Querido diário,
O relógio passa um pouco da nove da noite e, embora meu corpo já comece a sinalizar que um bom repouso se faz necessário, ainda estou empolgada para revisitar o dia de hoje e te contar os acontecimentos.
Fomos ao cinema, a filha e eu. Numa segunda-feira, no meio do dia e olha querido diário, como é gostoso uma quebra de rotina assim, um tanto inesperada!
Deu-se da seguinte forma: a filha anunciou empolgada uma promoção, que soube pelas redes sociais, de que as sessões de cinema estariam a preço único de dez reais.
Tenho que te explicar o motivo da empolgação, porque acho que você não está por dentro querido diário. O cinema tornou-se tão caro, mas tão caro que faz muito tempo que não pisamos em um, então a empolgação faz muito sentido.
Júlia, a filha, é cuidadosa para com sua mãe, no caso, eu mesma.
Ela queria escolher um filme que tivesse mais o meu estilo. Sugeriu alguns.
Eu, na dúvida, fui espiar se o antigo cinema de rua que frequentei na minha juventude, ainda estava lá. E se a promoção estaria também.
Estava! O nome do cinema muda, volta a ser o mesmo, enfim, quase fechou, teve passeata para mantê-lo e ele segue firme!
Faltava então escolher o filme e eu encontrei. Um título pouquíssimo divulgado, de um país tão desconhecido.
A filha gosta de se pautar pelos comentários e lá foi ela se aventurar - disseram que não é nada extraordinário, mas é bom.
Eu, confesso diário, já saí de casa cheia de empolgação, uma vez que não confio tanto assim nas críticas de cinema!
Um filme butanês. O país que trocou seu PIB pelo FIB - Felicidade Interna Bruta. O que esperar?
Levamos a pipoca de casa. Ah não né querido diário, a pipoca custar o dobro dos ingressos, aí já é demais. Pipoquinha doce e não vai rir diário: eu levei também um pote plástico para colocar a pipoca e não ficar fazendo barulho da embalagem cada vez que levássemos a mão lá para dentro. Econômico, silencioso e gostoso!
Já no final da pipoca, quase no final do filme, enquanto levava minha mão ao pote, levei também o olhar para o rosto da filha. Bom, nós nos encontramos e rimos. Rimos porque estávamos ambas chorando. Aquele caminho de lágrimas que nos percorria, teve no riso mútuo o reconhecimento de que nossos corações estavam em sintonia.
“Mãe, que filme incrível! Confesso que não esperava nada dele, vim mesmo para te agradar, mas eu fui absolutamente surpreendida”.
A felicidade das pequenas coisas, esse é o título em português. Felicidade interna absoluta e, advinha querido diário, onde se encontra essa felicidade?
Sim, nas pequenas coisas.
Um dos comentários sobre o filme, dizia que não era extraordinário.
Penso diário, que nos perdemos, que nos tornamos seres confusos porque estamos em busca sempre do extraordinário.
E essa simplicidade, como, quando foi que nos desconectamos dela?
No filme, pela proposta do índice de felicidade interna bruta, toda criança tem que ter acesso a uma escola. E nos lugares mais remotos, a escola vai até a criança, para isso, os jovens professores do país prestam o equivalente ao nosso serviço militar e eles são mandados a todas as regiões para oferecer educação para as crianças.
O jovem professor do filme, estava meio rebelde no seu último ano de prestação desse serviço ao governo e assim ele foi mandado para a escola mais remota do Butão e do mundo!
Para chegar ao local leva-se um dia de ônibus e sete dias a pé subindo as montanhas.
É sagrado o olhar e o cuidado que a aldeia oferece ao professor.
Uma criança, ao ser perguntada por ele, o que ela queria ser quando crescesse, ela responde: “eu quero ser como você, um professor.
E por que você quer ser professor?
"Porque um professor toca o futuro."
Ah diário… nem é preciso dizer mais.
O extraordinário do filme está nos pequeninos detalhes, está mesmo no ordinário.
Eu vou aspirar, diário ,para que logo esse filme entre nas plataformas que acessamos pelos nossos celulares e computadores, assim mais pessoas poderão se encantar como minha filha e eu.
Mas antes disso, vou te deixar com um brilho nos olhos! Espia só um pedacinho, o trailer.
Só não chora diário, porque no seu caso lágrimas, papel e caneta, hum... não vai ficar bom!
Bom dia de paz, querida amiga Ana Paula!
ResponderExcluir"Buscar a felicidade em outro lugar?" fala do filme...
Aqui mesmo, em nosso lugarzinho, temos motivos de sobra para encontrarmos pequenas felicidades... eu as tenho e são elas que me fazem viver.
O cinema tem que ser assim em dias de promô mesmo. Os netos trocaram a pipoca cara, o lanche seria 40 num cinema de 12... por um mega milkshake para verem Avatar, há poucos dias. Estão na fase... Eu não aguentaria 3 h de cinema, e não faz meu gosto tal filme. Assim que não fomos juntos. Até cogitamos ver o Gato de Botas... rs...
Ana, de pequena felicidade em pequena felicidade, fazemos da vida uma grande felicidade.
Tenha dias abençoados!
Beijinhos
Ana Paula, que coisa tão boa! Primeiro pelo inusitado de ir ao ci8nema durante a semana e ainda coincidir com a semana dos 10, Aqui teve também. Neno quis aproveitar pra ir com namorada também,rs... Esse filme parece muito bom! Gostei e as pipocas sem barulho? Tudo de bom! Adorei tua página do diário! beijos, tudo de bom,chica
ResponderExcluirGostei de partilhar deste diário Ana. Engraçado como as coisinhas simples perderam sentidos para alguns insensíveis.
ResponderExcluirSua analise é ótima e inspira a querer ver o filme.
Aqui nossos cinemas foram levados pelos evangélicos e só resta os dos shoppings com suas explorações.
Linda sugestão da filhota em promover um dia diferente e cultural.
Grato Ana.
Abraços
Ana.
ResponderExcluirEu amo essa sua escrita no diário. O diálogo com o diário.
Abraço todas as suas indicações. As que recebo no Whatsapp, as que recebo no e-mail e as que eu vejo aqui.
Esse é um filme que eu quero assistir.
Faz tempo que não vamos ao cinema também.
Realmente, a pipoca do cinema é muito cara.
Nas últimas vezes que fui, já deve ter uns 4 anos... Eu comprava biscoito e chocolate nas Lojas Americanas que tem dentro do shopping, para mastigar enquanto assistimos ao filme.
A ideia de levar a pipoca de casa é muito boa também.
Vou tentar fazer isso, quando tiver uma promoção no cinema por aqui.
Abraço.