quinta-feira, 21 de abril de 2016

A impermanência das coisas


Foi assim a minha despedida. Logo após a fotografia ser tirada, o interfone tocou avisando que a empresa que retira lixo eletrônico já estava à espera.
Lixo eletrônico?
Não. Até o último momento esse foi o nosso computador e não um lixo.
Durante pouco mais de 6 anos, ele nos serviu e foi com ele que eu comecei a blogar, aliás a criação deste blog se deu ali dentro.
Lembro-me de um documentário excelente postado no blog da Beth Lilás sobre a obsolescência programada, ou seja, todos os objetos hoje, os eletrônicos especialmente, têm um tempo de durabilidade. Eles precisam acabar para que a indústria produza e a gente consuma.
Mas eu sempre achei que seria para sempre que meu computador duraria...
Algumas semanas antes, começamos a fazer uma faxina em todos os arquivos. Havia muita coisa de escola e as crianças começaram a organizar e descartar.
Antes mesmo que chegasse a minha vez de remexer o que estava ali dentro, ele se foi.
Pela manhã eu o liguei e fiz algumas coisas. Deixei em repouso e quando fui usá-lo à tarde, silêncio e escuridão.
Eu realmente não queria acreditar que estivesse acontecendo, ou melhor, já tinha acontecido.
O sopro de esperança que tinha vindo quando marido levou-o para o conserto, logo se foi quando ele me disse quanto custaria o reparo.
Pensei assim que ouvi, que marido estivesse de brincadeira.
Quinhentos reais valia sim deixá-lo para ser arrumado. Só que havia um zero a mais no orçamento... Marido não estava brincando.
Então, fui aceitando que o tempo dele havia acabado.
Arquivos salvos em nuvem, pendrives? Não, não, eu fui completamente relapsa.
O tempo entre o pifou e a retirada pelo pessoal do lixo eletrônico, trouxe várias reflexões, aprendizados e gratidão.
Embora saibamos, relutamos em aceitar a imprevisibilidade, a impermanência das coisas, das pessoas, do mundo.
Se há coisas importantes dentro de um computador, de um celular, é preciso que elas se tornem seguras fora de lá.
Gratidão por esse computador que se foi. Ele na verdade foi também uma janela que me proporcionou me expressar no meio virtual, conhecer pessoas, pensamentos, me abrir para a escrita, uma vez que eu não nasci nesta era digital, precisei aprender e ainda aprendo.
Tudo o que eu perdi?
Uma descoberta incrível: a maioria das coisas estavam em meus blogs!
Alguns textos salvos, foi só voltar aos sites, portais que eu tinha anotado em minha moleskine vermelha genérica.
E o melhor foi saber que, textos de blogueiros que deixaram de blogar, que eu tinha verdadeiro carinho, simplesmente se tornaram livros. Estou esperando o carteiro trazer meu exemplar!

13 comentários:

  1. Engraçado é saber que é uma máquina mas dói saber da sua durabilidade chegada ao fim porque guarda ali nossa vida, momentos, fotos, registros, a infância de nossos filhos. Eu morro de medo disso, por isso também blogo escrevo e publico aqui no blog, no Recanto das letras, registro noutros lugares. As fotos são tantas que não sei por onde começar, ai tenho arquivos num HD externo que está já cheio, inclusive preciso comprar outro e a gente vai guardando o mundo. Um livro, e eu anseio este teu sempre ler
    Por falar em livros tem dica no blog, seu filho ia amar

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  2. Estranho esse tempo das coisas...Assim como nós! Tudo tem seu tempo e saber a hora e desapegar pode doer, mas é preciso. Tenho apego sentimental por algumas coisas, cada uma com sua história, mas a vida ensina que vamos perdendo coisas bem mais importante que coisas... Lindo te ler e fico feliz em saber da oportunidade de em breve, um novo livro teu! beijos,chica

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  3. Meninas, acho que me expressei mal: não tem livro de minha autoria a caminho não!
    Deixa eu arrumar o texto.
    Beijos!

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  4. As maçãs estão pela hora da morte, um verdadeiro pecado capital!
    Sem substituições; estamos nos virando com empréstimos!

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  5. Pois é, Ana. Todos dizem que é o melhor, mas é inacessível a nós mortais. Vamos nos contentar com o que os PCs comuns têm de melhor: a tecla "ç".

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  6. Olá, Ana Paula. Bom saber que não sou a única a me sentir melancólica ao separar-me de minha tecnologia obsoleta.

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  7. Ana
    Queria jogar fora, dar, deixar p alguém
    Todos os meus eletrônicos
    Td que liga na tomada tá valendo
    E ir p roça
    Luz até o sol dar de bom grado
    Galinhas
    Carinho
    Nada de zap, fofocas, absurdos, apps
    Apenas ser, sentir
    Sério
    Meus eletrônicos, batons, roupas de grife por um lugar longe, leve, livre

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  8. Olá, Ana Paula.
    O fim do meu também não deve estar longe. Aliás, já pediu reforma há algum tempo, mas o orçamento esticado, quase a arrebentar, não dá. Não dá, até o dia em que, tal como lhe aconteceu, venha de surpresa um fim, negritude total e...
    Por já ter levado sustos às custas de "viroses", hoje tenho tudo em pen e, mesmo assim, tenciono ter mais do que uma cópia, pois que o diabo atenta a criatura! E eu ainda pertenço à geração que confia mesmo é em papel e caneta, e fugindo de fogo! kkkkk
    um bjn amg

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  9. É terrível quando isso acontece. Principalmente se não se tem uma cópia de salvaguarda... Mas dá para começar de novo. Não desistas...
    Um beijo.

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  10. Olá, Ana Paula, como vai?
    É interessante como desenvolvemos verdadeiros casos de amor com os computadores, rsrsrsrs. Ainda ontem estava vendo um note velhinho herdado do meu irmão que está leeeento e pensando, "é hora de me desfazer dele". O escrito da Beth faz todo o sentido! Não me considero consumista, mas novas tecnologias, mais do que consumismo, é necessidade, por atualizações, velocidade, capacidade...
    Depois de perder alguns arquivos hoje uso pendrive quando são arquivos temporários e o Google Drive para armazenar em nuvem. É excelente! Basta ir baixando os arquivos que quando precisamos, voilá!!!
    Quanto ao blog, não esqueça de fazer o backup de vez em quando, rsrsrs... uma vez meu blog foi rackeado e o backup foi o que me salvou!rsrsrs
    Fiquei curiosa para saber quem é a blogueira que tornou os textos, livro... quem sabe não conheço? :)
    Abraços!

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  11. Oi Bia, um livro?? Quero saber....
    Eu já tive tantos computadores que morreram que já perdi a conta, melhor o computador do que eu.
    Não me prendo a nada. quebrou, compro outro.
    Beijos no coração
    Lua Singular

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  12. Boa noite, querida Ana Paula!
    Transformei 3 blog em livros já mas não sou eu de quem fala, rs... deixei blogs funcionando ainda...
    Estou precisando colocar fotos e mais fotos (novas) numa reserva... tenho outras já... Ainda não perdi nada... Deus me ajude que seja sempre assim!
    Bjm muito fraterno

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