Ontem choveu.
Uma forte tempestade com ventania, que depois deu lugar a uma chuva constante que adentrou a noite.
Passado o barulho, agitação e apreensão das nuvens revoltosas, ficou o som dos pneus dos carros riscando a rua molhada.
Um convite a escrever. Um ou outro clarão amenizado pelo tecido da cortina; vez ou outra, levados pelo vento, o barulho dos pingos batendo contra a janela.
Fui para o computador e toda a atmosfera que parecia ser uma facilidade para se escrever, deixou-me simplesmente paralisada em frente ao teclado.
Olhei uma revista, revirei papéis com anotações de frases, links, uma espécie de reserva de ideias para serem escritas futuramente, e a escrita não vinha.
Poderia falar sobre um livro que já li, um filme, indicar um blog, falar do assunto que está à tona. Nada. Nada me inspirava, ou melhor, eu não sentia vontade de nada daquilo.
Busquei por um livro que comprei e li antes de fazer o meu blog e tentei encontrar alguma coisa por lá que servisse de fio para tecer uma postagem.
Não veio, não fluiu.
A chuva era apenas a chuva lá fora. Nem mesmo a gratidão por saber a necessidade de nossos reservatórios em níveis críticos me fez querer escrever.
Antes de adormecer, lembrei-me de uma frase de Rita Apoena, mais ou menos assim: como é bom dormir com chuva e acordar com céu azul.
O céu amanheceu absolutamente plúmbeo.
Os afazeres da manhã não me tiraram a sensação de que eu queria, deveria escrever algo mas, que não chega.
Um som misturado à vibração do celular indicava a chegada de um e-mail.
De nome doce o remetente, disse estar feliz por eu não ter esmorecido e que promete voltar à escrita com assiduidade, mas aí vem a vida com toda sua agitação e lhe some a inspiração.
Ah! Doce remetente! Foi a tua carta eletrônica que me fez escrever.
Porque eu esmoreço sim. Eu desanimo sim, quase a ponto de um desatino virtual.
A vida e sua agitação, a sobrecarga de notícias, o questionamento dos significados...
Dessa vez não foi uma amora, uma noite chuvosa, o céu azul que não veio.
A inspiração veio de uma pitanga. Doce!
Querida menina Ana Paula, que sempre deixa aqui suas vivências em família, seu olhar crítico ao que se passa por aí, seus medos de mãe e mulher, seus sonhos, saiba que é preciso ter coragem para admitir o caos interno de quem sente necessidade de escrever, e as palavras dançam por dentro de nós e não nos vêm à mão. É uma inquietação crescente, como se tivéssemos esquecido de respirar em algum momento. Se formos vasculhar posts antigos do nosso cantinho, aí que a sensação de que algo se perdeu, aumenta. Onde foram parar aquela inspiração e facilidade de desatar o nó da palavra? E vai daí que algo toca; um celular, o rádio do carro, a música na televisão alta do vizinho, o som de um trovão na noite chuvosa e elas, as palavras, vêm. Estão aqui, menina Ana, no post tão lindo que você escreveu e que fez tão bem a nós duas. Beijos sempre pitangueiros.
ResponderExcluirViva esse toque de celular, via a mensagem, viva a remetente... Que Pitanga volte a escrever e nos encantar sempre!
ResponderExcluirLindo te ler e esses brancos acontecem...Temos o tema, mas não rola...E, de repente outra coisa nos atrai e tudo flui! Tenho dias que se olharem pra mim, podem ver as letras e palavras saindo por si só, cansadas de esperar que eu as coloque no "papel"...
Outros, elas saem rapidamente! bjs, lindo dia! chica
Boa tarde Chica!! Beijos pitangueiros "pra tu". hehehe
ResponderExcluirSão essas alegrias que nos inspiram que tomam conta de nós, e eu aqui agardeço pois toda vez que tu escreves deixa frutos em meu coração. Bem vinda Pitanga
ResponderExcluirDoce!
ResponderExcluirE lá irei na vizinha que está dando frutos
Nunca comi nem vi pitanga
Eu em arrumação a dois dias
Tarefa completa
Cansada e com doce sensação de colaboração e irmandade
Gostei muito do que escreveu, fui lendo e acompanhando cada momento e lembrei de uma frase da Adélia Prado que eu gosto muito, " de vez em quando Deus me tira a poesia. Olho pedra e vejo pedra mesmo. "
ResponderExcluirQue bom que a sua poesia estava tão pertinho e não demorou para aflorar.
Abraços, Sonia
Um texto lindo em que a descrição passa diante dos nossos olhos como um quadro vivo.
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