A respiração um tanto ofegante pelo esforço da subida, logo foi encontrando o seu equilíbrio à medida que os olhos se lançavam em contemplação.
Havia o calor agradável do sol, havia um vento suave, havia o som também suave das águas chegando nas pedras.
Certamente uma ou outra ave que a câmera fotográfica não capturou.
A respiração, porém, não ficou em modo suave, não se manteve tranquila.
Pude sentir quando a vergonha, a pequenez, tomava de assombro meu corpo inteiro, meu ser. O ar entrava estreito, curto.
Os ventos da minha respiração movimentavam as águas internas que não demoraram a brotar dos olhos. Aqueles mesmos olhos que antes contemplavam, agora se encolhiam de vergonha.
Por que?
O mar passou a me olhar. Era ele, o mar, as águas, o oceano, todos os seres das profundezas que eu não enxergava, eram eles que me enxergavam e me contemplavam.
As rochas, a brisa, a ave que sobrevoava mas não foi fotografada. Ela também demorava o olhar em mim.
E eu sabia exatamente o que eles viam...
Eu. Um homem, uma mulher, um ser humano. A espécie humana que quer, que precisa de toda aquela beleza e não sabe dela cuidar.
O humano que sonha em estar em Marte. O humano que contaminou oceanos inteiros com plástico, com micro partículas de plástico e com tanto mais.
Toda aquela exuberância voltava os olhos para mim.
Naquele momento, sem agressão, sem palavras duras, sem apontar de dedos. Mesmo estando brutalmente ferido, o mar, o oceano, a natureza toda, era só amor.
Um amor doce e suave feito a brisa, o som da onda quebrando na pedra. Um amor que clamava singelo por um cuidado maior.
A grande ferida a sangrar, ali, naquele momento, não se deixava ver.
Era apenas sussurro "ainda há tempo, cuide-nos".
Meu corpo, a espécie humana que destrói.
Meu corpo, totalmente dependente da água, da chuva, do sol, do mar, das abelhas, dos fungos. Os olhos da espécie humana que insistem em não enxergar.
Me envergonhei, me encolhi e senti-me ainda assim, acolhida pela Mãe Natureza que insiste em nos amar.
Se você já faz algo pela nossa casa comum, siga fazendo.
É amplo e complexo, feito um oceano, as soluções.
Ingênuo pensar que depende só de atos individuais, mas certamente eles trazem impacto positivo.
Acho que vez por outra deveríamos nos colocar no lugar das árvores, das águas e imaginar o que sentem.
O assunto do meio ambiente tem estado bastante em meus pensamentos e quero trazê-lo para cá mais vezes.
É tão belo nosso planeta! Contemplemos e cuidemos dele!
Boa noite de domingo, querida amiga Ana Paula!
ResponderExcluirFoi um dos mais lindos posts que li aqui... tocou meu coração demais.
"Toda aquela exuberância voltava os olhos para mim."
Eu sinto o mar me olhando, me cuidando todos os dias... com o mesmo olhar que você pôs aqui:
"Sem agressão, sem palavras duras, sem apontar de dedos."
Ah! Quanta beleza poética em sua prosa!
"Um amor doce e suave feito a brisa, o som da onda quebrando na pedra. Um amor que clamava singelo por um cuidado maior."
Assim deveria ser todo amor e não o que faz sangrar e despedaça nossa alma.
O mar não nos faz sofrer se o respeitarmos.
Ele é diferente de nós, nós, mesmo respeitando, sofremos e fazemos sofrer.
Ele é, como toda Criação, é imutável em seu Amor.
"Me envergonhei, me encolhi"...
Não é para menos, da nossa parte, vergonha e mea culpa...
Tivemos um movimento de limpeza das praias neste final de semana por jovens, é um projeto de tantos que já se fazem sentir. Um pouco tardio, mas antes tarde do que nunca.
Talvez sobrará um pouco da natureza aos netos e bisnetos nossos.
Lindíssimo post seu!
Tenha um abençoado julho junto aos seus!
Beijinhos
Belas fotos. Poema deslumbrante
ResponderExcluirCumprimentos poéticos
Uau,Ana Paula! Realmente nos extasiamos diante das belezas do céu, mar, natureza e nela, percebemos nosso REAL TAMANHO! Somos pequenos, insignificante e mesmo assim, toda a beleza temos o poder de destruir. Uma pena! Que usemos essa mesma capacidade e força para o outro lado... Cuidemos, preservemos!
ResponderExcluirAdorei! beijos, chica
Excelente artigo!
ResponderExcluirMuito sentido e expressivo... Aplaudo de pé!
Não nos podemos desanimar...
👍👍
Quero agradecer a atenção e carinho que dedica aos meus blogues.
Despeço-me por um tempo de férias, desejando-lhe
um inverno confortável e feliz.
Abraço grande.
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Apaixonada pelo seu escrito! Belo na desenvoltura, contundente na emoção. Abraços e fico muito feliz!
ResponderExcluirOi Ana Paula, que lindo!
ResponderExcluirA natureza é linda e nós devemos cuidar bem de nosso planeta como você disse.
Abraços e boa quinta-feira.
Oi Ana
ResponderExcluirLi e reli seu texto sobre esse gigante mar que nos faz sentir sim um recolhimento interior
diante da sua nobreza em continuar nos maravilhando com suas ondas sua calma e sua fúria.
Perfeito ,Ana . Obrigada, me comoveu também.
Boa semana e um grande abraço