Dia
de prova. Três provas. No mesmo dia.
Professores
antevendo ações ilícitas que podem ocorrer nestas situações,
adotaram a prática de misturar as turmas. Alguns alunos do sétimo
ano deslocam-se para a sala do sexto e alguns do sexto se misturam lá
na sala do sétimo ano. Os maiores chamam os do sexto de “pequenos”.
Na
hora do intervalo, um colega chamou os alunos, pequenos e grandes,
que estão "pendurados" com notas vermelhas e provável
recuperação e ofereceu um comprimido que o médico havia lhe
receitado para que tivesse mais concentração e fosse bem nas
provas.
A
curiosidade aproximou meu filho da roda que se formou e ele perguntou
o que era aquilo.
-
Bernardo, sai daqui porque você não precisa. Você vai passar de
ano direto.
-Mas
que é isso?
-
É um comprimido que faz ir bem nas provas.
Foi
distribuído uma cartela inteira; o inspetor percebeu a movimentação
estranha e descobriu o ocorrido. A professora veio chegando vendo
aquela confusão e tão logo conseguiram explicar, a coitada quase
precisou de um comprimido para se acalmar.
No
meio da confusão, o inspetor perguntava: quem engoliu?
Os
pequenos assumiram sem pestanejar. Já os maiores, sempre tentando
sair pela tangente disseram: eu não engoli, guardei debaixo da
língua, mas quando fui jogar fora, tinha derretido.
(Achei
ótima essa!)
Desceram
todos os que haviam ingerido e derretido e o distribuidor dos comprimidos para a
sala das diretoras. São duas, ambas donas do estabelecimento.
Tremiam
tanto os alunos, que acharam por bem tirar uma das diretoras da sala.
A que é mais má.
Ficaram
somente com a boazinha, porém como não pararam de tremer,
deduziu-se que o problema não era medo e sim efeito colateral do
medicamento.
Não
foi necessário ambulância. Apenas os pais saíram em caráter de
emergência até a escola. Tudo ficou bem, após passar a ação do
medicamento pararam de tremer.
Bernardo,
depois me falou que, um dos amigos que tomou, estava na aula
totalmente "brisado", gíria que eu traduzi como "estar
alheio a tudo o que ocorre ao seu redor".
- Mãe, não sei
se ele estava brisado por algum efeito do remédio ou estava
imaginando como seria a surra que levaria ao chegar em casa.
Evidente que o assunto foi tratado com toda a seriedade entre os alunos, pais e direção.
Mas, como eu estou sob efeito dos embargos infringentes que dilaceraram minha veia cômica, permitam minhas elucubrações:
Esse garoto que distribuiu seus comprimidos é de uma generosidade imensurável, quer dizer, mensurável apenas para o bolso de seu pai: o preço do comprimido que concerta notas baixas e divagações é de trezentos reais ao mês.
E já que ele descobriu a maneira de se livrar da recuperação, quis ajudar todos que se encontravam na mesma situação.
Zero egoísmo ele tem. Generosidade mil!
Por outro lado, penso que tudo não passou de um mal entendido: o menino deve ter se consultado com um médico cubano e das duas uma: ou ele não entendeu o que o médico falava ( meu filho disse que o amigo está muito mal na disciplina Espanhol ) ou o médico cubano, dado a socializações, instruiu a criança a dividir.
Noooooooooooossa! Agora me caoiu o queixo por aqui! Credo! Até isso temos que temer nas escolas agora? Vou te contar, estou quase pedindo demissão,não aguento mais ver tanta barbaridade nos colégios!
ResponderExcluirSão estupros em colégios dos melhores , são tarados, é isso e aquilo e agora mais essa? Pode ter generosidade 1000, mas não se aproxime de um dos meus, pois EU NÃO SOU BOAZINHA. VIRO JARARACA nessas horas!
beijos,chica
impagável!
ResponderExcluirQue coisa! Será que era a Ritalina, aquela para deficit de atenção?
ResponderExcluirBeijocas
Sou do tempo em que os mais velhos diziam como um mantra e ouvíamos e obedecíamos sem dar um piu ou questionar:
ResponderExcluir- Não aceite nada de estranhos!
Hoje temos que dizer que não se aceite nada nem de conhecidos e isso inclui colegas, professores, tios, primos, amigos nossos :(
Isso inclui desconfiança e medo por conta de pessoas sem noção, de por exemplo, ensinam crianças a atirar, a dirigir, que tomam e dão indiscriminadamente compridos para as que agitadas demais ou paradas demais.
Comprimidos receitados, comprados sem receita, tomados a vontade por quem não dorme, para que se coma mais, para que se coma menos...como via mais fácil para a "solução dos "problemas".
Uma cartela de comprimidos nas mãos de uma criança dessa idade que ao invés de serem distribuídos podiam ser por n motivos, todos de vez ingeridos e depois o lamento não seria remédio.
Dar doses alternadas de informação, ludicidade, prevenção, arrojo, calmaria, euforia, desconfiança e esperança, tarefa de todo pai, mãe, educador, cidadão, por um mundo melhor.
Ana Paula, kkk! A gente ri, mas a coisa é séria. Houve uma época que o pessoal tomava na véspera da prova o famoso Memoriol, que pelo nome dispensa explicações. Até hoje não conheço quem tenha passado de ano em função das gotinhas mágicas que segundo os médicos não faziam (fazem?) efeito algum e nem servem para nada. Coisas da criançada, todavia tem que ser acompanhado porque poderia ser uma substância perigosa. Ponto para o Bernardo por ser suficiente maduro e querer se informar (e não ficar "brisado", rs...rs).
ResponderExcluirAgora, os embargos infringentes são incuráveis. Não há comprimidos eficientes para essas doenças de reajustes de proteção aos menos bem intencionados de nossa cúpula política. E olha que é atitude do nosso SUPREMO. Enfim, melhor abastecer o carinho da nossa amizade com um:
Beijo,
Manoel
Isso é um conto, ficção, não? Se for verdade, fico pasma com quem oferece e com que aceita.
ResponderExcluirAbraço!
Sonia
Jesus amadooooooooooooo.Morri com esta.Mas tem tanta coisa nas escolas que a gente chega se desiludir, e no mundo em geração.Oro a Deus que livre minha filha, e sempre converso que não aceite nada de estranhos,mas por vezes são tão compráveis á balas e pirulitos.
ResponderExcluirNossa Senhora, que isso? É vida real? To passada!
ResponderExcluirQue história mais louca!!! E você consegue nos fazer rir de algo que é muito sério e reflete a forma de educação que muitas crianças recebem.
ResponderExcluirCriança inventa cada uma! Quando era criança eu adorava AS infantil. Eram balinhas que eu pegava na caixinha de remédios. Boa crônica, Ana Paula. Beijos!
ResponderExcluirAna, esse seu post fez meus sentimentos se alternarem exatamente como o título que você deu. Eu arregalava os olhos e ria, arregalava os olhos e ria. No fim ri de olhos arregalados. ;o)
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