quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O enfraquecimento do não

Muitos conheceram a palavra não sem mesmo que fosse pronunciada. Um olhar trazia a palavra e o conceito do não.
Outras tantas pessoas respiraram o não obscuro dos tempos de ditadura; período este triste e indesejado.
Mas acho que estamos vivendo um tempo que a palavra, o conceito do não está enfraquecido.
Só para citar os dois casos recentes que estão na mídia: o caminhão que derrubou uma passarela no Rio de Janeiro e dentre causas a serem apuradas, sabe-se que o motorista falava ao celular; o outro caso, aconteceu na grande São Paulo, onde cinco adolescentes morreram afogados ao nadar em local proibido.
O não pode celular dirigindo, já não faz efeito. Uma rápida olhada e está lá o motorista com o celular.
No caso dos adolescentes, o local aonde foram nadar era fechado ao público com a placa indicando proibido entrar, mas entraram. No lago, mais duas placas "proibido nadar e risco de morte".
O conceito do não foi ignorado.

Eu já peguei passando maquiagem no não falado aos meus filhos. Disse o não e diante das reclamações, dos "por favor"cedi usando a seguinte maquiagem - então tá, mas antes disso vocês farão...
Colocando uma condição para fazer de conta para mim mesma que o meu não tem força. Mas eu o enfraqueci, cedendo sob uma forma de compensação.
Isso é muito claro de se ver na fila do supermercado, ali na boca do caixa. Diante de todas aquelas guloseimas que são colocadas estrategicamente ali, enquanto espera-se na fila a criança satura a mãe com o eu quero e a mãe insiste no não. Até que, adivinhem?
Mais um não enfraquecido.

Quanta coisa tem dado errado, ceifado vidas pela nossa dificuldade em aceitar o conceito de um não.
Não pode beber e dirigir; não pode parar na vaga preferencial ( mais é só 2 minutinhos ); não pode pegar o dinheiro público para fins pessoais... e seria extensa a lista.

Especialmente com nossas crianças parece que estamos com medo de magoá-las, traumatizá-las ou sei lá o que mais. Três placas de proibido, não poderiam ser ignoradas.

21 comentários:

  1. Respondendo rápido do celular voltarei para de novo comentar
    Tenho fama de general e levo o cartaz de quando sou boa sou muito boa mas quando sou ruim sou melhor ainda
    Leia-se ruim dizer não e levá-lo até que se cumpra o dito, sem ses, mas, nem mimimis e isso vale para todas as faixas etárias, níveis de envolvimento ou circunstâncias
    Para as crianças dou de brinde o recado a mim passado: Aos mais velhos não se questiona, se obedece

    ResponderExcluir
  2. Linda e acertada reflexão!Falta mesmo muito mais sentido e atenção aos NÃOS!!!

    Parecem pra tantos, nem mais fazer sentido.Fazem o que querem...Pena, deve dar uma reviravolta nisso! bjs ainda praianos,chica

    ResponderExcluir
  3. O não tem o seu valor! Muito bom texto, Ana! Gostoso de ler! Beijinhos! :)

    ResponderExcluir
  4. Olá, querida Ana Paula
    Ouvi muitos e muitos nãos... a própria vida me disse não... mas eis que Deus me disse sim um dia e comecei a aceitar bem os outros nãos...
    Desde que os nãos não prejudiquem ninguém (como o caso dos exemplos que vc muito bem estabeleceu um paralelo)... ouço os nãos de acordo com o sim divino...
    Caso contrário, não faço caso...
    Engraçado que aprendi, de um tempo pra cá, a dizer não também... só ouvir não dá...
    Discernimento é bom nesta hora...
    A cada vez que vejo a cena na tele do caso do caminhão fico chocada.. que tristeza!!! Um absurdo a irresponsabilidade e o descumprimento do não, neste caso...
    Bjm fraterno

    ResponderExcluir
  5. Eu fiquei estremecida com seu texto, porque sou o tipo de educadora que enfraquece o "não" sabe... Isso foi levemente criticado ano passado por um dos meus colegas, eu costumo me defender dizendo que as crianças que atendo recebem muitos nãos... Mas as vésperas do inicio do ano letivo e sob a sua reflexão começo a repensar... Eu o "não" do meu nunca foi fraco, não era não mesmo e será que não é graças a isso que estou aqui? Tudo nessa vida tem limites, todos temos limites... e talvez seja bom nós adultos fortalecemos o "não mesmo" para que as crianças saibam respeitar os limites que a vida impõe no futuro...

    Enfim... lamentei o acidente em São Paulo, lamentei os jovens... Meu pai vive indo e vindo de São Paulo trazendo ônibus de lá para cá... O engraçado é que antes que a mídia informasse o que ocorreu ela já tinha dito que foi falta de atenção do motorista e dado o diagnostico.

    ResponderExcluir
  6. Pois é, Ana Paula, o não é tão difícil de aceitar… e tão indispensável de ser aceite.
    Em relação aos filhos e à educação que lhes devemos, por ter dois já adultos, apercebo-me hoje que eles são gratos pelos "não" que lhes dissemos. Afinal, o importante são as lições da vida que podemos ajudá-los a aprender…
    Muito interessante.
    Abraço!
    Dulce

    ResponderExcluir
  7. Tá tudo bagunçado!
    É muito difícil falar não nessa época de consumismo desenfreado.
    Depois que parei de trabalhar para cuidar das meninas percebi que sou mais firme pq não carrego a culpa de ficar longe delas o dia todo por conta do trabalho.
    Infelizmente existem pais que não falam não NUNCA, e quem mais sofre é a própria criança.
    E outra, o exemplo é a melhor lição!
    bjs e bom final de semana

    PS: Obrigada pela visita!!

    ResponderExcluir
  8. A sua reflexão à respeito do NAO é perfeita e vemos todos os dias por aí. E tem sim que começar na infância pois "é de menino que se torce o pepino" já dizia minha vó. Ao dizer NÃO estamos ensinando a elas a ter respeito pelo outro, ter respeito às leis e normas da sociedade.

    ResponderExcluir
  9. Aprendi com meus pais a entender e prestar atenção a um "Não." Hoje, acredita-se que esta palavra possa ser a porta para traumas e baixa autoestima - coisa que acho absurda! O não apenas nos tira de muitos caminhos perigosos, até que aprendamos a dizer os nossos sims.

    ResponderExcluir
  10. Olá,
    Eu já fiz uma colega de serviço pegar do chão na rua, uma embalagem de sorvete que ela havia atirado, pois logo a frente, no nosso caminho, estava uma lixeira pública.
    Tento incutir os NÃOS e seus porquês ao meu filho que tem dois anos. Faz birra, chora, grita, mas grita mesmo! Pego no colo e em 45 segundos a zanga já passou e está com atenção a outra coisa.
    Será que se no aviso do local onde os jovens sabidamente conheciam a proibição de ingresso, lá também estivesse anotada a estatística de quantas mortes lá aconteceram, será que agora estariam vivos junto de seus familiares? São muitos SES sem resposta. E lamenta-se!
    Bom fim de semana.
    Bj.

    ResponderExcluir
  11. Para mim, declarado: Estava falando todo o percurso ao celular ou até mesmo atendi ao celular rapidinho no percurso, é carimbo de não, não tem perdão, não tem porque precisar saber se havia defeito, houve o defeito humano que o podia ter minimizado.

    Adolescente e crianças invadem, desafiam o perigo, se sentem atraídos pelo proibido, insistem, se jogam em rios, piscinas, morros, matas, placas e de casa, da educação que recebem, dos nãos e de alguns porquês, vem os freios para o que podia ser catástrofe, como essa foi.

    Me indigna é ver na tv, num horário permitido e por muitos adolescentes assistido enredos em que os adolescentes vão para o mato, mentem, são compreendidos e incentivados, fogem de casa de casa em busca do que arbitrariamente se diz ser: felicidade
    Que infeliz roteiro, impróprio, oco, podre.

    Que triste tantas e tristes notícias, que se noticie o que acontece de bom, frutos de não e de sins.

    ResponderExcluir
  12. Nossa Ana Paula, sua reflexão entra na minha quando digo que acredito que o mundo está meio perdido... Concordo com você! O "não" perdeu o valor, as pessoas não sabem respeitar os limites e assim a vida vai seguindo. Precisamos aceitar o "não"! Simples assim! Muito bom esse texto. Adorei a reflexão!!!

    Beijos!

    ResponderExcluir
  13. Nossa Ana Paula, sua reflexão entra na minha quando digo que acredito que o mundo está meio perdido... Concordo com você! O "não" perdeu o valor, as pessoas não sabem respeitar os limites e assim a vida vai seguindo. Precisamos aceitar o "não"! Simples assim! Muito bom esse texto. Adorei a reflexão!!!

    Beijos!

    ResponderExcluir
  14. Oi, Ana, bela reflexão! Hoje minha filha tem 18 ano, poucas vezes me deu problema, mas sempre busquei ser muito firme com os nãos... quando ficava em dúvida em algo, dizia sempre "vou pensar". Agora, quando dizia "não", não voltava atrás, mesmo quando o coração ficava partido... era uma forma de fazê-la entender o que é um não de verdade. Mas os pais, no fundo, tomam suas atitudes com boas intenções, nunca com a intenção de que aconteça algo errado.
    Beijo!

    ResponderExcluir
  15. É Ana Paula!
    O "não" está enfraquecido. É tão difícil MANTER O NÃO que dizemos aos nossos filhos...
    O triste é pensar que "motoristas que falam ao celular" e "meninos que nadam em locais proibidos" também tem mãe.

    PS: Senti isso quando, no curso de Direito (Processo Penal)tive que visitar um penitenciária e, ao ver um prisioneiro na "solitária" pensei que aquela criatura tinha mãe... a partir daí meu "não" ficou mais consciente e firme.

    Abração
    Jan


    ResponderExcluir
  16. A gente vive numa época em que tudo pode, mesmo que não possa. Meu irmão tem dificuldade de aceitar um não até quando ele é quem está errado. Acho que estamos tão individualizados hoje em dia, que temos um pouco de dificuldade de obedecer regras que visam o bem estar da nossa comunidade. Acho que é por isso que não há mais tantas sociedades de ajuda mútua e sindicatos fortes (ou até mesmo associações do bairro).

    ResponderExcluir
  17. Ana Paula, também acho que está acontecendo uma falta de liderança, uma pouca importância à disciplina, um "endeusamento" da violência colocando como heróis os lutadores do MMA, ... e por aí vai. A somatória dessas desordens enfraquece o poder de quem só quer ensinar, orientar e educar.
    Vamos botar a boca no trombone para ver se a gente muda esse quadro.
    Parabéns pela postagem, Ana.
    Beijo,
    Manoel

    ResponderExcluir
  18. Sistematicamente vejo este enfraquecimento acontecer por décadas passadas e presentes.Como professora assisti a funesta permissividade de pais e mães que não sabiam/sabem usar o não determinante.
    Nem é preciso apontar as consequências que aí estão.
    Volto a bater na mesma tecla:Educação é tudo;muito além de cortesia.
    Bom final de semana, Ana.
    Bjkas,
    Calu

    ResponderExcluir
  19. Oi Ana Paula.
    Eu como funcionária pública tenho observado isso até mesmo do dia a dia nas repartições. E vai ficando cada vez mais difícil.
    Obrigada pelo carinho no meu niver.
    Bom final de semana!
    Bjs.

    ResponderExcluir
  20. Oi, Ana Paula!
    Que dizer mais? Seu texto foi perfeito! Mas vou dar o meu pitaco mesmo assim...rs.
    As leis brasileiras são perfeitas e se não são cumpridas pelos cidadãos, não será o judiciário que "educará" o povo. Imagina todo infrator atrás das grades? Não teríamos prisões para tanto... Em escala menor, é o que fazemos com os nossos filhos - ditamos as normas, dizemos sim ou não porque temos a autoridade no educar, mas quando eles crescem, fica sem sentido nós decidirmos quando eles já possuem discernimento para tal ou deveriam ter. Passamos para outra fase, que é a da negociação. Enquanto os filhos estão sob o olhar dos pais, tudo bem! Fora do nosso campo de visão é com eles! Colocarão em prática aquilo que aprenderam em casa. Se não respeitam as leis, se nadam onde existe aviso para na
    ão o fazer arcarão com as consequências. Qual a conclusão que tiramos?
    Em casa adotamos o bordão da novela: "Tu é burra, Valdirene?" (rs*). Mas é da natureza do homem ir contra as regras.
    No passado, Buda também se preocupou com o fato do homem não enxergar os perigos e evitá-los, quando deixou escrito: “As pessoas precisam aprender a enxergar e evitar todos os perigos. Assim como um homem sábio se mantêm a distância de um cão raivoso, não devemos nos aproximar dos homens maus”.
    Na sociedade atual, estamos sempre procurando por um culpado para não assumir os erros. No caso dos meninos que nadaram em lugar perigoso, a desculpa poderá ser o "aviso" que estava em local errado ou no caso do acidente, a revisão do veículo que não foi realizada direito...
    Negamos à nós mesmo o direito de ter a conduta correta, para não sermos taxados de chatos ou certinhos demais.
    Beijus,

    ResponderExcluir
  21. Oi Ana Paula,

    Puxa, que post interessante, estava pensando exatamente nisso recentemente. Como temos medo do não!
    Vivemos numa sociedade que preza o gozo imediato todo o tempo, ninguém pode ser frustrado em nada…
    O NÀO, significa admitir que a frustração faz parte da vida., mas as pessoas preferem viver uma ilusão e pagar caro por isso.
    Me fez lembrar o post da Denise (do jeito De) sobre a liberdade.
    Bjs e ótima semana
    Obrigada pelo carinho!

    ResponderExcluir