quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Pitanga Doce

Ontem choveu.
Uma forte tempestade com ventania, que depois deu lugar a uma chuva constante que adentrou a noite.
Passado o barulho, agitação e apreensão das nuvens revoltosas, ficou o som dos pneus dos carros riscando a rua molhada.
Um convite a escrever. Um ou outro clarão amenizado pelo tecido da cortina; vez ou outra, levados pelo vento, o barulho dos pingos batendo contra a janela.
Fui para o computador e toda a atmosfera que parecia ser uma facilidade para se escrever, deixou-me simplesmente paralisada em frente ao teclado.
Olhei uma revista, revirei papéis com anotações de frases, links, uma espécie de reserva de ideias para serem escritas futuramente, e a escrita não vinha.
Poderia falar sobre um livro que já li, um filme, indicar um blog, falar do assunto que está à tona. Nada. Nada me inspirava, ou melhor, eu não sentia vontade de nada daquilo.
Busquei por um livro que comprei e li antes de fazer o meu blog e tentei encontrar alguma coisa por lá que servisse de fio para tecer uma postagem.
Não veio, não fluiu.
A chuva era apenas a chuva lá fora. Nem mesmo a gratidão por saber a necessidade de nossos reservatórios em níveis críticos me fez querer escrever.
Antes de adormecer, lembrei-me de uma frase de Rita Apoena, mais ou menos assim: como é bom dormir com chuva e acordar com céu azul.
O céu amanheceu absolutamente plúmbeo.
Os afazeres da manhã não me tiraram a sensação de que eu queria, deveria escrever algo mas, que não chega.
Um som misturado à vibração do celular indicava a chegada de um e-mail.
De nome doce o remetente, disse estar feliz por eu não ter esmorecido e que promete voltar à escrita com assiduidade, mas aí vem a vida com toda sua agitação e lhe some a inspiração.
Ah! Doce remetente! Foi a tua carta eletrônica que me fez escrever.
Porque eu esmoreço sim. Eu desanimo sim, quase a ponto de um desatino virtual.
A vida e sua agitação, a sobrecarga de notícias, o questionamento dos significados...
Dessa vez não foi uma amora, uma noite chuvosa, o céu azul que não veio.
A inspiração veio de uma pitanga. Doce!

7 comentários:

  1. Querida menina Ana Paula, que sempre deixa aqui suas vivências em família, seu olhar crítico ao que se passa por aí, seus medos de mãe e mulher, seus sonhos, saiba que é preciso ter coragem para admitir o caos interno de quem sente necessidade de escrever, e as palavras dançam por dentro de nós e não nos vêm à mão. É uma inquietação crescente, como se tivéssemos esquecido de respirar em algum momento. Se formos vasculhar posts antigos do nosso cantinho, aí que a sensação de que algo se perdeu, aumenta. Onde foram parar aquela inspiração e facilidade de desatar o nó da palavra? E vai daí que algo toca; um celular, o rádio do carro, a música na televisão alta do vizinho, o som de um trovão na noite chuvosa e elas, as palavras, vêm. Estão aqui, menina Ana, no post tão lindo que você escreveu e que fez tão bem a nós duas. Beijos sempre pitangueiros.

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  2. Viva esse toque de celular, via a mensagem, viva a remetente... Que Pitanga volte a escrever e nos encantar sempre!

    Lindo te ler e esses brancos acontecem...Temos o tema, mas não rola...E, de repente outra coisa nos atrai e tudo flui! Tenho dias que se olharem pra mim, podem ver as letras e palavras saindo por si só, cansadas de esperar que eu as coloque no "papel"...


    Outros, elas saem rapidamente! bjs, lindo dia! chica

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  3. Boa tarde Chica!! Beijos pitangueiros "pra tu". hehehe

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  4. São essas alegrias que nos inspiram que tomam conta de nós, e eu aqui agardeço pois toda vez que tu escreves deixa frutos em meu coração. Bem vinda Pitanga

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  5. Doce!
    E lá irei na vizinha que está dando frutos
    Nunca comi nem vi pitanga
    Eu em arrumação a dois dias
    Tarefa completa
    Cansada e com doce sensação de colaboração e irmandade

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  6. Gostei muito do que escreveu, fui lendo e acompanhando cada momento e lembrei de uma frase da Adélia Prado que eu gosto muito, " de vez em quando Deus me tira a poesia. Olho pedra e vejo pedra mesmo. "
    Que bom que a sua poesia estava tão pertinho e não demorou para aflorar.
    Abraços, Sonia

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  7. Um texto lindo em que a descrição passa diante dos nossos olhos como um quadro vivo.

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