Sabia que este dia chegaria. E ela queria que chegasse porque significava estar viva.
Significava muitas superações, muitos medos vencidos. Mas, chegar a este dia também significava que poderia ser alçada a um abismo.
Tinha HIV/aids. Era soropositiva e ele tinha que saber.
A primeira relação sexual, ou como ela preferia dizer "a primeira noite" foi exatamente um conto de fadas e agora enquanto esperava ele chegar para a conversa que não poderia ser adiada, relembrava as suas duas décadas de vida.
Um casal, que ela acreditava serem anjos vestidos de humanos, levou-a do hospital onde havia sido abandonada pelos pais biológicos numa internação para tratar uma pneumonia. Seus pais eram filhos do crack e das ruas. Ela já nasceu infectada.
Foram inúmeras internações na infância, mas a cada melhora, a cada alta, a ciência avançava e a esperança coletiva daquela família se fortalecia.
Chorou junto da mãe cada recusa de matrícula escolar. O pai a ergueu bem alto quando ganharam o campeonato de vôlei. Machucou-os com a sua rebeldia adolescente por não querer mais engolir os muitos comprimidos.
Arrumou excelente emprego e a boa desculpa da anemia para cada convite à doação de sangue quando ouvia "todos do setor vão".
Inteligente, bonita, financeiramente independente. Ninguém poderia imaginar que fizesse parte de uma população invisível de soropositivos.
As pessoas ainda imaginavam os aidéticos da década de 80. Ossos recobertos por pele de cor indefinida. Um bando de drogados, ou homossexuais promíscuos.
A ciência avança. Não se diz mais aidético. A vida é quase normal.
Quase.
Porque há um coração ali que se apaixona, que tem desejos afetivos e sexuais.
Daqui a alguns instantes, o carro vai parar ali diante dela. Ela entrará e a bomba sem ruídos explodirá no colo de ambos.
Ele quererá sonhar o sonho dela? O sonho de uma vacina, de um medicamento de cura, o sonho de uma vida de cumplicidade, o sonho de um filho?
Minha participação no projeto da Irene: Momentos de Inspiração/ edição 2.
Ana
ResponderExcluirQue história que nos toca, que nos leva a refletir que existem tantos por aó vivendo esses momentos.
Sim precisa de muita coragem , muito apoio e o que é mais forte e pesa é o amor verdadeiro.
Maravilhosa participação!
Bom domingo!
Boa semana!
Beijos
Menina fiquei até com pena da moça. Se nós as "saudáveis" já entramso na neura qdo arrumamos uma namorado, imagina acrescentar a esse estágio natural uma complicação como a Aids.
ResponderExcluirPuxa! Foste fundo!! Adorei e uma temática abrangente!bjs praianos,chica
ResponderExcluirSonhos interrompidos. Muito triste!
ResponderExcluirBeijos
Amara
Ana!
ResponderExcluirHistória triste, porém bem perto de nossa realidade.
Parabéns!
cheirinhos
Rudy
Sensível e objetiva, como costuma ser seus textos.
ResponderExcluirBeijocas
... que vontade de ler o resto da história...
ResponderExcluirBeijos!!!
Lívia.
Histórias de muitos que herdam doenças e que querem viver com intensidade e são tolhidos por preconceitos e/ou obstáculos.
ResponderExcluirParabéns pela excelente inspiração.
bjs
História tão real e tão cheia de esperança. Com certeza, assim é a vida de tantos.
ResponderExcluirSó não entendi por que ela não contou-lhe sobre a doença... Não há vergonha em ser portador do vírus, mas passá-lo adiante é irresponsabilidade. Não sei se entendi direito o que você escreveu. Qualquer coisa, pode retrucar, por favor! Beijos :)
ResponderExcluirNossa,que super conto!Foi fundo,Ana Paula e não poderia esperar outra coisa de vc:texto forte e muito comovente tb!bjs e boa semana,
ResponderExcluirQue...
ResponderExcluirQue...
FANTÁSTICO!
Muito bem escrito!
Beijão
Ana Paula, excelente a sua postagem.Muito bem escrita. A abordagem me levou a refletir sobre a situação de muitos amigos que a gente tem, e nem imagina o sofrimento deles ao imaginarem serem discriminados por um melhor amigo em função de desconhecimento ou ignorância da situação de estarem contaminados pelo HIV.
ResponderExcluirSua postagem cutuca a gente para pensar mais no apoio aos nossos irmãos.
Adorei a postagem.
Beijo
Manoel
Oi, Ana Paula!
ResponderExcluirSua participação foi além do esperado. Acho que devemos usar o espaço que temos dipoonível nos blogues para ir mais além da interação social, fazendo trabalho social de verdade. Parabéns!!
Boa semana!!
Beijus,
Ana que história linda! Mas tenho que te assumir que no primeiro momento me deu um frio na barriga.
ResponderExcluirLembrei de um livro que li no início da minha adolescência: "Depois daquela viagem".
Um grande beijo e saudade de passar aqui!! Boa semana!
Ana,
ResponderExcluirprofundamente oportuna tua participação.Trazer à tona os assuntos que vão sendo empurrados pra trás das cortinas das urgências.
Destinos que nasceram marcados pela dor.Importante reflexão!
Parabéns!
Abraços,
Calu
Vc conseguiu expressar muito bem os sentimentos de quem vive nessa situação parabéns.
ResponderExcluirForte! Intrigante... Doloroso. Corajoso...
ResponderExcluirQuero muito saber a continuação da história.
Será que ele é tão corajoso quanto ela?!?!
Parabéns
Bjs
Vania
O pior inimigo de alguém nesta situação, sem dúvida, é o preconceito.
ResponderExcluirBeijos!
Olá, querida Ana paula
ResponderExcluirÉ, questionamentos plausíveis para o momento atual e com referências para aprofundar-se na pessoa que fica dentro de qualquer situação delicada...
Bjm de paz e bem
Ana Paula, vim conferir a blogagem e achei bem criativa.
ResponderExcluirO que uma imagem faz a gente pensar, hein?!
Xeros
Uma linda história que infelizmente é a realidade.
ResponderExcluirPost mais bem escrito e ótimo seu tema!
Parabéns!
Beijos