É uma pequena feira; para ser bem sincera, é minúscula. Uma dúzia de barracas apenas.
Na barraca de frutas, percebi a ausência da moça de traços orientais. Esperei, talvez na próxima terça, ou na próxima ainda.
Achando prolongada a ausência, perguntei à mãe dela. Achei que pudesse ter arrumado um outro emprego, pois sabemos como é difícil a vida de um feirante.
A resposta saiu com imensa dor da boca da mãe: perdeu o bebê, sete meses de gestação; uma cesariana às pressas, hemorragia, foi preciso retirar o útero, quase que ela morre também.
Silenciei por um momento e tudo que consegui balbuciar foi perguntar o nome da moça e dizer que faria oração por ela, era o que eu podia oferecer.
Passei dias a pensar nessa triste situação, fiz minhas orações e queria fazer algo concreto para oferecer solidariedade.
Foi então que me lembrei de um livro escrito por uma mãe que perdeu seu bebê e a partir da rede de apoio, de mensagens que ela recebeu, tornou a sua dor um relato sensível.
Fiz o pedido, li o livro para ter certeza de que era mesmo um presente a ser oferecido para a moça da feira.
E eu me encantei com a sensibilidade, a narrativa, as imagens delicadas. Achei que sim, caberia para esse momento. Embrulhei o livro e levei-o comigo para a feira.
Sua recebeu com ambas mãos, num gesto lindo.
Ao longo do livro, a mãe de José, o filho que partiu, vai conduzindo a narrativa da dor à primeira vez que ela sorriu espontaneamente depois de tanto luto.
Meu desejo é que a moça da feira, que eu só conheço de "bom dia, será que está doce?, boa semana" volte a sorrir.
Boa noite, querida Ana!
ResponderExcluirVocê é muito sensível! A sensibilidade é um dom muito lindo pois nos faz transpostar para os sentimentos dos nossos semelhantes e os faz sermos empáticos com a dor alheia... deixamos nosso egoísmo e saímos ao encontro do outro com carinho... Isso é muito lindo!
Que José descanse em paz junto aos anjos do céu!
Deus a abençoe muito!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
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ResponderExcluirHá palavras que nos marcam e quando ouvimos a dor de quem teve uma perda assim, nao podemos ficar alheios.
ResponderExcluirO.mundo precisa de mais gentileza, sensibilidade e pessoas vomo TU!
Tenho certeza esse livre fará bem para aquela moça que mesmo conhecendo tao pouco, nunca te esquecerá...Tomara também volte a sorrir como a mãe de José...
Bjs praianos,chica
Não há gesto mais doce que uma oração, um alento em forma de poesia de literatura que cura e salva. Sei bem da dor dessa moça, e daqui sem conhecer tbm farei minhas orações. Deus a a console e faça voltar a sorrir. Sempre venho aqui para me emocionar. Já preciso ler este livro
ResponderExcluirNossa Ana Paula, que coração sensível e generoso você tem! Muitas bênçãos de luz e paz para a moça que perdeu o bebê e sua família...e para você também!
ResponderExcluirBjs
Ana Paula, este seu texto triste, mas tão cheio de delicadeza, sensibilizou-me imenso. Obrigada, Amiga.
ResponderExcluirUma boa semana.
Um beijo.
Ana, quanta compaixão, quanta sensibilidade!
ResponderExcluirEm um mundo onde as pessoas quase não consegue oferecer nem um bom dia (quase), as vezes nem um olhar fixo...
Que semente do bem.
Como o mundo seria melhor, se houvesse várias Anas... Pessoas que olham, observam, percebe os outros...
Ana, que gesto maravilhoso e muito tocante.
O seu gesto de observar, perguntar e oferecer suas palavras de oração, já são enormes... Acredite!!!
E comprar o livro, e ainda ler para ter certeza de que o contudo é relevante para o momento, quanta delicadeza, gentileza, empatia em seu coração. Admirável sua atitude, não somente pelo livro, pelo valor gasto investido em uma leitura para outra pessoa... Na verdade é o conjunto da ópera, mas o mais importante e relevante é seu olhar para o próximo, é se importar por uma pessoa que estava ali e de repente não mais... O mundo está perdendo esse olhar... Uma pena!!!
Deus preserve sua delicadeza, e que seus gestos de amor, se espalhe como uma linda semente do bem!!!
Que leitura preciosa hoje para mim, vir aqui e ver tanta compaixão...
Beijos
Ju