quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Desfralde

Tenho estado num clima de desfralde. Não encontro outra palavra para expressar o que tem se passado.
O desfralde literal, este que muitas mamis estão descrevendo com sucessos, glórias, fracassos, interrupções, este mesmo eu quase nem percebi.
Ocorreram respectivamente com 1 ano e 8meses e 1 e 7meses. E, pasmem...não fui eu quem tirou as fraldas dos pequenos, foram eles próprios!  Bernardo um dia falou - tira, esquenta muito. Tirei, não tinha cuequinhas em casa, deixei-o de bermuda, corri para comprar um redutor de assento e algumas cuecas e o saldo foi apenas um xixi na roupa. Tirou fralda da manhã e noite no mesmo dia.
Sobram em estoque vários pacotes que ficaram de herança para a irmã que ia nascer, que também foi simples assim - não quero por fralda, dói. Pronto, apenas um xixi a noite, nada mais.
Sobraram muitos pacotes no estoque. O que estava aberto, brincadeira com bonecas e os outros, doação.
Claro que foi simples assim porque eu sempre confiei que haveria uma compensação para mães com filhos que dormiam só três horas por noite, e porque meus filhos não aceitaram papinhas. Leite materno livre demanda até quase dois anos. Eu merecia um desfralde assim, sereno, sereníssimo.
Mas quando estamos em "desfralde" temos uma ansiedade a cada vinte minutos. Quer ir? Não está segurando?
E agora tem ocorrido isto aqui em casa com a Júlia. Não com suas eliminações, mas com os seus poemas!!!
Já aconteceu várias vezes de eu estar atarefada e ela vem assim: "Mãe tenho um poema". Corro, pego papel e caneta e vamos lá.
Uma amiga querida lembrou-me da tecnologia - pegue o celular para gravar. Ótima ideia, lamento apenas porque a pequena não quer celular. Tem que ser às antigas mesmo.
Ontem, ela veio correndo:
- Mãe tenho um poema.
- Espera um pouco Ju, que eu estou ocupada agora.
- Não dá, não dá, tá saindo...
É ou não é um desfralde de palavras?!

Um comentário:

  1. Que delícia isso, Ana Paula!
    Sabe que quando eu era pequena eu escrevia livrinhos, desenhava, grampeava. Era o máximo. Uma pena que tinha uma madrasta no meu caminho e nada tenho guardado.
    Na adolescência eu escrevia poemas. Mas, em uma "crise" daquelas próprias da idade logo que saía dessa fase, joguei fora. Eu me arrependo.
    Muito gostoso você registrar essas experiências dela. Com incentivo, as crianças podem ir longe em seus talentos.
    Beijos.

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