prendedor de roupas rsrsrs
Bom, te desejo bastante inspiração sempre. Beijos para você e para os pequenos!
;)
Vamos aos coadores de pano :/
ResponderExcluirLia crônica meio de nariz torcido, sou mesmo assim amo: amo, mas qd não amo...hummm...rsrs
Eu sou uma cafezeira de primeira e café expresso, maquininhas de café são para mim uma modernidade enraizada, coloco uma cafeteira nas imagens de infância para não me lembrar que um dia tomei café de coador de pano, as vezes mal seco e ai o café tinha gosto de guarda-chuva, ou sempre ia o gosto do café do ano passado, ali enraizado ao pano...rsrsrs
Café dormido, requenta, de coador de pano, não me causam inspiração, nem nostalgia.
Ai fui sincera demais né?
Vamos tomar um cafezinho, coado na meia sem par que o cachorro roeu a outra pra eu me redimir.
Só você pra me emocionar com um coador de café kkkkk. Acho que me coloquei no lugar dele.
ResponderExcluirsó pra dizer que estava com saudades Ana. Você chegou a ver nossa foto lá no blog?
ResponderExcluirE o Ber é um fofo, também prefiro escrever sem acento hahahaha Mas ninguém acerta!!!!! bjoooooooooooo
Ei Ana!! como a Ale disse, só vc mesmo pra emocionar a gente falando de um coador! :-)
ResponderExcluirAcho super bacana o modo como escreve,dando vida às coisas,falando por elas e nos levando a pensar. Eu gosto mt disso!
Coador de pano voltou à moda ne? Tem restaurantes em que ele sai mais caro que cafe normal, é,o normal era o de pano :-) engracado como as coisas sao, como o tempo muda os valores... minha mae é que ta chique, sabe que até hoje ela só faz seu cafezinho de todos os dias, com coador de pano?? ela nem cafeteira tem, faz exatamente como antigamnete, ferve a agua, prepara o pó no coador de pano e coa o bichinho no bule, naquele processo bonito e lento e cheiroso... acho lindo ver minha mae fazendo café, é sempre o mesmo processo e fica todo mundo em volta.
mas tenho uma lembranca nada boa com coadores da mamae, um dia, quando tinha 8 anos,mamae mandou que eu fosse lavar a louca e o bendito coador estava tbm la pra eu lavar, achei o bichinho mt sujo, escuro e taquei sabao nele!! ficou branquinho menina, fui toda orgulhosa mostrar a mamae e foi uma das piores surras que ja levei, minha mae ficou mt brava: onde ja se viu menina??? nunca se deve lavar coador com sabao, so agua basta!!
mas de onde eu poderia saber disso??? essas maes de antigamente viu? putz, oohh bichinhas brabas!