quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Dois livros iguais

 A história dos dois livros iguais



Tudo começou com o passeio da escola, algo de que sinto até saudades: acordar bem cedo para não perder o horário, pois o ônibus não espera, ficar um tanto apreensiva pensando se a cria estará bem, um dia inteiro sem se ocupar de levar e buscar para as inúmeras atividades, até que chega realmente a hora em que o ônibus retorna e estamos todos lá, mães e pais e avós, até madrinhas e padrinhos a buscar nossos pequeninos cheios de novidades.


Levei um livro para a espera entre o horário marcado para a chegada do ônibus e o horário verdadeiro que ele iria estacionar. Sempre há trânsito, sempre há atraso no retorno. E assim foi.


Mas eu li e o tempo correu e quando me dei conta, lá vinha a menina correndo ao meu encontro, feliz e cansada e ao mesmo tempo contando sobre o seu incrível dia.


“ Mãe, olha só o que eu comprei, tinha uma lojinha lá, ah depois eu te mostro, segura a sacola, foi muito legal…


Dia seguinte, procuro o livro para dar  continuidade à leitura e onde foi parar?


Procurei por tudo, a memória fez birra e não quis colaborar, então fui fazer o trabalho árduo - voltei ao açougue, padaria, mercado e farmácia.


“Por acaso, será que vocês não encontraram um livro assim, assado?”


E como diz o dito popular, quando tá ruim ainda pode piorar. E não é que piorou?


Naqueles dias a editora do livro perdido anunciou o encerramento de suas atividades.


Do burburinho na internet eu me lembro muito bem.


“ Cosac naify? Como assim, fechar? E agora? Autores estão surpresos com o anúncio e não sabem para onde irão suas publicações.”


Livro perdido, editora fechada, autor desnorteado e eu com um buraco literário interior. Poxa, estava gostando tanto daquela narrativa.


Não perdi tempo e corri para encomendar outro mesmo título antes que acabasse.


Chegou, li, me emocionei, guardei na estante e achei melhor esquecer também o livro perdido. Aquilo doía.


Numa manhã ensolarada ( na verdade eu não me lembro se era uma manhã ensolarada, mas eu tenho certeza de que não faria faxina num dia chuvoso ) eu resolvi fazer uma faxina daquelas.


Daquelas de faxina de primavera, faxina de ano novo, faxina de visita que vai se hospedar em nossa casa. Não era nenhum evento assim memorável, era só mesmo uma disposição incrível para faxinar.


Então era bom aproveitar essa disposição toda!


Puxa, arrasta, varre, passa pano, separa para doar.


“Júlia, essa sacola aqui de papelão lá daquele museu, lembra? Pode por para reciclar?”


Iria direto para o saco dos recicláveis, mas durante o trajeto houve um barulho, um movimento lá dentro que me fez parar, abrí-la e, já sabem né?!


Naquela euforia de buscar a filha no dia do passeio, enfiei o livro na sacola que ela havia trazido e mesmo encontrando o livro, não consegui me lembrar do momento que fiz aquilo!


Bem, confesso que fiquei bem feliz em reencontrar meu querido livro, mesmo tendo o seu substituto!

E achei melhor ficar com os dois!

7 comentários:

  1. Que linda história e essa sintonia entre mãe e filha é demais de bom e acontece mesmo!
    Vale o registro e é uma parte da história da vida da família...
    Valeu a faxina!! Aliás, sempre vale vencer a preguiça e colocar mãos à obra!
    beijos, lindo dia! chica

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Falando em sintonia, a Oma adorava tudo da Alemanha. E, numa escala no aeroporto de lá, vi numa lojinha um enfeite que achei a cara dela. Só que minha irmã também esteve no mesmo aeroporto, mesma loja e também achou que o mesmo agradaria. Oma fez coleção,rs... bjs

      Excluir
  2. Que história engraçada...
    Dois livros iguais, acho que eu nunca tive!
    Mas que bom que recuperou...
    Ainda que tivesse o substituto.
    Pode dar de presente a alguém.
    Beijinhos

    ResponderExcluir
  3. Realmente um acontecimento lindo, terno e com um toque de bom humor...
    Agradeço os bons momentos de leitura... Beijos
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~

    ResponderExcluir
  4. Olá, Ana Paula! Como gosto de histórias assim! Passei por isso uma vez, mas foi com um cartão. rsrs E a gente não lembra mesmo o momento em que guardou, fico intrigada até hoje.

    Um abraço grande pra ti!
    Adorando te ver por aqui! <3

    ResponderExcluir
  5. Adorei ler a sua doce história, Ana Paula. Me lembrei, com saudades, do tempo que buscava os meus filhos quando chegavam do passeio.
    Hoje dois moram longe e a saudade me maltrata demais.
    Mas importante é saber que estão felizes.
    Vida que segue
    Um beijinho carinhoso
    Verena.

    ResponderExcluir
  6. Nossa! Que história boa! Dois livros com história. Eu lembro do fim da Cosac, fiquei tão triste, deu até um sentimento de luto. Hoje em dia os livros da Cosac na estante parecem um tanto barrocos em sua estética tão peculiar, eu sou apaixonada por eles.

    ResponderExcluir