Foram vários comentários expressando a curiosidade e eu havia dito que quando terminasse o livro, postaria.
Resolvi fazê-lo antes de findar a leitura. Eu estou exatamente no meio do livro e realmente não sei, não faço ideia do que ela reserva para o final.
Mas sei que até aqui, até essa metade, eu achei o livro ótimo e mesmo que o final seja ruim ( o que não acredito! ), terá valido a pena.
E por que gostei tanto?
Porque quando assisto à algum noticiário, mesmo documentários, que tem abordado o mesmo tema, as guerras no Oriente Médio, grupos extremistas, bombardeios, jovens que fogem de casa, ataques, armas, enfim... parece que tudo nesses países se resume a isso. Homens armados, mulheres submissas, crianças ensanguentadas.
Esse livro traz a vida, a luz, os sentimentos que pulsam nas pessoas, o medo também. Especialmente nas mulheres. é um livro sobre as mulheres e também como os homens as enxergam.
Vou colocar um trecho que bem resume o espírito do livro.
Então, pegue uma xícara de chá e vem conhecer!
"Minha querida Halajan,
Amanhã é quinta-feira e você virá ao bazar. Estou sonhando ver seus olhos e rezando para Alá para que você não esteja usando a burca. Eu sei que é mais seguro, mas me deixa muito zangado. É como se os olhos de uma mulher, o rosto de uma mulher fosse maligno. Nós, que temos idade suficiente para termos vivido ao longo de um regime após o outro, sabemos que a burca tem a ver com o medo de um homem, não a malícia de uma mulher.
Hala, eu gostaria de escrever sobre seus olhos e sobre o que eles fazem comigo, mas hoje estou zangado. Lamento, eu sei que não é da natureza de Islã desperdiçar o tempo com a raiva, mas não posso evitar. Dois soldados de Karzai entraram em minha loja esta manhã. Ambos estavam com rifles, um deles trazia dois casacos militares sobre o braço. "O inverno chegou", disse um deles. Precisamos que esses casacos sejam ajustados para nos servirem, disse o outro, ou vamos congelar. Eles tinham sido usados anteriormente, por soldados mortos em combate. O inverno chegava, os recursos do exército são limitados e os casacos deveriam ser reutilizados. Mas um homem alto substitui um baixo, um forte substitui um magro e reajustá-los para servir seria um trabalho e tanto.
Dei um café a cada um deles. E foi quando vi que não eram mais que meninos, com talvez quinze, dezesseis anos. E eu achei que suas vidas lhes foram roubadas.
Eu seu que você sente como eu, no coração. O talibã está regressando em número maior que da última vez, e não há nada que nossos militares possam fazer para impedí-los. Não há nada que os americanos possam fazer. A presença deles aqui só alimenta o fogo da ira do talibã. É como se não fôssemos gente de verdade, com coração, com mente própria. Como se fôssemos animais que precisam de humanos para nos moldar. Por Mohamed, eu sei que se mais de nós tivéssemos alguma educação e soubéssemos ler, nós poderíamos ser uma força poderosa. Poderíamos mandar em nossas próprias vidas.
Não se preocupe, Hala - eu seu que sou apenas um alfaiate, não um líder. Mas posso sonhar como um!
Eu temo por você, por nós e pelo nosso amado país. Como você e eu sabemos, a vida pode mudar rapidamente. Tão recentemente, ainda podíamos andar por aí de jeans e tênis. Ainda tenho os meus Nikes, mas agora uso só dentro de casa. Tolice, eu sei. Lá estou eu, de pijama e Nikes. Estou falando demais?
E estou zangado por não podermos estar juntos, por conta das regras tolas. Minha esposa está morta, seu marido está morto e, no entanto, se o homem errado lesse essa carta, você seria apedrejada até a morte.
Eu sei o que você me dirá, se um dia me escrever uma carta. Você citaria Rumi, que disse "a paciência é a chave para a alegria". Bem, eu estou farto de Rumi!
Amanhã, meu amor, tenha uma viagem segura. Um dia, eu irei visitá-la em sua casa de chá. você diz para que eu não vá, por causa de seu filho, mas um dia eu vou desobedecê-la, meu amor, e vou aparecer na sua porta. vou sorrir para seu filho e ele será como um filho para mim.
Seu,
Rashif
Como está escrito na quarta capa: "um romance soberbo..."
Uma pequena casa de chá em Cabul
Deborah Rodriguez
Editora Quinta Essência ( Leya )
* A dica deste livro veio lá do Templo das Borboletas!
Tranquei a limpeza da casa, vim descansar com um chá por aqui! Aguçaste mais ainda a vontade.Deve ser lindo e valer a pena! beijos, lindo fds! chica
ResponderExcluirFoi direto para lista
ResponderExcluirUm dos livros que já li e mais gostei foi O livreiro de Cabul, li emprestado a um bom tempo e tenho vontade de comprar um para mim, para ter e reler
Eu liguei o pc e ia tomar banho pra me arrumar pra escola, pq acabei de chegar do médico, mas vim ler pq amo teus relatos, me apaixonei pelo livro também. Que coisa é a cultura! Quanta diferença e um olhar quase preconceituso contra essas mulheres. Amei o trecho d livro deu vontade de ler mais e tomar um chá com vc!
ResponderExcluirNão vai dar para resistir... Preciso urgentemente ler este livro!
ResponderExcluirAdorei o jeito que você aguçou nossa curiosidade!
Bjs
Ana,
ResponderExcluirFico feliz de já ter valido a pena. É tão prazeroso quando gostamos da leitura. E melhor ainda quando incentivamos ainda mais pessoas.
Adoro quando encontro mais uma pessoa que gosta de ler, vamos trocando ideia. Um beijo querida.
Oi Ana Paula, parece uma história encantadora...
ResponderExcluirEu já tinha visto esse livro, mas com a palavra Cabul na capa fiquei com medo de ler sobre coisas tristes e trajédias e não o comprei.
Agora fiquei curiosa, quando terminar, conte para nós se gostou.
Bjs
Essa autora sabe como fazer uma pessoa chorar!
ResponderExcluirOi Ana Paula! Adorei a sugestão de leitura e o trecho do relato de Rashif para sua amada.
ResponderExcluirEstou estudando sobre o Estado Islâmico e com certeza esse livro me ajudará ainda mais a compreender esta cultura que é tão execrada pela mídia dominante.
Parabéns e obrigada.
Beijos e bom fim de semana.
Rivotril com Coca-Cola
Ana Paula.
ResponderExcluirNão conhecia esse livro! Adorei o pouco que vc colocou aqui. Adoro ler sobre novas culturas, sempre bom conhecer sobre os gostos de paises tão distantes. E linda a capa!
Beijos
Adriana
Agora também quero ler.
ResponderExcluirAbraços
Grá
Ana!! Fiquei super curiosa!!
ResponderExcluirBeijões imensoss
Blog Antonella e sua Boneca
Tbm fiquei interessada. Na tristeza de uma guerra o amor sempre dá um jeito de aparecer.. Que encanto!
ResponderExcluirMenina, boa Páscoa!
Beijos
Oi, Ana Paula!
ResponderExcluirCom certeza vou ler esse livro!
A casa de chá que dá nome ao livro me lembrou o bar do Rick no filme Casablanca, simplesmente porque em meio a um cenário de guerra, as mulheres iam lá e tinham seus momentos de paz para pensarem em como poderiam mudar seus futuros.
Triste saber da realidade de outras mulheres que por causa de um sistema de condutas impostas, as fazem peças manipuláveis. Apesar de que já ouvi mulheres árabes não se importando de usar burca, até gostando por não precisarem ter a vaidade que as mulheres do ocidente adotam em sua rotina. Algumas criticam por dizerem que somos escravas de um sistema machista que faz da mulher objeto de consumo. Enfim, cada qual com a sua realidade!
Achei graça do tênis Nike...
Oh Paula!
ResponderExcluirObrigada, tenho vários livros sobre o oriente, este vai ser mais um, anotado...
Bjosssss
Oi Ana Paula!
ResponderExcluirObrigada por visitar-me, mesmo quando estive "quietinha, recolhida ao meu canto" rsrs
Foi um prazer vir aqui tomar um chá e encontrar esta interessante dica de leitura. Confesso que tenho particular interesse pela cultura do Oriente Médio, seja nos livros que retratam a realidade de guerras e tragédias, seja nesta visão que você nos apresenta. Gosto de ler e tentar compreender tudo que está além do que meus olhos hoje veem...
Agradeço a dica, deixo beijos e bons desejos de Páscoa a sua família!