Abri a gaveta dos talheres e demorei uns instantes o olhar naquela colher que eu nunca tinha visto.
Como fora parar ali?
Lembrei de uma confusão festiva num Natal, onde no lavar de louças, as peças iam sendo separadas - esse daqui é da Corina; não tenho certeza, mas deve ser da Teresa.
E depois era um tal de telefonar a saber se uma tigela assim, com flores em amarelo tinha ido por engano, ou então era o conjunto de colheres para sobremesa, em casa de quem estaria?
Marido foi quem esclareceu, não com uma resposta afirmativa ou negativa.
Contou-me a seguinte história:
"Lá na roça tem-se o hábito de, antes de dormir, comer leite com farinha.
Meu pai me chamava para um canto da cozinha já silenciosa, pegava um caneco cheio de leite, acrescentava a farinha de milho e então se dava - metia a mão num esconderijo e de lá tirava a colher."
Dizia que aquela colher sim era boa para comer o tal leite enfarinhado. Era mais funda que as outras colheres que haviam na gaveta. Era rara. Habitava um esconderijo na cozinha. Agora habita nossa gaveta.
Aos pais, que contam, que deixam histórias.
Que em seus dias comuns, imprimem marcas que nos ficam.
São tantas as histórias que contam ou que nos contam e ficam em nós.. Que bom que tens essa colher na gaveta real e cada vez que a vês, vais à outra gaveta, aquela das lembranças...LIndo! bjs, chica
ResponderExcluirMuito lindo! Boa semana!
ResponderExcluirAna Paula, que bla história!
ResponderExcluirA lembrança de momentos especiais tornou um objeto comum do cotidiano imantado de amor...
Ao olhar para a colher, ao tocá-la, tudo o que foi vivido retorna à memória e se torna vivo novamente.
Uma linda semana!
Bjs
Muito bela a história! Palavras e momentos que ficam para sempre...
ResponderExcluirBeijos.
Ah! os pais que deixam histórias gravadas em nossa vida, os cheiros, as manias, as histórias. Lá no blog deixei uma marca tbm sobre meu pai avô. Tanta saudade
ResponderExcluirQue lindo texto!
ResponderExcluirCom certeza, esta colher foi deixada por uma fada.
Boa Tarde, querida Ana Paula!
ResponderExcluirTenho tantas histórias lindas de meu pai... muito bom lembrar!
Bjm muito fraterno
Ana, gosto tanto das histórias que conta! na casa da minha mãe tem a colher de uma prima minha de pequena, com uma carinha de menina em relevo na concha da colher. Eu sempre usava para comer sobremesa pois achava bonita, rsrsrs! E concordo que há talheres melhores para comer... há uns garfos que parecem que vão espetar o céu da boca, kkk!
ResponderExcluirGosto de objetos que despertam lembranças tenras.
Abraços!
Olá Ana Paula!
ResponderExcluirQuantas lembranças nossa memória e coração guardam. Do meu pai foi o que restou, lembranças muito queridas.
Da mãe, além das lembranças, guardei uma tigela de louça, que procuro usar em momentos especiais de confraternização familiar.
Um abraço,
Sônia
História gostosa.
ResponderExcluirLouvo por esses pais que deixam essas marcas singelas.
E também pelos filhos que as têm em suas lembranças e recontam elas.
Abraço Ana Paula.
Olá,Ana Paula, boa tarde!
ResponderExcluir...uma frase, não sei de quem:"Os bons pais dão informações, os pais brilhantes contam histórias. " E dessas simples histórias contadas podemos extrair belíssimas lições de vida, marcas que nos ficam...pela imagem, com certeza, uma colher excepcional para comer o "tal leite enfarinhado"... neste tipo de festa hi-fi,aliás,acho que o nome é festa americana, onde cada convidado leva "comes e bebes", é muito comum esse embaraço na hora de verificar o que pertence à quem e muitas vezes,chegamos com algo que não é nosso,principalmente as taças de cristal e talheres de prata , #brincs...
Obrigado pelo carinho, feliz semana, belos dias,beijos!