quinta-feira, 1 de maio de 2014

Festa no quintal

Essa semana fui alimentada por textos inspiradores falando sobre festas!
Dos excessos e distanciamentos aos brigadeiros enrolados na noite anterior, que saíam cada um de um tamanho diferente, e era uma delícia na hora de ser servido, você parar perante a bandeja e dar aquela olhada rápida feito raio e encontrar um brigadeiro bem avantajado!
Fui levada a muitas festas da minha infância e a primeira recordação dessas festas era o sanduíche de carne louca.


Também podia ser chamado de carne maluca.
Vamos à receita da festa:

Eu não faço ideia de como as pessoas eram chegavam no dia e hora marcados. Não havia telefone, ninguém fazia convite escrito à mão e envelopado com o nome do convidado e família.
Lembro da minha mãe encontrar algumas pessoas na feira e ali mesmo ela falava "É no sábado, lá pelas seis."

Na feira, que era uma semana antes do evento, comprava-se as batatinhas; aquelas em forma de bolinhas que ficavam dois dias mergulhadas em óleo e temperos ( era uma época que óleo era bom, ninguém reclamava do lago formado pela lata de 'liza' que acolhia as batatinhas).

Os brigadeiros eram enrolados à noite, e creio que devido ao cansaço é que eles saíam disformes. Uma alegria para a criançada que naquela noite ia para a cama mais tarde. A mãe sempre brigava porque os primeiros brigadeiros saíam muito grandes: "Tem que fazer menor, senão não vai dar pra todo mundo comer."
E a gente achava mesmo que estava fora dos conformes quando a mãe mostrava o exemplo. E como não dava mais para desmanchar, porque já tinha sido rolado no granulado, o melhor a fazer era comer.

A bala de goma, a tia Dirce já tinha feito de tardinha. Tudo que me lembro era de untar com margarina a tesoura grande que doía os dedos para cortar as tiras da bala antes que endurecesse. Não era coisa pra criança ajudar.

Ah sim! Os sanduíches de carne maluca ou louca!
Primeiro, eles não eram vistosos assim como este da foto. Talvez fosse o pão, não sei.
Só sei que era muito mais saboroso do que este que a imagem sugere!

Era a parte da festa que dava mais trabalho: era preciso ter uma vizinha que emprestasse a panela. Era um tipo de panela que não se tinha para o dia a dia.


Arrumada a panela, era preciso ser amigo do açougueiro porque a carne para fazer a carne maluca tinha que ser do meio para o final da peça.
Conversava-se com o açougueiro que sentenciava - "Então a senhora passe aqui lá pelas duas da tarde."

Era o tempo que ele levaria para vender o começo e avançar só um pouco pelo meio.
Dois pinos de "clock"rodopiavam e chiavam sobre o fogão. Depois tinha que desfiar tudinho e por tempero que era pra aumentar.
"O Luís e aqueles meninos dele comem que é uma coisa". Bota bastante tomate, cebola, pimentão, louro. Pimenta não muito porque as crianças não são acostumadas.

Alguma tia ficava ali do lado do panelão, que hora ficava no fogo, ora se desligava e dava um tempo no servir porque ainda estavam comendo.
Era servido dentro de um saco de papel fino e branco.
E o pessoal comia; era a 'entrada'. As crianças tinham a opção de ganhar metade do pão com carne louca.

E se tinha festa, tinha presente!
Ficavam expostos sobre a cama do aniversariante e cada convidado que chegava, levasse ao quarto e mostrava tudo - aquele foi a madrinha, o baton da avon em forma de morango foi a dona Valdete. Os papéis de presente, a mãe pedia para não rasgar. Abria-se com cuidado e colocava tudo debaixo da cama.
No decorrer do ano, certamente um daqueles papéis embrulharia algum regalo para alguma outra festa onde teria sanduíche de carne maluca.

Agora conta aí? Será que a tal carne maluca é regional? O que tinha nas festas da tua infância?
Estou curiosa!

19 comentários:

  1. Que lembrança gostosa... Cada palavra foi bem saboreada e estou farta e feliz de ter passado por aqui. Beijos!

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  2. Ah que belas lembranças, do brigadeiro lembro bem, mas por aqui não tinha e nem conhecem Carne maluca, só vim conhecer em SP e amooooooooooooo. Aqui o tradicional creme de galinha com arroz, pipoca de milho, e para enrolar a noite toda os beijinhos feito com coco tirado do pé, raspado no rapa-côco e mexido com açúcar, leite moça e umas colheres de maizena para dar o ponto. Batata solté acho né? a feita no óleo tbm só conheci em Sampa, por aqui servem cachorro quente, mas não é dos tradicionais dai com salsicha, e até usam, mas misturado com muita carne moída e verduras e milho, e ervilha. Amo festas hehehhehe

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  3. Que coisa boa ! Aqui não tinha a carne maluca, mas os cachorrinhos feitos na hora e além eles, aqueles feitos com pão de minuto. Eram minúsculos e dvam trabalhop.Eu enchia latas e eram todos devorados. Tantas coisas legais: a cama de presentes...Hoje, nem abrem os presentes na festa. Só quando chegam em casa abrem e depois quem deu, nem mesmo sabe se agradou ou não. Ainda tem tantos que vão logo trocá-los!

    Adorei te ler! beijos,tudo de bom,chica

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  4. Ana Paula, que delícia de texto - em todos os sentidos!rsrsrs
    Sou conterrânea da Chica, então você já ficou sabendo que aqui não temos a tal Carne Maluca... mas, menina, me deu uma vontade de provar! rsrsrs Nosso substituto era o cachorrinho quente. Também tinha muito brigadeiro, conhecido aqui como negrinho ou branquinho. Lembro bem da cama cheia de presentes, todos expostos, e dos papeis de embrulho carinhosamente guardados, como se fossem parte do próprio presente recebido. Outros tempos realmente, tudo muito caseiro e por isso mesmo muito saboroso.

    Adorei, como sempre!

    Beijão, querida.

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  5. Recordações que aqueceram-me... nas nossas festinhas tinha brigadeiro, docinho de coco com um cravinho em cima, docinho de queijo, balas de coco enroladas em papel com franjas, muito Kisuco (lembra?) e salgadinhos feitos em casa... bons tempos!

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  6. Recordações que aqueceram-me... nas nossas festinhas tinha brigadeiro, docinho de coco com um cravinho em cima, docinho de queijo, balas de coco enroladas em papel com franjas, muito Kisuco (lembra?) e salgadinhos feitos em casa... bons tempos!

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  7. Dava uma unha do meu dedinho fura bolo da mão direita para saber o porque desse nome para a tal carne desfiada e temperada para render e para meu paladar, para o sabor ainda mais melhorar. Capaz de eu preferir o pão com cebolas, pimentões e tomates que com a carne.

    Eu nunca tinha ouvido falar desse sanduíche, nem dessa carne e já desejo como se tivesse a anos esperando para comer um dia, como os bolinhos de chuva.

    Disse a Julia em bate-papo pelo insta (que até então não sabia poder bater papo por lá), que era uma boa ideia eu ir ai um dia em Sampa e irmos ao Mercado municipal, comprar verduras e eu usar sua cozinha para fazer um cozido. Não disse e pensei de comermos o tal sanduíche de mortadela ou pernil que ninguém topou rachar comigo.
    Ai vc fez o convite de irmos flanar e comichar na Liberdade e esse seria outro programinha culinário que amaria fazer com vcs.
    Tudo recheado de amizade, carinho, sabores e muitas histórias contadas de parte a parte e das muitas que geriam essas vivências.

    O ritual dos presentes na cama e os papéis embaixo do colchão por aqui era idênticos. Tinha muita caixa de chocolate, meias, calcinhas e blocos de papel, lápis de cor e outras coisas que hoje não agradariam as crianças e eu achava o máximo.

    A singularidade dos tamanhos de brigadeiros e biscoitinhos lá em casa eram acompanhadas pelo confeiteiro S. Guillermo com técnicas tipo de Harvard ensinadas a cada execução. Mas tudo ser miúdo para ter mais e menos desperdício era praxe.

    Na mesa por lá sempre e nas de onde íamos e até hoje, pães delicia, que nos sustentou e alimentou por toda vida. Devidamente iguais em tamanho, pincelados e passados em queijo ralado uniformemente, um prazer a cada mordida, um sabor que nunca enjoei e do qual a cada elogio feito, sempre me orgulhei.

    E era comum nas mesinhas: beijinhos, casadinhos (docinho meio chocolate, meio branco), cajuzinhos (doce com amendoim moldado em forma de caju com um amendoim no topo), moranguinhos (beijinho passado em açúcar colorido rosa, moldado como um morango, com uma enfeitinho verde no topo), doces da uva (doce branco com uma uva dentro), olho de sogra (beijinho dentro de uma ameixa)...

    De salgados tinha: pão de forma recheado com patê, cones (massa de pastel em forma de cone) com patê dentro, sacanagem (a tal bola de isopor com palitos enfiados recheados de queijo, presunto e afins), empadinhas, pastel de forno, quibes, cozinhas, croquetes, pastel de carne moída( frito, frio e gostoso)...

    Para beber: suco, tubaína, soda, groselha, frateli, guaraná brahma...

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  8. Êta festança boa, só risos e gostosuras, né Ana!
    As da minha infância eram assim também.Eu não sabia como aparecia tanta gente.As gulodices eram feitas pelos adultos, muitos salgadinhos e empadão e a criançada rondava a mesa dos docinhos; brigadeiros de montão.
    Ai que saudade que dá.
    Bjos,
    Calu

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  9. Oi Ana!

    Que delícia que eram as festas! Quase não tinham enfeites, mas as brincadeiras eram demais! Aqui no interior, na minha cidade, os lanchinhos são de carne moída feita em molho. Os casamentos quando eu era criança, eram servidos as batatinhas temperadas no óleo, como você disse, de entrada, depois vinham os pãezinhos recheados de carne moida e para finalizar o jantar espetinho de carne (detalhe: os espetinhos eram feitos com bambus!). Na minha casa os brigadeiros ainda são feito nas vésperas. Minha mãe se recusa a comprar prontos! Aniversariou em casa, tem brigadeiro!

    Beijos

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  10. Olá, querida Ana Paula
    Nunca tive festas a não ser nos 15 anos... rs...
    Já para filhos e netos... é u ma loucura de docinhos e tudo o que temos direito...
    Brigadeiro é tudo de bom sempre...
    Carne eu gosto na medida certa e de todo jeito... no pão, fica uma delícia...
    Seja abençoada e feliz!!!
    Bjm fraterno de paz e bem

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  11. Ai que coisa linda, que vontade de viver a vida assim, numa festa simples e feita com ternura.
    Eu também me lembro da mãe enrolando os brigadeiros de véspera, como ela trabalhava fora às vezes passava uma semana enrolando brigadeiro a noite, cada vez um pouquinho, depois acomodava as bolinhas em potes de sorvete Kibon vazio (potes que naquela época eram amarelos, redondos e com a tampa azul marinho)e deixava no congelador pra servir no dia da festa. A gente que não era bobo nem nada, vez ou outra roubava uma bolinha congelada...hummm. Também tinha salgadinho que a gente comprava da vizinha e fritava em casa mesmo, um pouco antes da festinha. Não tinha cadeira e mesa pra todo mundo sentar, as pessoas iam chegando e as crianças saiam correndo pelo quintal enquanto os pais se espalhavam pela casa. Também recordo dos brinquedos em cima da cama, e de correr pro quarto com as amigas pra mostrar tudo o que tinha ganhado.
    Eu morro de saudade, e mesmo fazendo docinhos e atendendo muitas festas grandes, dessas de buffet, eu sempre digo que prefiro as pequenas, em casa mesmo, com a cara da gente.
    Tempo bom que não volta nunca mais.
    Beijão Ana

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  12. Ai Ana que delícia suas lembranças!
    Reativaram as minhas e eram bem parecidas, embora por aqui não tivesse tal sanduiche, nem conhecia até, achei o máximo e quase senti o cheirinho da carne assada desfiada. Ui!
    Tinha também aquela coisa de guardar presentes sobre a cama e o papel debaixo dela, tinha brigadeiros, cajuzinhos, cachorro quente, guaraná caçula (aquele da garrafa pequena), tinha muito mais comidinhas gostosas do que esta festa de papel maluca que é hoje em dia para chamar a atenção. Tempos bons vivemos!
    beijos cariocas

    (Adorei seu texto!)

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  13. Voltei p prozear sobre a tal hora marcada, pontualidade britânica, lembrança do dia do aniversário da vizinha, tia, sobrinha sem precisar rede social, nem mesmo agenda
    Da presença garantida sem precisar confirmação, nem oferecimento de bebida ou espetáculo
    Dos abraços, de não falar de boca cheia, de poder se ter coração aberto

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  14. Ana, quanta coisa boa lembrei aqui! A carne louca minha mãe fazia, mas não para festas. Mas os brigadeiros, vixi, até hoje sou chata com o tamanho deles! Os presentes expostos na cama, o batom Avon de moranguinho, kkk, até esses dias tinha no catálogo e me lembrei do quanto gostava! As festas em casa também eram assim, com comes e bebes caseiros e o carinho dos parentes por perto. E repeti toda essa tradição com minha filha.
    Me fez abrir um sorriso! Um abraço!

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  15. que lindo... nas festas de casa havia cachorro quente, docinhos, bolo, tortas salgadas e salada de fruta - minha mãe dizia/diz que não só de guloseimas vive uma festa infantil.

    mas a lembrança forte agora é das festas que minha mãe fazia para clientes... quantas e quantas noites ajudei a enrolar docinhos, separar forminhas, passar a massa do pastel na máquina manual para esticar... acabava ficando toda doce, cheia de confeites coloridos de brigadeiro e açúcares até no cabelo.

    eram bandejas e mais bandejas de salgados e doces para entregar... cento de disso,cento daquilo. como geralmente era festa de algum "amiguinho", eu ía para o aniversário e me fartava de brincar, mas quase não comia nada. minha satisfação era ver todo mundo - adultos e crianças - comendo as delícias que minha mãe havia feito e ficar feliz, porque, de alguma forma, eram obras minhas também.

    obrigada por me trazer algo tão bom que há tempos eu não lembrava.


    amei a leveza do seu texto.
    fiquei fã!

    bem vinda ao benditas.
    bj meu

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  16. Nossa Ana! Que legal a sua lembrança! Fiquei até com vontade de fazer uma postagem sobre esse assunto tb,mas não tenho tanto jeito nas cronicas. Ficou muito especial e me lembrei de como era divertido preparar a festa!...rss...mais até que a própria festa!Parabéns! bjs,

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  17. Ana tua lembrança trouxe-me saudade, saudade de um tempo que não volta, sabe eu adorava carne louca, vou lembrar como faz e fazer, minha filhota grávida que anda enjoada quem sabe come afinal é uma delícia, beijos Luconi

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