sábado, 5 de fevereiro de 2011

Blogagem coletiva - espinhos

De última hora fiquei sabendo da blogagem coletiva sobre inclusão/deficientes físicos e corri para postar a tempo.
Há exatos 28 anos fui convidada a visitar uma menina. Eu era uma adolescente e o convite foi feito desta maneira: "ela se chama Sandra, é linda mas aleijada.
Pausa.
Há de se comemorar quando se fala de inclusão as mudanças que ocorreram para as definições. Só as palavras que eram usadas tinham o peso de uma rocha sobre ombros esmorecidos. O uso adequado das palavras é relevante, representa dignidade.
Sandra era linda.  Pele alva de quem quase nunca sentia o sol. Olhos verdes que sorriam como o lindo sorriso dos seus lábios. Voz de sereia, porque imaginamos que a voz mais linda do mundo seja das sereias ou talvez dos anjos.
E a beleza acabava aí. O resto de seu corpo fora apoderado pela poliomielite.
Sim, aquela doença mesmo que hoje nem nos lembramos que já existiu por aqui e infelizmente ainda assombra em alguns países.
Um dia, com sua voz melodiosa ela me disse que se lembrava de quando andava, e depois se lembrava do hospital...
Mudei de cidade, nunca mais soube de Sandra e tenho na memória seu caderno de desenho que um dia me mostrou. Ela desenhava com os pés. Todos os seus desenhos eram de noivas. Casamentos e lindos vestidos de noivas.
Desejo para esta portadora  de deficiência física que a vida não tenha mais espinhos do que já tem.
Então imagino se ela vivesse aqui em São Paulo e fosse andar pelas calcadas planas de alguns bairros em sua cadeira de rodas e se  deparasse com mais espinhos.


Muitas vezes não é tão simples desviar.




Espinhos que não poderiam estar no caminho. Que são mal cortados.
E as vezes o caminho é simplesmente impossível para se passar.



A vida já é tão cheia de barreiras para os deficientes. Por que ainda tem que haver tantos espinhos no caminho?

Um comentário:

  1. Eu não tinha pensado muito sobre esse aspecto das palavras, mas realmente faz sentido, apesard e que ainda acho o termo deficiente físico um pouco agressivo, pelo enos não é pejorativo como aleijado, agora vejo a importância do uso correto das palavras.

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