sábado, 10 de agosto de 2013

Pai herói

Resolvi antecipar o almoço do dia dos pais para hoje, 10 de agosto, sábado ( evitar aquelas filas imensas nos restaurantes no domingo ).
Fato este que não agradou minha filha.
Resolvi então comemorar o aniversário de Jorge Amado, que faria 101 anos. Seguimos para a comida chinesa/japonesa.
Fato este que não agradou minha filha: "Se é para comemorar Jorge Amado deveríamos comer acarajé e não sashimi".
Pedi a ela que deixasse de pormenores e fomos para a nossa pequena viagem Guarulhos - São Paulo ( havia trânsito ).
Chegando ao restaurante ( sistema por quilo ), fui auxiliar uma das crianças que já foi mostrando sua independência dizendo que agora não precisava mais de ajuda porque já alcançava e conseguia se servir. E entre pegar a minha comida, espichar o olho para ver como as crianças estavam se saindo, olhar o marido ainda no começo da fila para se servir, fui me atrapalhando com os talheres, bandeja e quando vi, um funcionário gentilmente estava ajudando e  conduzindo as crianças para a mesa.
Quando consegui chegar à mesa, retangular, três cadeiras para cada lado, o funcionário já tinha acomodado as crianças numa mesa onde havia uma moça sentada.
Numa rápida olhadela, vi que o pequeno salão estava lotado. Teríamos mesmo que nos sentar com a moça ou ela conosco.
Ela estava no canto da parede. Eu me sentei ao lado dela e depois minha filha Júlia. A nossa frente, marido, mais próximo à moça e Bernardo na ponta.
A primeira coisa que minha filha falou assim que nos sentamos, foi um cochicho: que eu não puxasse conversa com a moça.
Que situação chata. Compartilhamos a mesma mesa e nem nos falamos?
A moça comia com o celular na mão conectada a alguma rede social ( incrível o poder de visão de rabo do olho ). Na verdade, é um mistério - será que ela tem por hábito comer com o celular na mão, ou ela ficou tão desconcertada com a situação que resolveu se conectar - nunca saberei, afinal estava impedida de falar com a moça.
O silêncio era tanto que dava até para ouvir as crianças em silêncio - fato este que eu não estou acostumada.
Então resolvi iniciar um diálogo de elevador com marido. 
Boa a comida, não?
Será que esse vento já é a frente fria chegando?
Foi então que percebi uma outra atitude da moça ao nosso lado: ela abriu uma garrafa de água aromatizada e colocava o conteúdo de apenas um gole no copo e fechava a garrafa. Bebia. Tornava a abrir a garrafa e colocava mais um dedo de líquido. Fechava. Bebia. Abria.
Não foi possível saber se o fazia por hábito ou por irritação mediante nossa conversa de elevador.

Nós não temos o hábito de ingerir líquidos com as refeições. Nunca pedimos em restaurantes nenhuma bebida.
Júlia pediu mais um sashimi, Bernardo dois e eu fui pegar mais um pouco de yakissoba.
Assim que voltei, a moça se levantou e deve ter feito algum gesto com a cabeça ou falado algo baixinho em direção ao meu marido que lhe devolveu esta frase de elevador : "Até logo".
Tão logo a moça virou as costas, marido pegou a garrafa de água aromatizada dela, abriu e encheu um dos copos que estavam emborcados ali na mesa. E lançou-nos um sorriso de pura travessura antes de bebericar um gole.
Não acredito - foi o que disse a Júlia.
Enquanto eu pensava se beberia também a tal água que já experimentei e não gostei, Bernardo empalidecido diz: "Ela foi pegar mais comida".
Marido, entendendo o significado funesto da frase, sabendo que a moça voltaria a sentar-se quase à sua frente, não teve dúvidas, virou o copo goela abaixo mais rápido do que se faz com cachaça. E imediatamente soltou um sussurro gritado - vamos gente, anda logo.
Júlia enfiou o sashimi inteiro na boca. Eu já não sabia se terminava o restinho de yakissoba ou partia para a banana caramelizada que eu adoro. Na pior das hipóteses, eu a embrulharia no guardanapo e apesar de papel grudado acho que daria para comer.
Fomos salvos pelo pânico do Bernardo, que quando viu a moça indo pegar novamente mais comida, já foi se levantando e então avistou-a de posse de uma marmita.
Ufa! Foi pegar comida para levar para casa. Não vai voltar à mesa.
Então, voltando a si e recobrando sua habitual tranquilidade, marido nos disse:
"Gente, qual o problema? Se ela voltasse, eu pediria desculpas e compraria outra água para ela."

Tive um acesso de riso que acho que vai durar mesmo durante o sono!
Aos pais, durões, engraçados, um abraço!

14 comentários:

  1. rsssssssssss... Noooooooossa, cada uma@! Se não são os pequenos, os GRANDES aprontam,rs... Parabéns ao papai sedento,rs

    beijos,chica

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  2. rsrs... me delicio com suas histórias... rs

    Beijocas

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  3. oi Ana Paula
    Uauuu! Que história encantadora. Amei!!!!
    Que neste glorioso “Dia dos Pais”
    Você seja acordada pelo sol
    Visitada pelos anjos
    Acompanhada pelo amor
    E abençoada por DEUS.
    Um dia maravilhoso pra você e sua família.
    Beijos e carinhos no coração
    Gracita

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  4. Ri de montão!!! Estes maridos atrapalhados (aqui o modelo é exatamente assim) sempre nos deixam em situações complicadas. Vocês - e nós também - nunca mais esqueceremos esta cena.

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  5. Travessuras e gostosuras destes pais- meninos maluquinhos queridos.
    Um lindo domingo para todos os pais da família.
    Bjkas, Ana.
    Calu

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  6. Histórias de família mesmo!! Quem nunca teve vontade de beber a água, refri que deixam na mesa, né?!!! O legal que o travesso da vez não foi criança e sim o paizão!!! Bjcas!!!

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  7. Senti até um frio na barriga achando que a tal moça estava voltando. kkkk
    Coitado do Bernardo, ficou aflito.
    Ótimo história para o dia dos pais, que com certeza será lembrada por muitos e muitos anos!
    Bjs

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  8. Essa história me fez lembrar certa vez saímos da escola eu e mais umas 5 professoras e fomos comer camarão no Vivenda , ai um casal tinha acabado de sentar brigaram e deixaram o prato todo,as amigas doidas pra pegar os camarões enormes, mas quem disse que tivemos coragem? kkkkkk Feliz dia dos pais

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  9. kkkkkkkkkkkkk gente qual o problema se ela voltasse eu compraria outra água p ela kkkkkkkk depois que o susto passou né rsrs adorei Ana, comemorar o niver de Jorge Amado em um restaurante japonês e passar por isso só podia ser com vc mesmo kkkk Bjoooosss

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  10. Passou em branco por lá o niver de meu conterrâneo amado, mas foi bem comemorado na capital cultural con comida oriental e seu humor natural.
    Amo yakissoba!
    Para o papai juizo e obrigada por essa fsmilia que adoro :)

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  11. começo dando parabéns ao papai com espirito de pôrco! Muito engraçado imaginar ele enchendo o copo com cara de safado!
    que saia justa em Ana? sempre pensei que não é nada agradável comer com pessoas que nunca vimos. Outro dia li que na Europa é super normal, as pessoas sentam-se, comem e vão embora na boa! Lá eles t~em um problema enorme da falta de espaço, portanto...
    Muito bom ler voce, beijos e até...

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  12. Rssss... São todos iguais... Adorei a história. Que situação!!!
    Bjs
    Vania

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  13. Como nenhum outro pai se manifestou, agradeço a homenagem em nome dos meus pares.
    Um abraço,
    Arnon

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  14. Fala séééério, muito divertida essa história... kkkkkkkk que confusão danada. Obrigada por compartilhar conosco.


    Beijos!!!

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