segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Fábrica lunar de travesseiros


Nossas crianças urbanas, tão desenvoltas perante a tecnologia, crescem, muitas vezes achando que a vaca bota leite empacotado em caixinhas, que o bombom nasce pendurado na árvore cacau ( que show ) e por aí vai.
Problema este que tem sido minimizado por gente visionária no mundo dos negócios, que tão apropriadamente criou as "fazendinhas urbanas".
Espaços dentro das grandes cidades que contém uma vaca, meia dúzia de galinhas e duas ou três ovelhas. O suficiente para que nossas crianças possam passar uma tarde agradável, mediante uma boa quantia como pagamento, geralmente levados pelas suas escolas.
E nós, pais, ficamos orgulhosos por nossos filhotes poderem aprender que suas luvas de lã, usadas no inverno, saíram lá da ovelhinha.
Aqui em São Paulo também há casas de festas infantis nesta linha - vamos buscar os ovos no galinheiro para fazer cup cakes - sucesso absoluto!
Temos que agradecer a essas pessoas que sabem como tirar leite de pedra e salvam nossos filhos do analfabetismo natural ( de natureza ).
Mas agora estamos diante de novo desafio - os travesseiros.
Sim, aqueles que embalam nossos sonhos enquanto mamãe nos lê uma bela historinha com final feliz.
O que fizeram com nossos travesseiros?
Algumas imagens para entendermos a situação:








Estamos sendo induzidos a acreditar que os travesseiros são fabricados na Lua. Deve haver uma fábrica  lunar de travesseiros!
E agora, como nos salvar?

Toda essa brincadeira é porque há tempos eu queria falar do meu travesseiro de paina.
Ficou comigo até poucos anos atrás. Era figurativo apenas. Intensamente rico em sentimentos - ali chorei a morte dos meus pais, devaneei com o príncipe encantado, tracei metas, objetivos, dei muitas gargalhadas.
Todos os anos uma tia, sabendo que eu não queria me desfazer de tal relíquia, abria o ninho de sentimentos, espalhava a paina já amarelada e empelotada numa bacia de alumínio para que pegasse sol e costurava nova capa para ele.
Pronto! sonhos renovados.
Dia desses encontrei um poema sobre paina e ontem queria encontrar imagens para ilustrar esse post, mas aconteceu melhor!
Conheci um blog encantador, que tem uma postagem inteira sobre os travesseiros de paina! Pura poesia!

O poema de Henriqueta Lisboa, que aproveito para dedicar à dona do blog "Meu cantinho na Roça"

Paineira

Paineira boa
do meu quintal
piso-te as flores
tu me dás paina

Todos os anos
as flores perdes
para que eu pise
róseos tapetes

Meu travesseiro
sempre macio
cada janeiro
tem nova paina

Paina, carícia
do meu remanso

Flores, prenúncio
de céus vindouros

Paineira bela
dos meus amores!

Gostou? Então agora vamos lá conhecer a paineira, ver o fogão a lenha, a passarinhada, o cheiro de mato. Vem por aqui!

10 comentários:

  1. Será que em Portugal também tem fábrica lunar de travesseiros?!

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  2. O blog da Tina é legal.Gosto muito dela e dos blogs.

    E adorei teu post, sempre criativo, original e com verdades. Crianças precisam ter consciência de onde as coisas vem. beijos,chica

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  3. Olá Ana Paula!
    Fiquei feliz e um pouco encabulada com os elogios...sabe, foi preciso fazer um blog para dar valor a minha vida simples na roça...e vejo agora com alegria que muitas pessoas, como voce, apreciam o meu viver.
    Adorei a sua postagem, e estou amando o seu blog...estarei sempre por aqui...obrigada pelo carinho
    beijinhos
    Tina (MEU CANTINHO NA ROÇA)

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  4. É importante que os nossos sonhos não desapareçam todos.
    Mas também é importante conhecer a realidade e a transformação que ela sofre até chegar a nós.
    Beijos.

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  5. Ana Paula, parabéns pela postagem. Nossa amiga Tina mora em um paraíso, não é?
    Quanto aos travesseiros, o povo até merece que sejam fabricados na lua, com esse material viscoelástico. Devem ser ótimos para alimentarem aquelas alergias que a criançada tem hoje em dia. É deitar e depois de meia hora se levantar com o nariz completamente obstruído. Vai ao médico e o cara diz: "É rinite!", rs...rs.
    Disse que o povo merece isso porque pertinho de minha casa (2 quadras) tem uma sociedade de Amigos do Bairro. Um lindo terreno, todo arborizado, com quadra de Bocha para a turminha da melhor idade, coelhinhos soltos no terreno para divertir a criançada e outras coisas mais.
    No terreno tem três paineiras monstruosas. Na época certa elas ficam branquinhas de painas e o vento carrega pelos ares aquele chumaço de "algodão branco" muito lindo. Porém...os moradores da redondeza estão querendo mandar cortar as paineiras porque podem entupir as calhas dos telhados de suas grandes residências. Não seria mais fácil e correto mandar limpar as calhas pelo menos uma vez por ano?!
    Enfim...vamos curtir o Blog Meu Cantinho na Roça, da nossa amiga Tina, e reaprender que provavelmente nossos cérebros não são uma evolução da cabeça dos macacos.
    Beijo.
    Manoel.

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  6. Olá... não pude dexar de ler o comentário do Manoel, logo acima, e perceber que ainda tem gente bem ignorante nesse mundão de meu Deus. Claro que não é o Manoel, são as pessoas que querem derrubar as paineiras.
    Voce já viu uma paineira florida Ana? Crei que sim...é uma das árvores mais lindas do mundo. E sua sombra é enorme, seus galhos fortes. Tinha uma em meu sitio de Ibiuna, e foi abraçada a ela que chorei quando vendi o sitio.
    Agora...o que anda acontecendo com você? primeiro "fronhas" (agrhr!!!) e agora travesseiros lunares.
    Não anda dormindo demais? ou de menos?
    Vou lá conhecer o blog da Tina, depois eu conto! beijos

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  7. Ana Paula,
    Eu ja fiz muita guerra com travesseiro de paina. E ainda tem aquelas sementinhas redondas para ajudar no "afofar" da paina. Eu quando criança saia com minha mãe no cerrado para catar as "favas" com a paina. Todo ano era tempo de renovar, pois ela vai ficando compacta e dura. Travesseiro de paina nova é macio como nuvem, mas quando velha, parece que estamos recostados em um travesseiro de areia.
    Esses travesseiros feitos de material "espacial" é uma porcaria, afunda e sua cabeça vai no colchão". Não comprem! rsrsrs
    Quando à alfabetização ecológica é válido realmente, pois esses dias meu sobrinho foi passar uns dias numa fazenda de parentes e minha irmã disse que ele se recusou a tomar leite de vaca,queria leite de caxinha...
    Adorei a postagem!
    Beijokas doces

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  8. Ana Paula, moça querida!

    Adoro suas "sacadas", seu texto está ótimo, fico imaginando a cabecinha das crianças, quanta confusão!rs

    A poesia é linda também, vou depois conhecer o blog dela!

    Beijos e obrigada pelo carinho no meu cantinho!Adorei seu comentário, e adoro a galinha pintadinha!rs
    Su.

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  9. Amei o passeio e amei o post.
    Eu durmo de boa sem travesseiro ou com um lençolzinho dobrado, uma rede pra mim tá de bom tamanho :)

    "Apagaram tudo
    Pintaram tudo de cinza
    A palavra no muro
    Ficou coberta de tinta
    ...
    Nós que passamos apressados
    Pelas ruas da cidade
    Merecemos ler as letras
    E as palavras de Gentileza
    ...
    O mundo é uma escola
    A vida é o circo
    Amor palavra que liberta
    Já dizia o Profeta"
    Marisa Monte

    Beijos e desejos quaresmais de ovos da páscoa \o/

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  10. Ana Paula,
    eu nunca tive um travesseiro de paneira para chamar de meu. Mas já passei várias noites em um travesseiro desse e digo mais: em um colchão de palha também. Era uma briga para quem ia dormir nessas relíquias.
    Agora tudo acabou... o tempo passou, meu tio adoeceu e se foi, minha tia cansou e fazenda está abandonada sendo motivo de briga entre os irmãos. Coisas da vida...

    Beijinhos :**
    Carol
    www.umblogsimples.com

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